Lições Bíblicas CPAD Jovens e Adultos - 4º Trimestre de 2013
Título: Sabedoria de
Deus para uma vida vitoriosa — A atualidade de Provérbios e Eclesiastes
Comentarista: José Gonçalves
Lição 1: O valor dos bons conselhos
Data: 06 de Outubro de 2013
TEXTO ÁUREO
“O temor do Senhor é
o princípio da ciência; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução” (Pv
1.7).
VERDADE PRÁTICA
Provérbios e
Eclesiastes são verdadeiras pérolas da sabedoria divina para o nosso bom viver.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Pv 1.2 A
sabedoria revela prudência
Terça - Pv 1.3 A
sabedoria oferece justiça, juízo e equidade
Quarta - Pv 1.4 A
sabedoria traz conhecimento
Quinta - Pv 1.5 A
sabedoria gera sábios conselhos
Sexta - Pv 1.6 A
sabedoria interpreta a vida
Sábado - Pv 1.7 O temor
do Senhor e a sabedoria
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Provérbios 1.1-6.
1 - Provérbios de
Salomão, filho de Davi, rei de Israel.
2 - Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se
entenderem as palavras da prudência;
3 - para se receber a instrução do entendimento, a justiça,
o juízo e a equidade;
4 - para dar aos simples prudência, e aos jovens
conhecimento e bom siso;
5 - para o sábio ouvir e crescer em sabedoria, e o instruído
adquirir sábios conselhos;
6 - para entender provérbios e sua interpretação, como
também as palavras dos sábios e suas adivinhações.
INTERAÇÃO
Prezado professor,
iniciaremos mais um trimestre, o último do ano. Esta é uma excelente
oportunidade para fazer uma autoanálise a respeito do seu ministério de ensino.
Seus objetivos foram alcançados? Seus alunos cresceram na graça e no
conhecimento de Deus? Neste trimestre estudaremos parte da literatura
sapiencial judaica, isto é, os livros de sabedoria dos judeus que tratam dos
conselhos divinos para a vida humana. Veremos o quanto eles são atuais e
relevantes em seus ensinamentos.
O comentarista deste trimestre é o pastor José Gonçalves,
professor de Teologia, filósofo, escritor e vice-presidente da Comissão de
Apologética da CGADB.
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
Conhecer o conceito geral dos livros de Provérbios e
Eclesiastes.
Identificar as fontes da sabedoria dos sábios antigos.
Compreender o propósito da sabedoria ensinada em Provérbios
e Eclesiastes.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Para introduzir o
primeiro tópico da lição, sugerimos que você reproduza o esquema abaixo. É
importante que todos os alunos tenham uma cópia do quadro. O objetivo é fazer
um resumo a respeito dos elementos literários presentes nos livros dos
Provérbios e do Eclesiastes. Explique aos alunos que quando estes livros foram
compilados nos tempos bíblicos, a cultura, a língua e o estilo literário eram
opostos aos da literatura moderna. Compreender o estilo literário usado pelo
compilador antigo é essencial para entendermos o sentido real do texto e
evitarmos interpretações mirabolantes.
COMENTÁRIO
introdução
Palavra Chave
Sabedoria: Grande instrução; ciência, erudição, saber.
Lembro-me dos ditados populares que ouvia dos meus pais:
“Águas passadas não movem moinhos”; “Água mole em pedra dura tanto bate até que
fura”; “Quem espera sempre alcança”, e muitos outros. Essas pequenas expressões
contêm conselhos de uma cultura popular impregnada de valores éticos, morais e
sociais, que acabam por dirigir as regras da vida em sociedade.
Mais do que qualquer outra fonte, a Bíblia está recheada
dessas pérolas. São bons conselhos que revelam a sabedoria divina. Tais máximas
bíblicas são expressas em linguagem figurada, das mais variadas formas
(parábolas, fábulas, enigmas e provérbios). Por isso, neste trimestre,
conheceremos o que a Bíblia revela sobre os conselhos divinos contidos nos
livros de Provérbios e Eclesiastes. Veremos ainda como esses conselhos se
revelam na vida dos que temem ao Senhor.
I. JOIAS DA LITERATURA SAPIENCIAL
1. O livro de
Provérbios. A Bíblia diz que Salomão compôs “três mil provérbios, e foram os
seus cânticos mil e cinco” (1Rs 4.32). O texto sagra do identifica Salomão como
o principal autor do livro de Provérbios (Pv 1.1), mas não o único. O próprio
Salomão exorta a que se ouça “as palavras dos sábios” (Pv 22.17), e declara
fazer uso de alguns dos provérbios desses sábios anônimos (Pv 24.23).
O livro revela que havia alguns provérbios de Salomão que
circulavam nos dias do rei Ezequias, e que posteriormente foram compilados
pelos homens deste piedoso rei (Pv 25.1). Por último, o livro de Provérbios
revela que Agur, filho de Jaque, de Massá, é o autor do capítulo 30. Já o
capítulo 31 é atribuído ao rei Lemuel de Massá. O livro pertence ao gênero
literário hebreu conhecido como sapiencial, isto é, literatura da sabedoria.
2. O livro de Edesiastes. Eclesiastes, juntamente com
Cantares, Jó, Salmos e Provérbios, também faz parte do gênero literário
conhecido como “Literatura Sapiencial”. Sua autoria é atribuída a Salomão (Ec
1.1). Embora escrito pelo filho de Davi e pertença ao mesmo gênero literário, o
livro de Eclesiastes possui um estilo diferente de Provérbios. Ele se apresenta
como um discurso usado em assembleias ou templos. Alguns intérpretes acreditam
que se trata de uma coletânea utilizada por Salomão em seus discursos.
Ao contrário do que muitos pensam, o livro de Eclesiastes
não expõe uma espécie de ceticismo ou desencanto existencial. Salomão faz um
balanço da vida do ponto de vista de alguém que teve o privilégio de vivê-la
com intensidade, mas que descobre ser ela totalmente vazia se não vivida em
Deus. A própria sabedoria, tão celebrada nos Provérbios, quando posta a serviço
de interesses pessoais e objetivos mesquinhos é tida como tola.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Provérbios e
Eclesiastes são livros de sabedoria judaica que revelam os desígnios eternos
para a vida.
II. A SABEDORIA DOS ANTIGOS
1. A inteligência dos
sábios. Já observamos que pelo menos duas referências do livro de Provérbios
fazem citação das “Palavras dos Sábios” (Pv 22.17; 24.23). Mas quem são esses
sábios? O texto não os identifica. Todavia, o Primeiro Livro dos Reis fala
acerca de outros sábios, igualmente famosos, e como Salomão os sobrepujou em
sabedoria (1Rs 4.29-31).
2. A sabedoria de Salomão. O escritor americano Eugene
Peterson mostra a singularidade da sabedoria salomônica em diferentes áreas da
vida. Mais especificamente nos Provérbios, há uma amostra de como honrar os
pais, criar os filhos, lidar com o dinheiro, conduzir a sexualidade, trabalhar
e exercitar liderança, usar bem as palavras, tratar os amigos com gentileza,
comer e beber saudavelmente, bem como cultivar emoções e atitudes em relação
aos outros de modo pacífico. Peterson ainda mostra que o princípio da sabedoria
salomônica destaca que o nosso modo de pensar e corresponder-nos com Deus
reflete a prática cotidiana de nossa existência. Isto significa que nada, em
nossa vida, precede a Deus. Sem Ele nada podemos fazer.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A sabedoria dos
antigos, e particularmente a de Salomão, versava sobre diferentes áreas da vida
humana.
III. AS FONTES DA SABEDORIA
1. A sabedoria
popular. Os livros poéticos mostram, entre outras coisas como louvores e
orações, muito da sabedoria do povo de Israel. Ciente dessa verdade, Salomão
apresenta máximas populares para compor os seus Provérbios (Pv 22.17; 24.23).
Podemos entender que Deus dá inteligência aos homens para que estes possam
analisar as situações da vida e tirar delas conclusões que servirão para si
mesmos e para outras pessoas, em forma de conselhos e advertências, como ocorre
no livro de Provérbios.
2. A sabedoria divina. O texto bíblico destaca que Salomão
“falou das árvores, desde o cedro que está no Líbano até ao hissopo que nasce
na parede; também falou dos animais, e das aves, e dos répteis, e dos peixes. E
vinham de todos os povos a ouvir a sabedoria de Salomão e de todos os reis da
terra que tinham ouvido da sua sabedoria” (1Rs 4.33,34). De onde vinha tanta
sabedoria? O texto bíblico revela que Salomão orou pedindo a Deus sabedoria
(1Rs 3.9), e que o Senhor respondeu-lhe integralmente (1Rs 3.10-12). Esta é a
fonte da sabedoria de Salomão e explica o porquê de ninguém conseguir
superá-la.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A fonte de toda
sabedoria do rei Salomão era o Senhor nosso Deus.
IV. O PROPÓSITO DA SABEDORIA
1. Valores éticos e
morais. Na introdução do livro de Provérbios, encontramos um conjunto de
valores éticos e morais que revelam o propósito desses conselhos. Ali, consta
todo o objetivo proposto pelo livro: (1) Conhecer a sabedoria e a instrução;
(2) entender as palavras da prudência;
(3) receber a instrução do entendimento,
a justiça, o juízo e a equidade;
(4) dar aos simples prudência e aos jovens
conhecimento e sensatez;
(5) ouvir e crescer em sabedoria;
(6) adquirir sábios conselhos;
(7) compreender provérbios e sua interpretação, bem como também as palavras dos
sábios e suas metáforas (Pv 1.1-6).
2. Valores espirituais. Além de apontar valores éticos e
morais, ao afirmar que o “temor do Senhor é o princípio da ciência; [e que
somente] os loucos desprezam a sabedoria e a instrução” (Pv 1.7), o cronista
sacro abaliza os valores espirituais que sobressaem nas palavras de Provérbios.
Da mesma forma, o livro de Eclesiastes aponta para Deus como a razão de toda a
existência humana. Fora dele não há base segura para uma moral social. Os
livros de Provérbios e Eclesiastes formam uma tessitura milenar no contexto
religioso judaico que, adaptado à nossa realidade, apresentam conselhos
práticos para a vida cotidiana de todos os homens.
SINOPSE DO TÓPICO (IV)
O propósito da
sabedoria nos livros de Provérbios e Eclesiastes é constituir um conjunto de
valores éticos, morais e espirituais para a vida.
CONCLUSÃO
A literatura
sapiencial, representada neste trimestre pelos livros de Provérbios e
Eclesiastes, revela que o temor do Senhor é o fundamento de todo o saber.
Ninguém pode ser considerado sábio se os seus conselhos não revelarem
princípios do saber divino. Segundo a Bíblia, um sábio não se caracteriza
apenas por ter muita informação ou inteligência, mas é alguém que aprendeu o
temor do Senhor como a base de toda sua vida e, por isso, sabe viver e conviver
(Tg 3.13-18).
VOCABULÁRIO
Desencanto Existencial: Desgosto ou decepção com a realidade
vivida, isto é, com a vida.
Tessitura: Modo como estão interligadas as partes de um
todo; organização, contextura.
Sétuplo: Numeral que vale sete vezes o outro.
Epítome: A síntese, o resumo.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
Bíblia de Estudo
Defesa da Fé: Questões reais; Respostas precisas; Fé Solidificada. 1 ed., RJ:
CPAD, 2010.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Bibliológico
“Livros da Sabedoria
São considerados livros da sabedoria três dos livros
poéticos: Jó, Provérbios e Eclesiastes, embora Jó seja realmente um livro de
espécie única.Essa classificação é baseada no fato de tratarem esses três
livros dos problemas que mais interessam à humanidade. Jó trata do problema do
sofrimento, Provérbios, do problema do dever moral, e Eclesiastes, do problema
da felicidade.Os livros chamados de Sabedoria são diferentes da literatura
profética de Israel porque expressam melhor a filosofia dos pensadores do que
as determinações das mensagens de Jeová. Não se encontra neles a frase: ‘Assim
diz o Senhor’, quando falam dos problemas da vida e das conclusões dos homens.
Os sábios anunciaram as verdades como um tratado de
filosofia moral, usando palavras de profundeza mais elevada do que seus
conhecimentos, de modo que só tempos depois é que puderam ser interpretadas.
Provérbios e Eclesiastes apresentam principalmente esse
fato” (MELO, J. L. Eclesiastes versículo por versículo. RJ: CPAD, 1999, p.12).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio
Lexicográfico
“Sabedoria [de
Cristo]
Embora no Antigo Testamento a sabedoria seja personificada
no livro de Provérbios e mostrada como tendo existido eternamente em Deus (Pv
8.22-30), ela é centrada em uma pessoa, o Senhor Jesus Cristo (1Co 1.30; Cl
2.2,3; cf. Lc 11.49).Cristo, em sua natureza humana, cresceu em sabedoria, e em
estatura, e em graça para com Deus e os homens (Lc 2.52), mas em sua natureza
divina, repousava sobre ele o Espírito sétuplo cujo principal atributo é a
sabedoria (Is 11.2). Como resultado os homens perguntaram, ‘Donde veio a este a
sabedoria’ (Mt 13.54; Mc 6.2), não percebendo que alguém maior que Salomão estava
ali (Mt 12.42). O apóstolo Paulo escreve que Ele é o poder e a sabedoria de
Deus, destacando que a vida e a morte de Cristo eram o sábio plano de salvação
de Deus (1Co 1.24).Os gregos, com sua filosofia, buscavam a sabedoria (1Co
1.22) e produziram grandes homens como Platão e Aristóteles, mas não vieram a
conhecer a Deus. Em contraste, Deus, em sua infinita sabedoria, usou a Palavra
da cruz para revelar o modo como o homem pode ser salvo. O evangelho provou ser
um tropeço para os judeus, que estavam tentando obter a salvação através das
boas obras (Rm 9.30-33); e ‘uma loucura ou insensatez’ (gr. moria, os
pensamentos de um simplório, simples demais para ser aceito como o verdadeiro
conhecimento da salvação) para os gregos cultos. Os judeus ficavam ofendidos
com o pensamento da crucificação, e por serem tão impotentes a ponto de
precisarem que alguém morresse pelos seus pecados. Os gregos consideravam a
simples fé em uma expiação substitutiva um modo fácil demais para a salvação.
Contudo, a morte expiatória do Senhor Jesus Cristo é o epítome de toda a
sabedoria (Ef 3.10), uma vez que ela resolve o maior problema do mundo e do
homem, isto é, o pecado” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009,
p.1712).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O valor dos bons
conselhos
Neste trimestre,
teremos a oportunidade ímpar de estudar os livros de Provérbios e Eclesiastes.
São duas pérolas das Sagradas Escrituras. Provérbios nos ensina a viver de modo
sábio e Eclesiastes nos mostra o verdadeiro sentido da vida.
O livro de Provérbios
O livro de Provérbios é um verdadeiro compêndio de sabedoria
em forma de parábolas. São sentenças curtas, porém carregadas de significados e
verdades que foram aprendidas e ensinadas no dia-a-dia dos israelitas. Ao
estudar este livro, precisamos observar algumas particularidades importantes:
1. Salomão não foi o único autor dos provérbios, embora ele
tenha escrito uma grande parte (cf. 1.1; 10.1; 25.1). O próprio Salomão
declara: “... também estes são provérbios dos sábios” (Pv 24.23). Não podemos
negar que Salomão foi um dos homens mais sábios do seu tempo e que proferiu 3
mil provérbios (1Rs 4.32), todavia há outros autores das citações, como Agur
(Pv 30.1) e o rei Lemuel (Pv 31.1). É importante também observar que seus
autores pertenceram a épocas distintas.
2. Os provérbios têm a sua origem nos ditos populares.
Todavia, os provérbios bíblicos são breves declarações que expressam os
conselhos divinos para nós. Podemos afirmar que cada provérbio é uma parábola
resumida e o livro todo é a Palavra de Deus. É Deus falando por intermédio das
circunstâncias da vida.
3. Existem várias formas literárias dentro do livro, como,
por exemplo, parábolas, poemas, antíteses e comparações.
O propósito do livro é ensinar os leitores a viverem de
forma justa, correta e ética. O objetivo é levar as pessoas a expressarem, no
seu dia-a-dia, a sabedoria de Deus. Embora o livro também trate das questões
corriqueiras da vida, ele é um convite à busca da sabedoria que vem do Alto, a
sabedoria divina.
O livro de Eclesiastes
Ao ler Eclesiastes 1.1 e o capítulo 2, não temos dúvida de
que Salomão é seu autor. Além disso, tanto a tradição judaica quanto a cristã
conferem a autoria do livro a Salomão.
Eclesiastes é um livro biográfico e durante a sua leitura
percebemos que não existe uma sequência lógica. A impressão que temos é que os
textos foram surgindo de tempos em tempos, como em um diário. É o relato triste
de um homem que, embora sábio, viveu parte da sua vida longe de Deus. O
propósito é mostrar, e em especial aos jovens, que o sentido da vida não está
nos bens materiais, no conhecimento, no prazer, na fama. O verdadeiro sentido
da vida está em Deus, o Criador.
SUBSÍDIOS 001
Tema: Sabedoria para a Vida Correta
Data: Cerca de 970-700 a.C.
Considerações Preliminares
O AT hebraico era em regra dividido em três partes: a Lei,
os Profetas e os Escritos (cf. Lc 24.44). Na terceira parte estavam os livros
poéticos e sapienciais, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes etc.
Semelhantemente, o Israel antigo tinha três categorias de
ministros: os sacerdotes, os profetas e os sábios. Estes últimos eram especialmente
dotados de sabedoria e conselho divinos a respeito de princípios e práticas da
vida. O livro de Provérbios representa a sabedoria inspirada dos sábios.
A palavra hebraica mashal, traduzida por “provérbio”, tem os
sentidos de “oráculo”, “parábola”, ou “máxima sábia”. Por isso, há declarações
longas no livro de Provérbios (e.g., 1.20-33; 2.1-22; 5.1-14), mas há também as
concisas, mas ricas de sentido e sabedoria, para se viver de modo prudente e
justo. O conteúdo de Provérbios representa uma forma de ensino comum no Oriente
Próximo antigo, mas no caso deste livro, sua sabedoria é diferente porque veio
da parte de Deus, com seus padrões justos para o povo do seu concerto. O ensino
mediante provérbios era popular naqueles antigos tempos, em virtude da sua
grande clareza e facilidade de memorização e transmissão de geração em geração.
Assim como Davi é o manancial da tradição salmódica em
Israel, Salomão é o manancial da tradição sapiencial em Israel (ver 1.1; 10.1;
25.1). Conforme 1 Rs 4.32, Salomão produziu 3.000 provérbios e 1.005 cânticos.
Outros autores mencionados por nome em Provérbios são Agur (30.1-33) e o rei
Lemuel (31.1-9), ambos desconhecidos. Autores outros estão subentendidos em
22.17 e em 24.23. A maioria dos provérbios teve origem no século X a.C.,porém a
provável data mais antiga para a conclusão deste livro seria o período de
reinado de Ezequias (i.e., c. 700 a.C.). A participação dos homens de Ezequias
na compilação dos provérbios de Salomão (25.1—29.27) talvez remonte a 715—686
a.C., durante o avivamento espiritual liderado por esse rei temente a Deus. É
possível que os provérbios de Agur, de Lemuel e os outros “sábios” também
tenham sido compilados nesse período.
Propósito
O propósito do livro está bem esclarecido em 1.2-7: dar
sabedoria e entendimento quanto a comportamento sábio, justiça, discernimento e
imparcialidade (1.2,3), de modo que:
(1) os simples sejam prudentes (1.4),
(2) os jovens sejam inteligentes e ajuizados (1.4) e
(3) os sábios sejam ainda mais sábios (1.5,6). Muito embora
Provérbios seja basicamente um manual sapiencial sobre a vida de justiça e
prudência, o devido alicerce dessa sabedoria é “o temor do SENHOR”, como está
explicitamente declarado em 1.7.
Visão Panorâmica
O tema central de Provérbios é “sabedoria para um viver
justo”, sabedoria esta que começa com a submissão humilde do crente a Deus, e
daí flui para todas as áreas da sua vida. A sabedoria em Provérbios :
(1) instrui a respeito da família, da juventude, da pureza
sexual, da fidelidade conjugal, da honestidade, do trabalho diligente, da
generosidade, da fraternidade, da justiça, da retidão e da disciplina;
(2) adverte quanto à insensatez do pecado, das contendas,
dos males da língua, da imprudência, da bebedeira, da glutonaria, da
concupiscência, da imoralidade, da falsidade, da preguiça e das más companhias;
(3) faz um contraste entre a sabedoria e a tolice, entre os
justos e os ímpios, entre a soberba e a humildade, entre a preguiça e a
diligência, entre a pobreza e a riqueza, entre o amor e a concupiscência, entre
o certo e o errado e entre a vida e a morte. Embora Provérbios, como os Salmos,
não seja fácil de resumir como outros livros da Bíblia, há seções com estrutura
definida (ver o esboço). É o caso principalmente dos caps. 1—9, com sua série de
13 discursos apropriados para os pais em relação aos filhos quando estes
atingem a adolescência. Com exceção de três desses discursos (ver 1.30; 8.1;
9.1), os demais iniciam por “meu filho” ou “meus filhos”.
Esses treze discursos contêm numerosos preceitos importantes
no âmbito da sabedoria para a juventude. A partir do cap. 10, Provérbios contém
diretrizes de peso a respeito dos relacionamentos familiares (e.g., 10.1; 12.4;
17.21, 25; 18.22; 19.14, 26; 20.7; 21.9, 19; 22.6, 28; 23.13,14, 22, 24,25; 25.24;
27.15,16; 29.15-17; 30.11; 31.1-31). Provérbios é um livro sobretudo prático,
mas contém conceitos profundos de Deus. Deus é a personificação da sabedoria
(e.g., 8.22-31) e o Criador (e.g., 3.19,20; 8.22-31; 14.31; 22.2); Ele é
descrito como onisciente (e.g., 5.21; 15.3, 11; 21.2), justo (e.g., 11.1;
15.25-27, 29; 19.17; 21.2,3) e soberano (e.g., 16.9, 33; 19.21; 21.1).
Provérbios termina com uma solene homenagem à mulher de caráter nobre
(31.10-31).
Características Especiais
Oito características principais assinalam o livro de
Provérbios.
(1) A sabedoria da parte de Deus não está primeiramente
vinculada à inteligência ou a grandes conhecimentos, e sim diretamente ao
“temor do
SENHOR” (1.7). Daí, sábios são aqueles que andam com Deus e
observam a sua Palavra. O temor do Senhor é um tema freqüente através do livro
de Provérbios (1.7, 29; 2.5; 3.7; 8.13; 9.10; 10.27; 14.26,27; 15.16, 33; 16.6;
19.23; 22.4; 23.17; 24.21).
(2) Boa parte dos sábios conselhos expostos em Provérbios
assemelha-se ao aconselhamento que um piedoso pai ministra a seus filhos.
(3) É o livro mais prático do AT, pois abrange uma ampla
área de princípios básicos de relacionamentos e comportamentos corretos na vida
cotidiana — princípios estes aplicáveis a todas as gerações e culturas.
(4) Sua sabedoria prática, seus preceitos santos, e seus
princípios básicos para a vida são expressos em declarações breves e
convincentes, de fácil memorização e recordação pela juventude como diretrizes
para a vida.
(5) A família ocupa um lugar de vital importância em
Provérbios, assim como ocupava no concerto entre Deus e Israel (cf. Êx 20.12,
14, 17; Dt 6.1-9). Pecados que violam o propósito de Deus para a família são
expostos abertamente com a devida advertência contra eles.
(6) Os destaques literários de Provérbios, a saber: o farto
emprego de linguagem expressiva e figurativa (e.g., símiles e metáforas),
paralelismos e contrastes, preceitos concisos e repetições.
(7) A esposa e mãe sábia, retratada no fim do livro (cap.
31) é incomparável na literatura antiga, quanto à maneira elevada e nobre de
abordar o assunto da mulher.
(8) As exortações sapienciais de Provérbios são os
precursores do AT às muitas exortações práticas das epístolas do NT
O livro de Provérbios ante o NT
A personificação da sabedoria no cap. 8 é semelhante à
personificação do logos (“O Verbo”) do Evangelho segundo João (cap. 1.1-18). A
sabedoria:
(1) está empenhada na criação (3.19,20; 8.22-31);
(2) está relacionada à origem da vida física e espiritual
(3.19; 8.35);
(3) tem aplicação prática à vida reta e moral (8.8,9) e
(4) está disponível aos que a buscam (2.3-5; 3.13-18; 4.7-9;
8.35,36). A sabedoria de Provérbios tem sua expressão plena em Jesus Cristo, a
pessoa “maior do que Salomão” (Lc 11.31), que “para nós foi feito por Deus
sabedoria...” (1 Co 1.30) e “em quem estão escondidos todos os tesouros da
sabedoria e da ciência”
(Cl 2.3).
FONTE DE PESQUISA:
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL.
SUBSÍDIOS 002
I – INTRODUÇÃO:
CONSELHO = PARECER, JUÍZO, ADVERTÊNCIA, ADMOESTAÇÃO, AVISO,
OPINIÃO SOBRE O QUE CONVÉM FAZER.
Aquele que ouve um bom conselho e o coloca em prática,
demonstra autocrítica, humildade e sabedoria (Pv 12:15; 19:20).
II - O SÁBIO CONSELHO DE JETRO A MOISÉS:
Ex 18.13-21 - O propósito de Jetro era ajudar Moisés,
aliviá-lo da árdua tarefa que exercia sozinho, pois se assim continuasse,
certamente desfaleceria (Ex 18:17-18). Ele não quis interferir no ministério do
genro, o qual atendeu ao conselho, executando-o na íntegra (Ex 18:23-24 cf. Pv
11:14; 13:10; 15:22; 20:18; 12:15).
Jetro observou que Moisés estava sobrecarregado, e como
consequência disto, o povo ficava em pé desde a manhã até a tarde; todas as
questões espirituais e materiais eram resolvidas só por Moisés.
Nos dias de hoje, muitos querem fazer tudo sozinhos e se
julgam super-homens. São pessoas que desejam manter o “poder” em suas mãos e
não confiam nos outros, esquecendo-se eles que o trabalho de Deus funciona em
equipe, como um corpo, onde cada um deve fazer a sua parte, pois recebeu um dom
para fazer um trabalho específico na obra do Senhor e ninguém é insubstituível
- Ef 4:16; I Cor 12:1-31: Moisés estava sujeito a desfalecer (Ec 7:16-17).
Após analisar o desempenho da atividade de Moisés, Jetro lhe
disse: “NÃO É BOM O QUE FAZES”.
Em seguida, sugeriu três medidas importantíssimas a serem
tomadas por Moisés:
(A) - Ensinar o povo os estatutos e as leis (Sl 119:7,
26-27, 55-56);
(B) - O líder tem que ser o exemplo para os liderados (Ex
18:20 cf. I Tm 4:12; Tt 2:7);
(C) - A liderança consiste na distribuição de
responsabilidades e na designação de tarefas (Ex 18:21).
Ainda mais: Moisés, como líder, tinha a responsabilidade de
descobrir homens com os quais dividiria as tarefas, com as seguintes
qualidades:
(A) - Capazes;
(B) - Tementes a Deus;
(C) - Homens de verdade;
(D) - Que aborrecem a avareza - A avareza é idolatria (Cl
3:5; Lc 12:15);
(E) - Maiorais de mil, cem, cinquenta e dez - Condições de
liderarem quantidades diferentes de pessoas. A capacidade e a sabedoria vêm de
Deus (II Cor 3:5-6; Tg 1:17; 3:15-18);
(F) - Que julgassem as questões pequenas do povo - Deus
colocou na Igreja pessoas com capacidade para julgar as coisas inerentes ao
povo (I Cor 6:1-7).
As exigências continuam as mesmas para escolha dos
companheiros que ajudarão a liderança (At 6:1-4; II Tm 2:2).
Quantos nos dias atuais estão procurando posição e
vantagens, sem possuir as qualidades acima mencionadas!
III - A EFICÁCIA DO CONSELHO:
Ex 18.23 - Que sabedoria! Que prudência! Humildemente,
Moisés pede ao genro que submetesse todo o plano para apreciação e aprovação de
Deus. Não se considerou autossuficiente, deixando-nos um belo exemplo (Pv
26:12; I Cor 1:31; II Cor 10:17-18).
Moisés era um homem de vasta cultura. Entretanto, diante da
palavra de seu sogro, reconheceu o seu erro e colocou em prática o conselho.
Isto revela sua humildade e alta personalidade.
Não se julgou o DONO DA VERDADE, mas percebeu que precisava
redirecionar seu trabalho. Ele possuía autocrítica.
O sábio ouve o conselho e cresce em entendimento, mas o
SABIDO nada aceita, pois julga saber tudo e não precisa da ajuda de alguém (Pv
12:15; 19:9).
Pv 25:11 - O conselho de Jetro chegou na hora certa, no
momento em que Moisés se achava muito atarefado, o que poderia levá-lo a uma
estafa. Muitas vezes as nossas preocupações com a obra de Deus pode levar-nos a
um desgaste físico, com consequências funestas. Sigamos o conselho e o exemplo
de Jesus (Mc 6:30-31).
IV – VÁRIOS CONSELHOS ENCONTRADOS NA PALAVRA DE DEUS:
(1) - CONSELHO AOS VELHOS (Tt 2:2) - Que sejam sóbrios;
graves; prudentes; sãos na fé; sãos na caridade; sãos na paciência.
(2) - CONSELHOS ÀS MULHERES IDOSAS (Tt 2:3) - A designação
de MULHERES IDOSAS = MAIS AMADURECIDAS; MAIS EXPERIENTES (I Tm 5:3-13). Que
sejam sérias no seu viver, como convém às santas; não caluniadoras; não dadas a
muito vinho (cf. I Tm 3:3, 8 – Paulo tem em mente um tipo de vinho não
embriagante, isto é, o apego até mesmo ao vinho não embriagante era um vício
comum nas sociedades pagãs e correspondia à bebedice e glutonaria); mestras do
bem.
(3) - SETE DEVERES OU OBRIGAÇÕES AS MULHERES IDOSAS TERÃO DE
ENSINAR ÀS MULHERES NOVAS (Tt 2:4-5) - A serem prudentes; a amarem seus
maridos; a amarem seus filhos; a serem moderadas; castas; sujeitas a seus
maridos; boas donas de casa.
(4) - DEVERES DO MARIDO PARA COM SUA MULHER - Ter apenas uma
mulher (Mc 10:6-8; I Cor 7:2-4); ter autoridade (com amor) sobre sua mulher (Gn
3:16; I Cor 11:3; Ef 5:23); respeitá-la (I Pe 3:7); amá-la (Ef 5:25; Cl 3:19);
considerá-la como a si mesmo (Gn 2:23 cf. Mt 19:15); ser-lhe fiel (Pv 15:18-19;
Ec 9:9; Ml 2:14-15); viver com ela toda a vida (Gn 2:24; Mt 19:3-9); consultar
com ela (Gn 31:4-7); não abandoná-la, ainda que incrédula (I Cor 7:11-15).
(5) - CONSELHOS À MOCIDADE (Tt 2:6) - A QUE SEJAM MODERADOS:
Obedecer a Deus (Dt 30:20); temer a Deus (Pv 24:30); lembrar-se de Deus (Ec
12:1); dar ouvidos à instrução paterna (Pv 1:8-9); honrar a seus pais (Ex
20:12; Hb 12:9); respeitar e cuidar de sues pais (I Tm 5:4); honrar os idosos
(Lv 19:32); obedecer a seus pais (Pv 6:20; Ef 6:1); não imitar os maus pais (Ez
20:18-19).
(6) - CONSELHOS AOS EMPREGADOS (II Tm 2:9-10) - Sujeitem-se
a seus senhores; em tudo agradem, não contradizendo; não defraudando, antes
mostrando toda boa lealdade, para que sejam ornamento da doutrina de Deus,
nosso Senhor.
Defraudar é roubar às escondias ou à mão armada. ROUBADOR ou
FRAUDULENTO é o que rouba iludindo a boa fé do próximo, é um vigarista,
caloteiro, etc., o qual, aproveitando-se do que lhe vem às mãos, rouba (Ex
23:1-9; Lv 19:11; Lc 3:14; 19:7-8 cf. I Cor 6:10).
(7) – GUARDA O TEU CORAÇÃO – Pv 4.23 - Para nós, o coração
é, figurativamente, a sede das emoções. Para o judeu, as entranhas eram a sede
das emoções, e o coração a sede do intelecto.
Ao aconselhar seu filho dizendo "guarda teu
coração" o sábio queria dizer "guarda a tua mente".
Portanto, precisamos manter nossa mente sujeita a Deus, o
único que pode mantê-la pura - Cl 3:2.
(8) – PRESERVA OS TEUS LÁBIOS, GUARDA A TUA LÍNGUA – Pv 4.24
- Aquilo que dizemos pode criar muitas dificuldades e problemas, mas também
pode ser uma bênção (Tg 3:5-10; Pv 15:23 e 25:11).
Somente pureza de mente e constante vigilância sobre ela
conseguirão conter a língua. Por isso, o salmista nos adverte - Sl 34:13 cf Tg
3.1-2.
(9) – MANTENHA TEU OLHAR FIRME PARA A FRENTE – Pv 4.25 -
Nosso olhar deve ser fixo e não distraído. Não podemos permitir que ele vagueie
ao encalço de cada coisa que apareça em nossa frente, pois seríamos afastados
do bem e enredados pelo mal – Mt 6.22 cf Hb 12:2.
Olhando para Jesus, Pedro conseguiu caminhar sobre as águas
encapeladas do mar da Galiléia. Porém, quando desviou seu olhar do Mestre,
ainda que só por um momento, começou a afundar. (Mat. 14:24-32).
Precisamos olhar para Jesus em busca de graça e força para
vencer cada dificuldade e para permanecer firmes até o fim.
Conservar os olhos da fé fixos em Jesus é manter contato
ininterrupto com Aquele que é a fonte de poder, Aquele que pode fortalecer-nos
e guardar-nos até o fim.
(10) – PONDERA A VEREDA DOS TEUS PÉS – Pv 4.26 - Não devemos
atuar de modo impulsivo; devemos pensar bem no que vamos fazer. Precisamos
meditar e orar antes de agir – Sl 37.5, 23; I Sam. 2:9.
V – CONCLUSÃO:
Jo 16:7 - O ministério do aconselhamento pertence ao
Espírito Santo. Sem Ele não há aconselhamento eficaz. Jesus Cristo, o
Maravilhoso Conselheiro, enviou-nos o Espírito Santo para substituí-Lo no
aconselhamento das nossas necessidades. O Espírito de Deus, por meio da palavra
do Senhor, e pela instrumentalidade dos pastores e conselheiros cristãos,
ministra conforto e mudanças no coração do aflito.
A Igreja local manifesta e evidencia a presença do Espírito
Santo em seu meio, através do ministério eficaz do aconselhamento.
FONTES DE CONSULTA:
Lições Bíblicas Maturidade Cristã - 3º Trimestre de 1991 -
CPAD - Comentarista: Adilson Faria Soares
Lições Bíblicas - 2º Trimestre de 1996 - CPAD -
Comentarista: Valdir Bícego
Introdução e Comentário à Carta à Tito - CPAD - Armando
Chaves Cohen
Revista Educação Cristã - Vol. IX - SOCEP - Sociedade Cristã
Evangélica de Publicações Ltda.
Fonte:
http://pastorgeraldocarneirofilho.blogspot.com.br/
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