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domingo, 16 de fevereiro de 2014

MOISÉS - SUA LIDERANÇA E SEUS AUXILIARES - LIÇÃO 08 COM SUBSIDIOS

Lições Bíblicas CPAD - Jovens e Adultos
 1º Trimestre de 2014

Título: Uma jornada de fé — A formação do povo de Israel e sua herança espiritual
Comentarista: Antonio Gilberto

Lição 8: Moisés — Sua liderança e seus auxiliares
Data: 23 de Fevereiro de 2014

TEXTO ÁUREO
 “Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e Deus será contigo [...]” (Êx 18.19).

VERDADE PRÁTICA
 Para cuidar da sua obra, Deus chama a quem Ele quer, e pelo seu Espírito capacita essas pessoas para a sua santa missão.

LEITURA DIÁRIA
 Segunda - Êx 28.1 O obreiro administrando para Deus
 Terça - Êx 29.44 Santificados para o ministério
 Quarta - Êx 40.13-15 Ungidos para o ministério
 Quinta - Mc 3.13,14 Jesus chama e envia para a obra
 Sexta - 1Pe 5.3 O obreiro como exemplo para o rebanho
 Sábado - Rm 15.30 Oração da igreja pelos obreiros

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
 Êxodo 18.13-22.

13 - E aconteceu que, ao outro dia, Moisés assentou-se para julgar o povo. e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até à tarde.
14 - Vendo pois o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto, que tu fazes ao povo? por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até à tarde?
15 - Então disse Moisés a seu sogro: É porque este povo vem a mim, para consultar a Deus:
16 - Quando tem algum negócio vem a mim, para que eu julgue entre um e outro, e lhes declare os estatutos de Deus, e as suas leis.
17 - O sogro de Moisés porém lhe disse: Não é bom o que fazes.
18 - Totalmente desfalecerás, assim tu, como este povo que está contigo: porque este negócio é mui difícil para ti; tu só não o podes fazer.
19 - Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e Deus será contigo: Sê tu pelo povo diante de Deus, e leva tu as cousas a Deus;
20 - E declara-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer.
21 - E tu dentre todo o povo procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta, e maiorais de dez;
22 - Para que julguem este povo em todo o tempo, e seja que todo negócio grave tragam a ti, mas todo negócio pequeno eles o julguem; assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo.

INTERAÇÃO
 Liderar é uma arte. Interagir com pessoas de diferentes personalidades requer flexibilidade. Quando tratamos sobre o tema liderança em relação à Igreja de Cristo o assunto torna-se mais complexo ainda, pois um líder espiritual vocacionado por Deus não responde apenas a assuntos de ordem espiritual e celestial; além disso, responde às questões de caráter material e terreno. O líder cristão precisa ter discernimento da parte de Deus para atender às necessidades espirituais do seu rebanho, mas igualmente, ter a sensibilidade para com as demandas sociais da comunidade de fé onde lidera. Apesar de Moisés ser um bom exemplo de liderança, a pessoa de Jesus Cristo é o perfeito modelo de liderança humilde, acolhedora e amorosa.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Saber que a obra do Senhor precisa de trabalhadores.
Explicar a relação de Moisés com os seus auxiliares.
Elencar as qualidades de um líder.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
 Prezado professor, para concluir o segundo tópico da lição desta semana, sugerimos que você reproduza o esquema abaixo na lousa ou faça cópias. Peça aos alunos para comentarem sobre os textos em destaque no esquema. Ouça-os com atenção. Em seguida, explique para a classe a importância de o líder construir relacionamentos sólidos e sadios na igreja local onde ele exerce a liderança e na comunidade onde se relaciona cotidianamente — família, vizinhança, trabalho, escola ou faculdade, etc. Afirme que o verdadeiro líder nunca se impõe, mas conduz seus liderados com sabedoria.

CONSTRUINDO RELACIONAMENTOS NA IGREJA E NA COMUNIDADE
  •    A formação de relacionamentos começa com um procedimento e um procedimento apenas: atitude. Um líder tem de querer vê-la acontecer.
   •    Jesus estava entre as pessoas, onde quer que estivessem.
   •    Amizade é caracterizada por relacionamento não por imposições.

COMENTÁRIO
 INTRODUÇÃO
 Palavra Chave
Liderança: Função, posição, caráter de líder, espírito de chefia.
 Nesta lição estudaremos a respeito de Moisés como servo fiel de Deus e como líder. Moisés havia sido “instruído em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e obras” (At 7.22). Todavia, como líder do povo de Deus, vemos as suas dificuldades na carência e utilização de auxiliares. O líder cristão, por mais capacitado que seja, não conseguirá realizar suas tarefas sem a ajuda de líderes auxiliares.

I. O TRABALHO DO SENHOR E OS SEUS OBREIROS
 1. Despenseiro e não dono (Êx 18.13-27). Podemos ser laboriosos e dedicados na obra do Senhor como foi Moisés e ainda assim cometer falhas em nossa administração. Um dos erros de Moisés e de alguns líderes da atualidade está no monopólio do poder administrativo. Na Bíblia encontramos vários exemplos que servem para mostrar que o líder de Deus não pode pensar que é dono da obra ou do rebanho que dirige. Vejamos como exemplo Diótrefes (3 Jo vv.9,10). Este obreiro via a congregação como uma propriedade sua. João repudiou e denunciou a recusa de Diótrefes em se relacionar com as outras lideranças e irmãos.

2. Falta de percepção do líder (Êx 18.14,17). Às vezes o líder não percebe as necessidades dos seus liderados. Isso não significa que ele seja um mau líder, mas que, em alguns momentos, os que estão de fora têm uma percepção maior da nossa administração. Jetro era sogro de Moisés e sacerdote; ele logo percebeu a dificuldade que Moisés estava tendo no exercício da sua liderança. Eliseu também não percebia que os discípulos dos profetas enfrentavam uma séria necessidade atinente à moradia (2Rs 6.1). Talvez você, líder, não esteja percebendo as necessidades do seu rebanho, mas elas existem e não devem ser ignoradas. Oremos para que Deus levante homens fiéis como Jetro para sempre lhe ajudar.

3. O líder necessita de ajudantes (Êx 18.18). Caso Moisés continuasse a trabalhar sozinho, logo estaria enfrentando um severo esgotamento físico e mental. Ao mesmo tempo o povo também iria se cansar pela longa espera em pé (vv.13,14). Sozinho, ninguém é capaz de cuidar do rebanho do Senhor. O líder não deve tentar fazer mais do que pode. Também precisamos nos conscientizar de que nenhuma pessoa é insubstituível na obra de Deus. Mais cedo ou mais tarde cada um de nós será substituído, contudo, a obra de Deus prosseguirá.


 SINOPSE DO TÓPICO (I)
 O líder precisa ter a percepção de que no trabalho do Senhor ele é apenas um despenseiro e não o dono da Obra.

II. OS AUXILIARES DE MOISÉS NO MINISTÉRIO
 1. Deus levanta auxiliares (Êx 18.21). Para fazer a sua obra, Deus levanta líderes principais, como Moisés, e de igual modo levanta líderes auxiliares. Todo obreiro que está à frente do trabalho do Senhor, seja qual for a tarefa, necessita de auxiliares, cooperadores, colaboradores (Rm 16.3,21; 2Co 8.23).

2. Os auxiliares de Moisés (Êx 18.25). Certamente Moisés teve muitos auxiliares cujos nomes não foram registrados nas Escrituras Sagradas, mas vejamos apenas alguns que o ajudaram durante a caminhada do povo até a Terra Prometida.

a) Miriã era auxiliar de Moisés e também sua irmã. Era profetisa e cantora (Êx 15.20,21). Seu nome, em hebraico, corresponde em grego a Maria. Certa vez, levantou-se contra Moisés e pagou caro por sua rebeldia (Nm 12).

b) Arão, irmão de Moisés, seu porta-voz (Êx 4.14-16; 7.1,2) e líder dos sacerdotes.

c) Os anciãos, também chamados príncipes no período mosaico. Eram líderes e representantes do povo (Dt 1.13-15; Êx 3.16,18). Outros auxiliares eram os juízes e os levitas (Js 8.33; 24.1).

d) Jetro, o sogro de Moisés, não era israelita, mas demonstrou ser um homem cheio de sabedoria. Ele muito ajudou Moisés.

e) Josué, sucessor de Moisés (Nm 27.18-23), é mencionado pela primeira vez na Bíblia em Êxodo 17.9, num contexto que destaca a sua obediência a Moisés (33.11). Por ter sido fiel e obediente a Moisés foi o escolhido de Deus para suceder o Legislador.

SINOPSE DO TÓPICO (II)
 Deus levantou auxiliares para o ministério de Moisés. São eles: Miriã, Arão, os anciãos, juízes, levitas, Jetro e Josué.

III. QUALIDADES DE MOISÉS COMO LÍDER
 1. Mansidão e humildade (Nm 12.3). Deus falava com Moisés face a face. Todavia, ele com humildade parou para ouvir os conselhos de Jetro, que não era nem mesmo israelita. Se você deseja ser bem-sucedido em sua liderança, seja humilde. A soberba, além de ser pecado, impede o líder de crescer. A Palavra de Deus diz que na “multidão de conselheiros, há segurança” (Pv 11.14), todavia, a soberba impede que o líder ouça seus auxiliares.

2. Piedoso e obediente. Moisés era um exemplo de obediência e integridade e da mesma forma o obreiro precisa ser modelo dos fiéis (1Pe 5.3). O verdadeiro ministro de Cristo precisa viver uma vida digna, não só diante de Deus, mas também dos homens (2Co 8.21; 1Tm 6.11,12). O servo deve viver e agir de modo honroso no trabalho, na vizinhança e na família. A santidade é um imperativo na vida do obreiro. Um bom ministro de Cristo não apenas dá ordens, mas em tudo é o exemplo para o rebanho.

3. Fiel (Nm 12.7; Hb 3.2,5). Esta é uma das qualidades primordiais de um líder, pois “requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Co 4.2). De nada adianta o líder cristão pregar e ensinar a Palavra, se ele é desobediente, displicente, e nem sequer pratica o que ensina. A verdadeira fidelidade revela-se em nossos atos cotidianos. Os olhos do Senhor estão à procura dos que são fiéis (Sl 101.6). Moisés foi fiel a Deus, ao seu povo, à sua família. Sigamos seu exemplo.


 SINOPSE DO TÓPICO (III)
 Mansidão, humildade, piedade, obediência e fidelidade são algumas das qualidades que podemos encontrar na liderança de Moisés.

CONCLUSÃO
 Ninguém pode fazer a obra de Deus sozinho. O líder cristão precisa de auxiliares dados por Deus que o ajude. Não sejamos como muitos líderes que não sabem delegar tarefas. Estes acabam sofrendo e fazendo a obra de Deus sofrer danos. Sigamos o exemplo de Moisés e seus auxiliares, que o ajudaram na missão de conduzir o povo de Deus até à Terra Prometida.

VOCABULÁRIO
 Adulação: Ato ou efeito de adular, de lisonjear (alguém); bajulação.
Escoltam: Ato ou efeito de escoltar, seguir junto de (alguém ou algo) com a finalidade de dar proteção.
Datilografam: Ato ou efeito de datilografar, escrever à máquina datilográfica.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
 CARLSON, R.; TRASK, T. E. et al. Manual Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 3 ed., RJ: CPAD, 2005.
MACARTHUR, JR., J. Ministério Pastoral: Alcançando a excelência do ministério cristão. 1 ed., RJ: CPAD, 2012.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
 Subsídio Teologia Pastoral
 “O Pastor Deve Ser Humilde
Vivemos em um mundo que não valoriza e nem deseja a humildade. Seja na política, nos negócios, nas artes ou nos esportes, as pessoas se esforçam para alcançar destaque, popularidade e fama. Infelizmente, essa atitude tem contaminado a igreja. Existe um culto à personalidade, pois os líderes cristãos lutam para alcançar glória. O verdadeiro homem de Deus, entretanto, busca a aprovação de seu Senhor, e não a adulação da multidão. A humildade é, portanto, a marca registrada de qualquer servo comprometido com a obra de Deus. Spurgeon nos lembra de que ‘se exaltarmos a nós mesmos, nos tornaremos desprezíveis, e não exaltaremos nosso trabalho e nem o Senhor. Somos servos de Cristo, não senhores da sua herança. Os ministros são para as igrejas, e não as igrejas para os ministros... Cuide de não ser exaltado mais do que se deve, para que não se transforme em nada’” (MACARTHUR, JR., J. Ministério Pastoral: Alcançando a excelência do ministério cristão. 1 ed., RJ: CPAD, 2012, p.38).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
 Subsídio Teologia Pastoral
“Trabalhando com Pessoas de Todo Tipo
‘Pastorear seria o melhor emprego do mundo, se eu não tivesse de lidar com certos tipos de pessoas’. Essas foram as palavras de um ministro que acabou de ter uma desavença com Bill, membro exigente de sua igreja. Bill se cansara dos sermões, [...], do estilo de administração do pastor e suas expectativas para com a congregação. Assim, frustrado, disse abertamente ao pastor: ‘Você é o pior pastor que esta igreja já teve’.
A mandíbula do pastor apertava, enquanto citava para si mesmo: A resposta branda desvia o furor. Bill prosseguiu em sua investida: ‘Essa era uma igreja maravilhosa, antes de você chegar’.
[...] O pastor arriscou um sorriso curioso. ‘Diga-me, Bill, como é que acabamos fazendo tudo errado?’. Bill hesitou. ‘Quando você chegou aqui e começou a pedir para mim e para todos os demais que fizéssemos coisas’.
‘Como o que?’.
‘Você esperava que participássemos de todas as atividades da igreja de segunda a domingo. Depois, você fez com que fizéssemos seu trabalho de visitação’. O pastor suspirou. ‘Bem, irmão Bill, sinto muito que você se sinta assim’.
‘Eu também’, vociferou Bill. ‘Minha família e eu estamos nos mudando de igreja e indo para um lugar onde o pregador entende que, hoje em dia, as pessoas estão ocupadas e não têm tempo de fazer o que o pastor foi pago para fazer’.
Experiências como essas fazem os pastores desistir. Para evitar conflitos com os membros da congregação e instigá-los a frequentar a igreja, alguns pastores abstém-se de colocá-los sob qualquer expectativa. Escoltam os crentes a um lugar confortável todos os domingos, depois ousam pregar mensagens que se esquivam da responsabilidade cristã. O resto da semana esses pastores tentam ser o grupo de um homem só. Só eles pregam, cantam, visitam, cortam a grama, datilografam e oram. Esse padrão leva a pastores dominadores, crentes leigos ineficazes e comunidades sem salvação” (CARLSON, R.; TRASK, T. E. et al. Manual Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 3 ed., RJ: CPAD, 2005, pp.61-2).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
 Moisés — Sua liderança e seus auxiliares
 Moisés foi um dos líderes mais importantes do Antigo Testamento, todavia como homem ele não era perfeito e com certeza também cometeu algumas falhas enquanto líder. Moisés era um homem que teve uma excelente formação, ele foi “instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras” (At 7.22). Liderança requer treinamento, preparo. Muitos almejam a liderança, porém não querem se esforçar e não buscam se preparar para realizar, com excelência, aquilo para o que foram chamados pelo Senhor. Moisés passou pelo treinamento do Egito e do deserto. Jesus, nosso exemplo de líder, foi treinado também no deserto. Liderança requer treinamento. Não se faz um líder da noite para o dia.
John Maxwell tem uma frase que resume bem a importância de se trabalhar em equipe: “Nada muito significativo foi alcançado por um indivíduo que tenha agido sozinho”. Liderança envolve trabalho em equipe, gerenciamento de pessoas. É algo que deve ser feito em parceria. Moisés, quem sabe, durante os longos anos que passou sozinho cuidando dos rebanhos do seu sogro Jetro, precisava aprender esta lição logo no início da sua caminhada pelo deserto. Moisés carecia aprender a delegar tarefas. Para isso o líder precisa conhecer sua equipe e ter pessoas leais ao seu lado e compromissadas com o trabalho. O líder que não sabe delegar tarefas terá como resultado o cansaço e o estresse. Ele vai sofrer e a obra de Deus também, pois com certeza a produtividade será baixa. Se você está precisando de ajudantes fiéis, ore ao Senhor. Ouça também aqueles que estão ao seu lado. Moisés, em um gesto de humildade, ouviu e atendeu os sábios conselhos de Jetro, seu sogro.
Moisés, como líder, era um despenseiro do Senhor e não dono dos israelitas (Êx 18.13-27). Alguns líderes, com o passar do tempo, acabam achando, erradamente, que são os donos das ovelhas e da obra. Puro engano! Diótrefes (3 Jo vv.9,10), tinha uma visão errada a respeito da liderança e passou a se achar dono da congregação. Ele foi duramente criticado por João.
Moisés entendeu bem a lição, pois ao estudarmos sua biografia vemos que ele contou com a ajuda de homens e mulheres. Não podemos nos esquecer que Mirã foi também uma ajudante.
Jesus, como líder, escolheu doze homens para estar com Ele. Estes doze o ajudaram na pregação do Reino de Deus e ao mesmo tempo foram preparados para a partida do Salvador.



SUBSIDIOS001

A Visita de Jetro (18.1-27)
a) A chegada de Jetro (18.1-5). Jetro, sacerdote de Midiã, sogro de Moisés (1), ficou sabendo por meios indiretos o que Deus fizera a Israel. Zípora, a mulher de Moisés (2), tinha voltado para a casa dos pais depois do começo da viagem ao Egito (4.18-26) e lá permaneceu até que Israel chegou a Horebe. Os dois filhos (3) de Moisés nasceram quando ele morava com o sogro em Midiã (2.22; 4.25) e haviam ficado com a mãe. O primeiro filho tinha o nome de Gérson, porque Moisés era peregrino em terra estranha. O segundo filho foi chamado Eliezer (4), porque Moisés ficou livre da espada de Faraó (2.15). Não se sabe de que idade eram nesta ocasião: talvez fossem bastante jovens ou tivessem quase quarenta anos, visto que Moisés permaneceu em Midiã por 40 anos (ver At 7.23,30).
Pelo visto, Jetro chegou justamente quando Israel se aproximava da vizinhança do monte Sinai, chamado o monte de Deus (5; cf. 3.1; 17.6; e 19.1), pouco depois da derrota dos amalequitas, mas antes de chegarem ao monte Sinai.

b) O relato de Moisés a Jetro (18.6-8). O versículo 6, em vez de ser um discurso de Jetro feito diretamente a Moisés, foi provavelmente uma mensagem enviada a Moisés ou uma informação prestada por terceiros acerca da chegada de Jetro (cf. ARA). Ao ser informado, saiu Moisés ao encontro de seu sogro (7). De acordo com o costume oriental, Moisés inclinou-se (“curvou-se em sinal de respeito”, NTLH) e beijou seu sogro. A relação entre estes homens sempre foi de alto respeito. Sempre procuravam o bem um do outro em tudo.

Moisés relatou a Jetro todas as coisas que o SENHOR tinha feito por Israel e como o Senhor dera vitória sobre Faraó e os egípcios (8). Foi cuidadoso em dar a Deus toda a glória e não tomar nada para si. Também contou sobre as adversidades que lhes ocorrera ao longo do caminho e como o SENHOR os livrara.

c) O elogio de Jetro (18.9-12). Para um homem como Jetro alegrar-se ao ficar sabendo dessas ocorrências indica coração aberto diante do SENHOR (9). As nações são reputadas inimigas de Deus, e mais tarde os midianitas o foram (Nm 35). Deus não considerava os egípcios, os amalequitas ou os outros povos seus inimigos apenas porque não eram israelitas; uma nação era má porque as pessoas que a compunham eram más.

Porém, é freqüente Deus ter filhos vivendo entre povos que são maus. Quando Deus encontrava um justo como Jetro Ele o honrava (cf. Melquisedeque, Gn 14.18-20; Abimeleque, Gn 20.6; e Jó, Jó 1.1,8).
Desconhecemos o quanto Jetro sabia sobre o Deus de Israel antes desta ocasião. Seus antepassados eram descendentes de Abraão. Ele era “sacerdote” (cf. v. 1) e, por conseguinte, religioso. Moisés vivera com ele 40 anos, mas isto foi antes da experiência da sarça ardente. Pelo menos o coração de Jetro era sincero. Quando ficou sabendo das ações do Senhor, disse: Bendito seja o SENHOR (10, Yahweh), e, assim, identificou o Deus da vitória de Israel. E verdade que disse que o Senhor era maior que todos os deuses (11), em vez de dizer que era o único Deus. Contudo, esta linguagem é semelhante à que Salomão expressou na dedicação do Templo (2 Cr 2.5) e à que o salmista usou para louvar (SI 135.5).
A concepção que Jetro tinha dos outros deuses era a oposição que faziam ao Senhor (11). Portanto, eram espíritos malignos. A última parte do versículo 11 tem também esta tradução: “[O SENHOR] livrou este povo de debaixo da mão dos egípcios, quando agiram arrogantemente contra o povo” (ARA). As palavras agora sei indicam que Jetro inteirou-se de algo novo e significam que neste momento ele se converteu a Jeová.

A devoção religiosa de Jetro o moveu a fazer holocausto e sacrifícios para Deus (12). Arão e os anciãos de Israel uniram-se na ocasião e comungaram com Jetro. Uniram- se na adoração do mesmo Deus, a despeito da diferença de nacionalidade e cultura. Jetro não se tornou israelita, mas tornou-se um com Israel em seu amor por Jeová.

d) O conselho de Jetro (18.13-23). No dia seguinte, Jetro observou Moisés julgar o povo (13). Moisés exercia a plena função de juiz para estes dois milhões ou mais de pessoas, sem dividir a responsabilidade com os outros. Jetro questionou a sabedoria de Moisés em servir só (14) e manter as pessoas esperando o dia todo para terem seus casos resolvidos.

Moisés apresentou suas razões (15,16) para fazer o trabalho assim: 1) Ele buscava a vontade de Deus para resolver as questões, e 2) aproveitava a ocasião para ensinar ao  povo os estatutos de Deus e as suas leis. Considerando que ele era o único com quem Deus dava sua palavra, ele achava necessário agir diretamente com as pessoas em relação a todos os problemas.
Mas Jetro não ficou satisfeito com estas explicações. O que Moisés estava fazendo não era bom (17). Mesmo um homem de sua força não podia esquecer que era humano e se cansaria (18) com este tipo de procedimento. Jetro disse: Tu só não o podes fazer.

Moisés deveria saber acerca disso, mas ele, como tantos outros, precisava de um amigo para lhe mostrar. Este método não só era trabalhoso em si, mas também causava dificuldades para as pessoas que eram forçadas a esperar na fila. Não podemos deixar de admirar a cortesia e coragem de Jetro. Quem teria a ousadia de corrigir um homem que, sob a direção de Deus, trouxera pragas ao Egito, abrira o mar, arranjara água e pão no deserto e liderava mais de dois milhões de pessoas? Moisés, que recebia ordens diretamente de Deus, agora tinha de ouvir uma mensagem de Deus para ele. Jetro não negou a posição de Moisés como porta-voz de Deus; ele ainda estaria pelo povo diante de Deus (19), quer dizer, representaria o povo perante Deus (ARAj.

Também continuaria sendo tarefa de Moisés ensinar os estatutos e as leis (20) e dirigir o povo no caminho em que deveriam andar e no que deveriam fazer. Contudo, para cumprir sabiamente os propósitos de Deus, Moisés deveria escolher homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza, e colocá-los sobre o povo por maiorais de mil, de cem, de cinqüenta e de dez.
Talvez estes números se refiram a famílias e não a pessoas.59 Os homens serviriam na função de juizes de tribunal inferior e tribunal superior, cada líder de grupo menor responsável a quem estava acima dele. Quem não estivesse satisfeito com uma sentença de instância inferior poderia apelar para um tribunal superior. Isto significaria que inumeráveis sentenças não chegariam a Moisés (22).
Ficamos imaginando por que Moisés não implementara esse processo antes ou usara um plano semelhante. Ele já tinha anciãos e príncipes que representavam o povo em diversas ocasiões. Os conceitos eram famosos no Egito e Jetro conhecia este tipo de organização. As qualificações para estes juizes eram sensatas; tinham “de se preocupar somente com a aprovação de Deus e não com a dos homens, ser imparciais nos veredictos e refratários a subornos” (21).
Jetro teve o cuidado de reconhecer a autoridade do homem com quem falava. Seu desejo era que fosse resolução de Moisés: Se isto fizeres (23). Também não desconsiderava o fato de que Moisés agia sob autoridade divina: E Deus to mandar. Se Moisés visse o bom senso neste método e Deus o dirigisse em sua execução, então ele suportaria o cargo e o povo teria paz.

e) A implementação do novo plano (18.24-27). Moisés percebeu a praticabilidade e sensatez do plano sugerido por Jetro e fez tudo quanto tinha dito (24). Supomos que Moisés buscou e obteve a permissão de Deus para praticar este método. Escolheu os homens necessários e os pôs por cabeças sobre o povo (25). Estes homens eram maiorais e julgavam o povo em todo tempo (26). Os assuntos mais difíceis traziam a Moisés, mas cuidavam das questões menores.

Em Deuteronômio 1.9-18, Moisés narrou detalhadamente a nomeação destes juizes, ali chamados “capitães” e “governadores”. Foram nomeados na ocasião em que Israel  estava a ponto de deixar o monte Sinai após o recebimento da lei. Naquele texto, temos a impressão de que as pessoas tinham voz ativa na escolha dos capitães e governadores (Dt 1.13). Esta informação pode significar que, embora Jetro desse o conselho antes do monte Sinai e do recebimento da lei, a organização só foi implementada em sua totalidade quando Israel estava pronto para prosseguir viagem.
O ministério de Jetro estava concluído. Moisés o despediu para sua terra (27). Pelo visto, Zípora e seus filhos ficaram com Moisés. Encontramos nos versículos 13 a 23 “As Qualificações para Líderes”.
 1) Humildade no aconselhamento, 13-17;
2) Reconhecimento da fraqueza humana, 18;
3) Preocupação pelo melhor de Deus, 19,20,23;
4) Integridade de caráter, 21,22;
5) Boa vontade em obedecer, 24-26.

SUBSIDIOS 002
EXODO
18.1 — Deus queria que a libertação de Israel da escravidão egípcia fosse um feito conhecido em todo o mundo (Êx 15.14,15). As notícias do resgate divino dos israelitas chegaram à remota residência de Jetro, o sacerdote de Midiã. [Para saber mais sobre Jetro, leia Ex 2.18;3.1 ;4-18.]
18.2 — Depois da chocante história da circuncisão do filho de Zípora, a narrativa de Êxodo não a mencionou mais até este versículo (Êx 2.16-21; 4.24-26). Provavelmente, Moisés enviara Zípora de volta à casa do pai dela após o acontecimento traumático. Agora ela visitava Moisés com Jetro. Entretanto, após esta passagem, a esposa do profeta não é mais citada na Bíblia. Posteriormente, Moisés se casa com outra mulher (Nm 12.1).
18.3 — Os dois filhos de Zípora ficam com Moisés e tornam-se parte das tribos de Israel. Contudo, a posterior história da família de Gérson envolveria um terrível escândalo (Jz 18.30).
18.4 — Eliézer significa meu Deus é socorro ou talvez meu Deus é poder. Embora o nascimento e a nomeação de Gérson tenham sido mencionados anteriormente na narrativa (Ex 2.22), é somente  neste ponto na vida do segundo filho (depois do êxodo) — relativamente tarde — que seu nome é citado. Além disso, o nome é relacionado diretamente ao êxodo: me livrou da espada de Faraó. Visto que a nomeação de um menino era feita na época da circuncisão, a demora no relato deste filho e sua associação com a conclusão do êxodo fornecem mais provas ao significado que demos à obscura história em Êxodo 4.24-26. Considerando que o segundo filho não fora circuncidado no oitavo dia de vida, Moisés, o pai, estava correndo risco de perder sua própria vida por causa dessa quebra da aliança. Os acontecimentos acerca da circuncisão do jovem foram tão fortes que o momento — geralmente alegre — da nomeação de um filho não foi vivenciado. Zípora, ao que tudo indica, retornou à casa de seu pai após tudo isso, levando seus dois filhos com ela. Então, no momento em que Moisés viu seu segundo filho novamente, ele deu a este um nome que representava a obra redentora de Deus.
18.5,6 — A linguagem utilizada nestes versículos indica formalidade. Moisés foi adotado pela família de Jetro quando vagava como um homem sem rumo. Seu casamento trouxe algumas obrigações perpétuas. Ele pedira a permissão do pai de sua esposa para retornar ao seu povo, obedecendo ao chamado divino (Êx 4-18). A múltipla repetição do termo sogro nesta passagem (v. 1,2,5- 8,12,14,15,17,24,27) indica que este era mais do que um título familiar. Jetro tinha verdadeira autoridade sobre Moisés.
18.7 — Inclinou-se, e beijou-o. Os antigos hábitos do Oriente Médio de curvar-se e beijar não representavam atos de adoração, mas sinais de respeito e lembretes da obrigação entre duas pessoas. É estranho que a narrativa não mencione o encontro do profeta com sua mulher. Trocaram saudações (nvi) , ou perguntaram um ao outro como estavam (arc) é uma tradução da palavra shalom, que, no hebraico, significa paz.
18.9,10 — Quando Jetro alegrou-se (hadad, um verbo raro em hebraico), ele fez mais do que simplesmente resplandecer felicidade. Seu contentamento veio da ciência do verdadeiro Deus vivo. O sacerdote provavelmente sabia alguma coisa a respeito do Senhor, mas agora o louvava com palavras e da mesma maneira que um genuíno crente.
18.11 — As palavras de Jetro, agora sei que o Senhor é maior, indicam que outrora ele considerou o Senhor como um dos muitos outros deuses, ou talvez o principal dentre estes. Neste versículo, o sogro do profeta declara uma fé plena em Deus como uma divindade suprema. Quanto ao uso do verbo ensoberbeceram (hb. zid, vangloriar-se,  agir presunçosamente), este é encontrado somente em Êxodo 21.14; leia Neemias 9.10,16,29 para ver um importante emprego deste verbo.
18.12 — A oferta em holocausto foi totalmente consumida. Os sacrifícios representavam ofertas com interesses em comum. Os servos do Senhor e os sacerdotes de Midiã comeram juntos, dividindo uma mesma fé no verdadeiro Deus. Esta passagem nos remete àquela em que Abraão celebrou o Senhor com Melquisedeque (Gn 14-18-20).
18.13 — Neste texto, julgar significa proferir decisões.
18.14,15 — A importante conversa entre o profeta e seu sogro mostra um lado bastante humano de Moisés. Ele era motivado por um desejo de fazer tudo de forma correta, mas suas advidades consumiam muito tempo e energia para serem realizadas por apenas um homem. Jetro notou isso naquele dia (v. 17,18).
18.16 — A expressão vem a mim (hb. yarâ, no tema hiphil, fazer saber, dirigir) é uma forma da palavra da qual o substantivo Torá (lei, hb. tôrâ) é derivado. O versículo sugere que as leis do S e nhor eram gerais, na concepção original, e, posteriormente, aplicadas caso a caso. Sem dúvida alguma, muitas das regras específicas no livro de Êxodo são o resultado deste processo: a aplicação dos princípios gerais em situações determinadas (Êx 21.1).
18.17-24 — Há, algumas vezes, a ideia de que os servos do Senhor só aceitam as palavras vindas de outras pessoas de fé. Entretanto, muitos indivíduos que não possuem a mesma crença no verdadeiro Deus vivo têm experiência e entendimento de questões importantes. O sábio é aquele que é capaz de ouvir e aprender coisas boas, não importando sua religião.
18.18,19 — Jetro deu seu grande conselho no contexto de sua nova fé em Deus, mas este foi baseado na experiência e na sabedoria que obteve durante sua vida.
18.20-22 — Moisés seria encarregado de cuidar das questões mais importantes concernentes às instruções de Deus, e os outros homens de sua confiança lidariam com casos mais comuns. Jetro listou apenas cinco qualidades necessárias aos que   auxiliariam Moisés. Sua listagem possui semelhanças com as qualificações dos bispos e diáconos da Igreja no Novo Testamento (1 Tm 3.1-13).
1) Eles, primeiro, deveriam ser homens capacitados, possuindo força, eficiência e prosperidade (Gn 47.6; Rt 3.11; P v 12 .4 ;3 1 .10);
2) Tais indivíduos deveriam ser tementes a Deus e mostrar misericórdia, reverência, humildade e pronta obediência (Gn 22.12);
3) Esses homens também deveriam ser dignos de confiança e agir conforme o caráter de Deus (Êx 34.6);
4) Os ajudantes de Moisés deveriam ser inimigos dos ganhos desonestos, para que não pudessem ser subornados;
5) E, ao serem ordenados, deveriam ser líderes. Em outras palavras, cada homem seria responsável por outros.
18.23 — Deus to mandar. Quaisquer decisões tinham de acontecer conforme a vontade de Deus e ser abençoadas por Ele. Se Moisés seguisse as instruções de Jetro, o povo o procuraria em paz. Na verdade, toda essa organização serviria para o bem-estar geral de Israel.
18.24-27 — Podemos ver claramente o caráter de Moisés neste trecho. Ele aceitou de bom grado, ou seja, deu ouvidos ao conselho e decidiu melhorar a maneira como estava fazendo as coisas. Isso também é um sinal de sua habilidade de liderança e de sua falta de soberba (Nm 12). O registro de que Jetro voltou para sua terra não é uma conclusão moral, mas apenas uma declaração de sua viagem. Ao retornar para sua casa, Jetro disseminaria todo o conhecimento vivenciado acerca do verdadeiro Deus. Faria isso em uma época em que os israelitas conservavam tal entendimento entre seu povo. Jetro, o sacerdote de Midiã, tornou-se Jetro, o ministro do Senhor.

SUBSIDIOS 003
Êxodo 18
Versículos 1-6. Jetro traz a Moisés sua esposa e seus dois filhos;
7-12: Moisés atende ao pedido de Jetro;
13-27: O conselho de Jetro para Moisés.

Vv. 1-6. Jetro veio regozijar-se com Moisés pela felicidade de Israel, e para trazer-lhe sua esposa e seus filhos. Moisés deve ter a sua família consigo, para que, enquanto governa a Igreja de Deus, possa dar um bom exemplo de administrador familiar (1 Tm 3.5).

Vv. 7-12. As conversas acerca das maravilhosas obras de Deus são boas e edificam. Jetro não somente se regozijou pela honra conferida a seu genro, mas por toda a bondade feita para com Israel. Os observadores ficaram muito mais surpresos com os favores que Deus havia mostrado a Israel, do que muitos daqueles que os receberam. Jetro deu a glória ao Deus de Israel. seja o que for que desfrutemos, Deus deve receber o louvor.
Eles se uniram em um sacrifício de ações de graças. A amizade mútua se santifica por meio da adoração conjunta. É muito bom que os familiares e os amigos se unam no sacrifício espiritual de orações e louvores, como pessoas que estão em Cristo. Esta foi uma festa moderada; eles comeram pão e maná. Jetro devia admirar e saborear o pão do céu e, mesmo sendo gentio, era bem-vindo: os gentios são bem-vindos a Cristo, o pão da vida.

Vv. 13-27. Apresenta-se nesta passagem o grande zelo e esforço de Moisés como magistrado. Após ser chamado para redimir Israel da casa da servidão, ele é mais um tipo de Cristo, ao ser empregado para apresentá-lo como legislador e juiz entre eles, se o povo disputava tanto entre si como pelejava com Deus, sem dúvida Moisés deveria ter muitas causas para julgar, quando traziam-nas perante ele. Moisés foi chamado para esta tarefa; parece que a desempenhava com grande cuidado e bondade. O israelita mais humilde era bem acolhido ao apresentar a sua causa perante ele. Moisés dedicava-se ao seu trabalho, desde a manhã até a noite. Jetro julgou que era demasiado trabalho, para que Moisés atendesse a tanta gente sozinho. Além do mais, faria com que a administração da justiça fosse cansativa para o povo. É possível que haja excessos, até mesmo quando alguém se propõe a fazer o bem. A sabedoria é proveitosa para dirigir, a fim de que não nos contentemos  com menos do que o nosso dever, nem nos ocupemos além de nossas forças.
Jetro aconselhou Moisés e propôs-lhe um plano melhor. Os grandes homens não devem somente estudar para que possam ser úteis, como também ter a capacidade de organização, a fim de que os demais também possam ser úteis.
Deve-se ter cautela na escolha das pessoas que são admitidas nesta tarefa. Têm que ser homens de bom senso, que entendam o assunto, e não se amedrontem pela ira, nem pelas queixas, e que aborreçam a prática do suborno. Homens piedosos e de fé, que temam a Deus, que não se atrevam a fazer algo mau, mesmo que o possam fazer em segredo e sem problemas. O temor a Deus fortalecerá o homem, de forma que não caia em tentações e cometa injustiças.
Moisés não desprezou o conselho. Aqueles que se julgam demasiadamente sábios para que possam receber conselhos de outras pessoas, na verdade são tolos.


QUALIFICAÇÕES MORAIS DO PASTOR
1Tm 3.1,2 “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para  ensinar.”

Se algum homem deseja ser “bispo” (gr. episkopos, i.e., aquele que tem sobre si a responsabilidade pastoral, o pastor), deseja um encargo nobre e importante (3.1). É necessário, porém, que essa aspiração seja confirmada pela Palavra de Deus (3.1-10; 4.12) e pela igreja (3.10), porque Deus estabeleceu para a igreja certos requisitos específicos. Quem se disser chamado por Deus para o trabalho pastoral deve ser aprovado pela igreja segundo os padrões bíblicos de 3.1-13; 4.12; Tt 1.5-9.
Isso significa que a igreja não deve aceitar pessoa alguma para a obra ministerial tendo por base apenas seu desejo, sua escolaridade, sua espiritualidade, ou porque essa pessoa acha que tem visão ou chamada. A igreja da atualidade não tem o direito de reduzir esses preceitos que Deus estabeleceu mediante o Espírito Santo. Eles estão plenamente em vigor e devem ser observados por amor ao nome de Deus, ao seu reino e da honra e credibilidade da elevada posição de ministro.

(1) Os padrões bíblicos do pastor, como vemos aqui, são principalmente morais e espirituais. O caráter íntegro de quem aspira ser pastor de uma igreja é mais importante do que personalidade influente, dotes de pregação, capacidade administrativa ou graus acadêmicos. O enfoque das qualificações ministerais concentra-se no comportamento daquele que persevera na sabedoria divina, nas decisões acertadas e na santidade devida. Os que aspiram ao pastorado sejam primeiro provados quanto à sua trajetória espiritual (cf. 3.10). Partindo daí, o Espírito Santo estabelece o elevado padrão para o candidato, i.e., que ele precisa ser um crente que se tenha mantido firme e fiel a Jesus Cristo e aos seus princípios de retidão, e que por isso pode servir como exemplo de fidelidade, veracidade, honestidade e pureza. Noutras palavras, seu caráter deve demonstrar o ensino de Cristo em Mt 25.21 de que ser “fiel sobre o pouco” conduz à posição de governar “sobre o muito”.

(2) O líder cristão deve ser, antes de mais nada, “exemplo dos fiéis” (4.12; cf. 1Pe 5.3). Isto é: sua vida cristã e sua perseverança na fé podem ser mencionadas perante a congregação como dignas de imitação.
(a) Os dirigentes devem manifestar o mais digno exemplo de perseverança na piedade, fidelidade, pureza em face à tentação, lealdade e amor a Cristo e ao evangelho (4.12,15).

(b) O povo de Deus deve aprender a ética cristã e a verdadeira piedade, não somente pela Palavra de Deus, mas também pelo exemplo dos pastores que vivem conforme os padrões bíblicos. O pastor deve ser alguém cuja fidelidade a Cristo pode ser tomada como padrão ou exemplo (cf. 1Co 11.1; Fp 3.17; 1Ts 1.6; 2Ts 3.7,9; 2Tm 1.13).

(3) O Espírito Santo acentua grandemente a liderança do crente no lar, no casamento e na família (3.2,4,5; Tt 1.6). Isto é: o obreiro deve ser um exemplo para a família de Deus, especialmente na sua fidelidade à esposa e aos filhos. Se aqui ele falhar, como “terá cuidado da igreja de Deus?” (3.5). Ele deve ser “marido de uma [só] mulher” (3.2). Esta expressão denota que o candidato ao ministério pastoral deve ser um crente que foi sempre fiel à sua esposa. A tradução literal do grego em 3.2 (mias gunaikos, um genitivo atributivo) é “homem de uma única mulher”, i.e., um marido sempre fiel à sua esposa.

(4) Conseqüentemente, quem na igreja comete graves pecados morais, desqualifica-se para o exercício pastoral e para qualquer posição de liderança na igreja local (cf. 3.8-12). Tais pessoas podem ser plenamente perdoadas pela graça de Deus, mas perderam a condição de servir como exemplo de perseverança inabalável na fé, no amor e na pureza (4.11-16; Tt 1.9). Já no AT, Deus expressamente requereu que os dirigentes do seu povo fossem homens de elevados padrões morais e espirituais. Se falhassem, seriam substituídos (ver Gn 49.4 nota; Lv 10.2 nota; 21.7,17 notas; Nm 20.12 nota; 1Sm 2.23 nota; Jr 23.14 nota; 29.23).

(5) A Palavra de Deus declara a respeito do crente que venha a adulterar que “o seu opróbrio nunca se apagará” (Pv 6.32,33). Isto é, sua vergonha não desaparecerá. Isso não significa que nem Deus nem a igreja perdoará tal pessoa. Deus realmente perdoa qualquer pecado enumerado em 3.1-13, se houver tristeza segundo Deus e arrependimento por parte da pessoa que cometeu tal pecado. O que o Espírito Santo está declarando, porém, é que há certos pecados que são tão graves que a vergonha e a ignomínia (i.e., o opróbrio) daquele pecado permanecerão com o indivíduo mesmo depois do perdão (cf. 2Sm 12.9-14).

(6) Mas o que dizer do rei Davi? Sua continuação como rei de Israel, a despeito do seu pecado de adultério e de homicídio (2Sm 11.1-21; 12.9-15) é vista por alguns como uma justificativa bíblica para a pessoa continuar à frente da igreja de Deus, mesmo tendo violado os padrões já mencionados.
Essa comparação, no entanto, é falha por vários motivos.

(a) O cargo de rei de Israel do AT, e o cargo de ministro espiritual da igreja de Jesus Cristo, segundo o NT, são duas coisas inteiramente diferentes. Deus não somente permitiu a Davi, mas, também a muitos outros reis que foram extremamente ímpios e perversos, permanecerem como reis da nação de Israel. A liderança espiritual da igreja do NT, sendo esta comprada com o sangue de Jesus Cristo, requer padrões espirituais muito mais altos.

(b) Segundo a revelação divina no NT e os padrões do ministério ali exigidos, Davi não teria as qualificações para o cargo de pastor de uma igreja do NT. Ele teve diversas esposas, praticou infidelidade conjugal, falhou grandemente no governo do seu próprio lar, tornou-se homicida e derramou muito sangue (1Cr 22.8; 28.3). Observe-se também que por ter Davi, devido ao seu pecado, dado lugar a que os inimigos de Deus blasfemassem, ele sofreu castigo divino pelo resto da sua vida (2Sm 12.9-14).

(7) As igrejas atuais não devem, pois, desprezar as qualificações justas exigidas por Deus para seus pastores e demais obreiros, conforme está escrito na revelação divina. É dever de toda igreja orar por seus pastores, assisti-los e sustentá-los na sua missão de servirem como “exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (4.12).


OS PASTORES E SEUS DEVERES
At 20.28 “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.”

Nenhuma igreja poderá funcionar sem dirigentes para dela cuidar. Logo, conforme 14.23, a congregação local, cheia do Espírito, buscando a direção de Deus em oração e jejum, elegiam certos irmãos para o cargo de presbítero ou bispo de acordo com as qualificações espirituais estabelecidas pelo Espírito Santo em 1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9. Na realidade é o Espírito que constitui o dirigente de igreja. O discurso de Paulo diante dos presbíteros de Éfeso (20.17-35) é um trecho básico quanto a princípios bíblicos sobre o exercício do ministério de pastor de uma igreja local.

PROPAGANDO A FÉ.
(1) Um dos deveres principais do dirigente é alimentar as ovelhas mediante o ensino da Palavra de Deus. Ele deve ter sempre em mente que o rebanho que lhe foi entregue é a congregação de Deus, que Ele comprou para si com o sangue precioso do seu Filho amado (cf. 20.28; 1Co 6.20; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9).

(2) Em 20.19-27, Paulo descreve de que maneira serviu como pastor da igreja de Éfeso; tornou patente toda a vontade de Deus, advertindo e ensinando fielmente os cristãos efésios (20.27).
Daí, ele poder exclamar: “estou limpo do sangue de todos” (20.26). Os pastores de nossos dias também devem instruir suas igrejas em todo o desígnio de Deus. Que “pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2) e nunca ministrar para agradar os ouvintes, dizendo apenas aquilo que estes desejam ouvir (2Tm 4.3).

GUARDANDO A FÉ.
Além de alimentar o rebanho de Deus, o verdadeiro pastor deve diligentemente resguardá-lo de seus inimigos. Paulo sabe que no futuro Satanás levantará falsos mestres dentro da própria igreja, e, também, falsários vindos de fora, infiltrar-se-ão e atingirão o rebanho com doutrinas antibíblicas, conceitos mundanos e idéias pagãs e humanistas. Os ensinos e a influência destes dois tipos de elementos arruinarão a fé bíblica do povo de Deus. Paulo os chama de “lobos cruéis”, indicando que são fortes, difíceis de subjugar, insaciáveis e perigosos (ver 20.29; cf. Mt 10.16). Tais indivíduos desviarão as pessoas dos ensinos de Cristo e os atrairão a si mesmos e ao seu evangelho distorcido. O apelo veemente de Paulo (20.28-31) impõe uma solene obrigação sobre todos os obreiros da igreja, no sentido de defendê-la e opôr-se aos que distorcem a revelação original e fundamental da fé, segundo o NT.

(1) A igreja verdadeira consiste somente daqueles que, pela graça de Deus e pela comunhão do Espírito Santo, são fiéis ao Senhor Jesus Cristo e à Palavra de Deus. Por isso, é de grande importância na preservação da pureza da igreja de Deus que os seus pastores mantenham a disciplina corretiva com amor (Ef 4.15), e reprovem com firmeza (2Tm 4.1-4; Tt 1.9-11) quem na igreja fale coisas perversas contrárias à Palavra de Deus e ao testemunho apostólico (20.30).

(2) Líderes eclesiásticos, pastores de igrejas locais e dirigentes administrativos da obra devem lembrar-se de que o Senhor Jesus os têm como responsáveis pelo sangue de todos os que estão sob seus cuidados (20.26,27; cf. Ez 3.20,21). Se o dirigente deixar de ensinar e pôr em prática todo o conselho de Deus para a igreja (20.27), principalmente quanto à vigilância sobre o rebanho (20.28), não estará “limpo do sangue de todos” (20.26, ver nota; cf. Ez 34.1-10). Deus o terá por culpado do sangue dos que se perderem, por ter ele deixado de proteger o rebanho contra os falsificadores da Palavra (ver também 2Tm 1.14; Ap 2.2).

(3) É altamente importante que os responsáveis pela direção da igreja mantenham a ordem quanto a assuntos teológicos doutrinários e morais na mesma. A pureza da doutrina bíblica e de vida cristã deve ser zelosamente mantida nas faculdades evangélicas, institutos bíblicos, seminários, editoras e demais segmentos administrativos da igreja (2Tm 1.13,14).

(4) A questão principal aqui é nossa atitude para com as Escrituras divinamente inspiradas, que Paulo chama a “palavra da sua graça” (20.32). Falsos mestres, pastores e líderes tentarão enfraquecer a autoridade da Bíblia através de seus ensinos corrompidos e princípios antibíblicos. Ao rejeitarem a autoridade absoluta da Palavra de Deus, negam que a Bíblia é verdadeira e fidedigna em tudo que ela ensina (20.28-31; ver Gl 1.6 nota; 1Tm 4.1; 2Tm 3.8). A bem da igreja de Deus, tais pessoas devem ser excluídas da comunhão (2Jo 9-11; ver Gl 1.9).

(5) A igreja que perde o zelo ardente do Espírito Santo pela sua pureza (20.18-35), que se recusa a tomar posição firme em prol da verdade e que se omite em disciplinar os que minam a autoridade da Palavra de Deus, logo deixará de existir como igreja neotestamentária (ver 12.5).


SOBRE O CANDIDATO AO MINISTERIO
 1TIMOTEO  3.2 SEJA IRREPREENSÍVEL. O candidato ao ministério deve ser "irrepreensível" (gr. anepilemptos, que significa literalmente "que não se pode atingi-lo"). Isso tem a ver com conduta manifesta e aprovada, inculpável e irrepreensível, desde sua conversão na vida conjugal, na vida doméstica, na vida social e no trabalho. Ninguém deve ser cogitado para o ministério se houver contra ele acusações procedentes de imoralidade ou de transgressões graves. Pelo contrário, deve ser homem de reputação irrepreensível entre os membros da igreja e os de fora (ver v. 7) por ter uma vida cristã exemplar, sem problemas morais, habituais ou incidentais. Este, portanto, pode servir de modelo para todos seguirem (ver 4.12).

3.3 NÃO DADO AO VINHO. Esta expressão (gr. me paroinon, formada de me, que significa "não", e parainon, palavra composta que significa literalmente "ao lado do vinho", "perto de vinho" ou "com vinho"). Aqui, a Bíblia requer que nenhum pastor ou presbítero fique "sentado ao lado do vinho" ou "esteja com vinho". Noutras palavras, não deve beber vinho embriagante, nem ser tentado ou atraído por ele, nem comer e beber com os ébrios (Mt 24.49).

(1) A abstinência total de vinho fermentado era a regra para reis, príncipes e juízes, no AT (Pv 31.4-7). Era, também, a regra para todos que buscavam o mais alto nível de consagração a Deus (Lv 10.8-11; Nm 6.1-5; Jz 13.4-7; 1 Sm 01.14,15; Jr 35.2-6; cf. Pv 23.31).

(2) Aqueles que dirigem a igreja de Jesus Cristo certamente não devem adotar um padrão aquém do que vai aqui. Além disso, todos os crentes da igreja são chamados sacerdotes e reis (1 Pe 2.9; Ap 1.6) e, como tais, devem viver à altura do mais alto padrão de Deus (Jo 2.3; Ef 5.18; 1 Ts 5.6; Tt 2.2).
3.4 GOVERNE BEM A SUA PRÓPRIA CASA. Uma qualificação de destaque para o candidato que aspira ao pastorado é fidelidade no casamento e nos relacionamentos familiares.

3.7 QUE TENHA BOM TESTEMUNHO. O pastor ou candidato ao pastorado deve ter "bom testemunho" de dois grupos:
(a) dos de dentro, i.e., os membros da igreja (vv. 1-6); e
(b) dos de fora, i.e., os que não pertencem à igreja (v. 7). Deve sempre ter tido uma vida justa de acordo com o evangelho de Cristo.

3.8 OS DIÁCONOS. Diácono (gr. diakonos) significa "servo". Uma das funções deles na igreja do NT é vista em At 6.1-6. Deviam ajudar os pastores, cuidando dos assuntos temporais e materiais da igreja de tal maneira que os pastores pudessem dedicar-se à oração e ao ministério da Palavra (At 6.4). As qualificações espirituais dos diáconos são essencialmente as mesmas dos pastores (cf. vv. 1-7 com vv. 8-13; ver At 6.3).

3.8 NÃO DADOS A MUITO VINHO. A respeito dessa qualificação, deve notar-se o seguinte (ver também v. 3):

(1) É moralmente inconcebível que o apóstolo estivesse aprovando o uso moderado de todos os tipos de vinho existentes nos dias dele. Muitos vinhos eram compostos e perigosos (cf. Pv 23.29-35).

(2) Alguns interpretam as palavras de Paulo no sentido que os diáconos não deviam ser beberrões habituais, e que assim ele tolerava o uso moderado de bebidas alcoólicas. Paulo, no entanto, declara que a embriaguez é um pecado tão terrível que exclui a pessoa do reino de Deus (1 Co 6.10). É absurdo, portanto, dizer que Paulo exigiu como um dos altos padrões para os diáconos (cf.v. 2), que eles não fossem beberrões habituais (i.e., incrédulos). Logo, Paulo deve ter em mente um sentido diferente de "vinho", que não era o embriagante.

(3) Longe de tolerar o uso "moderado" de bebidas alcoólicas, Paulo estava certamente advertindo contra o excessivo desejo e uso de vinhos não-fermentados, em meio a uma sociedade pagã. O apego até mesmo ao vinho não embriagante era um vício comum nas sociedades pagãs, e correspondia à glutonaria (ver Plínio, História Natural, 14.28.139). Paulo estava enfatizando o autocontrole em todas as áreas da vida, inclusive nas coisas boas (ver Pv 25.27, onde está dito que não é bom comer "muito mel").

(4) O apóstolo Paulo não ficou sozinho nesse tipo de admoestação. A literatura rabínica contém advertências a respeito do uso excessivo do suco doce de uva, sem fermentação. Essa literatura refere-se a tirosh, uma bebida de uva que inclui "todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não o vinho fermentado" (Tosef., Ned. IV.3); que "se for bebido com moderação, contribui para a liderança... se for bebido excessivamente, leva à pobreza" (Yoma, 76b). "Quem a bebe habitualmente, empobrecerá com certeza".

3.15 IGREJA... COLUNA E FIRMEZA DA VERDADE. A igreja deve ser o fundamento da verdade do evangelho. Ela sustenta e preserva a verdade revelada por Cristo e pelos apóstolos. Ela recebeu esta verdade para obedecê-la (Mt 28.20), escondê-la no coração (Sl 119.11), proclamá-la como "a palavra da vida" (Fp 2.16), defendê-la (Fp 1.17) e demonstrar seu poder no Espírito Santo (Mc 16.15-20; At 1.8; 4.29-33; 6.8).


SOBRE O CANDIDATO AO MINISTERIO 01
TITO  1.5 ESTABELECESSES PRESBÍTEROS, COMO JÁ TE MANDEI. Todos os ministérios pastorais devem ter como base a mensagem de Jesus Cristo conforme pregada pelos apóstolos; isso quer dizer, devem fundamentar-se no padrão apostólico dos versículos 5-9 e 3.1-7. O ministério é autêntico somente à medida que conserva a Palavra fiel de conformidade com o ensino do NT (v. 9; At 14.23; ver Ef 2.20).

1.7 BISPO. As palavras "presbítero" (gr. presbuteros, v. 5) e "bispo" (gr. episkopos, v. 7) são equivalentes e se referem ao mesmo cargo eclesiástico. "Presbítero" indica a maturidade e dignidade espirituais necessárias ao cargo; "bispo" se refere ao trabalho de supervisionar a igreja como administrador da casa de Deus.

1.7 CONVÉM QUE O BISPO SEJA IRREPREENSÍVEL. Deus requer os mais altos padrões morais para os ministros da Igreja. Deus sabe que se os líderes não forem irrepreensíveis, a igreja se afastará da justiça por causa da falta de exemplos piedosos que sirvam como modelos de vida para o crente.

1.9 RETENDO FIRME A FIEL PALAVRA. O presbítero não somente deve estar à altura dos padrões morais e espirituais citados em 1.6-8, como também deve comprometer-se a reter firme o testemunho apostólico original a respeito da obra salvífica de Jesus Cristo, amá-la, conhecê-la e dar sua vida por ela. Isso é essencial por duas razões.
(1) Deve saber ensinar, encorajar e exortar com a Palavra de Deus a fim de levar os corações e mentes do povo de Deus à sincera devoção a Cristo, à verdade e à justiça (cf. 2 Tm 4.2).
(2) Deve saber corrigir os que ensinam coisas contrárias às Escrituras, a fim de conduzi-los à verdade (2 Tm 2.24-26). Se recusarem a correção, deverá convencer os demais crentes da igreja quanto à falsidade desses ensinos contrários.



SOBRE OS LIDERES
1PEDRO  5.1-4 — Os líderes cristãos devem servir a Deus fielmente, lembrando-se sempre de que o que Ele tem preparado para nós é imensurável, jesus deixou isso bem claro para Pedro em Mateus 19.27-29.
5.1 — Pedro se via no mesmo patamar que o resto dos presbíteros.
Participante é a palavra-chave da epístola aos Hebreus (Hb 3.1,14). Ela nos mostra que faremos parte do Reino de Cristo quando Ele voltar (Rm 8.17; Ap 2.26-28; 5.9,10). Pedro já sentia que em parte estava participando da glória que um dia ele experimentaria totalmente.
5.2 — Apascentai o rebanho de Deus. Um pastor israelita nos tempos antigos ia à frente de suas ovelhas para guiá-las; ele jamais deixava que elas seguissem diante dele. Do mesmo modo, os líderes cristãos devem guiar o povo de Deus: alimentando-o, protegendo-o e guiando-o (Jo 21.15-17). Eles também devem sempre se lembrar de que têm a responsabilidade de apascentar o rebanho que pertence a Deus, não a eles.
Tendo cuidado. Os líderes eclesiásticos têm de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para cuidar de suas ovelhas e assegurar que elas vivam de acordo com a Palavra de Deus.
Não por força. A obra do ministério deve ser feita com alegria, não por obrigação.
Nem por torpe ganância. Os líderes cristãos devem estar seguros de que seu ministério não é motivado pelo dinheiro, mas pelo desejo de fazer o bem àqueles que estão sob sua responsabilidade (1 Tm 3.3, 8; Tt 1.11).
5.3 — Nem como tendo domínio. Repetindo o que ouviu de Jesus em pessoa durante Seu ministério terreno, Pedro lembra a todos os líderes cristãos que eles devem portar-se como servos junto àqueles que Deus entregou aos seus cuidados, não como senhores (Mt 20.25-28; Mc 10.42-45).
Servindo de exemplo. Os líderes cristãos devem ser um modelo de santidade para os outros cristãos (Fp 3.17; 2 Ts 3.9; 1 Tm 4.12). O próprio Cristo deu exemplo a todos nós (Jo 13.15).
5.4 — Sumo Pastor. Jesus também é chamado, em outra ocasião, de Pastor (1 Pe 2.25), de bom Pastor (Jo 10.11-14) e de o grande Pastor (Hb 13.10).
Coroa de glória. Deus garante que os pastores que lhe servem fielmente, segundo o que dizem os v. 2-3, receberão um galardão eterno quando vier o Reino de Cristo.


1TIMOTEO  3.1-16 — Na discussão sobre como se portar na casa de Deus, Paulo se volta agora para o líder.
Há dois oficiais na igreja, segundo as Escrituras: o bispo (gr. episkopos), pastor, ministro ou presbítero e o diácono (gr. diakonos). O pastor ou pregador do evangelho deve viver para o evangelho e do evangelho (1 Co 9.14). É este o seu chamado.
O diácono serve na igreja local, mas não vive somente para esse fim nem desse serviço; nenhuma passagem diz que seja chamado para isso, inclusive como forma de sustento. Não há padrões duplos de vida cristã. O que deve se aplicar a todo cristão tem de se aplicar aos líderes na casa de Deus. E muito adequado que haja padrões de conduta para os líderes em uma igreja local. Aqui está uma boa lista como referência.

3.1 — Episcopado. Esta palavra grega se refere a uma pessoa que se encontra na posição de supervisionar uma congregação cristã. Em muitas passagens do Novo Testamento, as palavras gregas para bispo e presbítero são usadas de forma alternada como referência ao mesmo cargo (Tt 1.5-7).

3.2 — Irrepreensível significa alguém não sujeito a punição ou repreensão. A ideia não é que um bispo ou ministro não cometa mais pecado, mas, sim, que mostre uma conduta cristã madura e consistente que não dá margem para vir a ser acusado de algum erro grave. O sentido literal de marido de uma mulher é o tipo de homem de uma só mulher. Essa expressão tem sido interpretada como uma forma de excluir do cargo todos os que sejam imorais ou polígamos, ou como referência específica àqueles que se casem novamente após uma separação ou divórcio. É uma qualificação também para os diáconos (v. 12). Sóbrio significa sem bebida, lúcido; significa ter controle do próprio corpo e da mente. E um estado de espírito de equilíbrio, resultante de autocontrole. Honesto significa sincero e disciplinado. Hospitaleiro significa que recebe bem os estranhos. A casa de um ministro cristão deve estar aberta aos propósitos do ministério.
Apto para ensinar também poderia ser traduzido por qualificado para ensinar ou que se dispõe a ensinar. Uma vez que tem a ver com caráter, parece melhor entender essa qualificação como de alguém que se dispõe a ensinar, como uma necessidade para o homem de Deus (1 Timóteo
5.17; 2 Timóteo 2.24; Tito 1.9 mostram a exigência de o presbítero ser capaz de ensinar).

3.3 — Não dado ao vinho significa não viciado em bebida alcoólica. Não espancador tem sido traduzido também por não violento. O bispo ou  presbítero não deve ser propenso a briga, a violência e a querer agredir fisicamente as pessoas.
Não cobiçoso de torpe ganância. Não deve ter uma atitude egoísta em relação ao dinheiro ou aos bens. Isso é também uma advertência para os líderes de igrejas quanto à devida administração das finanças da casa de Deus.
Não contencioso significa que não discute, não cria problemas; é a qualidade do homem pacífico. O bispo ou presbítero deve contender pela fé, sem ser contencioso. Não avarento significa literalmente que não ama a prata (1 Tm 6.9). Observe que essa é a segunda advertência aqui sobre dinheiro. Alguns presbíteros em Éfeso estavam recebendo ajuda financeira para o ministério (1 Tm 5.17,18). Paulo os exorta para que não deixem que o desejo de obter seu ganho se tome sua maior prioridade.

3.4 — Governe significa que se coloque diante de, ou administre. A sua própria casa.
O presbítero deve administrar bem sua própria família. Seus filhos devem submeter- se à sua liderança com modéstia e respeito.
3.5 — Se um ministro for incapaz de governar a própria família, não terá cuidado devidamente de sua igreja. Ao passar de governar para ter cuidado, Paulo enfatiza o carinho do presbítero em sua função de apascentar a igreja local.
3.6 — Neófito significa novo, recém-plantado. O presbítero não deve ser um cristão novo, recentemente convertido. Ensoberbecendo-se prevê a situação delicada em que pode se colocar um líder se for um novo convertido. A soberba é considerada como a condenação do diabo (Ez 28.11-19).
3.7 — Bom testemunho.O presbítero deve ter boa reputação na comunidade (At 6.3). Não deve dar motivo para afronta ou insulto de descrentes a ele. O bom testemunho do presbítero evita o laço do diabo, ou seja, a cilada, ou armadilha, de Satanás (2 Tm 2.26).
3 .8 -1 3 — Da mesma sorte. Qualificações similares aplicam-se aos diáconos, que também eram ministros na Igreja primitiva. Eles tinham a responsabilidade especial de visitar e ministrar a palavra e ajuda aos necessitados. Os sete  escolhidos em Atos 8.3-6 para aliviar a carga dos apóstolos na distribuição de comida são considerados como os primeiros diáconos da história da Igreja (At 6.2-4).
3.8 — Os diáconos ocupam a segunda posição de liderança na congregação local. A palavra grega usada para diácono significa servo. Este versículo e Filipenses 1.1 demonstram que esse cargo foi realmente estabelecido na Igreja primitiva.
De língua dobre. Esta expressão se refere ao mexerico, mais especificamente quando se diz uma coisa a uma pessoa e outra diversa a outra pessoa.
3.9 — O mistério da fé é a doutrina esclarecida no versículo 16 como a encarnação de Deus. Ao tornar-se carne para servir à humanidade (Mc 10.43-45), o Filho de Deus tornou-se a personificação do serviço.
3.10 — Provados. Os diáconos devem ser avaliados, observados e aprovados antes de designados para o cargo. Por esse processo de aprovação, devem ser considerados irrepreensíveis ou inculpáveis em seu caráter.
3.11 — Da mesma sorte as mulheres. A expressão similar do versículo 8 parece indicar que
Paulo estava falando de outro cargo no corpo local: a diaconisa. Tal como os diáconos (v. 8-10,12,13), essas mulheres dedicavam-se ao serviço sob a liderança de presbíteros. Alguns
interpretam esse versículo como referência não a um cargo, mas às esposas dos diáconos. 3.12,13 — Um incentivo duplo é oferecido aos diáconos que servem bem. Primeiro, receberão boa posição, ou respeito. Isso está relacionado principalmente à sua posição na congregação, mas também à sua recompensa maior pelo serviço ante o tribunal de Cristo (Rm 14.10; 1 Co 3.10-15; 2 Co 5.10). Segundo, desenvolverão sua confiança na fé. Os servos fiéis desenvolvem sua fé e convicção em sua caminhada cristã.
3.14 — Paulo deseja unir-se a Timóteo em Éfeso (1 Tm 1.3).
3.15 — O objetivo de Paulo ao escrever sua primeira carta a Timóteo era dar-lhe instruções sobre como uma congregação local e sua liderança deveriam funcionar. Igreja do Deus vivo. A Igreja se manifesta em reuniões locais por todo o mundo.
A coluna e firmeza da verdade. Comportamento impróprio e desordem na igreja local enfraquecem a sustentação da verdade de Deus no mundo.
Mulheres e homens piedosos que se reúnem em congregações locais para adorar ao Senhor formam uma igreja que testifica da verdade de Deus para todos os outros.
3.16 — Este versículo contém um hino antigo da Igreja. O hino consiste em três parelhas de versículos. Que se manifestou em carne se refere, naturalmente, à encarnação de Cristo, ao fato de que Deus se fez homem e habitou entre nós (Jo 1.14). Justificado em espírito diz respeito à obra do Espírito Santo no ministério e na ressurreição de Jesus (Mt 3.15-17; Jo 16.7,10; Rm 1.4).
Visto dos anjos fala do testemunho angelical do ministério e da ressurreição de Cristo. Pregado aos gentios se refere à proclamação de Cristo às nações (Cl 1.23). Crido no mundo é a resposta dos homens e dos povos ao plano de salvação de  Deus (1 Co 1.18-25). Recebido acima, na glória se refere à ascensão de Cristo, que está sentado na presença de Deus, no céu (At 1.9; Hb 1.3,4).

EXODO  18.21 PROCURA HOMENS CAPAZES. O conselho que Jetro deu a Moisés, sobre delegação de autoridade a homens de Deus, para maior eficiência e resultados na obra do Senhor, continua  válido hoje. O texto menciona várias qualificações de líderes do povo de Deus, os quais devem ser:
(1) pessoas capazes,
(2) pessoas que temem a Deus,
(3) pessoas instruídas na verdade e  totalmente dedicadas à sua causa,
(4) pessoas que abominam o ganho desonesto e que, por isso, estão livres da cobiça e do amor ao dinheiro.

MATEUS  28.19 IDE... ENSINAI... BATIZANDO. Estas palavras constituem a Grande Comissão de Cristo a todos os seus seguidores, em todas as gerações. Declaram o alvo, a responsabilidade e a outorga da tarefa missionária da igreja.
(1) A igreja deve ir a todo o mundo e pregar o evangelho a todos, de conformidade com a revelação no NT, da parte de Cristo e dos apóstolos (ver Ef 2.20). Esta tarefa inclui a responsabilidade primordial de enviar missionários a todas as nações (At 13.1-4).
(2) O evangelho pregado centraliza-se no arrependimento e na remissão (perdão) dos  pecados (Lc 24.47), na promessa do recebimento de o dom do Espírito Santo (At 2.38), e na exortação de separar-nos desta geração perversa (At 2.40), ao mesmo tempo em que esperamos a  volta de Jesus, do céu (At 3.19,20; 1 Ts 1.10).
 (3) O propósito da Grande Comissão é fazer discípulos que observarão os mandamentos de Cristo. Este é o único imperativo direto no texto original deste versículo. A intenção de Cristo não é que o evangelismo e o testemunho missionário resultem apenas em decisões de conversão. As energias espirituais não devem ser concentradas meramente em aumentar o número de membros da igreja, mas, sim, em fazer discípulos que se separam do mundo, que observam os mandamentos de Cristo e que o seguem de todo o coração, mente e vontade (cf. Jo 8.31).
(4) Note-se, ainda, que Cristo nos ordena a concentrar nossos esforços para alcançar os perdidos e não em cristianizar a sociedade ou assumir o controle do mundo. Aqueles que crêem em Cristo devem abandonar o presente sistema mundano maligno e separar-se da sua imoralidade (Rm 13.12; 2 Co 6.14), e ao mesmo tempo expor a sua malignidade (Ef 5.11).
(5) Os que crêem em Cristo e no evangelho devem ser batizados em água. Este ato representa o compromisso que assumiram, de renúncia à imoralidade, ao mundo e à sua própria natureza pecaminosa e de se consagrar sem reservas a Cristo e aos propósitos do seu reino (ver At 22.16 nota sobre o batismo em água).
(6) Cristo estará com seus seguidores obedientes, através da presença e do poder do Espírito Santo (cf. v. 20; 1.23; 18.20). Devem ir a todas as nações e testemunhar somente depois que do alto sejam revestidos de poder (Lc 24.49; ver At 1.8).


A NOMEAÇÃO E OS DEVERES DOS LÍDERES DA IGREJA
1 Timóteo 3:1-7.
Esta passagem é interessante, além disso, porque nos relata algo a respeito do nomeação, os deveres e das condições de serviço dos líderes da Igreja.
(1) Eram apartados oficial e formalmente para sua função. Tito devia ordenar anciãos em todas as Igrejas (Tito 1:5). Aquele que ocupava uma acusação na Igreja não é nomeado em segredo; é ordenado e afastado para suas funções em público. Todos conhecem sua posição, e para os homens ele representa a Igreja; a honra da Igreja se deposita publicamente em suas mãos.
(2) Deviam passar por um período de prova. Em primeiro lugar deviam ser provados (1 Timóteo 8:10). Ninguém constrói uma ponte nem fabrica uma peça de maquinaria com metal que não foi exposto a provas. A Igreja faria bem em ser mais estrita do que é ao provar àqueles que são escolhidos para exercer sua direção.
(3) Era-lhes pago pela tarefa que tinham que fazer. O operário é digno de seu salário (1 Timóteo 5:18). O dirigente cristão não trabalha pelo pagamento, mas tem que viver, e o dever da Igreja que o escolhia para a tarefa era proporcionar-lhe os meios de vida.
(4) Os podia censurar (1 Timóteo 5:19-22). Na Igreja primitiva o encarregado tinha uma dobro função. Na verdade, era o líder e o diretor da Igreja; mas era também o servo e o funcionário da Igreja. Devia manter a atitude do que não deve prestar contas perante ninguém. Deve  lhe render contas a Deus e às pessoas sobre a qual Deus lhe deu a tarefa de presidir.
(5) Tinham a tarefa de presidir a assembléia cristã e de ensinar à congregação (1 Timóteo 5:17). O funcionário cristão tem a dupla tarefa de administrar e instruir. Bem pode ser que uma das tragédias da Igreja moderna seja que a função administrativa de seus funcionários usurpou quase por completo a função de ensinar. Por exemplo, é triste ver quão poucos anciãos da Igreja estão comprometidos ativamente na tarefa de ensino nas escolas dominicais.
(6) Um conselho muito interessante é que os funcionários das Igrejas não sejam neófitos, pessoas recentemente convertidas. dão-se duas razões para isto. A primeira delas é bastante clara. É "não seja que envaidecendo-se..." A segunda razão não é tão clara. Como diz nossa versão: "... caia na condenação do diabo". Há três explicações possíveis para essa frase estranha.
(a) O orgulho causou a queda do diabo. O orgulho fez com que Lúcifer se rebelasse contra Deus, e fora expulso do céu. E pode ser que esta seja simplesmente uma segunda advertência contra o perigo do orgulho.
(b) Pode significar que, se o converso adiantado muito rapidamente faz-se culpado de orgulho, dá-lhe ao diabo uma oportunidade para elevar suas acusações contra ele. Um funcionário eclesiástico presunçoso dá ao diabo oportunidade de dizer, aos que criticam à Igreja: "Olhem! Ali está seu cristão! Ali está o membro de sua Igreja! Assim é um funcionário!" O funcionário que é culpado de orgulho dá ao diabo a oportunidade de sussurrar sua acusação contra a Igreja no ouvido daqueles para os que toda oportunidade é boa para criticar à Igreja.
(c) A palavra diabolos tem dois significados. Significa diabo. Mas também significa caluniador. É em realidade a palavra que se utiliza para dizer caluniador no versículo 11, na frase em que se proíbe às mulheres ser caluniadoras. Assim, pois, esta frase pode significar que a pessoa recém convertida, que foi escolhida para ocupar um cargo, e que  a conduta indigna é munição para aqueles que estão mal dispostos para com a Igreja e a criticam. Não importa como o entendamos, o grande fato é que o funcionário da Igreja orgulhoso e presunçoso é um mau testemunho.
Mas como o considerava a Igreja primitiva, a responsabilidade de seus funcionários não começava e terminava nela. Tinha outras duas esferas de responsabilidade, e se falhava nelas, era provável que falhasse também na Igreja.
(1) Sua primeira esfera de serviço era seu próprio lar. Se um homem não sabia como dirigir seu próprio lar, como podia comprometer-se com a tarefa de dirigir a uma congregação? (1 Timóteo 3:5). Não se podia esperar que um homem que não tinha tido êxito em formar um lar cristão, tivesse ao reunir uma Igreja cristã. Seria improvável que um homem que não tivesse instruído a sua própria família fora a pessoa correta para instruir a família da Igreja. A tarefa da Igreja não atribui nenhuma virtude nem autoridade a ninguém, se ao levá-la a cabo, descuida seu lar e sua família. Como a caridade, a tarefa cristã começa no lar.
(2) Tem uma segunda esfera de responsabilidade no mundo. Deve ter "bom testemunho dos de fora" (1 Timóteo 3:7). Deve ser uma pessoa que haja ganho o respeito de seus semelhantes nas tarefas e questões cotidianas da vida. Nada danificou tanto a Igreja quanto a imagem de pessoas que dentro delas são ativas e respeitáveis e cujos negócios e vida social desmentem a fé que professam e os preceitos que ensinam. O funcionário cristão antes que nada deve ser uma boa pessoa.


O CARÁTER DO LÍDER CRISTÃO
1 Timóteo 3:1-7 (continuação)
Acabamos de ver que o líder cristão deve ser um homem que tenha ganho o respeito de todos. Nesta passagem há uma grande série de palavras e frases que descrevem este caráter cristão; e será valioso  considerar cada uma delas separadamente. Antes de fazê-lo seria interessante pôr junto a elas duas famosas descrições do caráter necessário escritas por grandes pensadores pagãos.
Diógenes Laertes (7:16-126) faz-nos chegar a descrição estóica de um homem bom. Deve estar casado; não deve ser orgulhoso; deve ser moderado; deve combinar uma mente prudente com a excelência de seu comportamento externo.
Um escritor chamado Onossander tem uma descrição do caráter do comandante ideal. Deve ser prudente, controlado, sóbrio, frugal, constante no trabalho, inteligente, sem amor ao dinheiro, nem jovem nem velho, se for possível pai de uma família, capaz de falar com competência, e de boa reputação. É interessante ver como, quando se chega à descrição da verdadeira hombridade, as descrições pagãs e cristãs coincidem.
O líder cristão deve ser irrepreensível (anepileptos). A palavra anepileptos utiliza-se para referir-se a uma posição que não está exposta ao ataque, a uma vida que não está exposta à censura, a uma arte ou técnica que é tão perfeita que não se pode encontrar falhas, a um acordo que é inexpugnável e inviolável. O dirigente cristão deve ser um homem que não só esteja livre destas faltas que podem ser atacadas com acusações definidas, deve ser um homem de qualidades tão excelentes que esteja fora de toda critica. Os gregos definiam o significado da palavra como "não proporcionando o que um adversário possa aferrar-se". Este é o ideal da perfeição. Não seremos capazes de alcançá-lo plenamente; mas o fato é que o líder cristão deve tentar oferecer ao mundo uma vida de tal pureza e nobreza que não deixe lugar nem sequer para a crítica de si mesmo.
O líder cristão deve ser marido de uma só mulher. Alguns poderiam crer que o líder cristão deve ser casado, e é possível que esta frase queira dizer isso; e é certo que um homem casado pode receber confidências e brindar ajuda de uma maneira que o homem solteiro não pode fazê-lo, e que pode outorgar uma compreensão e uma simpatia  especiais em muitas situações da vida. Alguns diriam que isto significa que o líder cristão não se pode casar pela segunda vez, nem sequer depois da morte de sua esposa. Para apoiar isto citariam os ensinos de Paulo em 1 Coríntios 7. Mas em seu contexto aqui podemos estar bastante seguros de que isto significa que o líder cristão deve ser um marido fiel, que preserve o matrimônio em toda sua pureza.
Mais tarde, os Cânones Apostólicos estabeleceram: "Aquele que esteja envolto em dois matrimônios, depois de um batismo, ou que viva com uma concubina, não pode ser um episkopos, um bispo".
Podemos nos perguntar: Por que é necessário estabelecer regras que parecem muito óbvias? Devemos compreender o estado em que estava o mundo no qual se escreveu isto. Tem-se dito, e é certo, que a única virtude totalmente nova que o cristianismo trouxe para o mundo é a virtude da castidade. É em muitos aspectos que o mundo antigo estava num estado de caos moral. Isto é certo até com relação ao mundo judeu. Ainda que pareça surpreendente, havia judeus que ainda criam na poligamia e a praticavam.
No Diálogo com Tritón, no qual Justino Mártir conversa a respeito do cristianismo com um judeu, diz-se que "até agora é possível que um judeu tenha quatro ou cinco esposas" (Diálogo com o Tritón 134). Josefo pôde escrever: "Devido a costumes ancestrais um homem pode viver com mais de uma esposa" (Antiguidades 17:1,2).
Além destes casos incomuns, o divórcio era tragicamente fácil no mundo judeu. Os judeus tinham os ideais mais altos com relação ao matrimônio. Diziam que um homem devia entregar sua vida antes de cometer um assassinato, cair na idolatria ou no adultério. Criam que os casamentos se faziam no céu. Na história do casamento de Isaque e Rebeca diz-se: "De Jeová saiu isto" (Gênesis 24:50). Interpretou-se isto como se o casamento tivesse sido arrumado por Deus. Também diz-se em Provérbios: "Mas do Senhor é a mulher prudente" (Provérbios 19:14). Na história de Tobias o anjo diz a Tobias: "Não temas porque ela foi preparada para isto desde o começo" (Tobias 6:17). Assim, pois, os  rabinos diziam: "Deus está sentado no céu resolvendo bodas". "Quarenta dias antes de que se forme o menino, uma voz celestial proclama seu casal".
Mas apesar de tudo isto a lei judia permitia o divórcio. O casamento era sem dúvida alguma o ideal, mas se permitia o divórcio. O casamento era "inviolável, mas não indissolúvel". Os judeus sustentavam que uma vez que o ideal do casamento se viu quebrado pela crueldade, a infidelidade ou a incompatibilidade, era muito melhor permitir um divórcio e deixar que os membros do casal começassem tudo novamente. Isto bem poderia ser, mas a grande tragédia da lei judia sobre divórcio era que a esposa não tinha nenhum direito.
Josefo diz: "Para nós é legal que um marido dissolva seu casamento, mas uma esposa, abandonar a seu marido, não pode casar-se com outro, a não ser que o primeiro marido a despeça" (Antiguidades, 15:8,7). Em caso de divórcio por consentimento, na época do Novo Testamento, requeriam-se nada mais que duas testemunhas, e nenhum juízo. Um marido podia se despedir de sua mulher por qualquer causa; como máximo uma esposa podia pedir ao tribunal que obrigasse a seu marido a escrever um certificado de divórcio, mas o tribunal nem sequer podia obrigá-lo a fazer isso.
Em face desta situação existente entre os judeus as coisas chegaram a tal extremo que "as mulheres se negavam a contrair casamento, e os homens envelheciam celibatários". Pôs-se um freio a este processo por meio da legislação que introduziu Simão Ben Shetah. Uma esposa judia sempre levava a seu marido um dote que se chamava Kethubah. Simão estabeleceu que o homem tinha o uso irrestrito do kethubah, sempre que permanecesse casado com sua esposa, mas se ele se divorciava estava obrigado a devolver-lhe ainda que tivesse que "vender seu cabelo" para fazê-lo. Isto conteve o divórcio, mas o sistema judeu sempre esteve viciado pelo fato de que a esposa não tinha nenhum direito.
No mundo pagão, o estado das coisas era imensamente pior. Ali também, de acordo com a lei romana, uma esposa não tinha direitos.

ELABORADO PELO EVANGELISTA; NATALINO DOS ANJOS
PROFESSOR DA E.B.D e PESQUISADOR
DIRIGENTE DA CONGREGAÇÃO DA ASSEMBLEIA DE DEUS(MISSÃO)
NO BAIRRO NOVO HORIZONTE - CIDADE DE GUIRATINGA - MT.
PASTOR PRESIDENTE: Pr EDSEU VIEIRA

FONTES DE PESQUISA;
COMENTARIO BIBLICO BEACON – VELHO TESTAMENTO
O NOVO COMENTARIO  BIBLICO  AT. – Earl Radmacher – Ronald B. Allen – e H.
COMENTARIO BIBLICO V.T. – MATEU HENRY
BIBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL















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