2º Trimestre de 2014
Título: Dons Espirituais e Ministeriais — Servindo a Deus e
aos homens com poder extraordinário
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 8: O Ministério
de Evangelista
Data: 25 de Maio de 2014
TEXTO ÁUREO
“Mas tu sê sóbrio em
tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu
ministério” (2Tm 4.5).
VERDADE PRÁTICA
O evangelista
proclama o pleno Evangelho de Cristo com ousadia; é um arauto de Deus no mundo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Lc 4.18 Jesus
— o maior evangelista
Terça - 2Tm 4.5 A
obra de um evangelista
Quarta - At 21.8 Filipe,
o evangelista
Quinta - 1Co 1.17 Enviado
para evangelizar
Sexta - 1Co 9.18 O
prêmio do evangelista
Sábado - Lc 4.18,19 O
evangelista apregoa a libertação do mal
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 8.26-35; Efésios
4.11.
Atos 8
26 - E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te
e vai para a banda do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que
está deserto.
27 - E levantou-se e foi. E eis que um homem etíope, eunuco,
mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos
os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração,
28 - regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta
Isaías.
29 - E disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a
esse carro.
30 - E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta lsaías e
disse: Entendes tu o que lês?
31 - E ele disse: Como poderei entender, se alguém me não
ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.
32 - E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado
como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o
tosquia, assim não abriu a sua boca.
33 - Na sua humilhação, foi tirado o seu julgamento; e quem
contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra.
34 - E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de
quem diz isto o profeta? De si mesmo ou de algum outro?
35 - Então, Filipe, abrindo a boca e começando nesta
Escritura, lhe anunciou a Jesus.
Efésios 4
11 - E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para
profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.
INTERAÇÃO
A grande tarefa da
Igreja no mundo é pregar o Evangelho de Jesus de Nazaré. O ministério de
evangelista foi concedido por Deus para que, com graça e paixão, as pessoas
fossem tocadas pela mensagem do Evangelho. É um carisma de ordem ministerial
que o nosso Pai do Céu dispensou ao seu povo. É urgente que a igreja no Brasil
proclame o Evangelho simples aos quatro cantos deste país, apontando para temas
acerca da salvação, do perdão do pecado em Jesus e do amor ao próximo. É bem
possível haver frequentadores de uma igreja evangélica que nunca ouviram falar
desses temas.
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
Estudar sobre o envio dos setenta.
Refletir sobre a tarefa inacabada da Grande Comissão.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor,
para concluir a aula desta semana, reproduza o esquema abaixo. Utilize-o para
falar um pouco a respeito da vida de John Wesley, Jonathan Edwards e David
Wilkerson. Naturalmente, houve muitos outros homens e mulheres de Deus que
igualmente impactaram a própria nação e o mundo com a proclamação do Evangelho
e o testemunho de amor ao próximo. Mas queremos neste pequeno espaço refletir
um pouco sobre como Deus usou pessoas de forma poderosa para executar o chamado
da Grande Comissão. Conclua enfatizando que Deus conta conosco também para dar
continuidade a esta tão nobre tarefa.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Evangelista: Obreiro especialmente vocacionado, a fim de
proclamar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
O ministério de
evangelista é dado por Deus à Igreja como um dom valioso. Por isso, o
estudaremos procurando vislumbrar como o Senhor Jesus o considerou, e como esse
dom ministerial por Deus concedido é tratado em o Novo Testamento, bem como sua
destacada operação nas igrejas de Corinto e Éfeso. Temos de Jesus a ordem para
pregar o Evangelho, e em sua multiforme sabedoria Deus dispõe para a igreja o
poder necessário para proclamar o Evangelho com ousadia.
I. JESUS ENVIA OS SETENTA (Lc 10.1-20)
1. São poucos os que
anunciam. Quando Jesus enviou os setenta para anunciarem as boas novas do Reino
de Deus na região da Galiléia, Ele asseverou: “Grande é, em verdade, a seara,
mas os obreiros são poucos” (v.2). São poucos porque, primeiramente, os
discípulos não podem proclamar a si mesmos ou uma mensagem própria. Em segundo
lugar, porque os discípulos do Senhor são enviados a falar única e exclusivamente
de Jesus e do Reino de Deus, jamais de si mesmos. Lamentavelmente, ao longo dos
séculos, muitos foram aqueles que na Seara do Senhor falaram em seu próprio
nome e pregaram a sua própria mensagem. Os discípulos segundo o coração do
Nazareno ainda são poucos, mas o Senhor continua a convocar obreiros para a sua
seara (v.2b).
2. Enviados para o meio de lobos. Proclamar o Evangelho num mundo contrário à mensagem do Reino de Deus certamente levaria os arautos de Cristo a serem perseguidos. Os setenta que Jesus enviou seriam rejeitados, perseguidos e até ameaçados de morte. A história da igreja nos mostra que pessoas pagaram com a vida por professar a fé em Cristo. Nas últimas décadas, mais cristãos foram mortos no mundo que em qualquer outra época da história da Igreja. Os verdadeiros evangelistas enfrentarão ainda muitas perseguições, sobretudo em países dominados por religiões anticristãs e fundamentalistas. Eles são comparados a cordeiros que se dirigem para o meio dos lobos (v.3).
3. Os sinais e as maravilhas confirmam a Palavra. Os setenta discípulos receberam poder em nome de Jesus para pregar a mensagem do Reino de Deus com graça (vv.9,10; Mt 10.1,8). Quando voltaram da missão, os evangelistas, maravilhados e surpreendidos, diziam: “Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam” (v.17). Mas naquele momento Jesus falou-lhes de uma realidade que eles não compreendiam: aquele poder era para confirmar a Palavra do Reino, não a palavra do homem. O verdadeiro significado de desfrutar da alegria no Espírito não é primeiramente ver milagres, mas saber que através da exposição do Evangelho de poder temos os nossos nomes escritos nos céus (v.20).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Jesus enviou os
setenta para pregar a mensagem do Reino de Deus e deu-lhes poder para confirmar
a Palavra.
II. A GRANDE COMISSÃO (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20)
1. O alcance da
Grande Comissão. A ordem dada por Jesus aos seus discípulos, após a sua
ressurreição, foi: “ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu
vos tenho mandado” (Mt 28.19,20). Esta ordem é chamada comumente de A Grande
Comissão. É o apelo de Jesus para os discípulos anunciarem o Evangelho até as
últimas consequências. Foi nesse “espírito” que o apóstolo Paulo encarou a
tarefa da evangelização (1Co 9.16).
2. O mundo está dividido em dois grupos. “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16). Aqui, o Evangelho de Marcos destaca que há dois grupos de pessoas diante da mensagem de Jesus: Os que creem e os que não creem. Acerca da salvação, os Evangelhos não se preocupam com nacionalidade, raça, sexo ou condição sócio-econômica do homem (Gl 3.28). Não há judeu, não há gentio (Rm 3.9,10,23). Toda a humanidade é carente da graça de Deus e precisa decidir o seu futuro eterno crendo ou não no Evangelho.
3. A Grande Comissão hoje. A tarefa da evangelização do mundo está inacabada. Apenas 33% da população mundial é composta por cristãos das várias confissões de fé. Há regiões em que número de cristãos está diminuindo, como na Europa. Recentemente, na Alemanha, cerca de 340 igrejas fecharam as portas; em Portugal, quase 300. A Holanda e a Inglaterra são países considerados “pós-cristãos”. Ainda na Europa, cerca de 1500 templos cristãos foram transformados em mesquitas, restaurantes, bibliotecas e casas de shows. Se a Igreja não experimentar um real e poderoso avivamento espiritual, em poucas décadas a Europa se tornará mulçumana ou o cristianismo não mais a influenciará. Precisamos reevangelizar o continente europeu.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A Grande Comissão
ordenada por Jesus de Nazaré ainda é uma tarefa inacabada.
III. O DOM MINISTERIAL DE EVANGELISTA
1. O conceito de
evangelista. O termo “evangelista” deriva do verbo grego euangelizo, isto é,
transmitir boas novas (do evangelho). Como dom, refere-se àquele que é chamado
para pregar o Evangelho. Foi concedido pelo Pai através de uma capacitação
ministerial objetivando propagar o Evangelho de Cristo para toda a humanidade.
O evangelista tem paixão pela salvação dos perdidos. Esmera-se por buscar da
parte de Deus mensagens inspiradas para tocar os corações e quebrantar a alma
dos pecadores.
2. O papel do evangelista. O evangelista é, por excelência, o pregador das boas-novas de salvação. Através da sua mensagem, vidas são alcançadas e conduzidas a Deus. Muitas vezes, o evangelista torna-se um plantador de igrejas, como tem ocorrido em diversos lugares do Brasil e pelo mundo afora. Um evangelista cheio da graça de Deus poderá tocar corações com a mensagem do Evangelho de modo tão convincente que leva o povo a crer e acatar as boas-novas da salvação e ao Salvador Jesus.
O evangelista deve também, em tudo, ser sensível à voz do
Espírito Santo. A exemplo de Filipe, o obreiro deve ser obediente ao Senhor,
seja para pregar a multidões, seja para falar a uma única pessoa (At
8.6,26-40). Outro aspecto importante desse ministério é a habilidade que o
evangelista deve ter na transmissão das boas-novas. O arauto de Deus precisa
ser capaz de responder à seguinte pergunta dirigida ao pecador: “Entendes o que
lês?” (At 8.30).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
O papel do
evangelista é exercer o ministério dado pelo Altíssimo como arauto de Deus.
CONCLUSÃO
O dom ministerial de
evangelista é concedido por Deus a algumas pessoas conforme o propósito do
Espírito Santo para o fortalecimento e a edificação das igrejas locais. Isto,
porém, não significa desobrigar os crentes individualmente do labor da
evangelização. Todo seguidor de Cristo, isto é, todo aquele que se acha
discípulo de Jesus, tem em sua caminhada cristã o firme compromisso de propagar
a mensagem do Evangelho. E deste compromisso não pode se apartar um único
milímetro. Que Deus levante mais evangelistas para a sua grande seara!
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ARAÚJO, Carlos
Alberto R. A Igreja dos Apóstolos. 1 ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
FERNANDO, Ajith. Ministério dirigido por Jesus. 1 ed., Rio
de Janeiro: CPAD, 2013.
HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo: no Antigo e
Novo Testamento. 12 ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“A palavra
[evangelista] é encontrada três vezes no Novo Testamento. Os evangelistas estão
relacionados junto com os apóstolos, profetas, pastores e doutores, como
aqueles que são chamados para compartilhar a construção da igreja (Ef 4.11ss).
Filipe foi chamado de ‘o evangelista’ (At 21.8). Embora fosse um dos sete
escolhidos para aliviar os apóstolos da tarefa de distribuir alimentos (At 6.5),
ele foi especialmente notado por sua atividade evangelizadora. De Jerusalém,
ele foi até Samaria e pregou com grande sucesso (At 8.4ss). Dali, foi enviado
para evangelizar um oficial da corte etíope, que estava viajando para casa
depois de visitar Jerusalém (At 8.26ss). Então pregou o Evangelho desde Azoto
até Cesareia, onde tinha sua casa (At 8.40; 21.8)” (PFEIFFER, Charles F.; REA,
John; VOS, Howard F. (Eds.). Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., Rio de
Janeiro: CPAD, 2009, pp.725,26).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teologia
Pastoral
“O Evangelho do Reino
A mensagem de Jesus inclui um chamado ao arrependimento,
semelhante ao de João Batista (Mc 1.4). Donald English adverte quanto ao perigo
de entender o arrependimento de uma forma estreita demais, como os pregadores
evangélicos o fazem geralmente. Ele declara: ‘Fundamentalmente isso significa
uma mudança de direção, dar meia volta, mudar a mente’. Quando respondemos ao
evangelho, mudamos a direção da nossa vida em que deixamos de confiar no ‘eu’ e
outros ídolos para confiar em Deus.
Contudo, tanto João Batista quanto Jesus foram bem
específicos em relação às coisas das quais as pessoas precisam se arrepender.
João disse a distintas categorias de pessoas as diferentes maneiras como podiam
expressar seu arrependimento. Ele disse para as multidões: ‘Quem tiver duas
túnicas, que reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, que faça da
mesma maneira’. João Batista pediu aos publicanos para não coletar mais do que
estavam autorizados a pegar. Disse aos soldados: ‘A ninguém trateis mal, nem
defraudeis e contentai-vos com o vosso soldo’ (Lc 3.7-14). Jesus disse ao jovem
rico para vender tudo o que tinha e dar o dinheiro aos pobres, para depois
disso vir e segui-lo (Lc 18.22-25). As coisas específicas ajudam as pessoas a
entender o que o arrependimento envolve.
Tanto João Batista quanto Jesus também foram diretos em
advertir seus ouvintes das consequências de não se arrepender. Sabemos que a
maioria das declarações da Bíblia sobre o inferno saiu dos lábios de Cristo.
[Como] Paulo disse [...] (1Co 6.9,10).
Hoje, muitos de nossos ouvintes reagiriam de modo muito
negativo se falássemos da maneira que Jesus e Paulo falavam. Desenvolvemos uma
atitude em relação à nossa vida privada que quando os pregadores mencionam
especificamente pecados que exigem arrependimento, eles são acusados de ser
intrometidos e de estar, de algum modo, fazendo algo inapropriado” (FERNANDO,
Ajith. Ministério dirigido por Jesus. 1 ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.128).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O Ministério de
Evangelista
Houve um tempo no
Brasil, como na América, que a Igreja Evangélica, principalmente a pentecostal,
priorizava o ato de evangelizar. A igreja evangelizava com a graça de Deus e
amor visível. Os agentes da evangelização sentiam dor na própria alma em ver
pessoas gastando sua juventude naquilo que não traz plena felicidade. Era
possível vê-los chorando em favor de uma vida. Angustiando-se pelas pessoas
perdidas em pecados. Neste contexto, era possível observar ministros
destacando-se por levar essa real experiência até as últimas consequências.
Quem nunca ouviu falar do grande evangelista do século
recente, David Wilkerson? Além de verdadeiro profeta, ele ficou conhecido pela
evangelização realizada na cidade de Nova Iorque, na Time Square, numa época
onde as gangues de rua dominavam a cidade novaiorquina. O livro “Entre a Cruz e
o Punhal”, logo depois transformado em filme, conta a história desse grande
evangelista que, pela graça do Pai, ganhou aquelas gangues para Cristo e
plantou a maior igreja evangélica da localidade. Eis um exemplo real de um
evangelista separado por Deus.
O Dom Ministerial do Evangelista foi repartido pelo Pai para
que o arauto de Deus, através da mensagem centralizada na cruz de Cristo,
ganhasse pessoas para o reino divino. Uma das maiores características de um
evangelista é a sua paixão por pregar às pessoas. Não importa o número, se
dezenas, centenas ou milhares. O que importa é pregar Jesus, o crucificado.
Esta é a mensagem do bom evangelista.
Sabemos que hoje, pelo advento midiático, muitos
evangelistas são tentados em mudar a mensagem da Cruz para uma pregação
centralizada no homem. Temos de deixar bem claro a missão de um evangelista:
pregar o Evangelho. Anunciar o ministério da reconciliação de Deus com o mundo,
porque foi para isso que o Senhor enviou o Filho: “Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós
a palavra da reconciliação” (2Co 5.19). Esta é a boa nova que o autêntico
evangelista tem de proclamar.
Embora o Senhor nosso Deus separe uns para Evangelista e os
dê a sua Igreja, o privilégio de anunciar o Evangelho para o ser humano é de
todo aquele que se chama por discípulo de Jesus de Nazaré. Portanto, a distribuição
desse dom ministerial deve despertar em nós a consciência do quanto Deus leva a
sério esta tão nobre tarefa.
SUBSIDIOS
SUBSIDIOS
I – INTRODUÇÃO:
Evangelista significa proclamador de boas-novas ou o que
leva o Evangelho da Salvação. De acordo com o sentido etimológico do termo, o
mesmo tem aplicação especial ao Senhor Jesus. É o que vamos estudar
inicialmente.
II – JESUS, O EVANGELISTA:
Dos cinco dons ministeriais mencionados em Efésios 4.11, o
evangelista é o único que não é atribuído de modo específico ao Senhor Jesus.
No entanto, jamais se poderiam encontrar em outra pessoa melhores
características do verdadeiro ministério de evangelista. Ele o desempenhou com
atividade, intensidade, zelo e eficiência muito além de qualquer homem na
terra. Consideremos os seguintes tópicos:
(A) - Seu Ministério Predito - Neste ministério, como nos
demais, Ele foi, na presciência de Deus, objeto de maravilhosas predições, não
somente quanto ao seu trabalho como Evangelista, mas também quanto ao caráter
maravilhoso que o distinguiria - Is 61.1-3 cf Lc 4.18,19 - Jesus, de fato,
revelou-se este Evangelista-pregador de boas-novas que consistiam na libertação
da alma, pela salvação, e do corpo, pela cura das enfermidades. Estas
características correspondem ao duplo aspecto da obra redentora, a ser
realizada por Cristo, o que de fato realizou. Foi disto que falou Isaías - Is
53.4-6; Mt 8.16,17.
São numerosos os textos bíblicos que descrevem a pregação de
Jesus aliada à cura das enfermidades - Mt 4.23; 9.35; Mc 1.34-38.
(B) - O Poder de Atração – Mt 15.30-31; Mc 6.56 - Sem
divulgação, sem propaganda! Era esta maravilhosa realidade que atraía
"muitas multidões" a ouvir a pregação de Jesus. Os seus ouvintes
podiam ver neste caráter maravilhoso do seu ministério evangelístico,
inesquecível triunfo em um desafio dos poderes infernais, pois é o que se pode
deduzir de "um monte de enfermos" aos pés de Jesus!
Mc 15.15b; Mt 4.24 - A despeito de suas advertências para
que não o expusessem à publicidade, convém observar que "toda a
Síria", não significa apenas o país que conhecemos com este nome, e, sim,
a província romana que abrangia vários países, inclusive a Palestina. Tal era a
extensão atingida pela "fama de Jesus"!
Se a esta forma de ministério evangelístico de Jesus se deve
denominar de "evangelismo em massa", eis o tipo de evangelista que
Ele foi... Eis o ministério que Ele desempenhou! Eis como o realizou!...
Se pensarmos no outro método de evangelização, tipo como dos
mais eficientes em nossos dias - evangelismo pessoal – também podemos
encontrá-lo exemplificado da melhor maneira, na pessoa do Senhor Jesus. Tão
maravilhoso era o poder de atração do ministério evangelístico de Jesus que
lemos: "E todo o povo madrugava para ir ter com ele no templo, a fim de
ouvi-lo" (Lc 21.38).
(C) - Motivação do seu Ministério - O amor e a compaixão o
moviam a pregar às multidões que vinham ter com Ele - Lc 8.1.
Ele também se detinha para atender a um indivíduo, sem levar
em conta a sua condição social e espiritual. Com o mesmo interesse com que se
demorou, à noite, a falar do novo nascimento ao nobre Nicodemos, mestre em
Israel, deteve-se, ao meio-dia, a falar da água viva, à mulher samaritana,
pobre, que não tinha quem lhe fosse buscar água na fonte (Jo 3. l-15; 4.5-30).
Que maravilhoso exemplo de zelo e imparcialidade!
III – O DOM DE EVANGELISTA:
Evangelista é um vocábulo encontrado apenas três vezes no
Novo Testamento:
(1) - "...Filipe, o evangelista..." (At 21.8);
(2) - "Ele mesmo concedeu uns para
evangelistas..." (Ef 4.11); e
(3) - "...Faze o trabalho de evangelista..." (2 Tm
4.5).
Como vemos, a primeira referência é a um homem como
evangelista; a segunda, ao dom de evangelista e a terceira, ao trabalho de
evangelista - um homem, o dom, o trabalho.
Talvez não haja aqui apenas mera coincidência, mas a
sabedoria da Providência a estabelecer o esquema divino para a grande obra de
evangelização, que é a força motriz da fé cristã e a causa eficiente da
existência da Igreja na terra e de milhões de salvos na glória!
A despeito das poucas referências ao evangelista, este
importante ministério esteve em franca evidência na Igreja Primitiva; também
tem estado presente na Igreja em todos os tempos, bem assim na atualidade.
Regra geral, admite-se que "a base para o ministério de
evangelista deve ser um ardente amor pelas almas e um irresistível desejo de
ganhar os perdidos para Cristo. Evangelista é, portanto, dádiva de Cristo à sua
Igreja, para o importante trabalho de ganhar almas, e não a designação de um
ministério de categoria inferior, como supõem alguns".
Filipe, o único homem chamado de evangelista no Novo
Testamento, era um dos sete diáconos da Igreja Primitiva, um dos que foram
dispersos por causa da perseguição que culminou com a morte de Estêvão (At 6.5;
8.1-5).
A perseguição que elevou Estêvão, o diácono, à categoria de
mártir, elevou Filipe, também diácono, à categoria de evangelista. Nele podemos
encontrar duas importantes qualidades:
(A) - Era um homem que até das adversidades sabia tirar
proveito em favor da evangelização; era ativo e não um refugiado medroso;
(B) - Era um homem a quem Deus podia falar por intermédio
dos anjos. Que estava pronto a obedecer. Estava apto a ser dirigido por Deus
(At 8.26-29).
Não temos informação de que Filipe fora ordenado como
evangelista para Samaria. Entretanto, a chama divina ardente em sua alma o
impulsionava a "anunciar a Cristo" aos samaritanos. Das
características de seu ministério, podemos aprender lições importantes:
(A) - O Verdadeiro Evangelista nunca é constrangido por
ninguém ou não depende de incentivo. O Espírito Santo o constrange. O amor
pelas almas o move. A vocação divina o inspira e anima. Ele é capaz de exclamar
como Paulo: "...Sobre mim pesa a obrigação (...) e ai de mim se não pregar
o evangelho" (l Co 9. 16). Devido à incorreta concepção do ministério de evangelista,
vemos, às vezes, um "Evangelista" ocupado com uma pequena Igreja,
completamente fora de sua função ou mesmo sem qualquer evidência deste dom
ministerial. É evangelista simplesmente porque alguém o determinou ou porque
lhe deram este nome. Isto nada tem a ver com o verdadeiro ministério de
evangelista; isto não tem nenhum fundamento bíblico. Nem se pode admitir que
seja o meio correto de descobrir vocação para um ministério “mais elevado” ou
habilidades para promoções.
(B) – O Verdadeiro Evangelista, conquanto seja um
instrumento nas mãos de Deus para ganhar muitas almas, com a consequente
formação de novas igrejas, não tem, por isto, direito de se julgar independente
do ministério de origem. Não deve se considerar dono da igreja por haver ganho.
Não atribui a si superioridade. Não se ensoberbece. A sublimidade dos dons de
Deus não leva a pessoa a exaltar-se. Quanto mais reais forem os dons divinos no
homem de Deus, tanto mais profunda a sua humildade. Tanto mais visível a sua
serenidade. Tanto mais pronta a sua submissão.
Os apóstolos foram cientificados de que Samaria recebera a
Palavra de Deus (At 8.14). Foram reconhecer oficialmente a nova igreja,
levando-lhe as normas doutrinárias de integração na plenitude do Evangelho da
graça - o batismo no Espírito Santo.
Filipe plantou, Deus fez nascer a boa semente. Então Filipe
apela para os apóstolos, para que a venham regar. Filipe reconhecia que
"há diversidade de ministério". Que algo podia ser feito com maior
proveito pelos apóstolos do que por ele. Sabia ele que um membro do corpo não
pode prescindir dos demais e nem exercer a função de todos. Isto evidencia a
existência de um dom de Deus. A presença de um dom espiritual traz luz divina!
IV – O TRABALHO DE UM EVANGELISTA:
No ministério de Filipe temos importante modelo deste
trabalho.
A didática moderna prima pelo método de ensino audiovisual.
É o meio mais fácil de entender. É o que vemos no ministério de Filipe. E o que
precisamos ver no ministério da Igreja em nossos dias:
Leiamos At 8.6-8 - Era o Evangelho completo. Evangelho é "nova
de grande alegria". Feliz o pregador do Evangelho que pode usar este
método!
No ministério de Jesus, foi a razão do que lemos: ...Varão
profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e todo o povo" (Lc
24.19).
A mensagem pura do Evangelho é coisa que se ouve e a fé vem
pelo ouvir, é certo; mas a operação milagrosa, os sinais, são coisas que se
podem ver e não se confundem com os embustes grosseiros dos feiticeiros e
mistificadores.
As publicidades exageradas podem atrair multidões e em
seguida afastá-las para mais longe. O poder de Deus atrai, transforma, liberta
e enche de alegria. O próprio Simão, o mágico, “...acompanhava Filipe de perto,
observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados” (At 8.13).
Assim, temos a revelação clara de que o trabalho do
evangelista é pregar salvação e cura divina. É proclamar o poder de Deus para
libertar a alma e o corpo, sem contudo dar exagerada ênfase à cura divina,
colocando-a em plano superior à salvação, sabendo também que as maravilhas
reais não precisam ser propagadas. Estas características, à luz do N.T.,
assinalam especialmente os ministérios pioneiros como apóstolo e evangelista,
embora a operação miraculosa não se limite em sua instância a estes ministérios.
Por outro lado, a respeito daqueles que foram usados por
Deus com poderes miraculosos, não há a mais leve menção a qualquer publicidade
das curas operadas em nome do Senhor. As multidões eram atraídas pela realidade
incontestável dos sinais visíveis e palpáveis. É provável que os apóstolos, e
Filipe, o evangelista, como fazem corretamente muitos servos de Deus na
presente época, falassem do poder de Deus para curar a enfermidades, a fé para
receber a cura divina também "vem pelo ouvir a palavra de Deus". Daí
a importância da instrução ao enfermo, antes dá oração pela sua cura. Ao
depois, entretanto, eram os fatos que falavam sem admitir contestação. Os
agentes das publicações eram os cegos que viam, os paralíticos e coxos a
transitarem pelas ruas, manifestando incontida alegria. Eram os libertos dos
espíritos imundos, em estado de admirável sensatez e felicidade. Os que eram
atraídos pelos milagres eram presos pela palavra. Os sinais constrangiam as
multidões a atender. A pregação os fazia entender, e crer conscientemente - At
8.12.
A palavra de Deus desperta a razão. Ilumina a consciência!
Produz o arrependimento. Promove a conversão. Aprofunda a convicção da verdade
e comunica a natureza divina, que modifica a natureza humana, em seu aspecto
tríplice: pensamento, sentimento e vontade: Os pensamentos são iluminados para
entender a verdade; o sentimento é influenciado para amar a verdade e aborrecer
o erro; a vontade é movida para aceitação da verdade libertadora - Jo 8.32.
A natureza da pregação de Filipe explica a razão do
maravilhoso êxito do seu ministério; o seu grande tema era o nome de Jesus,
tanto pra a salvação das almas, como para a cura das enfermidades, tanto em
Samaria como no encontro com o etíope na estrada deserta – At 8.12, 35 - Filipe
cria como Pedro, que em nenhum outro nome há salvação senão no nome de Jesus
(At 4.12). Esta é a crença
do verdadeiro evangelista. É o seu tema predileto, o mais
proveitoso "Jesus Cristo e este crucificado".
Jesus Cristo foi o evangelista modelo. Filipe foi grande
exemplo de imitação do Mestre. Pode ser tomado como paradigma deste importante
ministério.
Jesus tanto pregava às multidões como a um indivíduo. Filipe
desprendeu-se da grande popularidade que já desfrutava em Samaria; deixou as
multidões maravilhadas e, na direção do Espírito do Senhor, foi ao encontro de
um único homem a quem evangelizou com o mesmo interesse e grande resultado para
o reino de Deus. Uma tradição informa que no quarto século do Cristianismo
ainda existia uma grande igreja cristã na Etiópia, como fruto do testemunho
daquele homem, ganho para Cristo por Filipe, na estrada deserta.
O ardor pelo trabalho da evangelização é a característica
mais notável do verdadeiro evangelista e o poder de atrair as almas para
Cristo, o Salvador, a evidência deste dom. A sua operação é tão eficaz nas
multidões como nos indivíduos. É uma paixão que envolve amor e sofrimento. É
como disse alguém: "Os filhos são gerados no amor, mas nascem na dor”. De
fato são esses os elementos que mais poderosamente determinam a decisão de
rompimento definitivo com o mundo e o pecado e de aceitação de Cristo como
Salvador e Senhor. Como Salvador da alma e Senhor da vida, com o direito de
governá-la.
O texto de 2 Timóteo 4.5 não diz que Timóteo era
evangelista, entretanto a recomendação - "...faze o trabalho de
evangelista...", evidentemente nos revela que existia este dom em Timóteo,
a respeito do qual o apóstolo Paulo recomenda o seguinte:
(A) - Deve Exercitar-se - l Tm 4.7 - Como se relaxam os
músculos e se atrofiam as forças físicas e mentais por falta de exercício, de
igual modo, a força da vocação divina, quando exercitada, com dedicação e com
zelo, no poder do Espírito Santo, desenvolve-se e se torna poderosa. A divina
vocação ministerial, não sendo atendida e exercitada, à semelhança do talento
enterrado, se tornará improdutiva. Desgasta-se. Por isto Paulo incentiva
Timóteo, dizendo: l Tm 4.15,16 -. Nenhum evangelista poderia prescindir desta
regra.
(B) – Deve evitar a negligência - l Tm 4.14 - O trabalho de
evangelista é indubitavelmente um trabalho pioneiro. O evangelista é, em
linguagem popular, "um desbravador". Um homem negligente, comodista,
nunca terá condição de fazer o trabalho de evangelista. Aquele em quem não
"habita ricamente a palavra de Cristo" não terá força para
proclamá-la fluente e poderosamente. O que negligencia a oração não terá poder
para orar pelos enfermos. O homem natural não pode fazer um trabalho
espiritual. O seu trabalho não poderá ser realizado sem esforço; o esforço que
resulta de amor profundo pelas almas. Este amor que é produzido pelo Espírito
de Cristo, o anima a enfrentar o desconforto da solidão, a intolerância e mesmo
perseguições.
Não é esta a mesma situação dos evangelistas que fazem seu
trabalho de evangelização em massa, com o apoio material, moral e espiritual
das grandes igrejas. O trabalho, nestas condições, poderá ser bem mais fácil.
Uma autêntica mobilização de recursos e forças poderá ser de grande proveito,
desde que a propaganda ou a publicidade não coloquem o pregador no lugar que
pertence a Cristo. Quando isto acontece, os resultados são sempre inferiores à
propaganda e uma campanha poderá produzir mais incredulidade do que fé... Com
um auditório previamente preparado, a mensagem salvadora, ungida pelo Espírito
Santo, poderá ter o efeito da boal semente lançada no terreno suficientemente
adubado.
(C) – Deve reavivar o dom – II Tm 2.6 – Para ter êxito
permanente, o evangelista precisa ser reavivado constantemente. Para que
obtenhamos vitórias frequentes e contínuas, precisamos de constantes
experiências com Deus, dessas experiências renovadoras. Só aquele que está
reavivado pode produzir reavivamento. Eloquência e ousadia naturais, diante de
um grande auditório, podem empolgar, sem, contudo, deixar resultados positivos,
reais e duradouros. O melhor pregador precisa ser renovado. O fato de haver
obtido êxitos em determinados trabalhos, cem certas ocasiões, não e garantia de
tê-lo sempre, em quaisquer circunstâncias.
Reavivar o dom de Deus tem sentido de fazer acender o fogo
que está em brasas, debaixo das cinzas. Certo doutrinador diz: “Usa os dons e
terás os dons”.
V – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A maneira mais eficiente para desenvolver os dons
ministeriais é aproveitar todas as oportunidades para usá-los, encorajadamente,
animado pela fé na proteção e ajuda de Deus. Não há dúvida de que o temor ou
inibição, frutos da pobreza espiritual, levam o homem a deixar debaixo das
cinzas o fogo dos dons espirituais. Por isto Paulo adverte a Timóteo: II Tm 1.7 – Sim, Deus nos tem
dado o espírito de poder ou coragem e resolução; o espírito do amor de Deus,
que nos coloca acima do temor do perigo; o espírito de moderação ou de quietude
e serenidade, diante das ameaças.
O trabalho de evangelista exige coragem e estas virtudes o
imunizam contra o medo. Tudo isto se encerra na exortação de Paulo -
"Admoesto-te que reavivas o dom de Deus". As virtudes aí expostas
correspondem às boas condições espirituais do evangelista e, de algum modo, de
todos os crentes.
É certo que o poderoso dom de evangelista não é comum a
todos os crentes; no entanto, a responsabilidade de pregar o Evangelho a toda a
criatura é comum a todos os salvos, a quantos amam a Deus e a sua obra!
FONTE DE CONSULTA E PESQUISA:
Títulos e Dons do Ministério Cristão – CPAD – Estêvam Ângelo
de Souza
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