Lições Bíblicas CPAD
- Jovens e Adultos
2º Trimestre de 2014
Título: Dons Espirituais e Ministeriais — Servindo a Deus e
aos homens com poder extraordinário
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 7: O Ministério de Profeta
Data: 18 de Maio de 2014
TEXTO ÁUREO
“E a uns pôs Deus na
igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro,
doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos,
variedades de línguas” (1Co 12.28).
VERDADE PRÁTICA
O ministério de
profeta é fundamental para a Igreja de Cristo nos dias atuais.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - At 3.22 Jesus
— o profeta prometido
Terça - At 11.27 Profetas
na igreja primitiva
Quarta - Lc 11.49 Profetas
enviados por Deus
Quinta - 1Co 14.3 O
ministério do profeta
Sexta - 1Ts 5.20 Não
despreze as profecias
Sábado - Ap 3.22 O
Espírito fala às igrejas
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Coríntios 12.27-29; Efésios 4.11-13.
1 Coríntios 12
27 - Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus membros em
particular.
28 - E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos,
em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois,
dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.
29 - Porventura, são todos apóstolos? São todos profetas?
São todos doutores? São todos operadores de milagres?
Efésios 4
11 - E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para
profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
12 - querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo,
13 - até que todos cheguemos à unidade da fé e ao
conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa
de Cristo.
INTERAÇÃO
O ministério de
profeta é um dom de Deus para a igreja atual. O profeta é chamado para falar
segundo o coração do Pai. Nem sempre sua mensagem é aceita. No Antigo
Testamento alguns sofreram perseguições terríveis por trazer aos israelitas a
mensagem divina.
Em o Novo Testamento os profetas não perderam a
preeminência. Eles, juntamente com os apóstolos, eram as colunas da Igreja.
Atualmente, temos a Bíblia, a profecia maior, porém o Senhor continua a
levantar e a usar seus porta-vozes para revelar a sua mensagem ao seu povo.
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
Descrever a função do profeta no Antigo Testamento.
Compreender o ofício do profeta em o Novo Testamento.
Discernir o verdadeiro do falso profeta.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para introduzir o terceiro tópico da
lição reproduza na lousa a seguinte afirmação: “De todos os dons espirituais,
um dos que mais devemos desejar é seguramente o de discernimento. Nós ouvimos
muitas vozes e não podemos seguir todas elas (Gilbert Kirby) [por outro lado] a
palavra de Deus ensina que a nossa razão é parte da imagem divina na qual Deus
nos criou” (Cristianismo Equilibrado, CPAD, pp.12,22). Após a leitura, discuta
com os alunos sobre o texto ora lido. Em seguida, à luz de Mateus 7.15-20,
argumente sobre a necessidade de identificarmos a figura do falso profeta e não
deixarmos nos enganar por ele.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Profeta: Porta-voz oficial da divindade.
A lição desta semana
versa sobre o dom ministerial de profeta. Estudaremos alguns aspectos deste dom
à luz da Bíblia, mas também considerando o contexto histórico e cultural do
Antigo e do Novo Testamento. O ministério de profeta é altamente importante
para os nossos dias, pois de acordo com o ensino dos apóstolos, tal ministério
tem um valor excelso para a igreja de qualquer tempo e lugar.
I. O PROFETA DO ANTIGO TESTAMENTO
1. Conceito. O
profeta do Antigo Testamento era a pessoa incumbida para falar em nome de Deus.
O Altíssimo fazia dele o seu porta-voz, um embaixador que representava os
interesses do reino divino na Terra. Quando Deus levantava um profeta,
designava-o a falar para toda a nação israelita, e até mesmo a povos ou nações
estranhas (Jr 1.5). Ao longo de toda a história veterotestamentária o Senhor
levantou homens e mulheres para profetizarem em seu nome: Samuel, o último dos
juízes e o primeiro dos profetas para a nação de Israel (1Sm 3.19,20), Elias e
Eliseu (1Rs 18.18-46; 2Rs 2.1-25), a profetisa Hulda (2Rs 22.14-20) e muitos outros,
como os profetas literários Isaías, Jeremias e Daniel.
2. O ofício. Através da inspiração divina o profeta recebia
uma revelação que desvendava o oculto, anunciava juízos, emitia conselhos e
advertências divinas. Expressões como “veio a mim a palavra do Senhor” e “assim
diz o Senhor” eram fórmulas usuais para o profeta começar a mensagem divina (Jr
1.4; Is 45.1). Símbolos e visões também eram formas de Deus falar através dos
profetas ao seu povo (Jr 31.28; Dn 7.1). Num primeiro momento, o profeta exercia
um importante papel de conselheiro no palácio real (Natã, cf. 2Sm 12.1; 1Rs
1.8,10,11). Contudo, após a divisão do reino de Israel, o profeta passou a ser
perseguido, pois sua profecia confrontava diretamente a prepotência da nobreza,
a dissimulação dos sacerdotes e a injustiça social (Jr 1.18,19; 5.30,31; Is
58.1-12).
3. O profetismo. De acordo com o Dicionário Teológico
(CPAD), o profetismo foi um movimento que surgiu no período aproximado do
século VIII a.C. tanto em Israel quanto em Judá. O objetivo desse movimento era
“restaurar o monoteísmo hebreu”, “combater a idolatria”, “denunciar as
injustiças sociais”, “proclamar o Dia do Senhor” e “reavivar a esperança
messiânica”. Foi nesse tempo que os verdadeiros profetas em Israel foram
cruelmente surrados, presos e mortos.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Os profetas do Antigo
Testamento falavam em nome de Deus, em primeiro lugar para a nação de Israel,
em segundo, para povos estranhos.
II. O PROFETA EM O NOVO TESTAMENTO
1. A importância do
termo “profeta” em o Novo Testamento. Como já vimos, em Efésios 4.11 são
mencionados cinco ministérios que exerciam papéis fundamentais na liderança da
Igreja Antiga: apóstolo, profeta, evangelista, pastor e doutor. Não por acaso,
o termo “profeta” aparece na segunda posição da lista apresentada em 1
Coríntios 12.28; Efésios 4.11. O profeta é identificado três vezes na epístola
aos Efésios como alguém que acompanhava os apóstolos (2.20; 3.5; 4.11). A
Bíblia afirma que os “concidadãos dos Santos e da família de Deus estão
edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas [...]” (Ef 2.19,20).
Aqui, a Bíblia denota a importância do ministério de profeta na liderança da
Igreja do primeiro século.
2. O ofício do profeta neotestamentário. Seu ministério no
Novo Testamento não consistia em predizer o futuro, adivinhar o presente ou
ficar fora de si. Não! De acordo com o Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento, o profeta neotestamentário era dotado por Deus para receber e
mediar diretamente a Palavra do Altíssimo. Apesar de ele algumas vezes predizer
o futuro, conforme instrui-nos a Bíblia de Estudo Pentecostal, seu ofício
consiste em proclamar e interpretar a Palavra de Deus, por vocação divina, com
vistas à admoestação, exortação, ânimo, consolação e edificação da igreja (At
3.12-26; 1Co 14.3). “Era dever do profeta do NT, assim como para o do AT,
desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e
combater o mundanismo e frieza espiritual entre o povo de Deus (Lc 1.14-17)”.
Por causa da mensagem de justiça que o profeta apresenta em tempos de apostasia
e confusão espiritual, inclusive na igreja, não há outro jeito: ele fatalmente
será rejeitado e perseguido por muitos.
3. O objetivo do dom ministerial de profeta. A função do
profeta do Novo Testamento é apresentada por Paulo no mesmo bloco de versículos
em que ele menciona os cinco ministérios em Efésios (4.11-16). Ou seja, o
profeta é chamado por Deus a levar a igreja de Cristo a uma plena maturidade
cristã, pois como um organismo vivo, a Igreja, o Corpo de Cristo, deve
desenvolver-se para a edificação em amor (v.16). Para que tal seja uma
realidade, os profetas do Senhor devem desempenhar suas funções, capacitados e
dirigidos pelo Espírito Santo.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Os profetas em o Novo
Testamento desempenhavam um importante papel de liderança nas igrejas locais.
III. DISCERNINDO O VERDADEIRO PROFETA DO FALSO
1. Simplicidade x
arrogância. Duas características do verdadeiro profeta são a simplicidade e o
amor. Ainda que a Palavra seja de juízo, o coração do profeta transborda de
amor e a sua conduta simples demonstra a quem ele está servindo: o Deus de
amor. Lembremo-nos de Jeremias (38.14-27), Oseias (8.12) e do próprio Senhor
Jesus (Mt 23.37). Já o falso profeta só pensa em si, em seu status e
benefícios. Profetiza objetivando a autopromoção. Ele mente, ilude e engana.
Lembremo-nos de Hananias, o profeta mentiroso que enfrentou Jeremias (Jr
28.10-12).
2. Pelos frutos os conhecereis. Uma advertência séria de
Jesus para os seus discípulos foi acerca da precaução com os falsos profetas.
Como reconhecê-los? Jesus disse que os reconheceríamos “pelos seus frutos” (Mt
7.15,20), pois o resultado, ou “fruto”, do que o profeta “diz” e “faz”, revela
o seu caráter. Logo você conhecerá de onde procede a “árvore” (o profeta).
Lembre-se de que não devemos diferençar o verdadeiro profeta do falso pela
“performance” ou pelo “espetáculo”, mas pelos frutos que eles produzem.
3. Ainda sobre o falso profeta. Apesar de o falso profeta
ser arrogante e iníquo, ele fala com grande eloquência, e isso basta para que
ele seja tido como verdadeiro. Na obra Assim Diz o Senhor? (CPAD), John Bevere
diz que falsos profetas “são aqueles que ministram em nome de Jesus nas nossas
igrejas e conferências, os que partem o coração dos justos, [e que] embora o
ministério seja apresentado em nome de Jesus, não é desempenhado pelo seu
Espírito”. Não tenha medo! Na autoridade do Espírito de Deus, “acautele-se” dos
falsos profetas. Seja prudente! O Espírito Santo mediante o Evangelho te fará
discernir a procedência desses enganadores. Não se deixe conduzir por eles!
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Uma das formas de
reconhecer o falso profeta é identificar a sua arrogância e a podridão dos seus
frutos.
CONCLUSÃO
Acabamos de estudar o
exercício do ministério de profeta no Antigo e no Novo Testamento. Vimos que
tal ministério, juntamente com o dos apóstolos, era um dos pilares na liderança
da Igreja do primeiro século (Ef 2.20). Apesar de ao longo da história da
igreja o ministério de profeta ter perdido preeminência, sabemos o quanto ele é
importante para a vida espiritual da Igreja de Cristo. O profeta do Senhor, com
autoridade e sabedoria divina deve desmascarar as injustiças, o falso
profetismo e primar pela edificação da Igreja do Senhor Jesus. Que Deus levante
os legítimos profetas!
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Teológico
“Os verdadeiros
Profetas e os Falsos Profetas (7.15-23)
O Evangelho de Mateus torna o fruto dos profetas a
verdadeira prova de tais ministérios. O caráter é essencial. O evangelista
comenta muitas vezes o tema de árvores boas e ruins e seus frutos; seu
interesse em produzir justiça o compele a repetir o tema. João Batista fala que
a impenitência dos fariseus e saduceus é como árvores ruins (cf. Mt 3.8-12). Em
Mateus 12.33,35 Jesus une a acusação dos fariseus (de que Ele faz o bem pelo
poder do mal) com dar maus frutos e a chama de blasfêmia contra o Espírito Santo.
[...] Em algumas comunidades a prova para as profecias lidava com a negação
protognóstica da carne de Jesus Cristo (1Jo 4.1-3) ou com o espírito de
legalismo (Gl 1.8,9). Aqui Mateus identifica que o fruto do erro é o
antinomismo, chamando estas pessoas de: ‘Vós que praticais a iniquidade’ (Mt
7.23). Mesmo que eles [os profetas] façam milagres, a doutrina e o estilo de
vida são os critérios para discernimento” (STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French
L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 1., 4.ed., RJ:
CPAD, 2009, pp.61-62).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O Ministério de
Profeta
O ministério de
profeta ainda é válido para os nossos dias? Esta pergunta é polêmica em alguns
lugares. Há pessoas que dão por encerrado esse ministério. Se fosse verdade,
algumas perguntas seriam inevitáveis: Quando encerrou? Quem o encerrou? E como
ficam as experiências do exercício do ministério de profeta relatadas pelo Novo
Testamento e ao longo da História da Igreja?
Os exemplos são diversos. Em o Novo Testamento Ágabo e
outros profetas exerciam o ministério em Antioquia (At 11.27-30; 21.10-12). As
filhas de Filipe eram profetisas (At 21.8,9). Apesar de usar o ministério para
o mal, a mulher em Apocalipse, de codinome de Jezabel, dizia-se profetisa (Ap 2.20)
— por isso achava-se respeitada na comunidade cristã de Tiatira induzindo a
muitos para a prostituição.
Outros exemplos são profusos na história da Igreja. Podemos
começar por um documento cristão antigo datado do segundo século: “Didaqué: A
Instrução dos Doze Apóstolos”. Apesar de se chamar “A instrução dos Doze”, o
documento não foi escrito pelos doze apóstolos de Cristo, mas formulado pelas
lideranças da igreja do segundo século objetivando orientar os fiéis sobre
vários assuntos da vida cristã. No capítulo 11, sobre “A Vida em Comunidade”,
os versículos 7-12 do documento falam do pleno exercício do ministério de
profeta conforme registrado em Efésios 4.11.
Empurrado para o ralo da heresia pela igreja romana e pelos
cessacionistas, e devido à autonomia profética e carismática, Montano é um
grande exemplo do exercício profético entre os séculos II e III na Ásia Menor,
tendo inclusive atraído um dos mais importantes pais latinos da Igreja:
Tertuliano.
O que dizer sobre Catarina de Siena, Tereza Dávila —
mulheres que denunciaram profeticamente a corrupção de Roma —, John Huss, John
Wycliffe e tanto outros gigantes da história que aprouve ao Senhor nosso Deus
levantá-los como verdadeiros profetas e profetisas?
À semelhança do Antigo Testamento, o ministério dos profetas
neotestamentários, e na história da Igreja, sempre foi exercido nas raias da
marginalização. Indo no caminho contrário ao que foi institucionalizado como
certo, quando na verdade estava corrompido e longe dos desígnios de Deus. Foi
assim no Antigo Testamento; assim ocorreu em o Novo Testamento; e vem
acontecendo ao longo da rica história eclesiástica. Por que teria de ser
diferente na contemporaneidade?
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