2º Trimestre de 2000
Título: Os ensinos de Jesus para o homem
atual
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 13: Jesus e os sinais da sua vinda
Data: 25 de Junho de 2000
TEXTO ÁUREO
“Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e
se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mt
24.27).
VERDADE PRÁTICA
A vinda de Jesus deve motivar-nos a ter aqui e
agora uma vida santa, justa e irrepreensível.
LEITURA DIÁRIA
Segunda
- Mt 24.42 Não se sabe a hora da vinda de Jesus
Terça
- Mt 24.37 Como foi nos dias de Noé
Quarta
- Mt 24.46 Esperando com prudência
Quinta
- Mt 24.21 Aflição como nunca vista
Sexta
- Mt 24.11 Surgirão falsos profetas
Sábado - Mt 24.14 A
pregação em todo o mundo
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus
24.4-8,12,14.
PONTO DE CONTATO
O que nos reserva o futuro? Para onde estamos indo?
Quando chegaremos ao fim dessa jornada? Espera-nos a paz ou a guerra, a
prosperidade ou a adversidade? Tais são as perguntas que ressoam em nossa
mente. Os homens não sabem para que lado deverão voltar-se. As nações estão
perplexas. Um egoísmo coletivo parece ter-se apossado da raça humana inteira.
Um espírito de ambição e concupiscência domina os corações dos homens. Milhares
de pessoas ansiosas e perplexas indagam com insistência: “O que acontecerá em
seguida?”.
Só a Palavra de Deus tem a resposta. Deus conhece o
fim desde o princípio. O Senhor escreveu a história com antecedência, e chamou
isso de profecia.
Convém que atentemos aos sinais do fim e nos
preparemos: “Perto está o Senhor” (Fp 4.5).
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
· Estabelecer
distinção entre os sinais preditos por Cristo.
· Descrever
e classificar os sinais de acordo com as suas características.
· Reconhecer
a necessidade de estar preparado para o arrebatamento da Igreja.
SÍNTESE TEXTUAL
Qualquer criatura sensata, isenta de preconceitos,
não poderá negar que hoje estamos vivendo uma realidade que evidencia os sinais
vaticinados por Cristo para os últimos dias.
A fome hoje é tema universal. As doenças também. Há
guerras e rumores de guerra. A terra treme em várias partes do mundo. O
evangelho está sendo difundido como nunca antes. O conhecimento humano aumenta
assustadoramente. As riquezas são amontoadas no meio da mais extrema pobreza.
Os tempos são realmente difíceis. Surgem profetas falsos e falsos cristos por
toda parte. Israel já se estabeleceu na Palestina e está preparando aquela
terra árida em solo fértil, à espera do seu Rei. O ecumenismo e outros
movimentos estão preparando o terreno para dizerem: “paz e segurança”, e logo
sobrevirá repentina destruição. Tudo indica que o Senhor Jesus não tarda em
vir. Os sinais se cumprem a toda hora.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Em toda a Bíblia, não há exposição mais clara sobre
o tempo do fim do que o vigésimo quarto capítulo do Evangelho de Mateus.
Trata-se da história contada pelo próprio Cristo acerca dos dias futuros. Não
estamos nas trevas da ignorância sobre isso. O futuro foi desvendado, e sabemos
algo do que acontecerá. Jesus nos alertou através de vários sinais.
Para tornar a aula mais dinâmica solicite a
participação da turma.
Trace uma linha divisória no quadro de giz. Escreva
do lado esquerdo as referências bíblicas sobre os sinais descritos por Cristo e
peça a seus alunos que escrevam ao lado de cada referência o sinal correspondente.
COMENTÁRIO
introdução
Jesus, em seu sermão profético, deixou registrado
os principais eventos futuros que se descortinarão sobre a humanidade. Ele
enfatizou a necessidade da vigilância dos salvos, à espera do arrebatamento da
Igreja, à vinda de Jesus para os seus, ao dizer: “Por isso, estai vós
apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não
penseis” (Mt 24.44).
I.
SINAIS DA VINDA DE JESUS NA ESFERA RELIGIOSA
1. Os falsos cristos e falsos profetas (vv.4,5,11).
Jesus alertou para o surgimento de pessoas, em seu nome, “dizendo: Eu sou o
Cristo; e enganarão a muitos” (v.5). É a velha tática do Diabo, enganando a
humanidade (2 Jo 1.7; 2 Co 11.14). Os falsos profetas estão por aí, e já
previram a volta de Jesus para 1993, 1997, 1998, 1999, e 2000. Ele advertiu que
o dia e a hora de sua vinda ninguém sabe (ler Mt 24.36,42,44,50; 25.13). É
melhor pregar que Jesus pode vir hoje.
2. Falsos ministros do evangelho.
Jesus previu que certos ministros do evangelho agirão de modo errôneo,
espancando a igreja, com sua sede de poder, de vícios e maldades, pensando que
o Senhor vai tardar (vide Lc 12.45). Nos últimos anos, tem sido grande o número
de escândalos provocados por ministros, “espancando” a consciência dos crentes
mais fracos.
3. A globalização do evangelho (v.14).
Enquanto os homens desenvolvem a globalização econômica, científica e
tecnológica, a Igreja do Senhor vai cumprir sua missão, nos últimos tempos,
globalizando a mensagem do evangelho, através de todos os meios disponíveis,
seja rádio, jornal, televisão, satélite, fibra ótica, telefone, telemática,
raios laser, Internet, etc, sem deixar de usar os legítimos e eficazes meios
tradicionais de evangelização, como culto ao ar-livre, evangelismo pessoal, em
massa, de grupos, nos lares, jornais, livros, revistas, folhetos, etc. Paulo
mostra que é necessário usar todos os meios para salvar alguns (1 Co 9.22).
4. O Estado de Israel (Lc 21.23,24).
Israel foi disperso pelas nações, por ter rejeitado o Messias. Mas Jesus previu
seu retorno, para se tornar uma nação politicamente organizada (Jr 31.17; Ez
11.17; 36.24; 37.21). Em 14 de maio de 1948, a ONU aprovou a criação do Estado
de Israel. Foi o renascimento nacional daquela nação, cumprindo o que diz Ez
37.7,8. Falta o renascimento espiritual (Ez 37.9), que só acontecerá em meio à
Grande Tribulação (Zc 12.10; Rm 11.25,26). Devemos ficar atentos, pois Israel é
chamado “relógio de Deus”, indicando a hora do fim.
II.
SINAIS DO CÉU
Jesus previu que, antes do arrebatamento, “haverá
também coisas espantosas, e grandes sinais do céu” (Lc 21.11,25). Em At 2.19,
lemos: “e farei aparecer prodígios em cima no céu e sinais em baixo na terra:
sangue, fogo e vapor de fumaça”. Muito se tem falado nos discos voadores, ou
OVNIs. Serão eles de Deus? Do Diabo? Da Terra? Acreditamos que não são de Deus,
pois causam confusão, medo e pavor. Se for do homem, trata-se de uma tecnologia
desconhecida. Ao que tudo indica, são aparições demoníacas, que impressionam os
homens, em sua mentalidade tecnicista, afastando-os de Deus.
III.
SINAIS EMBAIXO NA TERRA
1. Terremotos em vários lugares (v.7).
Os terremotos são sinais na Terra (At 2.19), usados por Deus como indicadores
de seus desígnios sobre o planeta. Para que se tenha uma ideia, os terremotos
estão aumentando em número, a cada ano. Entre 1901 e 1908, houve mais
terremotos do que nos dezenove séculos. Dados científicos indicam que, neste
século, já houve mais de um milhão de terremotos, em graus de intensidade
diferentes. É Deus falando. As pedras falam (Lc 19.40). Quando da morte de
Jesus, as pedras falaram (Mt 27.51).
2. Secas e catástrofes eco lógicas (At 2.19).
Há fenômenos estranhos. O chamado “El Nino” tem provocado secas em umas
regiões, enquanto causa enchentes em outras, confundindo os meteorologistas. O
planeta está sendo destruído pelo homem. A poluição do ar, das águas e do solo
causam prejuízos inimagináveis ao meio ambiente e ao ser humano. Mas, por trás
dessa ação maléfica, está o espírito demoníaco, que deseja provocar o maior
número de mortes, de pessoas que não tem a salvação, para levá-las ao Inferno.
Ainda bem que a Bíblia diz que Deus punirá os que destroem a terra (Ap 11.18).
IV.
SINAIS NA VIDA POLÍTICA
1. Guerras e rumores de guerra (v.6).
Após as duas guerras mundiais, do século passado, ocorreram muitas outras
guerras menores, como no Sudeste asiático, no Oriente Médio, nas Américas, na
África e, mais recentemente, na Europa, com a guerra na ex-Iugoslávia,
envolvendo a Sérvia, a Croácia, Kosovo e outras regiões. A China vive em estado
de guerra contra Taiwan. É “nação contra nação, e reino contra reino” (v.7).
Lembramos que há guerras eletrônicas, que podem trazer catástrofes reais. É “o
princípio de dores” (vv.6,8). Vale salientar que ninguém sabe até quando durará
esse “princípio”. Não nos esqueçamos de que “um dia para o Senhor é como mil
anos, e mil anos, como um dia” (2 Pedro 3.8). É necessário ficarmos atentos.
2. Formação de blocos econômicos.
É a preparação do palco para a encenação do governo do Anticristo. Em Ap 13.3,7
e 17.12,13, vemos a previsão do renascer do Império Romano. A Comunidade
Europeia, com sua moeda única e um parlamento supranacional, já preparam o
terreno para o governo mundial. Na América do Sul, há o Mercosul e na América
do Norte, o Nafta.
V.
SINAIS NA VIDA SOCIOECONÔMICA
1. Fomes (v.7a). O homem já sabe
como chegar a Marte. Mas não sabe como fazer a comida chegar à mesa da maioria
das pessoas. A fome é uma realidade, que acomete quase dois terços da
humanidade. Todos os sistemas econômicos têm falhado. A fome atinge milhões de
pessoas.
2. Pestes. Em nosso País, doenças endêmicas do
início do século, como a dengue, a tuberculose, o sarampo e outras, estão
voltando, apesar de todos os recursos da Medicina. Na África, há pouco tempo,
surgiu o vírus Ebola, de efeito tão devastador, que mata uma pessoa em vinte e
quatro horas; a AIDS (em português: Síndrome da Deficiência Imunológica
Adquirida), já acomete mais de 20 milhões de pessoas, ameaçando propagar-se
rapidamente por todo o mundo. Certamente, é sinal de que o fim está próximo.
Fomes e pestes são juízo de Deus sobre os ímpios (Dt 28.48; Dt 32.24; 1 Rs
18.2).
VI.
SINAIS NA VIDA MORAL
1. Aumento da iniquidade (v.12).
Os homicídios, latrocínios, sequestros, estupros e outros atos de violência têm
se multiplicado e aterrorizado as cidades, alimentados pelo tráfico de drogas,
de armamentos, de prostituição, até de crianças. Mas iniquidade não é só a
prática de violência e corrupção. É a falta de equidade. Muitos, mesmo se
dizendo evangélicos, têm agido com iniquidade, praticando a injustiça contra os
irmãos. Em consequência, o amor tem esfriado, como Jesus previu.
2. Depravação, como nos dias de Ló (Lc 17.28; Gn
19). Como no tempo de Ló, a imoralidade se espalha. Em
lugar do casamento, da família tradicional, prega-se abertamente outros tipos
de união tais como “produção independente”, em que uma mulher se junta com um
homem, que faz o papel apenas de reprodutor, sem que se casem, para ter um
filho. Homossexuais e lésbicas têm o apoio legal para suas práticas, condenadas
pela Bíblia (Lv 20.13: Dt 23.17,18; Rm 1.23-28). Mas será severo o juízo de
Deus sobre esse comportamento social (vide Lc 17.28-30).
CONCLUSÃO
Os ensinos de Jesus são um alerta solene sobre a
natureza, a forma e o tempo em que ocorrerá a sua vinda, quando os mortos
ressuscitarão e os vivos serão transformados, para encontrá-lo nos ares. Que o
Senhor nos ensine e nos ajude a ter uma vida santa de tal maneira que nosso
“espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23).
2º Trimestre de 2000
Título: Os ensinos de Jesus para o homem
atual
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 12: Jesus e a Igreja
Data: 18 de Junho de 2000
TEXTO ÁUREO
“Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre
esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela” (Mt 16.18).
VERDADE PRÁTICA
A Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo é a única
instituição, na terra, que está predestinada por Deus ao sucesso total.
LEITURA DIÁRIA
Segunda
- At 2.47 A Igreja reúne os salvos
Terça
- At 8.1 A Igreja sofre perseguição
Quarta
- At 11.22 A
igreja local
Quinta
- At 12.5 A igreja em oração
Sexta - At 14.23 A liderança da igreja local
Sábado
- Rm 16.5 A Igreja no lar
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus
16.18-19; 18.15-20.
Mateus
16
PONTO DE CONTATO
Qual é a identidade da verdadeira Igreja
apresentada por Jesus? Quais suas principais características? Quem é seu
fundador? A verdadeira Igreja do Senhor não conhece outro legislador além de
Cristo e descobre que seu gozo mais elevado na terra consiste em saber sua
vontade e fazê-la. Sua maior glória no futuro será tornar-se semelhante a seu
Senhor (1 Jo 3.1-3). Vestida da justiça de Cristo, cheia de seu amor, revestida
de seu Espírito e cumprindo sua vontade, a Igreja eleva os seus olhos ao céu,
esperando a volta daquEle a quem ama (1 Ts 1.9,10).
Foi com referência a esta solene assembleia que
Jesus disse: “Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela”.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
· Definir
a palavra “igreja”.
· Refutar
a teoria romanista que afirma ser Pedro o fundamento da Igreja.
· Demonstrar
que a Igreja está edificada unicamente sobre Cristo, a Rocha inabalável.
· Reconhecer
que a “multiforme sabedoria” de Deus é revelada ao mundo através da Igreja.
SÍNTESE TEXTUAL
A Igreja de Cristo tem três significados nas
Escrituras: instituição, organização e comunhão espiritual.
A Igreja de Cristo como instituição explica a sua
natureza. A Igreja como organização é a convocação visível num local, de
crentes regenerados, salvos, pela graça de Deus, mediante a fé em Cristo
crucificado e ressurreto, na comunhão do Espírito Santo e batizados num só
corpo. A Igreja como uma comunhão espiritual, chamada Igreja em glória ou
Igreja dos primogênitos, não é uma organização, mas um corpo místico, uma
comunhão no Espírito. É a Igreja gloriosa, sem mácula e sem ruga; é a Igreja
que existe através dos séculos, na terra e no céu, onde não existe barreira de
raças e nações, e que se congregará ao redor do Trono de Deus.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Várias interpretações se têm dado ao vocábulo
“pedra” registrado no versículo 18 do cap. 16 de Mateus.
Os romanistas, por exemplo, costumam afirmar que a
pedra é o próprio Pedro, sobre o qual é edificada a Igreja de Cristo. O Novo
Testamento se opõe a esse gravíssimo erro. Pedro é apenas uma das pedras do
fundamento. Jesus é a Rocha e Pedra de esquina do Cristianismo.
Para enriquecer e tornar ainda mais claro o
comentário do tópico II da lição sobre esse assunto, escreva no quadro de giz
os pontos abaixo e comente-os com a classe.
1) Pedro é a pedra representativa, porque outros
apóstolos também o são.
2) Os apóstolos e profetas são fundamentos (1 Co
3.10; Ef 2.19; Ap 21.14).
3) Todos os cristãos são “pedras vivas” (1 Pe
2.4-8)
4) Pedro apenas é um líder proeminente entre os
apóstolos (Mt 18.1; Lc 22.24).
5) Pedro foi mandado, enviado por outros apóstolos,
e obedeceu (At 8.14; 11.1-8).
6) Pedro não é vigário de Cristo na terra (1 Pe
5.1-4).
7) O Espírito Santo é o Vigário de Cristo na terra
(Jo 14.16,17,26).
COMENTÁRIO
introdução
Nesta lição, estudaremos alguns aspectos
importantes em relação à Igreja. Esta instituição, fundada por nosso Senhor
Jesus Cristo, é única em todo o mundo, em sua missão, atribuições e ação, em
prol da salvação da humanidade. Como “coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15),
a Igreja congrega a reserva moral e espiritual, inabalável, sobre a terra, a
servir de padrão para todos os que nela se firmarem. Que Deus nos ensine a
compreender e valorizar mais a Igreja do Senhor.
I.
CONCEITUAÇÃO DE IGREJA
1. Origem da palavra.
A palavra igreja vem do grego, ekklesia,
significando, literalmente, “os chamados para fora”. Na Grécia antiga,
identificava uma “assembleia”, em que um arauto convocava as pessoas para uma
reunião, que podia ser realizada ao ar-livre, numa praça, com finalidade
religiosa, política ou de outra ordem. Na realidade, tomos tirados “para fora”
do mundo e Ele “nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Ef
2.6).
2. Conceituação bíblica.
No Novo Testamento, encontramos expressões que denotam o significado e missão
espiritual da Igreja.
a) “Multiforme sabedoria de Deus” (Ef 3.10).
Neste aspecto, a igreja revela ao mundo a sabedoria de Deus, em suas muitas e
variadas formas de manifestação. A criação do mundo, do homem, e do universo,
bem como suas relações com as coisas criadas são expressões da sabedoria divina
(ver Sl 19.1-4; Rm 1.19,20).
b) “Coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15).
É a única e exclusiva instituição, em todo o mundo, em todos os tempos, que tem
credenciais para ser sustentáculo da verdade. As “verdades” dos homens mudam a
cada dia. A verdade apresentada pela Igreja é imutável, pois é encarnada no
próprio Cristo (vide Jo 14.6).
II.
O FUNDAMENTO DA IGREJA
1. Não é Pedro (Mt 16.15-18).
O texto bíblico revela o diálogo entre Jesus e os discípulos, quando estes
disseram que certas pessoas o consideravam como João Batista ressurreto, ou
Elias, ou Jeremias ou outro dos antigos profetas (ver Mt 14.1,2; Lc 9.7,8; Mc
6.14,15). Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (v.15). “E
Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (v.16).
Diante dessa resposta, Jesus disse: “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas,
porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (vv.17,18).
2. A pedra é Cristo.
Na resposta de Jesus (v.18), podemos ver que Ele próprio é a pedra sobre a qual
a Igreja está assentada. Quando Ele disse: “Tu és Pedro”, usou a palavra petros
que quer dizer “pedrinha” ou “fragmento de pedra”, que pode ser removida. De
fato, Pedro demonstrou certa fragilidade, em sua personalidade. Numa ocasião,
deixou-se usar pelo inimigo (Mc 8.33); num momento crucial, negou Jesus três
vezes (Mt 26.69-75). Por isso, quando Jesus disse: “sobre esta pedra edificarei
a minha igreja”, Ele utilizou a palavra petra,
que tem o significado de rocha inamovível, e não petros
que é “fragmento”.
3. A edificação da Igreja.
Em Mt 16.18, vemos a promessa da edificação da Igreja sobre o próprio Cristo.
Ele é a Rocha. Somente Ele satisfaz essa condição, conforme lemos em 1 Co 3.11;
10.14; Rm 9.33; Mt 21.42; Mc 12.20; Lc 20.17. Sem dúvida, Pedro foi um dos
líderes da Igreja primitiva, ao lado de Tiago e de João (At 12.17; 15.13; Gl
2.9). Contudo, não há base bíblica para afirmar que a Igreja teria Pedro como a
rocha sobre a qual ela seria edificada. Jesus é o fundamento da Igreja (1 Co
3.11). Se alguém tem dúvida, basta ouvir o que o próprio Pedro disse em 1 Pe
2.4,5; At 4.8,11.
4. As chaves dadas a Pedro.
Em sua resposta a Pedro, Jesus disse: “E eu te darei as chaves do Reino dos
céus...” (Mt 16.19a.). As “chaves dos céus” são melhor entendidas como o poder
e a autoridade para transmitir a mensagem do evangelho. No Dia de Pentecostes,
Pedro foi usado por Deus para abrir as portas do Cristianismo aos judeus (At
2.38-42) e aos gentios, na casa de Cornélio (At 10.34-36). Portanto, Pedro não
é o porteiro do céu, como pensam os romanistas.
III.
PRERROGATIVAS DA IGREJA
1. O poder de ligar e desligar.
“...e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares
na terra será desligado nos céus” (Mt 16.19). Trata-se de autoridade dada por
Cristo à Igreja, representada ali por Pedro, usado por Deus, e estendida a
todos os apóstolos (Mt 18.18; Jo 20.23), no sentido de receber a aceitação de
pecadores ao Reino dos céus, ou de desligá-los, mediante a autoridade concedida
por Jesus. Esse poder não é absoluto. Só pode ser utilizado de modo legítimo,
nos limites estabelecidos pela Palavra de Deus.
2. A autoridade para reconciliar.
Jesus mostrou que há quatro passos importantes, para a reconciliação entre
irmãos: a) o ofendido deve procurar o irmão: “vai e repreende-o entre ti e ele
só” (Mt 18.15a); neste passo, há uma bifurcação; “se te ouvir, ganhaste a teu
irmão” (Mt 18.15b); “mas, se não te ouvir”, vem o segundo passo; b) “leva ainda
contigo um ou dois, para que pela boca de duas testemunhas toda a palavra seja
confirmada” (Mt 16.16); c) “e se não as escutar, dize-o à igreja” (v.17a); d)
“e, se também não escutar à igreja, considera-o como um gentio e publicano”
(v.17b). Aqui, temos algumas observações. Primeiro, Jesus não mandou o irmão
ofendido pedir perdão ao ofensor, como ensina alguém, de modo ingênuo. Segundo,
vemos, nesse texto, a autoridade da Igreja para respaldar a reconciliação e
para excluir aquele que não quer reconciliar-se.
3. Autoridade da concordância (Mt 18.19,20).
a) “Se dois de vós concordarem na terra”.
Esta expressão mostra-nos o valor da união entre os crentes, bem como o valor
da oração coletiva, a começar por um grupo de duas pessoas, que resolvem orar a
Deus, em nome de Jesus (Jo 14.13), num só pensamento, num só propósito santo.
Esse ensino previne contra o egoísmo na adoração. Deus é “Pai nosso”, de todos,
e não apenas de cada indivíduo. A oração individual é valiosa (Mt 6.6), mas não
exclui a oração coletiva.
b) “Acerca de qualquer coisa que pedirem”.
A expressão “qualquer coisa” tem levado muitos a uma interpretação forçada do
texto, crendo que o crente pode pedir o que deseja a Deus, tendo este obrigação
de atendê-lo. Ocorre que Jesus ensinou algumas condições para o crente ser
ouvido. Não é só dois crentes se unirem e pedirem, por exemplo, a morte de um
desafeto; ou para ganharem rios de dinheiro; ou para fazerem o casamento de
alguém com outrem. É necessário que as pessoas estejam em Cristo, e que sua
Palavra esteja nas pessoas (Jo 15.7). É importante lembrar que Deus nos atende
se pedirmos algo de acordo com sua vontade (1 Jo 5.14).
c) “Isto será feito por meu Pai que está nos céus”.
Conforme dissemos no item anterior, Deus atende o crente que lhe pede algo em
nome de Jesus (Jo 14.13), e se tal pedido for da sua vontade (1 Jo 5.14).
d) “Dois ou três” (v.20).
Jesus nos garante que podemos ter sua presença, não só nas grandes reuniões,
mas em qualquer lugar em que dois ou três crentes estejam em comunhão com Deus
e com eles mesmos. Dessa forma, a dimensão da igreja local (At 20.28; 1 Co 1.2)
ou universal (Hb 12.23) não depende de grandes números, mas de união e reunião
em nome de Jesus.
CONCLUSÃO
A Igreja de Jesus Cristo, seja no sentido local ou
universal, representa os interesses do Reino de Deus, na face da Terra. Sem
ela, certamente a humanidade não teria como encontrar o caminho, a verdade e a
vida, indispensáveis à salvação dos homens. No sentido espiritual, a Igreja é a
noiva do Cordeiro, “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27). Que nos sintamos felizes e
honrados de pertencer à Igreja do Senhor Jesus.
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