Mateus Capitulo 8
Versículos 1: Multidões seguem a Cristo; 2-4: A cura de um
leproso; 5-13: A cura do servo de um centurião; 14-17: A cura da sogra de
Pedro; 18-22: A promessa entusiasmada do escriba; 23-27: Cristo em uma
tempestade; 28-34: A libertação de dois endemoninhados.
V. 1. Este versículo se refere ao final do sermão anterior.
Aqueles a quem Cristo se tem dado a conhecer desejam saber mais sobre Ele.
Vv. 2-4. Nestes versículos encontramos o relato da limpeza
de um leproso feita por Cristo; o leproso se aproximou dEle e o adorou como a
alguém que está investido de poder divino. Esta purificação não só nos guia a
irmos rapidamente à presença de Cristo, que tem todo o poder para curar todas
as enfermidades físicas; também nos ensina a maneira de apelar a Ele.
Quando não podemos estar seguros da vontade de Deus, podemos
estar seguros de sua sabedoria e misericórdia. Por maior que seja a culpa, no
sangue de Cristo existe o poder para expiá-la; nenhuma corrupção é tão forte
que não haja na graça de Cristo o que possa subjugá-la. Para sermos purificados
devemos no,s encomendar à sua piedade; não podemos reivindicá-la como dívida;
devemos pedi-la humildemente como um favor.
Aqueles que por fé apelam a Cristo por misericórdia e graça,
podem estar seguros de que Ele estará lhes dando livremente a misericórdia e a
graça que eles assim buscam. Benditas sejam as aflições que nos levam a
conhecer a Cristo, e nos fazem buscar sua ajuda e sua salvação. Aqueles que são limpos de sua lepra espiritual devem
ir aos ministros do Senhor para exporem o seu caso, para que sejam
aconselhados, consolados e recebam oração.
Vv. 5-13. Este centurião era pagão, um soldado romano. Mesmo
sendo um soldado, não obstante, era um bom homem. Nenhuma vocação nem posição
do homem servirá de desculpa para a incredulidade e o pecado. observe como
expõe o caso de seu servo. Devemos nos interessar pelas almas de nossos filhos
e servos espiritualmente enfermos, que não sentem os males espirituais e não
conhecem o que é espiritualmente bom; devemos levá-los a Cristo por meio da fé
e da oração.
Observe sua humilhação. Em uma situação como esta, as almas
humildes tornam-se mais humildes pela graça de Cristo. observe sua grande fé.
Quanto menos confiarmos em nós mesmos, mais forte será nossa confiança em
Cristo. Aqui, o centurião o reconhece com autoridade e pleno poder divino sobre
todas as criaturas e poderes da natureza, como um Senhor sobre seus servos.
Todos devemos ser para com Deus como este tipo de servo. Devemos ir e vir conforme
as ordens de sua Palavra e as disposições de sua Providência.
Quando o Filho do Homem vier, encontrará pouca fé e haverá
pouco fruto. Uma profissão pública de nossa fé faz com que sejamos chamados de
filhos do reino, porém, se nos acomodarmos a esta situação e não pudermos
mostrar nada mais, seremos reprovados. o servo obteve a cura de sua enfermidade
e o seu Senhor obteve a aprovação de sua fé. o que foi dito a ele é dito a
todos: Creia e receberá; tão somente creia. Observe o poder de Cristo e o poder
da fé. A cura de nossas almas é imediato, o efeito e a prova de nosso interesse
pelo sangue de Cristo.
Vv. 14-17. Pedro tinha uma esposa, mesmo sendo apóstolo de
Cristo, o que demonstra que Jesus aprovava o matrimônio, sendo bondoso com a
mãe da esposa de Pedro. A igreja de Roma, que prole que seus ministros se
casem, contradiz este apóstolo, sobre o qual tanto se apóia. Tinha a sua sogra
morando consigo em sua família, o que é um exemplo para que sejamos bons para
nossos pais. Na cura espiritual, a Escritura diz a palavra, e o Espírito dá o
toque, toca o coração e a mão. Aqueles que se recuperam de uma febre costumam
estar fracos por algum tempo; porém, para mostrar que esta cura estava acima do
poder da natureza, a mulher estava tão bem que de imediato dedicou-se aos
afazeres da casa.
Os milagres que Jesus realizou foram amplamente publicados,
de modo que muitos se acotovelavam vindo a Ele. E Ele curou a todos os que
estavam enfermos, mesmo quando o paciente estivesse muito fraco e o caso fosse
o pior possível. Muitas são as enfermidades e as calamidades do corpo a que
estamos sujeitos; e há mais nessas palavras do Evangelho, que dizem que Jesus
Cristo levou nossas enfermidades e nossas dores, para nos sustentar e consolar
quando estamos submetidos a elas, do que em todos os escritos dos filósofos.
Não nos queixemos pelo trabalho, pelo problema ou pelo gasto ao fazermos o bem
ao próximo.
Vv. 18-22. Um dos escribas se apressou a comprometer-se;
declarou-se ser um fiel e próximo seguidor de Cristo. Parece muito decidido.
Muitas decisões religiosas são produzidas por uma súbita convicção do pecado, e
assumidas sem uma devida reflexão; estas não levam a nada. Quando este escriba
se ofereceu a seguir a Cristo, alguém poderia pensar que Jesus deveria ter se
sentido animado; um escriba poderia dar mais crédito e prestar um maior serviço
do que doze pescadores; porém, Cristo viu seu coração, e respondeu a seus
pensamentos, e ensina a todos como devem ir a Ele. Sua decisão parece surgir de
um princípio mundano e cobiçoso. Cristo não tinha onde reclinar sua cabeça, e
se o seguisse, não deveria esperar que com ele seria melhor.
Temos razões para pensar que este escriba tenha se afastado.
outro era lento demais. A demora em agir é, por um lado, tão má quanto a pressa
para resolver. Pediu permissão para ir enterrar seu pai, e logo se poria a
serviço de Cristo. Isto parecia razoável, mesmo não sendo justo. Não tinha o
zelo verdadeiro pela obra. Enterrar o morto, especialmente um pai morto, é uma
boa obra, mas não é a sua obra neste momento. Se Cristo requer nosso serviço,
devemos abrir mão até mesmo do afeto pelos parentes mais próximos e queridos, e
pelas coisas que não são nosso dever. Para a mente sem disposição nunca faltam
desculpas. Jesus lhe disse: "Segue-me", e sem dúvida, saiu poder
desta palavra tanto para ele como para os demais; seguiu a Cristo e não se
apartou dEle. O escriba disse, eu te seguirei; a este outro homem, Cristo
disse: "Segue-me". Comparando estes casos, podemos concluir que somos
levados a Cristo pela força de seu chamado pessoal (Rm 9.16).
Vv. 23-27. O consolo para aqueles que se lançam ao mar em
barcos, e costumam ali passar por perigos, é pensar que têm um Salvador em quem
podem confiar e ao qual orar, e que sabe o que é estar no mar e em tormentas.
os que estão passando com Cristo pelo oceano deste mundo devem esperar
tormentas.
Sua natureza humana, semelhante a nós em tudo, mas sem
pecado, estava fatigada e neste momento Ele dormiu para provar a fé de seus
discípulos. E em seu temor, eles recorreram ao seu Mestre. E assim acontece com
a alma; quando as luxúrias e as tentações se levantam e rugem, e Deus parece
estar adormecido em relação ao que está acontecendo, isto nos leva quase ao
desespero. Então clamamos por uma palavra de seus lábios: Senhor Jesus, não
permaneça calado ou estarei perdido. Há muitos que mesmo tendo a fé verdadeira,
são fracos nela. os discípulos de Cristo tinham a tendência a inquietarem-se
com temores em um dia tempestuoso; atormentavam a si mesmos, como se a situação
lhes estivesse desfavorável, e com pensamentos desalentadores de que
aconteceria algo pior. As grandes tormentas da dúvida e o temor na alma sob o
poder do espírito de escravidão, costumam terminar em uma calma maravilhosa,
criada e dirigida pelo Espírito de adoção.
Eles ficaram estupefatos. Nunca tinham visto uma tormenta
ser imediatamente acalmada e com tamanha perfeição. AquEle que fez isto pode
fazer qualquer coisa, o que nos estimula a ter confiança e consolo nEle no dia
mais tempestuoso, seja em nosso interior, seja nas condições exteriores à nossa
vida (Is 26.4).
Vv. 28-34. Os demônios nada têm a ver com Cristo, nem
esperam qualquer benefício dEle! Que profundidade neste mistério do amor
divino: o homem caído tem tanto a ver com Cristo, enquanto os anjos caídos nada
têm a ver com Ele! (Hb 2.16). Com toda certeza sofreram aqui um tormento, ao
serem forçados a reconhecer a excelência que há em Cristo, e ainda assim não
terem parte com Ele. Os demônios não desejam ter nada a ver com Cristo como
Rei. Observe a linguagem daqueles que não têm nada a ver com o Evangelho de
Cristo. Não é verdade, porém, que os demônios não tenham nada a ver com Cristo
como Juiz, porque têm a ver, e eles o sabem; e assim também é no caso de todos
os filhos dos homens.
Satanás e seus instrumentos não podem ir mais além do que o
Senhor permita; eles devem deixar a possessão quando Ele ordena. Não podem
romper o cerco de proteção em torno de seu povo; nem sequer podem entrar em um
porco sem a sua permissão.
Receberam a permissão. Às vezes Deus permite, por sábios e
santos objetivos, os esforços da ira de Satanás. Assim, o Diabo apressa as
pessoas a pecar, para que executem as suas más decisões, das quais estão
conscientes que lhes trarão vergonha e sofrimento: a condição dos que são
levados cativos por ele, e conforme a vontade dele, é miserável.
Há muitos que preferem seus porcos ao Salvador, e assim não
alcançam a Cristo e a salvação por meio dEle. Eles desejam que Cristo se vá de
seus corações, e não suportam que a sua Palavra tenha lugar neles, porque Ele e
a sua Palavra destruíram as suas concupiscências brutais, que são entregues aos
porcos como alimento. Justo é que Cristo abandone aos que estão cansados dEle,
e depois diga: "Apartai-vos", malditos, àqueles que agora dizem ao
Todo poderoso: Vai-te de nós.
Fonte de pesquisa;
Comentario expositivo da Bíblia Mateu Henry
Novo Testamento.
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