LIÇÃO 9 – ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO
TEXTO ÁUREO
"E [Jesus] transfigurou-se diante deles; e o seu rosto
resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis
que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele" (Mt 17.2,3).
VERDADE PRÁTICA
O aparecimento de Moisés e Elias no Monte da Transfiguração
é um testemunho de que a Lei e os Profetas cumprem-se em Cristo, o Messias
prometido.
LEITURA DIÁRIA Segunda - Mt 17.3 O Messias e a tipologia Terça - Mt 17.10 O Messias e a escatologia Quarta - Mt 17.12 O Messias rejeitado Quinta - Lc 9.35 O Messias esperado Sexta - Mc 9.12 O Messias humilhado Sábado - Lc 9.29 O Messias exaltado
INTRODUÇÃO
O relato sobre a transfiguração, conforme narrado nos evangelhos
sinóticos, é um dos mais emblemáticos do Novo Testamento (Mt 17.1-13; Mc 9.2-8;
Lc 9.28-36). Além do nome de Moisés, o texto coloca em evidência também o de
Elias. Entretanto, diferentemente dos outros textos até aqui estudados, o
profeta não aparece aqui como a figura central, mas secundária! O centro é deslocado do profeta de Tisbe para
o Profeta de Nazaré, Jesus. E não mais Elias. Moisés, Pedro, Tiago e João,
também nominados nesse texto, aparecem como figurantes numa cena onde Cristo, o
Messias prometido, é a figura principal.
I - ELIAS, O MESSIAS E A TRANSFIGURAÇÃO
1. Transfiguração. O texto sagrado relata que tão logo
subiram ao Monte, Jesus foi transfigurado diante de Pedro, João e Tiago. Diz o
texto sagrado: "o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se
tornaram brancas como a luz" (Mt 17.2).A palavra transfigurar, que traduz
o termo grego metamorfose, mantém o sentido de mudança de aparência, ou forma,
mas não mudança de essência. A transfiguração mostrou aos discípulos aquilo que
Jesus sempre fora: o verbo divino encarnado (Jo 1.1; 17.1-5). Os discípulos
observaram que o seu rosto brilhou como o sol (Mt 17.2). O texto revela também
que suas vestes resplandeceram (Mt 17.2). Esses fatos põem em evidência a
identidade do Messias, o Filho de Deus.
2. Glória divina. Mateus detalha que durante a
transfiguração "uma nuvem luminosa os cobriu" (Mt 17.5). É relevante
o fato de que Mateus, ao escrever o evangelho aos hebreus, põe em evidência o
fato de que Jesus é o Messias anunciado no Antigo Testamento. Isso pode ser
visto na manifestação da nuvem luminosa, que está relacionada com a
manifestação da presença de Deus (Êx 14.19,20; 24.15-17; 1 Rs 8.10,11; Ez 1.4;
10.4). Tanto Moisés como Elias, quando estiveram no Sinai, presenciaram a
manifestação dessa glória. Todavia, não como os discípulos a vivenciaram no
Monte da Transfiguração (Mt 17.1,2).
II - ELIAS, O MESSIAS E A RESTAURAÇÃO
1. Tipologia. No evento da transfiguração, o texto destaca
os nomes de Moisés e Elias (Mt 17.3). Para a Igreja Cristã, Moisés prefigura a
Lei enquanto Elias, os profetas. É perceptível, nessa passagem, que Moisés
aparece como figura tipológica. Mateus põe em evidência o pronunciamento do
próprio Deus: "Escutai-o" (Mt 17.5). E Moisés havia dito exatamente
estas palavras quando se referia ao Profeta que viria depois dele: "O
SENHOR, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como
eu; a ele ouvireis" (Dt 18.15). A transfiguração revela que Moisés tem seu
tipo revelado em Jesus de Nazaré e que toda a Lei apontava para Ele.
2. Escatologia. Enquanto Moisés ocupa um papel tipológico no
evento da transfiguração, Elias aparece em um contexto escatológico. O texto de
Malaquias 4.5,6 apresenta Elias como o precursor do Messias. O Novo Testamento
aplica a João Batista o cumprimento dessa Escritura: "E irá adiante dele
no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e
os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo
bem disposto" (Lc 1.17). Assim como Elias, João foi um profeta de
confronto (Mt 3.7), ousado (Lc 3. 1-14) e rejeitado (Mt 11.18). A presença do
Batista, o Elias que havia de vir, era uma clara demonstração da messianidade
de Jesus.
III - ELIAS, O MESSIAS E A REJEIÇÃO
1. O Messias esperado. Tanto os rabinos como o povo comum
sabiam que antes do advento do Messias, Elias haveria de aparecer (Ml 4.5,6; Mt
17.10). O relato de Mateus sugere que os escribas não reconheceram a Jesus como
o Messias, porque faltava um sinal que para eles era determinante - o
aparecimento de Elias antes da manifestação do Messias (Mt 17.10). Como Jesus poderia ser o Messias se Elias
ainda não havia vindo? Jesus revela então que nenhum evento no programa
profético deixara de ter o seu cumprimento. Elias já viera e os fatos
demonstravam isso. Elias havia sido um profeta do deserto, João também o foi;
Elias pregou em um período de transição,
João prega na transição entre as duas alianças; Elias confrontou reis (1
Rs 17.1,2; 2 Rs 1.1-4), João da mesma forma (Mt 14.1-4). Mais uma vez fica
claro: João era o Elias que havia de vir e Jesus era o Messias.
2. O Messias rejeitado. O texto de Mateus 17.1-8, que narra
o episódio da transfiguração, inicia-se com a sentença: "Seis dias
depois" (Mt 17.1). O texto coloca a transfiguração num contexto onde uma
sequência de fatos deve ser observada. Os eruditos ressaltam que "seis
dias" é uma outra forma de dizer: "uma semana depois". De fato,
o texto paralelo de Lucas fala de "quase oito dias", isto é, uma
semana depois (Lc 9.28). O texto, portanto, põe o evento no contexto da
confissão de Pedro (Mt 16.13-20) e no discurso de Jesus sobre a necessidade de
se tomar a cruz (Mt 16.24-28). O Messias revelado, portanto, em nada se
assemelhava ao herói da crença popular. Pelo contrário, a sua mensagem, assim
como a do Batista, não agradaria a muita gente e provocaria rejeição.
IV - ELIAS, O MESSIAS E A EXALTAÇÃO
1. Humilhação. Os intérpretes destacam que havia uma
preocupação dos discípulos sobre a relação do aparecimento de Elias e a
manifestação do Messias. Esse fato é demonstrado na pergunta que eles fazem
logo após descer o monte da transfiguração (Mt 17.10). Como D. A. Carson
observa, o fato é que a profecia referente a Elias falava de "restaurar
todas as coisas" (Mt 17.11) e os discípulos não entendiam como o Messias
tão esperado pudesse morrer em um contexto de restauração. Cristo corrige esse
equivoco, mostrando que a cruz faz parte do plano divino para restaurar todas
as coisas (Mt 17.12; Lc 9.31; Fl 2.1-11).
2. Exaltação. Muito tempo depois, o apóstolo Pedro ainda
lembra dos fatos ocorridos e os cita em relação à exaltação e glorificação de
Jesus e, também, como prova da veracidade da mensagem da cruz: "Porque não
vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo
fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade,
porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória
lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho
comprazido" (2 Pe 1.16,17).
CONCLUSÃO
Vimos, pois, que os eventos ocorridos durante a
Transfiguração servem para demonstrar que Jesus era de fato o Messias esperado.
Tanto a Lei, tipificada aqui em Moisés, como os Profetas, representado no texto
pela figura de Elias, apontavam para a revelação máxima de Deus - o Cristo
Jesus. Essas personagens tão importantes no contexto bíblico não possuem glória
própria, mas irradiam a glória proveniente do Filho de Deus. Ele, sim, é o
centro das Escrituras, do Universo e de todas as coisas (Cl 1.18,19; Hb 1.3; Fl
2.10,11).
SUBSIDIOS
NTRODUÇÃO
A transfiguração de Cristo, no Monte, é um dos textos que
revela a glória do Senhor, antes mesmo da Sua morte e ressurreição. Na lição de
hoje enfatizaremos esse importante episódios registrado nas páginas dos
evangelhos. Inicialmente trataremos a respeito do evento propriamente dito, em
seguida, a representação de Moisés e Elias em tal contexto, e ao final,
refletiremos sobre a condição de cada crente após a transfiguração de Cristo.
1. A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS
A transfiguração de Jesus foi um evento particular (com
alguns discípulos) e histórico (em tempo determinado), pois “seis dias depois”,
Jesus tomou consigo “Pedro, Tiago e a João”, e os conduziu a um monte alto (Mt.
17.1). Esses apóstolos eram os mais próximos de Jesus (Lc. 6.12). Eles foram chamados, naquela circunstância, com o propósito
específico de serem testemunhas oculares (Mc. 14.33).O monte, ao que tudo indica, se tratava do Tabor, situado
cerca de 16 quilômetros de Cafarnaum. Mateus diz que “foi transfigurado diante
deles”, e que seu rosto “resplandeceu como o sol” (Mt. 17.2). Suas vestes também foram modificadas, se tornaram “brancas
como a luz”. Jesus, enquanto participante da glória divina, fez raiar essa luz.
Esse momento glorioso antecipou, no plano escatológico, a glória que nEle
haverá de ser revelada (Jo. 12.16,23; 17.5,22-24; II Co. 3.18; Mt. 13.43). Há
quatro aspectos revelados naquele episódio:
1) a glória de Jesus – a palavra traduzida por
transfiguração em português é metamorfose, que significa uma mudança exterior,
proveniente do interior. Do interior de Jesus irradiou uma luz, ressaltando,
assim, Sua glória essencial (Hb. 1.3). Esse acontecimento serviria para
fortalecer a fé dos discípulos, o próprio Pedro confessou que Jesus era o
Cristo, após aquele momento (Jo. 11.40);
2) a glória do Reino de Jesus – a transfiguração demonstrou
a glória do Reino que está por vir (Mt. 16.28), cujo cumprimento visível se
dará por ocasião do Milênio (Ap. 19). Após o arrebatamento da igreja (I Ts.
4.13-17), haverá a Tribulação, que terá fim quando Cristo vier em glória, como
Rei dos reis e Senhor dos senhores;
3) a glória da cruz de Jesus – sofrimento e glória não são
incompatíveis, Pedro aprendeu essa lição, e a registrou em sua epístola (I Pe.
1.6-8,11; 4.12). A morte de Jesus não foi uma derrota, mas uma conquista, não
no plano político, mas espiritual, libertando as pessoas do sistema mundano
(Gl. 1.4), do desespero (I Pe. 1.18) e da iniquidade (Tt. 2.14); e
4) a glória de sua submissão – aquele foi um ato de entrega,
no qual Jesus deu o exemplo aos discípulos de que estava disposto a desfazer-se
da glória para acatar o sofrimento. Aquela realidade inquietou os discípulos,
principalmente a Pedro, que se negou a aceitá-la (Mt. 16.22).
2. MOISÉS E ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO
A presença de Moisés e Elias, durante a transfiguração de
Cristo, tem um significado. Mateus diz que “apareceram Moisés e Elias, falando
com ele (Mt. 17.3).
A visão possibilitou que os discípulos reconhecessem aqueles
dois personagens como Moisés e Elias. Moisés representava a autoridade da Lei,
é um símbolo do judaísmo, associado à vinda do Messias. Elias representava os
profetas, sendo um dos maiores entre eles, confirmando, assim, a atuação
messiânica de Jesus na terra. Moisés e Elias revelaram a aprovação do Pai em
relação à missão de Jesus. O aparecimento daquelas duas figuras aponta para a
aprovação do Pai do ministério messiânico de Jesus (Mt. 17.5).
Aquele foi um momento aprazível para os discípulos, que
foram levados a perceberem a transitoriedade daquela circunstância. Isso serve
de lição para muitos cristãos nos dias de hoje. Eles pensam que estão debaixo
da transfiguração de Jesus, por isso, esquecem-se da cruz. Como os discípulos,
acham que é muito bom está ali, sem atentar para a missão a ser desempenhada na
terra (Mt. 17.4).
Há igrejas que se acomodam demasiadamente, a glória do
templo os impede de saírem para libertar os cativos. Como Pedro, gostariam de
ficar diante do Cristo transfigurado, querem construir “três cabanas, uma para
ti, outra para Moisés, e outra para Elias”.
3. APÓS O CRISTO TRANSFIGURADO
Certamente aquele foi um dos maiores momentos testemunhados
por aqueles discípulos, e que os marcariam permanentemente. Mas eles não
conseguiram compreender o significado daquela revelação. Talvez pensassem que
se tratava da glorificação plena de Cristo, que aconteceria depois da
ressurreição. Esse continua sendo um problema para a igreja desses dias. A
teologia da glória tem recebido ênfase demasiada em detrimento da teologia da
cruz. Alguns crentes parecem que estão vivendo já no reino milenial de Cristo.
Não querem mais adoecer e pensam que estão isentos do sofrimento, querem apenas
a plena prosperidade. É preciso destacar que estamos na condição do “ainda
não”, o “já” está na dimensão do espiritual. É bem verdade que curas existem, e
que não é proibido desfrutar de benção materiais. Mas elas não podem retirar o
foco da glória que em nós haverá de ser revelada. Enquanto esse dia não chegar,
tenhamos a consciência de que não podemos ficar no “monte da transfiguração”. O
mundo nos espera, as palavras de Moisés e Elias nos impressionam, mas estão
subordinadas ás palavras de Cristo (Mt. 17.5; Gl. 1.8,9; Hb. 1.1,2). Ele mesmo
levantou os discípulos, dizendo que não tivessem medo. Moisés e Elias
desapareceram, diante deles estava apenas Cristo, não mais transfigurado (Mt.
17.8). O sofrimento da cruz o aguardava, e também a do discipulado, que
caracteriza aqueles que seguem a Cristo (Mt. 16.24).
CONCLUSÃO
Após descerem do monte Jesus orientou aos discípulos para
que nada dissessem até que Ele mesmo ressuscitasse (Mt. 17.9) e fez a exegese
de um texto do Antigo Testamento, mostrando que o Elias que haveria de vir na
verdade era João Batista, (Mt. 17.11). Não que João Batista fosse a
reencarnação de Elias, mas um antítipo, isto é, o cumprimento de um tipo.
Quando chegaram à multidão, aproximou-se de Jesus um homem, implorando para que
libertasse seu filho oprimido (Mt. 17.15). Eis aqui a missão da igreja, não
pode fugir da sua responsabilidade, pois ainda não chegou a hora da sua plena
transfiguração (I Co. 15.54).
BIBLIOGRAFIA
GETZ. G. Elias: um modelo de coragem e fé. São Paulo: Mundo
Cristão, 2003.
SWINDOLL, C. R. Elias: um homem de heroísmo e humildade. São
Paulo: Mundo Cristão, 2001.
A Glória do Rei
Mateus 17
Este capítulo começa com uma cena gloriosa no alto de um monte
e termina com Pedro pegando um peixe para pagar seus impostos. Que contraste!
No entanto, Jesus Cristo, o Rei, é o tema do capítulo todo. Os três acontecimentos
deste capítulo oferecem três imagens do Rei.
1. O Rei em sua glória
(Mt 17:1-13)
De acordo com Mateus e Marcos, a transfiguração aconteceu
"seis dias depois", enquanto Lucas diz "cerca de oito dias
depois"(Lc 9:28). Não há contradição, uma vez que o relato de Lucas é o
equivalente judeu a "cerca de uma semana depois". Durante essa semana,
os discípulos devem ter discutido o significado das declarações de Jesus sobre sua
morte e ressurreição. Por certo, também estavam se perguntando o que
aconteceria com as profecias do Antigo Testamento a respeito do reino. Se Jesus
pretendia construir uma Igreja, o que aconteceria com o reino prometido? O texto
não diz o nome do lugar em que esse milagre ocorreu, mas é provável que tenha
sido no monte Hermom, perto de Cesaréia de Filipe. A transfiguração revelou
quatro aspectos da glória de Jesus Cristo o Rei.
A glória de sua Pessoa.
Tanto quanto sabemos pelos relatos bíblicos, essa foi a única
vez que Jesus revelou sua glória de tal forma durante seu ministério aqui na
Terra. A palavra traduzida por transfiguração dá origem a nosso termo
"metamorfose", que significa uma mudança exterior provinda de uma
transformação interior. Quando uma lagarta constrói um casulo e depois sai de dentro
dele na forma de uma borboleta, deu-se um processo de metamorfose. A glória de
nosso Senhor não refletiu algo exterior, mas sim, irradiou algo interior. Houve
uma mudança exterior que veio de dentro de Jesus e fez com que sua glória
essencial resplandecesse(Hb 1:3).
Por certo, esse acontecimento serviria para fortalecer a fé
dos discípulos, especialmente de Pedro, o qual havia confessado pouco tempo
antes que Jesus era o Filho de Deus. Sua confissão de fé não teria sido tão significativa
se ele a tivesse feito depois da transfiguração. Pedro creu, confessou sua fé e
recebeu confirmação (ver Jo 11:40; Hb 11:6). Muitos anos depois, João relembrou
este acontecimento quando o Espírito o inspirou a escrever: "E o Verbo se
fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória,
gfória como do unigênito do Pai" (Jo 1:14). Em seu Evangelho, João enfatiza
a divindade de Cristo e a glória de sua pessoa (Jo 2:11; 7:39; 11:4; 12:23; 1
3:31, 32; 20:31). Quando veio à Terra, Jesus Cristo deixou de lado sua glória
(Jo 17:5). Por causa de sua obra consumada na cruz, recebeu de volta sua
glória, que hoje compartilha conosco (Jo 1 7:22, 24). No entanto, não precisamos
esperar pelo céu para participar dessa "glória da transfiguração".
Quando nos entregamos a Deus, ele "transfigura" nossa mente (Rm 12:1,
2). Ao nos sujeitarmos ao Espírito de Deus, ele nos transforma (transfigura)"de
glória em glória" (2 Co 3:18). Ao examinarmos a Palavra de Deus, vemos o
Filho de Deus e somos transfigurados pelo Espírito de Deus na glória de Deus.
A glória de seu reino.
No encerramento de seu sermão sobre tomar a cruz, Jesus
prometeu que alguns de seus discípulos veriam "o Filho do Homem no seu
reino" (Mt 16:28). Selecionou Pedro, Tiago e João para testemunhar esse acontecimento.
Esses três amigos e sócios (Lc 5:10) haviam acompanhado Jesus à casa de Jairo
(Lc 8:51) e, posteriormente, estariam com ele no jardim do Getsêmani, antes da
crucificação (ver Mt 26:37).
G. Campbell Morgan chama a atenção para o fato de
que, nessas três ocasiões, o assunto principal foi a morte. Jesus estava ensinando
a estes três homens que ele é vitorioso sobre a morte (ressuscitou a filha de Jairo)
e se entregou à morte (no jardim). A transfiguração ensinou que ele foi
glorificado na morte. A presença de Moisés e de Elias foi significativa, pois
Moisés representava a Lei e Elias os Profetas. Toda a Lei e os Profetas apontam
para Cristo e se cumprem em Cristo (Lc 24:27; Hb 1:1). Nenhuma palavra do Antigo
Testamento deixará de ser cumprida. O reino prometido será estabelecido (Lc 1:32,
33, 68-77). Assim como esses três discípulos viram Jesus glorificado na Terra,
também o povo de Deus o veria em seu reino glorioso na Terra (Ap 19:11 - 20:6).
Pedro aprendeu essa lição e nunca mais a esqueceu. "Nós mesmos fomos
testemunhas oculares da sua majestade [...] Temos, assim, tanto mais confirmada
a palavra profética" (ver 2 Pe 1:12ss). A experiência de Pedro no monte
apenas fortaleceu sua fé nas profecias do Antigo Testamento. O mais importante
não é testemunhar grandes feitos e prodígios, mas ouvir a Palavra de de Deus. "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo;
a ele ouvi" (Mt 17:5). Todos os que são nascidos de novo pertencem ao
reino de Deus (Jo 3:3-5). Trata-se de um reino espiritual, separado das coisas materiais
deste mundo (Rm 14:1 7). Mas um dia, quando Jesus voltar, haverá um reino glorioso
por mil anos (Ap 20:1-7), com Jesus Cristo governando como Rei. Os que crerem nele
reinarão com ele na Terra (Ap 5:10).
A glória de sua cruz.
Os discípulos precisavam aprender que o sofrimento e a
glória andam juntos. Pedro não queria que Jesus fosse a Jerusalém para morrer,
de modo que Jesus teve de ensinar-lhe que, sem seu sofrimento e morte, não
haveria glória. Sem dúvida, Pedro aprendeu a lição, pois em sua primeira epístola
enfatiza repetidamente o sofrimento e a glória (1 Pe 1:6-8,11; 4:12 - 5:11). Moisés
e Elias conversaram com Jesus. Seu sofrimento e morte não seriam um acidente, mas
uma conquista. Pedro usa a palavra “partida” ao descrever sua morte iminente (2
Pe 1:15). Para o cristão, a morte não é uma estrada de mão única para o
esquecimento. Antes, é uma partida, um êxodo, a libertação da escravidão desta
vida para a gloriosa liberdade da vida no céu. Pelo fato de Cristo ter morrido
e pago o preço, pudemos ser redimidos: comprados e libertados. Os dois
discípulos de Emaús esperavam que Jesus libertasse a nação da escravidão romana
(Lc 24:21). Jesus não morreu para oferecer liberdade política, mas sim para
conceder liberdade espiritual: fomos libertos do sistema do mundo (Gl 1:4), de
uma vida fútil e sem propósito (1 Pe 1:18) e da iniqüidade (Tt 2:14). Nossa
redenção em Cristo é decisiva e definitiva.
A glória de sua submissão.
Pedro não conseguia entender por que o Filho de Deus se
sujeitaria a homens perversos e sofreria voluntariamente. Deus usou a
transfiguração para ensinar a Pedro que Jesus é glorificado quando negamos a
nós mesmos, tomamos nossa cruz e o seguimos. A filosofia do mundo é:
"salve sua vida!", mas a filosofia cristã é: "entregue sua vida
a Deus!" Ao se colocar diante deles em glória, Jesus provou aos três
discípulos que a entrega sempre conduz à glória. Primeiro o sofrimento, depois a
glória; primeiro a cruz, depois a coroa. Cada um dos três discípulos viveria
essa importante verdade. Tiago seria o primeiro dos discípulos a morrer (At
12:1, 2). João seria o último, mas enfrentaria perseguições intensas na ilha de
Patmos (Ap 1:9). Pedro passaria por muitas aflições e, no final, daria sua vida
por Cristo (Jo 21:15-19; 2 Pe 1:12). Pedro opôs-se à cruz quando Jesus
mencionou sua morte pela primeira vez (M t 16:22ss). No jardim, usou sua espada
para defender o Mestre (Jo 18:10). Até mesmo no monte da transfiguração, Pedro
tentou dizer a Jesus o que fazer, pois queria construir ali três tendas, uma
para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias, para que todos permanecessem
ali e desfrutassem a glória! Mas o Pai interrompeu a Pedro e Deus permite que seu Filho amado seja colocado no
mesmo nível que Moisés e Elias. "A ninguém [...] senão Jesus", esse é
o padrão de Deus (Mt 1 7:8). Enquanto descia o monte com seus três discípulos, Jesus
advertiu-os a não revelar o que haviam visto, nem mesmo aos outros discípulos.
Mas os três homens ainda estavam perplexos. Haviam aprendido que Elias viria
primeiro em preparação para a fundação do reino. A presença de Elias no monte
seria o cumprimento dessa profecia? (Ml 4:5, 6). Jesus responde a essa pergunta
de duas maneiras. Sim, Elias viria conforme profetizado em Malaquias 4:5, 6,
mas, em termos espirituais, Elias já havia vindo na pessoa de João Batista (ver
Mt 11:10-15; Lc 1:17). A nação permitiu que João fosse executado e pediria que
Jesus fosse morto. Apesar de tudo o que os líderes perversos fariam, Deus
realizaria seu plano. Quando se dará a vinda de Elias para restaurar todas as
coisas? Alguns acreditam que Elias virá como uma das "duas testemunhas",
cujo ministério é descrito em Apocalipse 11. Outros acreditam que a profecia foi
cumprida no ministério de João Batista e, dessa forma, Elias não virá outra
vez.
Fonte.
Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo : Novo
Testamento : volume I / WarrenW. Wiersbe ; traduzido por Susana E. Klassen. -
Santo André, SP :Geográfica editora, 2006.
SUBSIDIOS
Texto Básico:Mateus 17:1-8
“E Jesus transfigurou-se diante deles; e o seu rosto
resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis
que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele”(Mt 17:2,3).
INTRODUÇÃO
O profeta Elias, foi um dos maiores profetas que Isael
conheceu. Em momentos de decepção e expectativa frustrada, ele anseia a morte.
Todavia, a Bíblia diz que ele não morreu, foi levado aos céus em um
redemoinho(2Rs 2:11). Sua missão foi findada na Terra, mas a participação desse
admirável homem de Deus na história sagrada não se encerrou com o seu
arrebatamento. Deus o faria aparecer séculos depois, como representante dos
profetas, para confirmar o ministério de Jesus. Aliás, a experiência da
transfiguração foi uma confirmação, por Deus Pai, que Jesus era verdadeiramente
seu Filho, todo suficiente para redimir a raça humana – “Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo; escutai-o”(Mt 17:5). Nesta Aula, diferentemente dos
outros textos até aqui estudados, Elias não aparece como a figura central, mas
como uma figura secundária! O centro é deslocado do profeta de Tisbe para o
Profeta de Nazaré. Jesus, e não mais Elias, é o centro da revelação bíblica. No
Monte da Transfiguração, Elias é apenas um figurante, representando os
profetas, mas Cristo é a figura principal, o Messias prometido.
I. ELIAS, O MESSIAS E A TRANSFIGURAÇÃO
1. Transfiguração. A transfiguração foi um breve vislumbre
da verdadeira glória de Jesus, a afirmação divina de Deus de tudo o que Jesus
havia feito, e que estava prestes a fazer. A Transfiguração revelou claramente
não só que os discípulos estavam corretos ao crerem que Jesus era o Messias (Mt
16:16), mas que o compromisso deles estava bem firmado, e que a eternidade
deles estava assegurada. Jesus era verdadeiramente o Messias, o divino Filho de
Deus. A Palavra grega que relata que a aparência de Jesus mudou é
“metamorphothe” de onde obtemos a palavra “metamorfose”. O verbo se refere a
uma mudança extrema que vem de dentro. Não era uma mudança meramente de
aparência, mas era uma mudança completa, em que a pessoa passa ter outra forma.
Na terra, Jesus tinha a aparência de um homem, mas na Transfiguração, o corpo de
Jesus foi transformado em um esplendor glorioso que Ele tinha antes de vir para
a Terra (João 17:5); Fp 2:6), e que Ele terá quando voltar em glória (Ap
1:14,15).
2. A glória divina. Na Transfiguração, Pedro, Tiago e João
viram a glória, identidade e poder de Jesus como o Filho de Deus (veja 2Pedro
1:16-18). Eles foram testemunhas oculares do poder e da glória do Reino de
Cristo. Jesus quis transmitir aos seus discípulos que não teriam que esperar
por outro Messias futuro, porque o Reino estava entre eles, e logo viria com
poder. Mateus detalha que durante a Transfiguração “...uma nuvem
luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo; escutai-o” (Mt 17:5). Da mesma maneira como a voz
de Deus na nuvem sobre o monte Sinai conferiu autoridade à sua lei (Ex 19:9), a
voz de Deus na Transfiguração também conferiu autoridade às Palavras de Jesus.
Uma “nuvem luminosa” apareceu repentinamente, e a “voz” de Deus falou a partir
da nuvem, destacando Jesus de Moisés e Elias como sendo o longamente esperado
Messias, que possuía autoridade divina. Como já havia feito no batismo de
Jesus, o Pai estava identificando Jesus como o seu “Filho amado” e o Messias
prometido. Quando os discípulos ouviram a voz de Deus lhes falando
diretamente, pois estavam envoltos pela nuvem luminosa, “tiveram grande medo”.
Ao longo das Escrituras, a glória visível da divindade cria medo(veja Dn
10:7-9). Mas Jesus lhes disse que não temessem. Pedro desejou manter Jesus,
Elias e Moisés ali, em três tabernáculos no Monte, mas o seu desejo era
equivocado. O evento era meramente um vislumbre da glória divina, daquilo que
estava por vir. Assim, quando “ergueram os olhos”, a nuvem e os profetas já não
estavam mais ali. Os discípulos tinham que olhar somente para Jesus. Somente
Ele estava qualificado para ser o Salvador.
II. ELIAS, O MESSIAS
E A RESTAURAÇÃO
1. Tipologia. Na cena da Transfiguração, o texto destaca os
nomes de Moisés e Elias (Mt 17:3). Estes eram considerados os dois maiores
profetas do Antigo Testamento. Moisés representava a lei, ou a antiga aliança;
ele havia escrito o Pentateuco e predito a vinda de um grande profeta(Dt
18:15-19). Elias representava os profetas que haviam predito a vinda do Messias
(Ml 4:5,6). A presença de Moisés e Elias com Jesus confirmava a missão
messiânica de Jesus para cumprir a lei de Deus e as palavras dos profetas de
Deus (Mt 5:17). O aparecimento deles também removia qualquer pensamento de que
Jesus fosse a reencarnação de Elias ou Moisés. Ele não era meramente um dos
profetas. Como o único Filho de Deus, Jesus os sobrepujava grandemente em
autoridade e poder. Além disto, a capacidade que eles tiveram de falar com
Jesus, apóia a promessa da ressurreição de todos os crentes.
2. Escatologia. “E os seus discípulos o interrogaram,
dizendo: Por que dizem, então, os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo,
disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas. Mas
digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que
quiseram. Assim farão eles também
padecer o Filho do Homem. Então, entenderam os discípulos que lhes falara de
João Batista” (Mt 17:10-13). O aparecimento de Elias no Monte causou uma pergunta na
mente dos discípulos. Baseado em Malaquias 4:5,6, os escribas judeus criam que
Elias devia voltar antes que o Messias viesse.
Elias havia aparecido no Monte, mas não tinha vindo em pessoa para
preparar o povo para a chegada do Messias (especialmente na área do
arrependimento). Os discípulos criam que Jesus era o Messias, mas queriam saber
onde estava Elias. Jesus respondeu que Elias viria primeiro e restauraria todas
as coisas. Estava escrito nas Escrituras que o Messias iria padecer muito e ser
aviltado (por exemplo, Salmos 22:14,16,17; Is 53:1-12). Jesus explicou que, na
verdade, Elias já veio. Mateus explica que os discípulos perceberam que Jesus
se referia a João o Batista (Mt 17:13), que havia assumido o papel profético de
Elias – confrontando o pecado com ousadia, e levando o povo a Deus. Assim como Elias, João Batista foi um profeta de confronto
(Mt 3:7), ousado (Lc 3:1-14) e rejeitado (Mt 11:18). Como no caso de Elias,
fizeram a João Batista tudo o que quiseram. Elias foi severamente perseguido
pelo rei Acabe e pela rainha Jezabel, e fugiu para salvar a própria vida (1Reis
19). João Batista foi decapitado (Mc 6:14-20). Tudo isto ocorreu, como dele
está escrito (Mc 9:13). Portanto, a presença de João Batista, o Elias que havia
de vir, pregava com muita penetração que Jesus era o verdadeiro Messias
vaticinado pelos patriarcas e profetas veterotestamentários.
III. A ESPIRITUALIDADE DO MONTE – ÊXTASE SEM DISCERNIMENTO
ESPIRITUAL
Pedro, Tiago e João sobem o Monte da Transfiguração com
Jesus, mas não alcançam as alturas espirituais da intimidade com Deus. Eles
contemplam quatro fatos milagrosos: a transfiguração do rosto de Jesus, a
aparição em glória de Moisés e Elias, a nuvem luminosa que os envolvem e a voz
do Céu que troveja em seus ouvidos. Nenhuma assembleia na Terra jamais foi tão
esplendidamente representada: lá estavam o Deus trino, Moisés e Elias – o maior
legislador e o maior profeta. Lá estavam Pedro, Tiago e João - os discípulos
mais íntimos de Jesus, os quais apesar de estarem envoltos num ambiente de
milagres, faltou-lhes discernimento em quatro questões básicas:
1. Os discípulos não discerniram a centralidade da Pessoa de
Cristo (Mt 17:3-8). Os discípulos estão cheios de emoção, mas vazios de
entendimento. Querem construir três tendas, dando a Moisés e a Elias a mesma
importância de Jesus. Querem igualar Jesus aos representantes da Lei e dos
Profetas. Como o restante do povo, eles também estão confusos quanto à
verdadeira identidade de Jesus (Lc 9:18,19). Não discerniram a divindade de
Cristo. Andam com Cristo, mas não lhe dão a glória devida ao seu nome (Lc
9:33). Onde Cristo não recebe a preeminência, a espiritualidade está fora de foco.
Jesus é maior que Moisés e Elias. A Lei e os Profetas apontaram para Jesus.
Tanto a Lei quanto os Profetas tiveram o seu cumprimento em Cristo (Hb 1:1,2;
Lc 24:25-27). Moisés morreu e seu corpo foi sepultado, mas Elias foi arrebatado
aos céus. Quando Jesus retornar, Ele ressuscitará os corpos dos santos que
morreram e arrebatará os santos que estiverem vivos (1Ts 4:13-18).
O Pai corrigiu a teologia dos discípulos, dizendo-lhes:
“Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o”. Jesus não pode ser
confundido com os homens, ainda que com os mais ilustres. Ele é Deus. A Ele
deve ser toda devoção. Nossa espiritualidade deve ser cristocêntrica. A
presença de Moisés e Elias naquele monte longe de empalidecer a divindade de
Cristo, confirmava que de fato Ele era o Messias apontado pela lei e pelos
profetas.
2. Os discípulos não discerniram a centralidade da missão de
Cristo. Moisés e Elias apareceram para falar da iminente partida de Jesus para
Jerusalém (Lc 9:30,31). A agenda daquela conversa era a cruz. A cruz é o centro
do ministério de Cristo. Ele veio para morrer. Sua morte não foi um acidente,
mas um decreto do Pai desde a eternidade. Cristo não morreu porque Judas o
traiu por dinheiro, porque os sacerdotes o entregaram por inveja nem porque Pilatos
o condenou por covardia. Ele voluntariamente se entregou por suas ovelhas (João
10:11), pela sua Igreja (Ef 5:25).
Toda espiritualidade que desvia o foco da cruz é cega de
discernimento espiritual. Satanás tentou desviar Jesus da cruz, suscitando Herodes
para matá-lo. Depois, ofereceu-lhe um reino. Mas tarde, levantou uma multidão
para fazê-lo rei. Em seguida, suscitou a Pedro para reprová-lo. Ainda quando
estava suspenso na cruz, a voz do inferno vociferou na boca dos insolentes
judeus: “desça da cruz, e creremos nele” (Mt 27:42). Se Cristo descesse da
cruz, nós desceríamos ao inferno. A morte de Cristo nos trouxe vida e
libertação. A morte de Cristo abriu as portas da nossa prisão e nos deu
liberdade. Moisés e Elias entendiam isso, mas os discípulos estavam sem
discernimento dessa questão central do cristianismo (Lc 9:44,45). Hoje, há
igrejas que aboliram dos púlpitos a mensagem da cruz. Pregam sobre
prosperidade, curas e milagres. Contudo, esse não é o evangelho da cruz, é
outro evangelho e deve ser anátema!
3. Os discípulos não discerniram a centralidade de seus
próprios ministérios (Mt 17:4). Eles disseram: “Senhor, bom é estarmos aqui”.
Eles queriam a espiritualidade da fuga, do êxtase e não do enfrentamento.
Queriam as visões arrebatadoras do monte, não os gemidos pungentes do vale. Mas
é no vale que o ministério se desenvolve.
É mais cômodo cultivar a espiritualidade do êxtase, do
conforto. É mais fácil estar no templo, perto de pessoas co-iguais do que
descer ao vale cheio de dor e opressão. Não queremos sair pelas ruas e becos.
Não queremos entrar nos hospitais e cruzar os corredores entupidos de gente com
a esperança morta. Desviamos das pessoas caídas na sarjeta. Não queremos subir
os morros semeados de barracos, onde a pobreza extrema fere a nossa
sensibilidade. Não queremos visitar as prisões insalubres nem pôr os pés nos
guetos encharcados de violência. Não queremos nos envolver com aqueles que
vivem oprimidos pelo diabo nos bolsões da miséria ou encastelados nos luxuosos
condomínios fechados. É fácil e cômodo fazer uma tenda no monte e viver uma
espiritualidade escapista, fechada entre quatro paredes. Permanecer no monte é
fuga, é omissão, é irresponsabilidade. A multidão aflita nos espera no
vale!(veja o caso do jovem lunático – Mc 9:14-29).
4. Os discípulos estavam envolvidos por uma nuvem celestial,
mas tinham medo de Deus (Mt 17:5,6). Quando os discípulos ouviram a voz de Deus
lhes falando diretamente, pois estavam envoltos pela nuvem luminosa, tiveram
grande medo. Eles se encheram de medo a ponto de caírem de bruços. A
espiritualidade deles é marcada pela fobia do sagrado. Eles não encontram
prazer na comunhão com Deus através da oração, por isso, revelam medo de Deus.
Jesus subiu ao Monte da Transfiguração para orar, mas em nenhum momento os
discípulos estavam orando com Ele (Lc 9:28,29). Eles não sentem necessidade nem
prazer na oração. Eles não tem sede de Deus. Eles estão o Monte a reboque, por
isso veem Deus como uma ameaça. Eles se prostram não para adorar, mas por causa
do medo. Eles estavam assombrados (Mc 9:6). Pedro, o representante do grupo,
não sabia o que dizia (Lc 9:33). Mas Jesus lhes disse que não temessem (Mt
17:7). Deus não é um fantasma cósmico; Ele é o Pai de amor. O medo de Deus
revela espiritualidade rasa e sem discernimento.
CONCLUSÃO
Diante do exposto acima, concluímos que os eventos ocorridos
durante a Transfiguração aconteceram para demonstrar que Jesus era de fato o
Messias esperado (Mt 16:16), e que a aparição de Moisés e Elias com Jesus
confirmava a missão messiânica de Jesus de cumprir a Lei de Deus e as palavras
dos profetas de Deus. Os discípulos ficaram deslumbrados com a presença de
Elias e Moisés, mas logo perceberam que eles foram embora, e que apenas Jesus
ficou. Esses personagens tão importantes no contexto bíblico não possuem glória
própria, mas irradiam a glória proveniente do Filho de Deus. Ele, sim, é o
centro das Escrituras, do Universo e de todas as coisas (Cl 1:18,19; Hb 1:3).
Nada neste mundo poderá substituir a presença de Jesus nem no culto nem em
nossas vidas. Ao fim de tudo, que possamos ver unicamente a Jesus, como os
discípulos também o viram.
CONSIDERAÇÕES DOS VÁRIOS COMENTARISTAS BÍBLICOS, A RESPEITO
DA TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS.
(001) LUCAS 9.29 -
TRANSFIGUROU-SE. Na sua transfiguração, Jesus foi transformado na presença de
três discípulos, que viram a sua glória celestial, conforme Ele realmente era:
Deus em corpo humano. A experiência da transfiguração foi:
(1) um alento para Jesus ante a sua iminente morte de cruz
(cf. Mt 16.21);
(2) um comunicado aos discípulos de que Jesus teria de
sofrer na cruz (v.31); e
(3) uma confirmação, por Deus, que Jesus era verdadeiramente
seu Filho, todo suficiente para redimir a raça humana (v.35).
- Fonte: Bíblia de Estudo Pentecostal.
(002) MATEUS 17.1-13
Cf. também 2Pe 1.16-18.
MATEUS 17.2 Cf. Êx
34.29-35.
MATEUS 17.3 Moisés e
Elias: Relacionados com as promessas do AT que Jesus veio cumprir. Cf. Dt
18.15; Ml 4.5-6.
MATEUS17.5 Nuvem luminosa: No AT a nuvem está relacionada
com a presença divina; cf. Êx 16.10; 33.9-10; 40.34-38; 1Rs 8.10-11.
MATEUS 17.5 Gn 22.2; Sl 2.7; Is 42.1; Mt 3.17;
12.18; Mc 1.11; Lc 3.22. O meu Filho amado, em quem me comprazo: Ver Mt
3.17, n. A expressão a ele ouvi ou
escutai-o recorda Dt 18.15.
Fonte: Bíblia de Estudo Almeida
(003) MATEUS 17.1 PEDRO, Tiago e João, fizeram o círculo
interno daqueles mais próximos de Jesus(Mt 20.20; 26.37).
17.2 Conquanto o verbo transfigurar possa denotar
transformação espiritual(Rm 12.2; 2Co 3.18), aqui indica uma transformação
visível, afirmando a glória essencial de Jesus, o Messias.
17.3 A aparição de Moisés e Elias significam que a Lei e os
Profetas apoiam Jesus em sua missão de redenção.
17.5 A afirmação do Pai Celeste sobre a missão de redenção
de Jesus ordena os discípulos a aceitar as instruções de Jesus sobre seu
sofrimento.
Fonte; Bíblia de Estudo Plenitude.
(004) MATEUS 17.1 Seis dias depois. A expressão usada por
Lucas(9.28) “Cerca de oito dias depois”, indica o dia inicial, o último dia e o
intervalo entre os dois. Pedro{Pedro, Tiago e João}, o círculo mais íntimo de
discípulos.
17.2 Foi transfigurado. Lit. foi transformado.
(a) A transfiguração ofereceu aos três discípulos um
vislumbre da exaltação de Jesus e do Reino vindouro. O Senhor foi visto em seu
corpo glorificado:
(b) Moisés e Elias representavam aqueles que Cristo levará
consigo(por meio da morte ou do arrebatamento;
1Tess 4.13-18):
(c ) Os discípulos representavam Aqueles que contemplarão a
sua vinda(Ap 1.7).
Fonte: A Bíblia
anotada expandida(Editora Mundo Cristão)
– Sociedade B. do Brasil.
(005) MATEUS 17.1 Seis dias depois,(Na
linguagem hebraica isto é exclusivo, que significa, que todos os dias e o tempo
não estão incluídos; Lucas disse, “Perto de oito dias”, mas isso em hebraico é
inclusivo, significando que tudo está incluído), tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a
João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, (Não nos diz qual monte;
“além” dos outros discípulos).
17.2 E transfigurou-se diante deles(Quer
dizer que a glória não brilhou sobre Jesus, mas pelo contrário, brilhava para
fora Dele, através de sua roupa) ; e o seu rosto resplandeceu como o
sol,(Ap 1.16) e as suas vestes se tornaram
brancas como a luz.(A luz as fez brancas).
17.3 E eis que lhes
apareceram Moisés e Elias, falando com ele.(Moisés e
Elias representaram a Lei e os profetas, os mortos, e santos arrebatados;
falaram com Ele de Sua morte expiatória{Lucas 9.31}; esta doutrina é o grande
tema do céu{Ap 1.5; 5.6 e 9; 7.14}).
17.5 E, estando ele
ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu(Era
uma demonstração da Shekiná, um símbolo da Presença do Mais Alto, que tinha
aparecido sobre o Tabernáculo no deserto). E da nuvem saiu uma voz(a “nuvem” que os eclipsava, era uma olhada prévia da Obra do
Espírito Santo depois do dia de Pentecostes em Glorificar a Cristo{João
16.14} que dizia: Este é o meu amado
Filho, em quem me comprazo(Temos aqui a Trindade, a vóz que saiu da nuvem, a
qual era o Pai, Jesus, estando parado em uma luz brilhante e o Espirito Santo
presente com a nuvem que os cobriu); escutai-o(Ouça-o
ele Só; tudo vem por meio de Cristo e o que Cristo fez na cruz; em consequência
o Espirito Santo trabalha{Rm 8.2}).
17.6 E os discípulos,
ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo(As palavras “tiveram grande medo”, significam que estavam
temerosos de que morreriam).
17.7 E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse:
Levantai-vos, e não tenhais medo(Sempre é assim a Vóz
do Salvador, aos que são na verdade sinceros, mas com tudo equivocados).
17.8 E, erguendo eles os olhos(Demonstra-os
que examinam atentamente o lugar) , ninguém viram senão unicamente a
Jesus(Tudo gira em torno de Jesus e o que Ele fez na
cruz) .
17.9 E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo:
A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os
mortos(Conforme o indicado, devido à vitória da cruz, a
ressurreição nunca estava em dúvida).
Bíblia de Estudo do Expositor – JIMMY SWAGGART.
ELABORADO PELO EV. NATALINO DOS ANJOS
PROFESSOR DA E.B.D e PESQUISADOR
PASTOR NA ASSEMBLEIA DE DEUS DA CIDADE DE TESOURO - MT.
FONTE DE PESQUISA: AS ACIMA SUPRA CITADAS.
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