LIÇÃO 10: A PERDA DOS BENS TERRENOS
Data: 2 de Setembro
de 2012
TEXTO ÁUREO
“Nu saí do ventre de minha mãe e nu
tornarei para lá; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do
SENHOR” (Jó 1.21).
VERDADE PRÁTICA
Ainda que
percamos todos os nossos bens, continuaremos a desfrutar de nosso bem maior:
Cristo Jesus nosso Senhor.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jó
1.1-22 As perdas na vida de Jó
Terça - Jó
1.13-15 Jó perde seu gado
Quarta - Jó 1.16 Jó perde seu rebanho
Quinta - Jó 1.17 Jó perde os camelos e
funcionários
Sexta - Jó 1.18,19 Jó perde seus filhos
Sábado - Jó 42.10,12 Deus restaura a sorte de
Jó
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE Jó 1.13-21(LEIA NA SUA BIBLIA)
INTERAÇÃO
O
materialismo é uma realidade na vida de muitos crentes que se deixaram levar
pelas falácias da Teologia da Prosperidade e da Confissão Positiva. A mente e o
coração, essencialmente, mergulhados numa perspectiva materialista de vida, não
podem dar lugar a essência e a verdade do Evangelho de Cristo, que diz: “Se
alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e
siga-me” (Mt 16.24). Tomar a cruz, através do sofrimento de Cristo, é o convite
feito por Jesus a todos os discípulos que são dignos dEle (Mt 10.38).
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Descrever as perdas humanas de Jó.
Elencar as perdas de ordem material, afetiva e
espiritual de Jó.
Conscientizar-se que mesmo nas perdas, podemos
desfrutar do amor divino
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Perda: Ato ou efeito
de deixar de possuir ou de ter algo.
Num mundo materialista quase não há
espaço para encarar a realidade das perdas humanas. Até mesmo alguns crentes
parecem viver o mundo encantado das “vitórias e conquistas” a qualquer preço.
Contudo, perder filhos, imóveis e dinheiro, por exemplo, são consequências
naturais da vida, inclusive dos que seguem a Cristo. A grande questão é: Como devemos nos comportar diante
de tais acontecimentos? Já dizia certo pastor: “A verdadeira fé não se mostra
nas bênçãos que recebemos, mas na resignação ante a soberania divina, mesmo
quando perdemos o que Ele nos deu”. Nessa lição, à luz da vida de Jó,
estudaremos os princípios bíblicos para o crente lidar com as perdas no caminho
da vida.
I. JÓ E A EXPERIÊNCIA
DAS PERDAS HUMANAS
1. Seu gado e rebanho. A Bíblia
descreve Jó como um homem íntegro e que cultivava uma vida de profundo temor a
Deus (1.1). Era bom patrão, bom esposo e um pai sempre presente e preocupado
com a vida espiritual e social dos filhos (1.5). Mas, de repente, num só dia,
ele viu todo seu gado e rebanho esvair-se. Os mensageiros, um a um, vieram
trazer-lhe as inesperadas e funestas notícias (1.14-16).
2. Seus servos. Além de bois, camelos e
ovelhas, os servos de Jó também tiveram suas vidas ceifadas, como depreendemos
dos versículos 15 a 17: “Aos moços feriram ao fio da espada”; “fogo de Deus
caiu do céu, e queimou as ovelhas e os moços, e os consumiu”; “e aos moços
feriram ao fio da espada”. Antes de findar o dia, a maioria dos funcionários de
Jó havia sido dizimada.
3. Seus filhos. O mensageiro não havia ainda
terminado de narrar os recentes sinistros a Jó, quando um outro apareceu com
uma notícia ainda mais trágica: “Eis que um grande vento sobreveio dalém do
deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram”
(v.19). Você pode imaginar, a essa altura dos acontecimentos, o que se passou
pela mente e coração de Jó?
Num só dia fora privado dos bens,
dos funcionários e dos filhos! Qual seria a sua reação? A de Jó foi rasgar o
manto, rapar a cabeça e sofrer a angústia natural de um pai que acabara de
perder todos os filhos; do patrão que ficara sem os funcionários e do homem
rico reduzido à extrema pobreza. Mas, contrariando a reação da lógica humana,
Jó, prostrado, adorou a Deus (1.20). Podemos sofrer e, até mesmo, viver as
perdas da vida. Nisso, somos humanos. Mas devemos, a exemplo de Jó, reconhecer
a grandeza e a soberania de Deus no processo da perda, ainda que soframos
duramente com ela (1.21).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Jó passou pela experiência das perdas
de todos os seus bens — gado, rebanho, funcionários e filhos — mas em tudo
reconheceu a soberania e a grandeza de Deus.
II. A PERDA DOS BENS
1. De ordem
material. Por intermédio de uma vida imediatista, alguns cristãos, em momentos
de perdas significativas, têm dificuldades de confiar em Deus. Quando se perde
bens materiais, seja por causa de uma administração deficiente, por roubo ou
devido à traição de pessoas que pareciam amigas, parece que o chão se abre e
tudo vem abaixo. Para lidar com tais questões não há receitas nem manuais. O
que temos é a promessa viva e real de Jesus (Mt 6.33). Acalme seu coração! E,
em Cristo, recomece com fé e coragem!
2. De ordem afetiva. Ser preterido no
namoro, ou no noivado, é um processo angustiante. Perder os pais, por mais que
seja algo esperado, não deixa de ser doloroso para o ser humano. Sepultar o
cônjuge é dilacerante para a alma. Enfrentar a separação no casamento,
principalmente por adultério, é como sofrer a amputação de um membro do corpo.
A dor finca suas estacas no âmago do nosso ser, traumatizando-nos violentamente
(Sl 42.11; 142.7). Devido ao apego emocional e sentimental que temos por nossos
familiares e por aqueles que nos cercam, as perdas de ordem afetiva trazem
pavor e sofrimento ao nosso coração. Por isso, ficamos sem direção e
mostramo-nos inconformados. É nessa hora que a nossa saúde psíquica é
comprometida, podendo, inclusive, comprometer-nos a vida espiritual e social (1
Rs 19.9,10). Por isso, não podemos nos esquecer do socorro divino. Sem Ele,
desmoronamo-nos.
3. De ordem espiritual. Uma vez que a saúde
emocional está comprometida, a crise espiritual rapidamente se instaura. O
crente desenvolve um sentimento de inércia para buscar a Deus. Ele não vê fundamento
algum para viver, e acaba desejando a própria morte (1 Rs 19.4). Não podemos
ignorar a seriedade do assunto. Se as perdas existenciais na vida do cristão
não forem tratadas bíblica e equilibradamente, certamente haverá
consequências graves. Assim, um
bom começo para superarmos as perdas e angústias é lançar sobre o Senhor todas
as nossas ansiedades, por que Ele tem cuidado de nós (1 Pe 5.7,9).
SINOPSE DO TÓPICO
(II)
O bom caminho para superarmos as perdas de
ordem material, afetiva e espiritual é lançar sobre o Senhor todas as
ansiedades, pois Ele cuida de nós.
III. MESMO NA PERDA
PODEMOS DESFRUTAR O AMOR DE DEUS
1. Sua graça. O coro do hino 205 da Harpa
Cristã é bem significativo: “Graça, graça/ A mim basta a graça de Deus: Jesus/
Graça, graça/ A graça eu achei em Jesus”. Num momento de grande angústia, Paulo
clamou ao Senhor, rogando-lhe que lhe removesse um espinho que o incomodava
intensamente. Jesus, porém, limitou-se a responder-lhe: “A minha graça te
basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.9).
O apóstolo, então, passa a entender que a sua
força está na fraqueza, pois o poder de Cristo aperfeiçoa-se justamente em
nossas debilidades. A graça de Deus é insondável, infinita e incomensurável!
Essa graça resgatou-nos. E de tão completa, ela nos basta por si mesma.
2. Seu amor. A graça de Deus é fruto do seu
amor por nós. Sua graça é real na vida de todos os que recebem a Cristo como o
seu Salvador. O Pai conhece a dimensão do nosso sofrimento e importa-se com
cada um de nós. A maior prova disso está no fato de que Ele ofereceu o seu
Único Filho para morrer em nosso lugar (Jo 3.16). Sim, Ele entregou seu
precioso Filho por amor a nós. Seja qual for a sua perda, sinta-se amado por
Deus. Esse amor é poderoso para preencher todo o vazio e solidão que nos ameaça
destruir. Como o apóstolo do amor, podemos dizer: “Nós o amamos porque ele nos
amou primeiro” (1 Jo 4.19).
3. Deus intervém na história. Servimos a um
Deus que, em graça e amor inefáveis, intervém na história humana. Ele interveio
na tragédia existencial de Jó. Depois de um longo período de perdas, angústias,
dores e sofrimentos indescritíveis, o patriarca foi miraculosamente restaurado,
enquanto orava por seus amigos (Jó 42.10a). Não desista da sua existência!
Busque a Deus em oração. Ele não tarda em socorrer-nos. Como Deus interveio na
vida de Jó, fazendo com que o seu último estado fosse melhor que o primeiro,
Ele também entrará com providência em sua história. Ele não se esqueceu de
você.
SINOPSE DO TÓPICO
(III)
Ainda que percamos os mais preciosos bens,
podemos desfrutar da graça e do amor de Deus. Ele intervém em nossa história!
CONCLUSÃO
Podemos perder tudo nessa vida — casa,
dinheiro, emprego, excelentes oportunidades, relacionamentos, pai, mãe, filho,
filha, esposo, esposa e, até mesmo, a própria saúde. Mas, apesar de todos os
infortúnios, continuamos a crer no Evangelho de Cristo, pois Ele é o nosso
baluarte e fortaleza. Nele, as perdas redundam em ganhos eternos, conforme
afirma o profeta Habacuque: “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem
haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam
mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja
vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação.
Jeová, o Senhor, é minha força” (Hc 3.17-19a). Alegre-se, pois, em Deus e
caminhe sem temor!
Subsídio Teológico
“O sofrimento humano
O sofrimento do ser humano não é novidade. Ele
parece ser uma realidade sempre presente na raça humana. Em Jó 5.7 registra-se
o seguinte: ‘Mas o homem nasce para o trabalho, como as faíscas das brasas se
levantam para voar’. Em Jó 14.1 afirma-se: ‘O homem, nascido da mulher, é de
bem poucos dias e cheio de inquietação’.
Há muito tempo, coisas têm acontecido a
pessoas boas, até mesmo com as pessoas de Deus dos tempos bíblicos. Quem pode
esquecer o horrível sofrimento de Jó (ele perdeu a família e suas posses)?
Davi, que estava para se tornar rei de Israel , por anos a fio, foi caçado e
perseguido pelo ciumento e furioso Saul (1 Sm 20.33; 21.10; 23.8). A esposa de
Oséias foi infiel (Os 1.2; 2.2,4). José foi tratado de maneira cruel por seus
irmãos e vendido como escravo (Gn 37.27,28). João Batista, a mando da enteada
de Herodes, foi decapitado (Mt 14.6-10). Paulo, inúmeras vezes, foi jogado na
prisão, sofreu naufrágio, foi açoitado e deixado quase morto e muito mais (2 Co
11.25). Às vezes, os cristãos chegam a
pensar que quem obedece a Deus e procura ser um bom cristão não passará por
sofrimentos horríveis. Entretanto, se coisas ruins aconteceram com Jó, João
Batista e o apóstolo Paulo, com certeza elas podem acontecer com os bons
cristãos” (RHODES, R. Por que coisas ruins acontecem se Deus é bom? 1.ed., RJ:
CPAD, 2010, pp.15,16).
SUBSIDIOS
Jó 1.1 Tudo indica que Jó viveu na época dos
patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó, aproximadamente em 2100-1800 a.C.). A
maioria dos eruditos crê que a terra de Uz ficava a sudeste da Palestina e do
mar Morto, ou ao norte da Arábia (ver a introdução ao livro de Jó). Outros
crêem que a terra de Uz ficava ao nordeste do mar da Galiléia, na direção de
Damasco.
Jó
1.1 SINCERO, RETO E TEMENTE A DEUS; E DESVIAVA-SE DO MAL.
(1) O
temor de Deus e o desviar-se do mal são o fundamento da
vida irrepreensível e da retidão de Jó (cf. Pv 1.7). "Sincero"
refere-se à integridade moral de Jó e à sua sincera dedicação a Deus;
"reto" denota retidão nas palavras, nos pensamentos e atos.
(2) Esta declaração da retidão de Jó é reafirmada pelo
próprio Deus no versículo 8 e em 2.3 onde, claramente, se vê que Deus, pela sua
graça, pode redimir os seres humanos caídos, e torná-los genuinamente bons,
retos e vitoriosos sobre o pecado. Esta declaração envergonha e expõe os erros
do ensino evangélico modernista, o qual afirma que:
(a) nenhum crente em Cristo, mesmo com toda assistência
do Espírito Santo, pode ter a mínima esperança de ser irrepreensível e reto
nesta vida; e
(b) os crentes podem estar certos de que pecarão todos
os dias, por palavras, pensamentos e obras, sem nenhuma esperança de vencer a
carne nesta vida.
Jó
1.5 MEUS FILHOS. Como pai piedoso, Jó tinha muito zelo pelo bem-estar
espiritual de seus filhos. Vivia atento à conduta e modo de vida deles, orando
a Deus para que os protegesse do mal e que experimentassem da parte de Deus a
salvação e suas bênçãos. Jó exemplifica o pai de coração voltado para os
filhos, dedicando-lhes tempo e atenção necessários para mantê-los afastados do
pecado (ver Lc 1.17).
Jó
1.6,7 SATANÁS.
Antes da morte e da ressurreição de Cristo, Satanás tinha acesso vez
por outra à presença de Deus, quando então questionava a sinceridade e retidão
dos fiéis (ver 1.6-12; 2.1-6; 38.7; Ap 12.10). Por outro lado, a Bíblia não
declara em nenhum lugar que Satanás tem acesso direto a Deus na nova aliança (ver
Mt 4.10), embora ele continue acusando os crentes. O crente pode eliminar essas
acusações por meio do sangue de Cristo, de uma boa consciência e da Palavra de
Deus (cf. Mt 4.3-11; Tg 4.7; Ap 12.11). Nossa confiança é reforçada pelo fato
de termos como nosso Advogado perante o Pai o Senhor Jesus Cristo (1 Jo 2.1),
que está à sua destra, intercedendo por nós (Hb 7.25).
Jó
1.8 OBSERVASTE TU A MEU SERVO JÓ? A essa altura, o livro apresenta o
conflito entre Deus e o seu grande adversário, Satanás. Deus aqui repta Satanás
a observar em Jó o triunfo da graça e salvação divinas. Na vida deste seu servo
fiel, Deus demonstrou que seu plano de redimir a raça humana, do pecado e do
mal, é exeqüível.
Jó
1.9 PORVENTURA, TEME JÓ A DEUS DEBALDE? Satanás reagiu ante a declaração
de Deus, de ser Jó um homem piedoso, e passou a acusar tanto a Jó quanto a
Deus.
(1) Satanás questionou os motivos de Jó e, portanto, a
veracidade da sua retidão, afirmando que o amor que Jó tinha a Deus era
realmente egoísta e que ele adorava a Deus somente porque tirava proveito
disso. Satanás deixou claro que o amor que Jó tinha a Deus não era sincero.
(2) Satanás
insinuou, ainda, que Deus era ingênuo, que se deixara enganar, e que obtivera a
devoção de Jó mediante a concessão de bênçãos e suborno (vv. 10,11). Satanás
concluiu que Deus tinha falhado no seu propósito de reconciliar a raça humana
consigo mesmo. Se Deus deixasse de proteger Jó, e de lhe conceder riquezas,
saúde e felicidade, ele (Jó) blasfemaria dEle na sua face! (v. 11).
Jó1.10
CERCASTE. Posto que Satanás vem para roubar, matar e destruir
(cf. Jo 10.10), Deus coloca uma cerca de proteção em volta dos seus, para
abrigá-los dos ataques de Satanás. Essa "cerca" é qual "muro de
fogo" espiritual, de proteção para os fiéis de Deus, de modo que Satanás
não possa atingi-los. "E eu, diz o SENHOR, serei para ela [Jerusalém] um
muro de fogo em redor" (Zc 2.5). (2) Todos os crentes que fielmente
procuram amar a Deus e seguir a direção do Espírito Santo têm o direito de
pedir e de esperar que Deus mantenha esse muro de proteção ao seu redor e de
suas respectivas famílias.
Jó 1.11 TOCA-LHE EM TUDO QUANTO
TEM, E VERÁS SE NÃO BLASFEMA DE TI NA TUA FACE! Nos versíulos 6-12
estão propostas as perguntas principais do livro. É possível o povo de Deus
amá-lo e servi-lo por causa daquilo que Ele é, e não apenas por causa das suas
dádivas? O justo pode manter sua fé em Deus e seu amor por Ele em meio a
tragédias incompreensíveis e sofrimentos imerecidos?
Jó 1.12 SOMENTE CONTRA ELE NÃO
ESTENDAS A TUA MÃO.
Deus permitiu a Satanás destruir os bens e a família de Jó; porém, Ele
fixou um limite até onde Satanás podia ir e não lhe concedeu o poder de morte
sobre Jó. Satanás lançou tempestades e pessoas violentas contra Jó (vv. 13-19).
Jó 1.16 FOGO DE DEUS. O "fogo de
Deus" é provavelmente uma expressão referente ao relâmpago (ver Nm 11.1; 1
Rs 18.38).
Jó 1.20 E SE LANÇOU EM TERRA, E
ADOROU. Jó
reagiu às fatalidades que lhe aconteceram, com intensa aflição; mas também, com
humildade, submeteu-se a Deus e continuou a adorá-lo em meio à mais severa
adversidade (v. 21; 2.10).
(1) Posteriormente, Jó reagiu à calamidade
ininterrupta, revelando dúvida, ira e sentimento de isolamento de Deus (7.11).
Mesmo nesse período de trevas e de fé vacilante, Jó não se voltou contra Deus,
todavia expressou francamente diante dEle suas queixas e sentimentos.
(2) O livro de Jó demonstra como o crente fiel deve
enfrentar os contratempos da vida. Embora possamos enfrentar sofrimentos
severos e aflições inexplicáveis, devemos orar, pedindo graça para aceitar o
que Deus permitir que soframos, pedindo-lhe também a revelação e compreensão do
seu significado. Deus cuidará dos nossos confusos sentimentos e lamentos, se os
levarmos a Ele - não com rebeldia, mas com sincera confiança nEle como um Deus
amoroso.
(3) O livro revela que Deus aceitou bem as indagações
de Jó (38-41) e que, no final, declarou que Jó falara "o que era
reto" (42.7).
Jó 42.5 AGORA TE VÊEM OS MEUS
OLHOS. Jó
tinha orado, anteriormente, para ver seu Redentor (19.27); agora foi atendido
este seu anseio. A Palavra de Deus e a sua presença deram a Jó uma revelação
melhor dos seus caminhos e caráter. Através dessa experiência pessoal, Jó foi
transformado por uma disposição de perdoar, uma renovada confiança na bondade
de Deus e uma experiência do amor divino que lhe transmitia confiança.
(1) O
aparecimento de Deus a Jó foi uma evidência da retidão deste, e é uma garantia
a todos os fiéis de que o Senhor considera as nossas sinceras indagações ao
enfrentarmos provações e sofrimento sem explicação.
(2) Deus é paciente com os seus, e deles se compadece
em suas fraquezas, seus equívocos e mesmo rancor (Hb 4.15). Em casos como o de
Jó, se perseverarmos, Deus manifestará sua presença e nos dispensará o seu
cuidado.
Jó 42.6 ME ARREPENDO NO PÓ E NA
CINZA. Jó,
diante da revelação de Deus, humilhou-se arrependido. A palavra
"arrependo", aqui, indica que Jó se considerou, bem como a sua
retidão moral, como simples "pó e cinza", diante de um Deus santo
(cf. Is 6). Jó não negou o que afirmara da sua vida de retidão e integridade
moral, mas realmente reconheceu que é inadmissível o homem, finito que é,
reclamar e queixar-se de Deus, e arrependeu-se disso (cf. Gn 18.27).
Jó 42.7 ACABANDO O SENHOR DE DIZER. Embora o livro de
Jó não ofereça uma explicação final para o problema do sofrimento imerecido
pelo justo, a resposta cabal não está em argumento teológico, mas num encontro
pessoal entre Deus e o justo sofredor (como no caso de Jó).
(1) Somente a presença pessoal de um Deus que consola e
que vela pelas pessoas pode nos dar confiança na sua graça e propósito para a
nossa vida. Aos que crêem em Cristo, Deus lhes envia o Espírito Santo como
Ajudador e Consolador (ver Jo 14.16 nota).
(2) A presença
de Deus, pelo Espírito Santo, nos ensina que podemos ter confiança no amor de
Deus, quer na adversidade, quer na bênção. O Espírito nos transmite a presença
de Cristo e nos aponta a cruz, mediante a qual temos a garantia de que Deus é
por nós e que Ele visa o melhor para nós (ver Rm 8.28 nota).
Jó 42.7 RETO, COMO O MEU SERVO JÓ. Deus declarou que
aquilo que Jó dissera estava correto. Isso não significa que tudo quanto Jó
dissera era plenamente certo, mas que as respostas de Jó aos seus amigos eram
inteiramente justas diante de Deus e que sua atitude lhe agradava. Deus às
vezes tolera falhas em nossas orações e também nos permite questionar seus
caminhos, estando o nosso coração sincero e realmente entregue a Ele.
Jó 42.7 PORQUE NÃO DISSESTES DE
MIM O QUE ERA RETO.
O Senhor reprovou os três amigos de Jó pela sua falsa teologia da
prosperidade e do sofrimento, evidente nas suas acusações contra Jó. Os três
principais erros deles foram:
(1) Ensinavam um
princípio retributivo da prosperidade e do sofrimento que os justos sempre são
abençoados e que os ímpios são castigados (ver Jo 9.3).
(2) Insistiam que Jó confessasse um pecado que ele não
cometera, para livrar-se do sofrimento e receber a bênção divina. Pelo teor do
seu conselho, eles tentaram Jó a voltar-se para Deus, visando ao proveito
pessoal. Se Jó tomasse o conselho deles, teria:
(a) invalidado a
confiança de Deus nele, e
(b) confirmado a acusação de Satanás, de que Jó temia a
Deus apenas em troca de bênçãos e vantagens.
(3) Falaram com
arrogância, alegando terem aprovação divina para sua doutrina e teologia
falsas.
Jó 42.8 MEU SERVO JÓ. Deus chama Jó
"meu servo" (vv. 7,8) e afirma duas vezes que sua oração foi aceita
(vv. 8,9). Jó foi plenamente restaurado ao estado de graça diante de Deus, e
obteve autoridade espiritual com Deus. Deus atendera a oração intercessória de
Jó pelos seus amigos, face à condição reta de Jó diante de Deus (vv. 8,9).
Jó 42.10 O SENHOR ACRESCENTOU A JÓ
OUTRO TANTO EM DOBRO A TUDO QUANTO DANTES POSSUÍA. A restauração das
riquezas de Jó revela o propósito de Deus para todos os crentes fiéis.
(1) Cumpriu-se o propósito divino restaurador,
concernente ao sofrimento de Jó. Deus permitira que Jó sofresse, por motivos
que ele não compreendia. Deus nunca permite que o crente sofra sem um propósito
espiritual, embora talvez ele não compreenda por que. Nesses casos o crente
deve confiar em Deus, sabendo que Ele, na sua perfeita justiça, fará o que é
sempre melhor para nós e para seu reino.
(2) Jó reconciliou-se com Deus, passando a ter uma vida
abundantemente abençoada. Isto revela que por maiores que forem as aflições ou
dores que os fiéis tenham que passar, Deus, no momento certo, estenderá a mão
para ajudar os que perseverarem, concedendo-lhes cura e restauração totais.
"Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu;
porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso" (Tg 5.11).
(3) Todos que permanecerem fiéis a Deus, nas provações
e aflições desta vida, chegarão por fim àquele estado de delícia e
bem-aventurança na presença de Deus, por toda a eternidade (ver 2 Tm 4.7,8; 1
Pe 5.10; Ap 21; 22.1-5).
Marcos 8.34 TOME A SUA CRUZ, E SIGA-ME.
A cruz de Cristo
é símbolo de sofrimento (1 Pe 2.21; 4.13),
morte (At
10.39),
vergonha (Hb 12.2),
zombaria (Mt 27.39),
rejeição (1 Pe 2.4) e
renúncia pessoal (Mt 16.24).
Quando o crente toma sua cruz e segue a Cristo, ele
nega-se a si mesmo (Lc 14.26,27) e decide abraçar quatro classes de lutas e
sofrimentos:
(1) Lutar até o fim contra o pecado (1 Pe 4.1,2; Rm 6),
crucificando suas próprias concupiscências (1 Pe 2.11, 21-24; Gl 2.20; 6.14; Rm
6; 8.13; Tt 2.12);
(2) Lutar contra Satanás e os poderes das trevas, para
estender o reino de Deus (2 Co 10.4,5; 6.7; Ef 6.12; 1 Tm 6.12), e enfrentar a
hostilidade do adversário e das hostes infernais (2 Co 6.3-7; 11.23-29; 1 Pe
5.8-10), bem como a perseguição que surge por resistirmos aos falsos mestres
que distorcem o verdadeiro evangelho (Mt 23.1-36; Gl 1.9; Fp 1.15-17);
(3) Sofrer o
opróbrio, o ódio e o escárnio do mundo (Hb 11.25,26; Jo 15.18-25) por
testificarmos, com amor, que suas obras são más (Jo 7.7), por separarmo-nos
dele moral e espiritualmente e por
rejeitarmos seus padrões e suas filosofias (1 Co 1.21-27)
Romanos 8.36 COMO OVELHAS PARA O MATADOURO.
As adversidades alistadas pelo apóstolo nos versículos 35,36 têm sido
experimentadas pelo povo de Deus através dos tempos (At 14.22; 2 Co11.23-29; Hb
11.35-38). Nenhum crente deve estranhar o fato de experimentar adversidades,
perseguição, fome, pobreza ou perigo. Aflições e calamidades não significam,
decerto, que Deus nos abandonou, nem que Ele deixou de nos amar (v. 35). Pelo
contrário, nosso sofrimento como crentes, abrir-nos-á o caminho pelo qual
experimentaremos mais do amor e consolo de Deus (2 Co 1.4,5). Paulo nos garante
que venceremos em todas essas adversidades e que seremos mais que vencedores
por meio de Cristo (vv. 37-39; cf. Mt 5.10-12; Fp 1.29).
2Corintios 11.23 OS SOFRIMENTOS DE PAULO.
O Espírito Santo, através das palavras de Paulo, revela-nos a angústia e o
sofrimento de uma pessoa totalmente dedicada a Cristo, à sua Palavra e à causa em
prol da qual Ele morreu. Paulo comungava com os sentimentos de Deus e vivia em
sintonia com o coração e os sofrimentos de Cristo. Seguem-se vinte formas da
participação de Paulo nos sofrimentos de Cristo. Ele fala em:
(1) "muitas
tribulações" enfrentadas ao servir a Deus (At 14.22);
(2) sua aflição no "espírito", por causa do
pecado dominante na sociedade (At 17.16);
(3) servir ao Senhor com "lágrimas" ( 2.4);
(4) advertir a igreja "noite e dia com
lágrimas", durante um período de três anos, por causa da perdição das
almas, pela distorção do evangelho por falsos mestres, contrários à fé bíblica
apostólica;
(5) sua grande tristeza ao separar-se dos crentes
amados (At 20.17-38), e seu pesar diante da tristeza deles (At 21.13);
(6) a "grande tristeza e contínua dor" no seu
coração, por causa da recusa dos seus "patrícios" em aceitarem o
evangelho de Cristo (Rm 9.2,3; 10.1);
(7) as muitas provações e aflições que lhe advieram por
causa do seu trabalho para Cristo (4.8-12; 11.23-29; 1 Co 4.11-13); (8) seu
pesar e angústia de espírito, por causa do pecado tolerado dentro da igreja
(2.1-3; 12.21; 1 Co 5.1,2; 6,8-10);
(9) sua "muita tribulação e angústia do
coração", ao escrever àqueles que abandonavam a Cristo e ao evangelho
verdadeiro (2.4);
(10) seus gemidos, por causa do desejo de estar com
Cristo e livre do pecado e das preocupações deste mundo (5.1-4; cf. Fp 1.23);
(11) suas tribulações "por fora e por
dentro", por causa de seu compromisso com a pureza moral e doutrinária da
igreja (7.5; 11.3,4);
(12) o
"cuidado" que o oprimia cada dia, por causa do seu zelo por
"todas as igrejas" (v.28);
(13) o desgosto
consumidor que sentia quando um cristão passava a viver em pecado (v.29);
(14) o desgosto de proferir um "anátema"
sobre aqueles que pregavam outro evangelho, diferente daquele revelado no NT
(Gl 1.6-9);
(15) suas "dores de parto" para restaurar os
que caíam da graça (Gl 4.19; 5.4);
(16) seu choro
por causa dos inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.18);
(17) sua "aflição e necessidade", pensando
naqueles que podiam decair da fé (1 Ts 3.5-8);
(18) suas
perseguições por causa da sua paixão pela justiça e pela piedade (2 Tm 3.12);
(19) sua
lastimável condição ao ser abandonado pelos crentes da Ásia (2 Tm 1.15); e
(20) seu apelo angustiado a Timóteo para que este
guarde fielmente a fé genuína, ante a apostasia vindoura (1 Tm 4.1; 6.20; 2 Tm
1.14)
ELABORADO PELO EV. NATALINO DOS ANJOS
PROFESSOR DA E.B.D e PESQUISADOR
FONTE DE PESQUISA; BIBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL
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