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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O CRISTIANISMO E AS CATACUMBAS


O Cristianismo e
as Catacumbas

"Para alumiar os que vivem assentados nas trevas e na sombra da morte", Lucas 1.79.

O capítulo anterior foi encerrado no meio da sombra e das trevas da ignorância pagã. Vimos o homem, fechando os olhos à luz da religião natural (aquilo que se pode pela Natureza conhecer de Deus), perder o último vislumbre da revelação primitiva, passando a apalpar no caminho, com­pletamente incapaz de achar a luz para guiá-lo. Ouvimos as queixas dos homens virtuosos; notamos a desfaçatez e a depravação dos perversos. Contudo, em meio ao desânimo e ao desespero, existia um pressentimento geral de liberta­ção - um quase que universal anseio ou expectação do surgimento de um libertador. É verdade que esta idéia era in­definida e, por conseqüência, imperfeitamente apreciada, era porém geralmente concebida entre as nações cuja lite­ratura tem, até certo ponto, chegado a nós; e, o que é mais notável, a expectação tinha atingido o seu auge no período de Augusto, em que mais referências a essa esperança fo­ram feitas.
Os hindus esperavam outro Avatar, ou encarnação do seu deus principal; e esse Avatar tinha mais importância, porque viria modificar os destinos da raça humana. Entre os persas, que seguiam a doutrina de Zoroastro, esperava-se Sosiosh, o "Homem do Mundo". Os chineses, segundo Confúcio, "deviam buscar o santo do Oeste". O oráculo pitônico entre os gregos, e os sacerdotes etruscos na Itália, ti­nham predito a queda deles mesmos. A profetisa Sibila ti­nha falado da vinda do Senhor da Terra (1). Os astrólogos caldeus viajaram, como sabemos, para a Judéia, com pre­sentes reais para o esperado Libertador (2). Herodes, gover­nador da Judéia, participava da mesma expectação e con­sultou o Sinédrio quanto ao lugar do nascimento do Mes­sias, e, sendo informado que um profeta judaico havia pre­dito que seria Belém, mandou matar todas as crianças da­quela cidade, pensando, assim, conseguir a destruição do Rei esperado. Judeus devotos, tais como Simeão e Ana, es­tavam esperando no templo judaico pela vinda do Mes­sias, certos de que o tempo estava próximo (3).
Assim, vemos que os antigos escritores davam curso à tradição; astuciosos sacerdotes pagãos e pretensos profetas queriam encaminhar a crença popular para as suas comu­nicações com o Céu; governadores cruéis temiam aquilo que todos previam, e homens e mulheres santas esperavam "a consolação de Israel" e do mundo. Todos eles, tanto os bons como os maus, são testemunhas da esperança prevalecente duma futura intervenção nos destinos do homem.
Roma presta-se especialmente para campo da nossa in­vestigação; como nos legou muita literatura, é de presumir nela se ache referência especial a essa pressentida liberta­ção do mal. Suetônio, historiador romano, diz: "É persua­são antiga e fixa, predominante no Oriente, estar predesti­nado que alguém se levantará na Judéia, para estabelecer um império universal" (4). Tácito escreve: "Muitos esta­vam persuadidos de que nos livros antigos dos sacerdotes estava declarado que naquele tempo o Oriente prevalece­ria e que alguém havia de vir da Judéia, e possuir o pre­domínio" (5)'. Josepho e Philo declaram saber que existia a mesma expectação.
Pelo tempo em que nasceu Augusto - cerca de sessenta anos antes de Cristo - a vinda anunciada de um rei, con­quistador ou libertador, que já havia passado a provérbio, foi citada no Senado e tornou-se assunto dos poetas.
Virgílio escreveu uma pastoral cumprimentando o côn­sul romano Póllio, ao qual já nos referimos, pelo nascimen­to de um filho, a quem, em sentido lisonjeador, descreve como o libertador predito. Diz-se que a substância da pas­toral foi plagiada de uma profecia dita por Sibila. As duas linhas seguintes são tradução dessa pastoral:

As nações discordes ele em paz unirá,
E à virtude toda a humanidade guiará (6).

Como outra indicação desta predominante expectação, ao ser predito por Nigídio Figulo, astrólogo e matemático, o nascimento do imperador Augusto, foi também profeti­zado que ele seria o senhor da terra. De fato foi deificado durante a vida pelos seus aduladores, que lhe erigiram templos e a sua adoração foi estabelecida; o seu nome, ori­ginalmente Otaviano, foi alterado para Augusto (sagrado) e, na língua grega, para Sebastos (adorável). 0 oitavo mês do nosso calendário ainda é chamado Agosto em honra de Augusto.
Tais eram as aspirações predominantes dos homens bons, os temores dos maus e o orgulho dos ambiciosos, quanto à vinda de um rei ou libertador. Estas antecipações explicam, e ao mesmo tempo confirmam, as profecias da Escritura, ditadas muito antes do acontecimento; por exemplo, a profecia de Ageu, dita 520 anos antes de Cristo: "Porque isto diz o Senhor dos exércitos: Ainda falta um pouco e eu comoverei o céu, e a terra, e o mar, e todo o uni­verso. E moverei todas as gentes: e virá o Desejado de to­das as nações" (7).
No mundo físico, tem-se notado muitas vezes que a es­curidão mais intensa precede o raiar do dia: no decurso da história universal tem acontecido, freqüentemente, que o período da maior decadência e confusão não tem sido se­não o presságio de prosperidade e paz. Assim pode-se dizer da época a que este capítulo se refere: a incerteza e perple­xidade de espírito, as trevas da atmosfera moral e a violên­cia das tempestades das paixões humanas iam extinguir-se ao raiar da luz, da pureza e da paz. Há cerca de 1922 (*) anos (9), mas no tempo de César Augusto, apareceu no nos­so mundo uma pessoa maravilhozsíssima, operou uma reno­vação extraordinária nos sistemas religiosos existentes. Quanto ao nascimento e posição, ocupava a de um artista, segundo nos informam os evangelistas. A tradição nos in­forma talvez, acertadamente, que seguiu, como seu pai adotivo, ofício de carpinteiro. Algumas versões dos Evan­gelhos confirmam esta tradição.
O mundo, como dissemos, estava esperando intensa­mente a vinda de alguém de importância, porém não o es­perava entre as camadas humildes da sociedade. O apare­cimento a que aludimos atraiu, portanto, pouca atenção. Contudo, esse nascimento foi admiravelmente atestado com prodígios, tais como o aparecimento de uma estrela e visões de anjos. Deu-se na época apontada por Daniel (10); no lugar indicado por Miquéias (11); na ocasião o recenseamento dos habitantes da Judéia, mandado fazer por Au­gusto, imperador romano, que demonstrou oficialmente que, tanto da parte da mãe como da do pai, o recém-nascido era da linhagem da casa real de Davi, da tribo de Judá, da família de Abraão, como estava predito clara­mente nas Escrituras judaicas.
Não é nossa intenção dar os pormenores dos fatos ma­ravilhosos relacionados com o nascimento, vida e morte de Jesus Cristo. Muitos estão cientes disso; e todos têm facili­dade de se informarem, caso queiram. Ele declarou nada menos que isto: ser o Filho de Deus; ser um com Deus; en­fim, o Messias, "o Desejado de todas as nações", o liberta­dor esperado pelos judeus e pelos gentios.
Não forma parte do nosso propósito argumentar sobre a autenticidade dessas declarações. Muitos as admitem, ou­tros não. Outros ainda têm investigado bem o fundamento em que se apóiam, mas todos admitirão que é um assunto por demais importante para se tratar de forma apressada; nem as provas nem as evidências se poderão aduzir no pouco espaço de que dispomos. Recomendamos, contudo, àqueles que ainda não estudaram o assunto, fazê-lo desejosos de apurar a verdade. A investigação não é proibida a ninguém. Alguns intelectos mais elevados, verdadeiros lu­minares da humanidade - tais como Milton, Newton e ou­tros - têm-se entregado a esse estudo e têm aceitado sem reservas a verdade daquelas informações (12). Propomo-nos tratar aqui dos fatos históricos e da doutrina que Cris­to introduziu e de forma resumida.
Jesus asseverou que a sua missão era curar e salvar um mundo cheio de pecado, ser uma luz para os que estavam nas trevas e guiar todos os que seguissem a sua direção pa­ra a paz, para a santidade, para o Céu. Passou a vida fazendo bem ao corpo e à alma dos homens, e a propagar, inculcar e explicar as suas doutrinas. Associou-se aos humildes, aos ignorantes, a Os necessitados e aos pecadores. Recusou hon­ras reais quando lhe foram oferecidas, e desprezou toda a idéia de governo ou grandeza secular, como impróprios ao seu reino, que declarava ser de natureza espiritual. Morreu (contra a expectativa dos seus seguidores) como malfeitor,
às mãos do governo romano, por instigação de seus desa­pontados compatriotas, os judeus. Mas disso, tanto Ele, como os profetas antes dele, tinham predito. Tanto na oca­sião da sua morte, como na do seu nascimento, ocorreram prodígios, tais como terremoto e escuridão sobrenatural numa ocasião em que, segundo as leis da natureza, era im­possível haver eclipse do sol (13). Esses prodígios foram rela­tados às autoridades de Roma e registrados em seus anais... (14).

Para tornar a sua vida mais assinalada na história do mundo (independente da sua importância sob o ponto de vista religioso), Cristo ressurgiu da sepultura, como tinha predito, apesar da guarda romana, e apareceu repetidas vezes a seus amigos e seguidores durante quarenta dias, subindo depois para o Céu na presença deles.
A realidade destes fatos é testificada como ainda não o foi outro fato da história. Estes fatos estão citados por testemunhas oculares em não menos de cinco narrações dife­rentes. Também muitos outros livros, escritos por pessoas que assistiram aos acontecimentos, se referem a eles e os confirmam. E, o que é digno de nota - as testemunhas des­tes fatos viajaram por terra e por mar para espalharem a notícia, sem lhes descobrirmos nenhum dos motivos que usualmente influem os homens a agir. Eles nada ganha­ram com as suas asserções, senão perseguição, insultos e desprezo; muitos deles voluntariamente sacrificavam suas vidas como testemunho da sinceridade das suas afirma­ções e da sua fé.Repetimos: Nem um fato da história foi comprovado tão abundantemente como os fatos que se prendem à vida, morte e ressurreição de Cristo. Aquele que rejeita estas verdades deve estar preparado para crer: primeiro, que uns cento e vinte indivíduos, pelo menos, se combinaram para espalhar uma falsidade com a qual nada lucrariam, mas que lhes podia ocasionar a perda de tudo que o mundo preza, até a própria vida; segundo, que tais pessoas, se culpadas de falsidade, inculcavam e exerciam a virtude, coisa não comum; terceiro, que todos eles persistiram na afirmação de uma falsidade, sem ninguém descobrir a na­tureza da conspiração ou combinação (se ela porventura existia); quarto, que muitos deles selaram o seu testemu­nho com o próprio sangue, quando a simples confissão do seu erro (se tal tivesse sido), lhes teria poupado a vida.
Quem pensais então que está certo - aquele que aceita uma declaração garantida por testemunhas oculares, não contraditadas por aqueles que o teriam feito, se pudessem, ou o homem que rejeita a qualquer testemunho, aceitando todas as conseqüências da rejeição?
Devemos agora deixar os fatos relativos à introdução ao Cristianismo, e considerar, também resumidamente, a na­tureza da doutrina, ou ensino, introduzido por Cristo, ou seja, o caráter do sistema denominado Cristianismo. Isto, diga-se de passagem, não admite dúvida quanto à sua rea­lidade. Ainda que mal entendido, e, por isso, deturpado, o Cristianismo é um fato cuja existência ninguém terá cora­gem bastante de negar.
Em primeiro lugar notemos que o Cristianismo consti­tui uma admirável inovação quanto às idéias do mundo, tanto judaico, como pagão. Não era nenhuma adaptação, nem mera reforma; não tinha compromisso algum com o passado. A linguagem de Cristo, em mais de uma ocasião, afirmava claramente: "Eis aí faço eu novas todas as coi­sas" (15). Ele explicou aos seus estupefatos seguidores, figurativamente, que assim como vinho novo não podia ser posto em odres velhos, nem remendo de pano novo em vestido velho, assim o seu sistema tinha de exceder e pôr de lado todos os sistemas que estavam arruinados, envelheci­dos e prontos a desaparecer (16). A religião cristã efetuou uma revolução e não uma restauração, reforma ou recons­trução.
Era um completo contraste com o paganismo existente. Um esboço das principais feições dos dois sistemas dará a cada mente uma clara percepção do seu antagonismo.
O paganismo era, como foi explicado, politeísta. Cristo ensinou que Deus era um. O paganismo representava Deus na semelhança de objetos visíveis, tais como: homens cor­ruptíveis, pássaros, animais quadrúpedes e vermes. O Cristianismo, ao contrário, representava-o como Espírito, "a quem ninguém jamais viu ou poderá ver"; "eterno, imutável e invisível". O paganismo em seu culto e prática era formal, externo, cerimonial e local; Cristo ensinou que daí em diante a religião aceita seria somente a espiritual. "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque são estes que o Pai procura para que o adorem."
O paganismo era essencialmente sacerdotal. O Cristia­nismo ensina que não é mais necessário um sacerdócio medianeiro e sacrificador; que Cristo abriu um "caminho novo e vital" de acesso a Deus e convida a todos os seus se­guidores a chegarem-se a Ele diretamente por Cristo. O paganismo, como o judaísmo, impunha continuamente, por qualquer transgressão, sacrifícios sem conta; o Cristia­nismo ensina que "Cristo foi uma só vez imolado para tirar os pecados de muitos", e que "com uma só oferenda fez perfeitos para sempre aos que tem santificado". Cristo substituiu os ritos, e as oferendas cruéis, custosas e enfado­nhas, pela fé, operando por amor a Deus e aos homens.
Em lugar do perdão comprado, o único alcançado entre os pagãos, por meio de oferendas custosas, Cristo ofereceu salvação e perdão gratuitos ao mais pobre, "sem dinheiro e sem preço". Enquanto o paganismo só introduzia os abas­tados, os sábios, e os grandes nos seus mistérios, Cristo mandou que a sua mensagem fosse levada especialmente aos pobres, aos pecadores e aos simples, e isso mesmo Ele fez. Longe de sancionar a imoralidade ou a sensualidade, que o paganismo animava e desenvolvia, Cristo ensinou que até os pensamentos do coração, deveriam ser vigiados e regulados, e que a condescendência com a emoção peca­minosa era equivalente ao pecado em ação; e pronunciou a sua bênção e a promessa da visão espiritual aos "limpos de coração".
Longe de permitir a crueldade, Cristo ensinou: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão mi­sericórdia." Longe de louvar a vingança ou o ódio tão co­muns entre os pagãos, Cristo ensinou a doutrina até então nunca ouvida. "Eu vos digo: amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam." Ele próprio guiou-nos neste difícil caminho orando pelos seus algozes: "Pai, perdoa-lhes, porque não sa­bem o que fazem." Longe de justificar o assassinato em re­presália, coisa tida como meritória entre os pagãos, Cristo ensinou que, quem se irar contra seu irmão, sem motivo plausível, ou o insultar, merece o fogo do Inferno.
Recapitulando: A guerra, agressiva ou vingativa; o der­ramamento de sangue, o roubo, a opressão, a escravidão -quase toda a prática do paganismo - Cristo condenou sem reservas. Cristo cortou pela raiz todas as desculpas para tais práticas, pelo mandamento: "Tudo que quereis que os homens vos façam, fazei vós também". E quando alguém lhe perguntou pela definição do termo próximo, Cristo res­pondeu, por meio duma parábola: "O teu maior inimigo" (17).Eis um pequeno e imperfeito esboço dos fatos ligados à fundação do Cristianismo e do caráter do sistema assim chamado.
O Cristianismo diz aos operários: Não considereis uma indignidade, mas uma honra, serdes chamados trabalha­dores. O trabalho é mais honroso que a ociosidade, ainda mesmo quando ela seja engrandecida com títulos ou justi­ficada com a riqueza. Deus mostrou respeito pelo trabalho honesto, criando o homem capaz de ser feliz com o traba­lho e infeliz sem ele. Deus mandou o nosso comum progenitor cuidar do jardim em que foi colocado e, acima de tu­do, permitiu que seu descendente, Jesus Cristo, passasse a maior parte da vida terrena numa oficina de carpintaria.
Nunca creiais, trabalhadores, em quem vos disser que Deus lançou sobre o homem a maldição do trabalho. A nossa estrutura muscular e nervosa contradiz tal afirma­ção; a própria experiência dos homens a nega; e, acima de tudo, a Palavra de Deus repudia essa asserção. A terra foi amaldiçoada, sim, pela rebelião do homem. Há mais mise­ricórdia que castigo no trabalho.
O Cristianismo, nascido na Judéia, muito breve chegou a Roma, a metrópole do mundo. É desconhecido o tempo exato da sua chegada ali, mas é provável que tivesse sido levado por alguns daqueles três mil cristãos (18), fruto do sermão de Pedro no dia de Pentecoste, quando Pedro teve o privilégio de anunciar o reino dos céus àquela multidão vinda de todas as nações que há debaixo do céu (19). Esta­mos claramente informados de que havia entre os seus ou­vintes romanos, "tanto judeus como prosélitos", isto é, ju­deus naturais de Roma e prosélitos do Judaísmo de entre os romanos. Seja como for, está bem claro que havia cris­tãos em Roma durante o reinado de Cláudio ou cerca do ano 52 de nossa era, isto é, dentro de vinte e cinco anos de­pois da morte de Cristo, porque Suetônio, escritor pagão de Roma, diz que os judeus fizeram tumultos em Roma, instigados por Cresto, (Cristo), cuja morte ele, como pa­gão, desconhecia, e que, por isso, foram banidos pelo im­perador Cláudio (20). Este testemunho pagão concorda exa­tamente com a declaração de Lucas (21), de que o apóstolo Paulo achara em Corinto, na Grécia, "um judeu, por nome Áqüila, natural do Ponto, que pouco antes havia chegado da Itália, e Priscila, sua mulher, devido a Cláudio ter man­dado sair de Roma a todos os judeus". Que Áqüila e Prisci­la eram judeus cristianizados, antes de sua saída de Ro­ma, não pode haver dúvida, porque não é mencionada a sua conversão em Corinto; eles associaram-se a Paulo no seu trabalho diário de fazer tendas; foram eles que ensina­ram a Apoio mais particularmente o caminho do Senhor ; auxiliaram Paulo nos seus trabalhos apostólicos e tinham uma igreja em sua casa (22).
O Cristianismo tinha-se estabelecido em Roma no reinado de Cláudio - vinte e cinco anos depois da morte de Cristo. Uns cinco ou seis anos mais tarde, cerca dos anos 57 a 59 de nossa era, o apóstolo Paulo escreveu uma carta aos cristãos em Roma, chamada por nós "Epístola aos Roma­nos". Nessa carta fala do seu forte desejo de os visitar e agradece a Deus porque "em todo o mundo é divulgada a vossa fé" (23). E na parte final da carta manda saudações cristãs a muitas pessoas e famílias, o que evidencia que o Cristianismo não podia ter sido ali recentemente estabele­cido, pois, então, já havia feito progresso.
Pode não ser de muita importância determinar o período exato em que a religião de Cristo começou a ser co­nhecida em Roma; porém, cremos que será interessante mostrar a ocasião e a oposição que adveio no reinado de Cláudio quando considerarmos a situação das Catacum­bas, e combinar os fatos com as circunstâncias concernen­tes à primeira chegada de Paulo à cidade imperial. Cerca de dois anos depois da data da sua carta, Paulo visitou Ro­ma, como prisioneiro, para julgamento, por ter apelado para Nero, o imperador romano.
Se tivermos diante de nós um mapa do Mediterrâneo, poderemos traçar o curso da viagem de Paulo a Roma, como nos informa o último capítulo de Atos dos Apóstolos: De Melita ou Malta, onde naufragou, a Siracusa, na costa da Sicília, onde se demorou três dias; daí a Régio, porto meridional da Itália; depois a Puzolo e assim até a Via Ápia, cerca de cinqüenta e seis milhas e às "Três Vendas", cerca de trinta milhas de Roma. A Via Ápia, era uma es­trada que seguia ao sul de Roma. Note-se que irmãos cris­tãos vieram encontrar-se com Paulo na Praça de Ápio (24), isto é, a uma distância de cinqüenta e seis milhas de cami­nho, circunstância indicativa da afeição destes novos cris­tãos pelo apóstolo. Ora, era na linha dessa Via Ápia, per­corrida por Paulo na sua viagem a Roma, que se encontra­vam muitas Catacumbas - esconderijos dos cristãos primi­tivos.
Encarando a oposição ao Cristianismo manifestada no reinado de Cláudio, a circunstância, narrada por Paulo, de que ninguém assistiu a ele na sua primeira defesa, mas que todos o desampararam quando teve de comparecer perante Nero (25), a presença de judeus naquele mesmo lugar e tem­po, e por terem os judeus não convertidos dito: "o que nós sabemos desta seita, é que em toda a parte a impugnam" (26),cremos que os cristãos, tendo ainda em conta a sua pró­pria segurança, começavam a buscar refúgio da antipatia popular, da oposição judaica e da perseguição do governo romano nesses esconderijos subterrâneos que se esten­diam pelo menos até quinze milhas de Roma na direção da Via Ápia. Isto, é claro, não passa de mera suposição; mas poderia explicar como esses irmãos puderam encon­trar com Paulo a uma distância tão grande de Roma.
A tempestade da perseguição aos cristãos, tão repetida­mente predita pelo seu Senhor e Mestre, estava prestes a começar. Antes do fim do reinado sanguinário do monstro Nero, eles, sem dúvida, foram compelidos a refugiarem-se nessas covas e cavernas da terra (27).
Não é nosso propósito seguir a história da Igreja Cristã de Roma nas suas lutas primitivas, nem narrar as perse­guições que ela sofreu; basta declarar que o primeiro caso bem fundado de perseguição ocorreu sob o reinado de Ne­ro, cerca do ano 64 da nossa era, após a primeira visita de Paulo a Roma. Tácito narra minuciosamente as circunstâncias; e, sendo pagão, encara o grupo cristão debaixo desse ponto de vista. No décimo ano do reinado de Nero, a cidade foi incendiada, ficando quase totalmente destruí­da; o fogo durou oito dias e dos seus catorze departamentos somente oito escaparam. Tal foi a indignação do povo que acusava Nero de ter lançado fogo propositadamente, que ele, para se livrar da ira popular, atribuiu o crime aos des­prezados cristãos.
São estas as palavras de Tácito: "A infâmia daquele horrível caso ainda pertencia a Ne­ro. Para fazer desaparecer, sendo possível, este rumor ge­ral, Nero acusou a outros e puniu-os com torturas violen­tas; acusou uma raça de gente detestada pelas suas diabó­licas (?) práticas, que era comumente conhecidos pelo nome de cristãos. O autor dessa seita era Cristo, que no rei­nado de Tibério tinha sido punido de morte, como crimi­noso, pelo procurador Pôncio Pilatos. A princípio só pren­diam os que se apresentavam como seguidores dessa seita, depois, prenderam uma grande multidão que descobriram, e todos foram condenados à morte, não tanto pelo crime de incendiarem a cidade, mas por serem considerados inimi­gos do gênero humano.
Executavam-nos de maneira a expô-los ao escárnio e ao desprezo. Alguns eram cobertos de peles de animais selva­gens para serem dilacerados pelos cães, outros crucifica­dos; enquanto outros, untados de matéria combustível, eram colocados à noite como lampeões e assim morriam queimados. Para estes espetáculos Nero cedia os seus jar­dins e ao mesmo tempo promovia aí diversões de circo, até que, afinal, estes homens, ainda que realmente criminosos e merecendo castigo exemplar, começaram a atrair comi­seração como povo que estava sendo destruído, não tanto por causa do bem público, mas para saciar a crueldade de um homem" (28).
Na sua segunda visita a Roma, Paulo foi morto por Nero(29). Desta data em diante, a história identifica os cris­tãos de Roma com as Catacumbas. As perseguições repro­duziam-se periodicamente, sob diferentes imperadores, durante alguns séculos; muitos dos editos autorizando as perseguições começam por proibir a entrada e o refúgio nestes esconderijos, como nos escritos de Valeriano e Galieno. Mas, ao terminar uma das perseguições, Galieno con­cedeu aos cristãos uma licença formal para voltarem às Catacumbas (30).
Mas já é tempo de introduzir os nossos leitores nas Ca­tacumbas (berço do Cristianismo em Roma), de tomá-los pela mão e guiá-los nas sinuosidades, explicando-lhes o que parecer misterioso; tirando lições, à medida que pros­seguirmos, e terminando com as reflexões morais que as circunstâncias apresentarem. A palavra Catacumba signi­fica, literalmente, uma cavidade subterrânea, mas a apli­cação deste vocábulo tem-se limitado a subterrâneos usa­dos para sepulturas, chegando-se a usar, para tais fins, ex­tensas pedreiras nas proximidades de muitas cidades gran­des. Assim, em Siracusa, Alexandria, Nápoles e Paris, como também em Roma, existem escavações que foram usadas como sepulturas. As de Roma, contudo, excedem todas as outras por sua extensão, e excedem-nas bastante em interesse, também.
Nos últimos dias da República e durante o reinado dos primeiros Césares, a cidade de Roma cresceu muito em extensão e magnificência. A glória de Augusto é ter "acha­do Roma tijolo, e a deixado mármore". Exploraram em muitos lugares as pedreiras que circundavam a cidade pa­ra tirarem o material necessário a obras públicas. Essas cavidades, especialmente as do morro Esquiline, das quais retiravam areia - não devem ser confundidas com as cha­madas "Catacumbas Cristãs". É claro que elas nunca fo­ram cemitérios cristãos: eram apenas sepulturas de pa­gãos.
No período referido era costume entre os romanos cris­tãos queimar os seus mortos e conservar somente as cinzas em urnas. Àqueles, porém, que pereciam nas mãos da justi­ça, ou vítimas do raio ou que se suicidavam, eram-lhes ne­gados os ritos usuais de cremação. As classes mais baixas do povo e os escravos não podiam pagar as honras de uma pira fúnebre. Os seus corpos, portanto, eram lançados sem cerimônia dentro dos poços de areia, onde se putrificavam, com pesar dos habitantes de Roma, por causa do mau cheiro. Esses poços chamavam-se por isso, puticuloe, pro­vavelmente de putesco, putrefazer. Estes poços esquilínios, evidentemente, foram cobertos no reinado de Augus­to (31), antes da introdução do Cristianismo em Roma, e, portanto, contêm somente cadáveres de pagãos, não ha­vendo necessidade de a eles nos referirmos mais nestas pá­ginas.
Voltamos agora às Catacumbas, as galerias escavadas, que eram usadas como esconderijos ou sepulturas exclusi­vamente por cristãos, como se depreende das inscrições e do fato de serem os mortos enterrados ali inteiros, separa­damente, em loculi ou sepulturas cavadas, e não reduzidos a cinzas ou amontoados em buracos ou poços, como o eram os pagãos. Começaremos a nossa jornada tomando uma das estradas reais que saem de Roma - a Via Flamínia, a Via Ostiensis ou talvez, a melhor de todas, a Via Ápia, e visitaremos a extensa catacumba chamada S. Sebastião, que fica naquela parte.
Entramos por um portal baixo, escuro, sobre uma nave que se ramifica em várias direções, perdendo-se na escuri­dão que abrange todos os objetos à distância de poucos me­tros. Porém, acenderemos as nossas velas e tochas e prosseguiremos com cuidado, acompanhados por um guia que conheça alguma coisa das sinuosidades intrincadas daque­le labirinto.
As galerias muitas vezes têm dois ou três metros de al­tura e, de um a dois, de largura, porém algumas vezes são menos espaçosas. Ao redor de nós, fileira sobre fileira, em sucessão sem fim, se observam túmulos roubados do seu conteúdo ou dos quais foram tirados os ladrilhos ou placas que os fechavam; aqui está um maior que os outros - é um bisomus (M) ou sepultura para dois cadáveres; ali um corre­dor (ou galeria) ramifica-se para a esquerda - não é seguro atravessá-lo, porque se têm desprendido grandes blocos da abóbada; medida de precaução, visto alguns estranhos terem-se desviado e perdido, não havendo mais notícias de­les. Chegamos a uma parte da galeria tão cheia de lixo, que precisamos andar de gatinhas se quisermos explorar algu­ma coisa a mais nessa direção.
Encontramos uma escada lúgubre e perigosa, que con­duz a um labirinto de galerias e criptas mais para baixo. Se explorarmos estas, encontraremos o terceiro e algumas vezes o quarto grupo de escavações, umas por baixo das outras. Acha-se aqui um lugar mais largo, espécie de sala ou átrio, donde se ramificam quatro galerias. O teto desse átrio acha-se um pouco abobadado e existe uma corrente que em algum tempo susteve uma lâmpada. Aqui estão os túmulos mais em ordem e com inscrições que se referem a homens e mulheres santas e com esculturas primitivas e desenhos simples de assuntos bíblicos.
É o lugar de ajuntamento onde os cristãos primitivos se reuniam para adorarem ao seu Deus e Salvador. Mas o que será que faz o ar mais fresco e a respiração mais fácil neste lugar? A atmosfera não está tão quente, abafadiça e em-poeirada. Vede, lá em cima há uma abertura e de lá vem alguma luz; é uma das luminárias cripta, ou poços, que iluminavam e ventilavam estas moradas subterrâneas e que ainda se encontram, com intervalos, perfurando o solo ao redor de Campagna, perto de Roma. Elas indicam a ex­tensão e a direção das galerias subterrâneas.
Com satisfação subireis agora para o ar livre enquanto vos conto alguma coisa da extensão destas catacumbas. Alguns dos cemitérios contêm galerias que se estendem provavelmente a três ou quatro quilômetros, com ramais em diferentes direções. Diz um viajante alemão do século passado que visitar todas as partes das Catacumbas de S. Sebastião, seria encarregar-se de dar um passeio de mais de trinta quilômetros, parecendo a ele que, se somasse o comprimento de todos os corredores, criptas e galerias, po­deria chegar a cento e sessenta quilômetros nesta Roma subterrânea. E no tempo em que ele visitou as Catacum­bas, já muitas galerias estavam fechadas, por terem morri­do algumas pessoas que por ali se tinham perdido (33).
No ano de 1798, um grupo de oficiais franceses, discí­pulos ateus de Voltaire e Rousseau, visitaram as Catacum­bas. Embriagaram-se nas criptas sepulcrais e cantaram os seus hinos bacanais entre os cadáveres dos cristãos, e um deles, um jovem oficial de cavalaria, "que não temia a Deus, nem ao diabo, pois não cria nem num, nem noutro", resolveu explorar as galerias mais remotas. Mas perdeu-se e foi abandonado pelos seus companheiros. A sua imagina­ção excitada exagerou os horrores naturais da situação. Andando às apalpadelas na escuridão, ele não tocava se­não em paredes úmidas ou em ossos antiquados, que lhe produziam arrepios horrorosos. Via-se condenado a ficar assim enterrado vivo. O seu ceticismo desapareceu nesta hora de perigo: já não podia mais rir-se da morte como um sono eterno. A sua alma ficou cheia de um temor solene. Aquele oficial foi salvo no dia seguinte, mas ficou doente por muito tempo. Quando, porém, se levantou, estava ou­tro inteiramente. Morto na batalha de Calábria, sete anos depois, acharam perto do seu coração um exemplar do Evangelho.
Ainda em 1837, um grupo de estudantes, com o seu pro­fessor, perfazendo ao todo, dizem, trinta pessoas, entrou nas Catacumbas numa excursão em dia feriado, e perde­ram-se naquele labirinto. Fez-se depois uma busca rigoro­sa, mas sem resultado algum.
É claro que ainda não foram descobertas e exploradas todas as Catacumbas; durante a ocupação de Roma pelos franceses foram feitas novas descobertas e ainda hoje con­tinuam a ser feitas. Um abalizado arquiteto francês trouxe para Paris grandes coleções de desenhos de obras de arte, que foram depois publicados pelo governo francês.
Withrow declara, na sua recente obra, que se conhecem nada menos de quarenta e dois cemitérios, subterrâneos semelhantes, muitos dos quais apenas parcialmente aces­síveis. Michele de Rossi, de um acurado reconhecimento que fez nas Catacumbas de Calixto, computa o compri­mento total de todos os corredores daquelas Catacumbas em oitocentos e setenta e seis quilômetros, ou seja, muito mais que todo o comprimento de Portugal, de norte a sul (34). Isto mostra que a Roma subterrânea é maior em exten­são que a moderna cidade dos Césares.
À primeira vista, é difícil calcular o vasto número de pessoas, todas cristãs, que acharam sepultura sob a cidade e arredores, em Campagna. Withrow diz: "Acharam-se cerca de setenta mil inscrições; porém é uma pequena fra­ção do todo, pois só uma pequena parte desta metrópole foi explorada". O padre Marchi calcula em dez, cinco de cada lado, o termo médio de sepulturas por cada sete palmos de galeria. Sobre esta base, computou em sete milhões o nú­mero total das Catacumbas. O cálculo mais apurado, feito por Rossi, é cerca de quatro milhões de sepulturas. É es­pantoso! Lembremo-nos, porém, de que durante trezentos anos, ou dez gerações, toda a população era, ainda mesmo no período primitivo, dum número considerável. No tempo das perseguições, também os cristãos eram levados em multidões, para os túmulos. Nesta silenciosa cidade dos mortos, vemo-nos cercados por uma "poderosa nuvem de testemunhas", uma multidão que ninguém pode contar, cujos nomes, desprezados na terra, que foram inscritos no Livro da Vida. Para cada habitante que hoje pisa o solo de Roma há centenas de habitantes primitivos, cada um na sua tumba, até que venha o dia do arrebatamento.
Agora vamos tratar do uso e conteúdo das Catacumbas. Eram usadas, como já foi dito, para refúgio nas persegui­ções que, começando no tempo de Nero, contra os primei­ros seguidores de Cristo, continuaram com intervalos, du­rante os três primeiros séculos, até terminarem no ano 311 por um edito de Galério. Este imperador estava atacado de uma terrível e incurável doença, que nem os médicos nem os ídolos pagãos tinham podido aliviar. Mandando pedir aos cristãos para orarem por ele, proclamou o edito, que terminou a perseguição paga contra o Cristianis­mo no império romano. Durante todo aquele longo pe­ríodo, estas cavernas e galerias foram usadas como luga­res de sepultura de cristãos romanos, muitos dos quais também ali residiam durante o período em que a fé em Cristo era proscrita e perseguida.
Depois da proclamação do edito de Galério e da profis­são do Cristianismo por Constantino, pouco tempo depois, seguiu-se, necessariamente grande mudança quanto ao uso das Catacumbas. Os cristãos, não mais uma religião proscrita e perseguida, saíram dos esconderijos, para gozar a luz e respirar o ar puro; aqueles que daí em diante visita­ram as Catacumbas o fizeram por um sentimento de vene­ração pelos mártires e pelas pessoas santas, cujos corpos estavam lá enterrados, e, com um grau de superstição fa­cilmente compreendido, faziam cultos nos túmulos, nas capelas das Catacumbas, rodeados pelos restos mortais dos outros cristãos. Outros procuravam para os seus mor­tos queridos uma sepultura entre os túmulos dos cristãos perseguidos, que consideravam com tanta veneração.
Estamos, portanto, preparados para encontrar duas classes de monumentos na nossa visita às Catacumbas: Os que foram construídos pelos cristãos indefesos durante os primeiros três séculos, e os que foram colocados nas Cata­cumbas durante o tempo da tolerância e do estabelecimen­to do Cristianismo pelos que as visitaram para ornamentar os túmulos e capelas em honra dos mártires. Entre os primeiros esperamos encontrar provas de uma fé pura, pri­mitiva e incorrupta, ao passo que entre os últimos, não de­vemos ficar surpreendidos se encontrarmos indicações da­quela decadência da fé e das práticas primitivas que dis­tinguiu a era de prosperidade material da Igreja, tão evi­dente e notada nos séculos subseqüentes.
O estabelecimento do Cristianismo em Roma foi logo se­guido pela erupção daquelas hordas bárbaras que derribaram a cidade de Roma em busca de tesouros, e saquearam, as sepulturas das Catacumbas até onde elas eram acessí­veis. Perdeu-se todo o conhecimento das suas sinuosidades; somente os bandidos e os ladrões utilizavam-se delas, transformando-as num lugar de terror para os pacíficos. A guerra, a comoção intestina e o desacordo social continua­ram por muitos séculos em Roma. Com o aumento e exces­siva vegetação resultantes perderam-se as entradas das Catacumbas. De tempos em tempos algumas eram tapa­das com paredes para não serem usadas por ladrões ou conspira dores contra o governo.
Apesar de tudo isso, um mar de luz tem caído sobre as Escrituras Sagradas durante os últimos cem anos. A Assí­ria, com as suas mais antigas capitais - a cidade de Ninrode, o grande caçador - deixou-nos conhecer a sua história e a sua língua há muito perdidas. O Egito descobriu-nos os seus segredos escritos em hieróglifos e em letras hieráticas e confirmou, em muitos pontos importantes, as declara­ções das Escrituras quanto à terra dos Faraós! Sepultadas por séculos, estas testemunhas levantaram-se dos seus tú­mulos para testificar a autenticidade e a exatidão dos es­critos inspirados.
Mas uma nova ressurreição verificou-se no período mais negro da Igreja Cristã: a terra abriu o seu seio dentro e a primitiva Igreja de Cristo saiu de sua sepultura de sé­culos, para afirmar a pureza, beleza e poder do Cristianis­mo. A testemunha estava então envolta nos mantos fú­nebres de inacessíveis fortalezas, com inscrições em línguas mortas, entendidas por poucos, mas despertou.


EXTRAÍDO DO LIVRO AS CATACUMBAS DE ROMA
Scott, Benjamin.
S439c              As Catacumbas de Roma / Benjamin Scott. - 4. ed. -
Rio de Janeiro : Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1982.







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