Lições Bíblicas CPAD
- Jovens e Adultos
3º Trimestre de 2014
Título: Fé e Obras — Ensinos de Tiago para uma vida cristã
autêntica
Comentarista: Eliezer de Lira e Silva
Lição 6: A verdadeira Fé não faz acepção de pessoas
Data: 10 de Agosto de 2014
TEXTO ÁUREO
“Todavia, se
cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti
mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois
redarguidos pela lei como transgressores” (Tg 2.8,9).
VERDADE PRÁTICA
Não podemos fazer
acepção de pessoas, pois o Senhor não fez conosco.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Dt 1.17 Diante
de Deus, somos iguais
Terça - At 2.44 Uma
igreja solidária
Quarta - Jó 5.16 Esperança
para o pobre
Quinta - 1Co 1.28 O
paradoxo divino
Sexta - Fp 2.5-8 Nosso
referencial de humildade
Sábado - 1Pe 2.9 Das
trevas para a luz
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 2.1-13.
1 - Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus
Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.
2 - Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com
anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar também algum pobre com
sórdida vestimenta,
3 - e atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe
disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu,
fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado,
4 - porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e
não vos fizestes juízes de maus pensamentos?
5 - Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu Deus
aos pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu
aos que o amam?
6 - Mas vós desonrastes o pobre. Porventura, não vos oprimem
os ricos e não vos arrastam aos tribunais?
7 - Porventura, não blasfemam eles o bom nome que sobre vós
foi invocado?
8 - Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei
real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis.
9 - Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e
sois redarguidos pela lei como transgressores.
10 - Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um
só ponto tornou-se culpado de todos.
11 - Porque aquele que disse: Não cometerás adultério,
também disse: Não matarás. Se tu, pois, não cometeres adultério, mas matares,
estás feito transgressor da lei.
12 - Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados
pela lei da liberdade.
13 - Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que
não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa sobre o juízo.
INTERAÇÃO
Quem é o pobre deste mundo? Esta é uma pergunta que exige
uma resposta complexa. Naturalmente não poderemos respondê-la satisfatoriamente
neste espaço. Entretanto, nós temos a tendência de enxergar o pobre apenas sob
a perspectiva econômica. Este não deixa de ser um olhar verdadeiro e correto.
Por outro lado, precisamos levar em conta que o conceito de pobre não se aplica
apenas à perspectiva econômica, mas igualmente à perspectiva educativa,
psicológica ou de outras áreas. Em tese, o pobre é o desprotegido. O
analfabeto, por exemplo, pode ter dinheiro, mas encontra-se vulnerável podendo
ser ludibriado. Apesar de o texto de Tiago se referir ao aspecto econômico da
sua época, é importante refletirmos sobre outros tipos de injustiças e pobrezas
no mundo contemporâneo.
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
Destacar o ensino de Tiago de que a fé não faz acepção.
Apontar a escolha de Deus pelos pobres aos olhos do mundo.
Distinguir a Lei Mosaica das Leis Real e da Liberdade.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, leve para
a sala de aula recortes de revistas ou jornais sobre temas que revelem as
diversas classes sociais no Brasil. Divida a turma em grupos. Em seguida, peça
aos grupos para escolherem uma reportagem e identificarem a classe social por
ela representada. Dê um tempo para que os alunos leiam e debatam a matéria em
grupo. Encerrado o tempo de discussão, faça as perguntas para os grupos de
acordo com o esquema abaixo. Ouça as respostas e conclua dizendo que no Brasil
há diversas classes sociais — hoje classificadas em A, B, C, D e E. Isso
significa que o nosso país é plural. Afirme que as Escrituras são taxativas
quanto ao pecado de discriminação de pessoas socialmente menos abastadas.
PERGUNTAS PARA DEBATE
• Qual a classe social representada na
matéria?
• Em sua opinião há desigualdade social no Brasil?
• Você percebe esta desigualdade em sua
igreja local?
• Como você lida com tal realidade?
• Você acha certo haver discriminação social
na igreja local? Por quê?
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Acepção: Predileção por alguém; tendência em favor de
pessoa(s) por sua classe social.
A discriminação contra as pessoas de classe social inferior
é vergonhosa e ultrajante, principalmente, quando praticada no âmbito de uma
igreja local. Nesta lição estudaremos sobre a fé que não faz acepção de
pessoas. Veremos que erramos — e muito — quando julgamos as pessoas sob
perspectivas subjetivas tais como a aparência física, posição social, status, a
bagagem intelectual, etc. Isso porque tais características não determinam o
caráter (Lc 12.15). Assim, a lição dessa semana tem o objetivo de mostrar,
pelas Escrituras, que a verdadeira fé e a acepção de pessoas são atitudes
incompatíveis entre si e, justamente por isso, não podem coexistir na vida de
quem aceitou ao Evangelho (Dt 10.17; Rm 2.11).
I. A FÉ NÃO PODE FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS (Tg 2.1-4)
1. Em Cristo a fé é
imparcial. O primeiro conselho de Tiago para a igreja é o de não termos uma fé
que faz acepção de pessoas (v.1). Mas é possível haver favoritismo social onde
as pessoas dizem-se geradas pela Palavra da Verdade? As Escrituras mostram que
sim. Aconteceu na igreja de Corinto quando da celebração da Ceia do Senhor (1Co
11.17-34). Hoje, não são poucos os relatos de pessoas discriminadas devido a
sua condição social na igreja. Ora, recebemos uma nova natureza em Cristo (Cl
3.10), pois Ele derrubou o muro que fazia a separação entre os homens (Ef
2.14,15) tornando possível a igualdade entre eles, ou seja, estando em Jesus,
“não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou
livre; mas Cristo é tudo em todos” (Cl 3.11). É, portanto, inaceitável e
inadmissível que exista tal comportamento discriminatório e preconceituoso
entre nós.
2. O amor de Deus tem de ser manifesto na igreja local.
Havia na congregação, do tempo de Tiago, a acepção de pessoas. Segundo as
condições econômicas, “um homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos”
era convidado a assentar-se em lugar de honra, enquanto o “pobre com sórdido
traje” era recebido com indiferença, ficando em pé, abaixo do púlpito (vv.2,3).
Tudo isso acontecia num culto solene a Deus! A Igreja de Cristo tem como
princípio eterno produzir um ambiente regado de amor e acolhimento, e para isto
“não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque
todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
3. Não sejamos perversos (v.4). A expressão “juízes de maus
pensamentos” aplicada no texto bíblico para qualificar os que discriminavam o
pobre nas reuniões solenes, não se refere às autoridades judiciais, mas aos
membros da igreja que, de acordo com a condição social, se faziam julgadores
dos próprios irmãos. O símbolo da justiça é uma mulher de olhos vendados, tendo
no braço esquerdo a balança e, no braço direito, a espada. Tal imagem simboliza
a imparcialidade da justiça em relação a quem está sendo julgado. Portanto, a
exemplo do símbolo da justiça, não fomos chamados a ser perversos “juízes”, mas
pessoas que vivam segundo a verdade do Evangelho. Este nos desafia a amar o próximo
como a nós mesmos (Mc 12.31).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Em Cristo, o crente não pode se mostrar parcial e, por isso,
o amor de Deus deve ser manifestado na igreja local através dele. O crente não
pode ter um coração perverso.
II. DEUS ESCOLHEU OS POBRES AOS OLHOS DO MUNDO (Tg 2.5-7)
1. A soberana escolha
de Deus. É bem verdade que muitas pessoas ricas têm sido alcançadas pelo
Evangelho. Mas ouçamos com clareza o que a Bíblia diz acerca dos pobres. Deus é
soberano em suas escolhas. E de acordo com a sua soberana vontade, Ele escolheu
os pobres deste mundo. De maneira retórica, Tiago afirma: “Porventura não
escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do
Reino que prometeu aos que o amam?” (v.5). É possível que as igrejas às quais
Tiago dirigiu a Epístola talvez tivessem se esquecido de que é pecado fazer
acepção de pessoas. Ainda hoje não podemos negligenciar esse ensino! O Senhor
Jesus falou dos pobres nos Evangelhos (Lc 4.18; Mt 11.4,5) e, mais tarde, no
Sermão da Montanha repetiu: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o
reino de Deus” (Lc 6.20).
2. A principal razão para não desonrar o pobre (v.6). Apesar
de Deus ter escolhido os pobres, a igreja do tempo de Tiago fez a opção
contrária. Entretanto, o meio-irmão do Senhor traz à memória da igreja que quem
a oprimia era justamente os ricos. Estes os arrastaram aos tribunais. Como
podiam eles desonrar os pobres, escolhidos por Deus, e favorecer os ricos que
os oprimiam? É triste quando escolhemos o contrário da escolha de Deus. As
Palavras de Jesus ainda continuam a falar hoje: “O Espírito do Senhor é sobre
mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os
quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos
cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor”
(Lc 4.18,19). Somos os seus discípulos? Então para sermos coerentes com o
Evangelho termos de encarnar a missão de Jesus. Desonrar o pobre é pecado!
3. Desonraram o Senhor. Após lembrar a igreja da escolha de
Deus em relação aos pobres deste mundo, Tiago exorta os irmãos a reconhecerem o
favoritismo que há dentro da comunidade cristã: “Mas vós desonrastes o pobre”
(v.6). Já os ricos, são recebidos com toda a pompa. No versículo 7, o
meio-irmão do Senhor pergunta: “Porventura, não blasfemam eles [os ricos] o bom
nome que sobre vós foi invocado?” (v.7). Estamos frente a algo reprovável
diante de Deus: a discriminação social na igreja. Por isso é que o favoritismo,
a parcialidade e quaisquer tipos de discriminação devem ser combatidos com
rigor na igreja local, principalmente pela liderança. Esta deve dar o maior dos
exemplos. Quem discrimina não compreendeu o que é o Evangelho!
SINOPSE DO TÓPICO (II)
As Escrituras mostram
a principal razão para o crente não desonrar os pobres: Deus os escolheu aos
olhos do mundo.
III. A LEI REAL, A LEI MOSAICA E A LEI DA LIBERDADE (Tg
2.8-13)
1. A Lei Real. A lei
real é esta: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (v.8). Essa é a conclamação
de Tiago a que os crentes obedeçam a verdadeira lei. O termo “real”, no
versículo 8, refere-se àquilo que é o mais importante da lei, a sua própria
essência. Portanto, quem faz acepção de pessoas está quebrando a essência da
lei. O amor ao próximo é o coração de toda lei: “A ninguém devais coisa alguma,
a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros
cumpriu a lei. [...] O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento
da lei é o amor” (Rm 13.8,10). Só o amor é capaz de impedir quaisquer tipos de
discriminação. Quem ama, não precisa da lei (Gl 5.23).
2. A Lei Mosaica. Na época em que a Epístola de Tiago foi
escrita, os judeus faziam distinção entre as leis religiosas mais importantes e
as menos importantes, segundo os critérios estabelecidos por eles mesmos. Os
judeus julgavam que o não cumprimento de um só mandamento acarretaria a culpa
somente daquele mandamento desobedecido. Mas quando a Bíblia afirma “Porque
aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás”, está asseverando
o aspecto coletivo da lei. Isto é, quem desobedece um único preceito, quebra,
ao mesmo tempo, toda a lei. Embora os crentes da igreja não adulterassem,
faziam acepção de pessoas. Eles não atendiam a necessidade dos órfãos e das
viúvas e, por isso, tornaram-se “transgressores de toda a lei”. No Sermão da
Montanha, nosso Senhor ensinou sobre a necessidade de se cumprir toda a lei (Mt
5.17-19; cf. Gl 5.23; Tg 2.10).
3. A Lei da Liberdade. A Lei da Liberdade é o Evangelho. Por
ele o homem torna-se livre. Liberto do pecado, dos preconceitos e da maneira
mundana de pensar (Rm 6.18). Quem é verdadeiramente discípulo de Jesus
desfruta, abundantemente, de tal liberdade (Jo 8.36; Gl 5.1,13). Entretanto,
como orienta Tiago, tal liberdade deve vir acompanhada da coerência: “Assim
falai, e assim procedei” (v.12). O crente pode falar, pode ensinar e até
escrever sobre o pecado de fazer acepção de pessoas. Mas na verdade, é a sua
conduta em relação aos irmãos que demonstrará se ele é, de fato, um liberto em
Cristo ou um escravo deste pecado.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A Lei Mosaica
destaca-se da Real e da Liberdade. Estas representam a nova aliança de Deus com
a humanidade; enquanto aquela, a antiga.
CONCLUSÃO
O segundo capítulo da
Epístola de Tiago é uma voz do Evangelho a ecoar através dos tempos. Ele rotula
a acepção de pessoas como pecado, lembrando-nos de que Deus escolheu os “pobres
deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o
amam”. Assim, se a nossa vontade estiver de acordo com a vontade de Deus,
amaremos os pobres como a nós mesmos. E conscientizar-nos-emos de que esse amor
exige de nós ações verdadeiras, sinceras, e não apenas de vãs palavras
religiosas que até mesmo o vento se encarrega de levar (cf. Tg 2.15-17).
VOCABULÁRIO
Sórdido: Que é ou
está sujo, que tem sujeira no corpo e na roupa.
Retórica: A arte de bem argumentar.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
EDREDEG, John. Um
Mestre Fora da Lei: Conhecendo a surpreendente, perturbadora e extravagante
personalidade de Jesus. 1ª Edição, RJ: CPAD, 2013.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a
Apocalipse. 1ª Edição, RJ: CPAD, 2010.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Teológico
“‘Mas vós desonrastes
o pobre’ (v.6). A acepção de pessoas, no sentido desta passagem, por conta das
suas riquezas e da aparência exterior, é apresentada como um pecado muito
grave, em virtude dos prejuízos devidos à riqueza e grandeza mundanas, e a
tolice que há no fato de cristãos prestarem consideração indevida por aqueles
que não têm consideração alguma nem por seu Deus nem por eles: ‘Porventura, não
vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos tribunais? Porventura, não
blasfemam eles o bom nome que o sobre vós foi invocado?’ (vv.6,7). Considerai
como é comum que as riquezas sejam incentivos aos vícios e ao dano da blasfêmia
e da perseguição. Pensai nas muitas calamidades que vós mesmos tolerais, e nas
grandes afrontas que são lançadas sobre vossa fé e vosso Deus por homens de
posses, poder e grandeza mundanos; e isso vai fazer vossos pecados parecerem
extremamente pecaminosos e tolos, ao construirdes aquilo que tende a vos
destruir, e a destruir tudo que estais edificando, e a desonrar esse nome pelo
qual sois chamados’. O nome de Cristo é um nome digno; ele reflete honra, e dá
dignidade aos que o usam” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento:
Atos a Apocalipse. RJ: CPAD, 2010, p.833).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A verdadeira Fé não
faz acepção de pessoas
Imagine a hora do culto
vespertino! O coral se apresenta de maneira solene e, de repente, adentra ao
recinto um mendigo; sujo, bêbado, gritando. Qual seria a tua reação? O exemplo
ora citado é extremo. Mas passível de acontecer em qualquer igreja. Todavia, o
público o qual Tiago está se referindo não diz respeito apenas aos mendigos,
mas às pessoas economicamente menos abastadas. Para Tiago, o pobre não é apenas
o mendigo, mas quaisquer pessoas que em um dado momento da vida precisam de
algo necessário à sua subsistência.
Professor, aqui, é necessário fazer uma reflexão. Será que
não tem algum aluno na classe que se sinta discriminado na igreja? Seja pela
cor da pele ou aparência física ou classe social? Prepare esta lição com
cuidado e respeito, pois quando ministrada, ela pode revelar sentimentos
diversos de pessoas vítimas de discriminação até mesmo na igreja local. Mesmo
que inconscientemente!
Tendemos a pensar que certas coisas não acontecem na igreja,
pois ela é um lugar santo. Sim, é santa, mas, todavia, composta de santos
humanos. E possível perceber certos comportamentos na igreja que um professor
secular, por exemplo, lida todo o instante em sala de aula. Certas atitudes do
mundo secular acontecem em nossos espaços sacros e, por isso, precisamos estar
capacitados para se deparar com estas realidades e agirmos com a sabedoria do
alto.
Portanto, professor, trabalhe o tema central da presente
lição abordando a sua tese principal: a de que é inadmissível a discriminação
na igreja. A Palavra diz que “noutros tempos, éreis gentios na carne e chamados
incircuncisão pelos que, na carne, se chamam circuncisão feita pela mão dos
homens; que, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de
Israel e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no
mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo
sangue de cristo chegaste perto. Porque ele é a nossa paz, [...] e, pela cruz,
[...] matando com ela as inimizades” (Ef 2.11-16). Não podemos reconstruir a
parede que uma vez o próprio Senhor a derribou! Boa aula!
SUBSIDIOS
PRIMEIRA PARTE
ELABORAÇÃO: http://pastorgeraldocarneirofilho.blogspot.com.br/
SUBSIDIOS
PRIMEIRA PARTE
ELABORAÇÃO: http://pastorgeraldocarneirofilho.blogspot.com.br/
I – INTRODUÇÃO:
Em nossa cultura, é comum encontrarmos exemplos de acepção
de pessoas em todas as áreas da sociedade. Que o Senhor nos ajude, de modo que,
nas igrejas não haja distinção de pessoas pela condição econômica, social, de
raça ou de sexo. Que aceitemos a todos como filhos de Deus, amados e salvos em
Cristo Jesus.
II - A CONDENAÇÃO NA BÍBLIA:
(1) - O que é acepção de pessoas - É a preferência de pessoa
ou pessoas, em atenção à classe, qualidade, títulos ou privilégios. Este é o
significado do termo, utilizado por Tiago.
(2) – Acepção d pessoas Antigo Testamento:
(2.1) - Poucas referências - Não há muitas referências sobre
o tema no Antigo Testamento. Entretanto, os poucos textos que aludem ao
assunto, nos indicam que Deus determinava ao Seu povo que seguisse o Seu
exemplo, não fazendo acepção de pessoas.
(2.2) - Deus não faz acepção de pessoas - Quando Moisés, o
grande líder de Israel, se despediu do povo, dentre as instruções transmitidas,
consta a exortação à obediência, na qual o Senhor orientava o povo a temê-Lo,
amando e servindo-O (Dt 10.12, 17).
(2.3) - Deus não quer a acepção de pessoa - Com todas essas
qualidades divinas, Deus diz ao povo que não faz acepção de pessoas, indicando
que assim deveriam proceder. Outros textos podem ser lidos como Jó 32.21 e
34.19.
(3) – Acepção de pessoas no Novo Testamento - Nesta parte da
Bíblia há mais referências sobre a condenação à acepção de pessoas.
(3.1) - Com relação a raças ou nacionalidades - Deus não faz
acepção de pessoas, não levando em conta a raça ou etnia, nação, povo, ou
língua. Pedro, ao chegar à casa de Cornélio, iniciou a pregação, dizendo:
"Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe
é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo" (At
10.34,35).
Israel rejeitou a salvação de Deus.
O Verbo Divino foi enviado (Jo 1.1,9,10), de modo que
"...a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos
de Deus; aos que crêem no seu nome" (Jo 1.12).
Não tem o mínimo sentido dizer que os negros, os africanos,
foram pessoas escolhidas para serem rejeitadas por Deus, como queriam (e
querem) alguns adeptos do apartheid, ou da discriminação racial e de cor. João
viu "uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e
tribos e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o
Cordeiro..." (Ap 7.9).
(3.2) - Com relação à obediência - Deus "recompensará
cada um segundo as suas obras", dando "vida eterna aos que, com
perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra e incorrupção" (Rm
2.6,7): dando, porém, "indignação e ira aos que são contenciosos e
desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade" (Rm 2.8); e, ainda,
dando "glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem;
primeiramente ao judeu e também ao grego" (Rm 2.10); "porque, para
com Deus, não há acepção de pessoas" (Rm 2.11).
A escolha dos judeus foi apenas prioridade e não acepção de
pessoas, como lemos cm Rm 2.10: "primeiramente ao judeu...". Na
verdade, "Deus amou o mundo..." (Jo 3.16a), e não somente a Israel.
O que interessa para Deus é a aceitação de Sua Palavra, com
obediência, em qualquer lugar do mundo.
(3.3) - Com relação à condição social – Tg 2.2-3 – Estes
versos alertam para a discriminação entre pobres e ricos na igreja, tomando o
exemplo de alguém que, chegando à congregação, com anel no dedo, vestidos
preciosos, é chamado "para cima", enquanto o pobre é mandado ficar
"lá embaixo".
Paulo, exortando aos senhores e patrões de Éfeso, quanto ao
tratamento que deveriam dar aos servos, lhes ordenou, com a autoridade do
Espírito Santo: "E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as
ameaças, sabendo que o Senhor deles e vosso está no céu e que para com ele não
há acepção de pessoas" (Ef 6.9).
Senhores e servos ou escravos dividiam a sociedade. Mas o
evangelho levou a mensagem do respeito à dignidade humana, como nenhuma outra
filosofia o fez. Paulo, cm sua carta a Filemom, (Fm v.16) roga que o patrão,
crente, receba o escravo fugitivo, mas convertido, não como escravo, mas como
irmão em Cristo (Fm 15,16). Só um cristão poderia conceber esse comportamento.
Hoje, é importante que os patrões crentes tenham seus
empregados (domésticos, funcionários, etc.) em respeito e honra, para
testemunho do amor de Deus em seus corações.
(3.4)- Em relação à distinção por sexo - Ensinando sobre as
mulheres no culto, Paulo diz que "...nem o varão é sem a mulher, nem a
mulher, sem o varão, no Senhor. Porque, como a mulher provém do varão, assim
também o varão provém da mulher, mas tudo vem de Deus" (l Co 11.11,12).
Em Gl 3.27,28, diz o apóstolo que entre os que foram
revestidos de Cristo, "...não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um
em Cristo Jesus".
No Antigo Testamento, havia discriminação de sexo, não por
orientação de Deus, mas pela influência da cultura oriental.
Entre os judeus, a mulher era considerada inferior na vida
religiosa. Josefo, historiador judeu, diz que naquele tempo entre os judeus,
"uma centena de mulheres não vale mais do que dois homens". Um rabino
disse: "Eu te agradeço porque não nasci escravo, nem gentio, nem
mulher". Machismo puro. Quão diferente é no Cristianismo. Jesus valorizou
o trabalho feminino (ler Mt 27.55; Mc 15.41; Lc 8.2-3). Nas epístolas paulinas,
temos mulheres em destaque (ver 2 Tm 1.5; Rm 16.1-17).
(3.5) - Com relação à salvação - Há igrejas que pregam que
Deus predestinou pessoas para serem salvas e outras, para serem
irremediavelmente perdidas.
O teólogo João Calvino ensinava que "é o decreto de
Deus... para alguns é preordenada a vida eterna, e para outros, a condenação eterna".
Isso vai de encontro ao caráter de Deus, revelado na Bíblia,
que diz, como vimos acima, que "... não faz acepção de pessoas" (cf.
Dt 10.17; Jó 34.19; At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9, 25; l Pe 1.17).
Não faz sentido nascerem dois bebês, na maternidade, e um
ter uma "etiqueta" de salvo e, outro, a "etiqueta" de
perdido.
Cremos, sim, que Deus, em casos especiais, dentro de Sua
soberania, escolhe pessoas com certos propósitos, como João Batista e Jeremias.
Deus nos predestinou coletivamente como Igreja, e não individualmente, por
acepção de pessoas (cf. Ef 1.11-13).
III - RAZÕES PARA NÃO SE FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS:
(1) - Toda a humanidade foi criada por Deus. Deus criou o
ser humano, homem e mulher, à Sua imagem e semelhança (Gn 1.27). Ambos
receberam a imagem divina, independente do sexo. Ambos perderam a glória de
Deus com a queda, e não pela condição de ser homem ou mulher. Deus fez a Terra
e criou nela o homem (Is 45.12). Ele não faz acepção de pessoas. Nós também não
o devemos fazer.
(2) - Toda humanidade tem a origem comum em Adão e Eva.
Paulo, em Atenas, discursando no Areópago, disse que Deus "...de um só fez
toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra..." (At
17.26a). Por influência de condições genéticas, climáticas e de outra ordem,
foram-se reunindo as raças, e sendo espalhadas pela Terra, mas todos vêm da
mesma origem.
(3) - Em Cristo, todos somos um. O brasileiro, resultante da
miscigenação do índio, do europeu e do negro; os asiáticos, de cor amarela; os
japoneses, de olhos amendoados; os chineses de olhos apertados; os europeus,
louros e de olhos azuis; os africanos de cor negra e dentes bem brancos, enfim,
todos de qualquer raça, aparência ou cultura, quando salvos, são um em Cristo
Jesus (Gl 3.28).
IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A acepção de pessoas por condição social, econômica,
familiar ou de outra ordem é comportamento incompatível com o caráter inclusivo
do evangelho. Jesus veio trazer salvação, amor e paz para todos os que crêem,
em qualquer nação, raça ou povo do mundo. Que Deus nos abençoe, não permitindo
a discriminação de pessoas em nosso meio.
Para combater a acepção de pessoas, precisamos fazer três
coisas: amar a todos igualmente (inclusive os não-crentes); tratar a todos com
equidade e mostrar que os preconceitos são contrários a Deus.
FONTE DE PESQUISA E CONSULTA:
Lições Bíblicas CPAD – 1º TRIMESTRE DE 1999 –
Comentarista:
Elinaldo Renovato de Lima
SEGUNDA PARTE
ELABORAÇÃO: Escriba Digital.
http://www.estudantesdabiblia.com.br/
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Acepção de Pessoas: Separar ou escolher, dar atenção
especial a pessoas por causa da sua riqueza, seu status social, sua posição de
autoridade, sua popularidade, sua aparência ou sua influência.
Aprofundamo-nos no estudo das escrituras com o propósito de
conhecer mais e mais a mente de Cristo. Isto deveria gerar em nós um sentimento
cada vez maior de humildade e servidão. Mas em geral — e infelizmente, não é
isto que acontece. É fácil perceber a soberba de quem alcançou uma posição, um
título ou acrescentou uma letra a mais no seu currículo diante dos menos
favorecidos (inclusive no meio evangélico). Não se trata de uma questão
cultural, mas em todos os níveis, em todas as culturas, em todos os segmentos
sociais há uma tendência reinante no homem de se reconhecer “o melhor”.
Hostilidade e competição fazem parte da nossa natureza. Existem três moedas de
muito valor que cultuamos em nossa sociedade, que são: beleza, inteligência e
riqueza. Quanto mais você possuir, mais bem aceito você será. Este é o padrão
do mundo, não de Deus. A igreja por vezes assimila tal conduta e passa a viver
não em função da forma que Deus espera que vivamos, mas nos padrões da
sociedade humana.
I. A FÉ NÃO PODE FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS (Tg 2.1-4)
1. Em Cristo a fé é imparcial. A fé em nosso Senhor Jesus
Cristo tem de ser exercida sem nenhum tipo de discriminação a pessoas, isto é,
a conduta de um crente para com outro tem de levar em conta os direitos da
humanidade comum e de uma salvação comum, desconsiderando as distinções
baseadas na raça, na nacionalidade, na tribo, na casta, no sexo, nos títulos,
nas honras, na posição social, na riqueza, ou na pobreza.
Os judeus daquele tempo buscavam reconhecimento e honra e
competiam uns com os outros por louvores; no entanto Jesus não fazia acepção de
pessoas. Até mesmo os inimigos de Jesus reconheceram: “...Mestre, bem sabemos
que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade, e de ninguém
se te dá, porque não olhas à aparência dos homens” (Mt 22.16). O Senhor não
olhava a aparência exterior, mas sim o coração. Não se impressionava com as
riquezas nem com a posição social. A viúva pobre que deu sua única moeda era
maior a seus olhos do que o fariseu rico e alardeador com sua contribuição
suntuosa (Mc 12.41-44).
Vivemos em um tempo onde o ser humano é valorizado não pelo
seu caráter, mas por seus bens e dígitos na conta bancária. Um tempo onde os
valores morais e cristãos estão sendo cada dia desvalorizados. Infelizmente não
digo isso em relação ao modo que a sociedade não alcançada pelo Evangelho trata
os cristãos, mas falo o que tem ocorrido dentro da comunidade cristã em geral.
Algo muito ruim, haja vista tem atrapalhado em muito o crescimento do Evangelho
em razão da acepção de pessoas. Isso é algo que tem ocorrido em nossos dias.
Paulo enfatiza bem sobre isso, e descreve sobre os perigos desta prática
preconceituosa. Quando um ministério é formado com base nas Escrituras, jamais
este será formado somente por pessoas que tenham uma situação financeira
vantajosa sobre os demais irmãos, mas será um ministério formado por homens e
mulheres idôneos de caráter, que frutificam de fato os frutos do Espírito
Santo. No entanto, quando um líder se afasta da Palavra de Deus, ele tende a se
tornar avarento, interesseiro, materialista e passa a preferir ao seu lado
homens e mulheres ricos e passa a desprezar os pobres financeiramente, ele,
mesmo pensando estar abastado e rico, está pobre, enfermo, frio espiritualmente
e nu!
Muitos irmãos e irmãs em Cristo sofrem perseguição nessa
área. Existem muitos casos de pastores que, ao chegar na igreja um rico ou um
político, e este se associar como membro da congregação, passa a tratá-lo
melhor, dando inclusive cargos ministeriais sem nenhuma direção do Espírito
Santo! Fora os casos onde obreiros e obreiras, pobres quanto às finanças, são
desprezados e substituídos por obreiros e obreiras que possuem altas somas em
suas contas. Não estou fazendo aqui uma apologia à pobreza, mas sim a igualdade,
nesses tempos onde os ensinos de Jesus têm sido desprezados por aqueles que
deveriam, no mínimo, ensiná-los.
2. O amor de Deus tem de ser manifesto na igreja local. O
que Tiago deseja que eles percebam é a maneira como Deus vê os cristãos pobres.
Primeiro, como ricos na fé. Tiago introduz esse ponto com uma pergunta
retórica: “...não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé,
e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?” (v.5). A ênfase na sentença
grega recai sobre Deus: ele é quem escolheu os pobres do mundo para serem ricos
na fé, em contraste com a escolha da igreja em menosprezá-los. Eles são
chamados de “pobres deste mundo”, isto é, pobres da perspectiva da humanidade
em geral, desprovidos, sem recursos ou condições de uma vida confortável e
segura. A estes Deus “escolheu” para serem ricos na fé. Isto nos mostra o
quanto o grande amor de Deus é imparcial. Assim também o amor genuíno,
profundo, constante e auto-sacrificial uns pelos outros é o caráter que
distingue o cristão. É pela manifestação dessa qualidade gloriosa que os
discípulos do Mestre podem esperar exercer influência sobre o mundo, de modo
que os homens começarão a reconhecer que a Cristo e a ninguém mais esses
crentes pertencem. Dessa maneira, todos começarão a ver Cristo no cristão e na
igreja.
Amar ao próximo como a nós mesmos (Mc 12.33) independe da
classe social a que ele pertença, se constitui em um mandamento divino. Neste
caso todos devem ser alvo do amor da igreja, seja rico, seja pobre, preto ou
branco. A igreja não é um clube cuja grandeza é medida pelo nível social de
seus frequentadores. Todas as pessoas são iguais aos olhos de Deus e devem ser
amadas e consideradas pelo seu valor intrínseco. Por isso, Deus espera que a
igreja em tudo seja a agência continuadora da ação amorosa do seu Filho Jesus
Cristo no mundo.
3. Não sejamos perversos (v.4). Tiago não fala para juízes
eleitos oficialmente, mas para os membros da igreja. A congregação deve
perceber a plena extensão do seu pecado de discriminação. Esse não é um pecado
que pode ser considerado insignificante. De acordo com Tiago, o que está em
jogo é a injustiça, pois o coração dos crentes está cheio de pensamentos
perversos. Um juiz cujos pensamentos são perversos não pode jamais ser
imparcial, a justiça que ele exerce é uma farsa. Desde os tempos mais remotos,
a justiça é retratada como uma mulher com os olhos vendados, segurando em sua
mão uma balança. A venda impede que ela veja qualquer um, de modo que possa
servir à causa da justiça com imparcialidade. Dentro do contexto da fé cristã,
a prática da discriminação é exatamente o oposto do amar ao próximo como a si
mesmo.
Não importa se Tiago cita, aqui, um incidente que realmente
aconteceu na igreja ou se cria um exemplo de algo que poderia acontecer. O que
importa é que os crentes em Cristo devem lançar fora o pecado da discriminação.
Em resumo, “não façam acepção de pessoas”.
Para que o evangelho seja proclamado a toda classe social
“sem perversidade” é preciso que isso seja feito em palavras e ações. O crente
mostra seu coração repleto de amor quando estende a mão para ajudar. O amor do
Senhor Jesus, quando é genuinamente levado àqueles que ouvem o evangelho,
constrói com eficácia o corpo de Cristo.
Perversidade não é apenas ceifar a vida de alguém com uma
arma de fogo ou uma arma branca. O dicionário também define perversidade como
alguém facilmente corrompido; em que há corrupção; depravação; ato que,
demonstrando excesso de crueldade, é praticado com o propósito de ocasionar um
prejuízo ou sofrimento (dano) maior à vítima. E quando fazemos discriminação
tudo isso é praticado.
II. DEUS ESCOLHEU OS POBRES AOS OLHOS DO MUNDO (Tg 2.5-7)
1. A soberana escolha de Deus. Tiago faz uma pergunta que só
pode ser respondida na afirmativa. “Porventura não escolheu Deus aos pobres
deste mundo para serem ricos na fé?”. É claro que sim. As Escrituras ensinam
claramente que, em sua graça eletiva, Deus não faz a escolha com base no
mérito, mas no amor para com seu povo (ver, por exemplo, Dt 7.7). Deus dirige
seu amor aos pobres e necessitados, pois seus olhos estão sempre sobre eles (Jó
5.15,16; Sl 9.18; 12.5; Pv 22.22,23). Certamente não há no texto qualquer
indício de que todos os pobres estão incluídos e que Deus escolheu somente os
pobres, pois a pobreza e a riqueza em si não conferem ao homem nenhum bem ou
mal. A aparente preferência de Deus pelos pobres se deve ao fato de que estes,
via de regra, são mais abertos a graça de Deus, e mais acessíveis ao Evangelho
do que a maioria dos ricos. É por isso que desde o princípio “não são muitos os
sábios segundo a carne, nem muitos os poderesos, nem muitos os nobres que são
chamados” (1Co 1.26). A escolha é obra de Deus, como ensina Paulo. “Deus
escolheu as coisas humildes... a fim de que ninguém se vanglorie na presença de
Deus” (1Co 1.28,29 — ARA, e ver Ef 1.4).
Outra coisa também que devemos destacar quando Tiago afirma
“porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé?”.
É o fato de muitas igrejas da atualidade destacarem a riqueza de tal forma como
se isso fosse a centralidade do evangelho. O fato de crermos que Deus pode dar
riqueza a alguém pobre não significa que possamos considerá-lo a mensagem
principal da igreja. A centralidade do evangelho é a morte de Cristo e a
salvação em Cristo.
2. A principal razão para não desonrar o pobre (v.6). Na
época dos profetas, havia a consciência de que a piedade levava algumas pessoas
à pobreza, quando exploradores sem escrúpulos se aproveitavam das pessoas
pobres e honestas. Os que exploravam as classes menos privilegiadas,
forçando-as a vender suas terras, muitas vezes comercializavam como escravos
aqueles que não conseguissem saldar suas dívidas. O que faziam estava em
conformidade com as leis civis do país, mas era um nojo de acordo com as leis
morais e religiosas da nação. Isso levou profetas como Amós a clamar contra os
exploradores dos pobres (Am 2.6; Ez 16.49).
Quando surge o cristianismo, os primeiros cristãos, na sua
maioria, eram pobres, e, além disso, explorados pelos ricos. Tiago apresenta
três principais razões da igreja não agir da forma como vinha agindo
(privilegiando os ricos e discriminando os pobres). Os motivos eram: Os ricos
os oprimiam, os arrastavam aos tribunais e blasfemavam o bom nome que entre
eles era invocado. Ou seja, a atitude praticada pelos cristãos não era
recíproca. Longe de estarem devolvendo bondade por bondade, os cristãos estavam
cobrindo de honra justamente aqueles que se envolveram ativamente em oprimir e
perseguir a pequena comunidade de crentes. Tal opressão incluiu a exploração
econômica: katadynasteuō (oprimem) aparece com frequência na Septuaginta para
descrever a exploração dos ricos contra pobres (Ver Am 4.1), órfãos e viúvas
(Ver Ez 22.7). Agindo de modo exatamente contrário às exigências da “religião
pura” (1.26-27). O ponto de Tiago é que aquelas pessoas que recebiam um
tratamento especial na igreja pelo fato de serem ricas eram as mesmas que
denunciavam e arrastavam os leitores aos tribunais romanos por serem cristãos.
3. Desonraram o Senhor. Em primeiro lugar, encontramos a
Igreja de Deus a desonrar-Lhe o santíssimo nome. Em consequência de sua atitude
discriminatória e celetista. Ao distinguir o rico, a Igreja desonra também a
Deus (vv.6,7). Tiago não concordaria com algumas correntes teológicas surgidas
há alguns anos (como a chamada Teologia da Libertação, por exemplo) que
“sacramentam” o pobre, tornando-o objeto exclusivo do favor de Deus,
voltando-se contra os mais aquinhoados economicamente. O que Tiago mostra é que
a bajulação aos ricos é imprópria à Igreja, pois desonra ao seu Criador.
Não podemos abraçar dois evangelhos: um para dizer aos
desafortunados que eles devem se arrepender de seus pecados, senão irão para o
inferno; e outro, para dizer aos afortunados que nos sensibilizamos com suas
visitas aos nossos templos. Mas, infelizmente, muitos são os líderes que, em
vez de exaltar a Cristo, desonram-no com a sua postura mundana e notoriamente
discriminatória. Ainda que se declarem homens de Deus, vêm desviando a muitos
da verdade. O que todos devemos saber, porém, é que “Deus não se deixa
escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).
Em segundo lugar, os ricos também desonravam ao Senhor, pois
eram eles que blasfemam o bom nome daquele a quem a Igreja pertencia. Tiago
acrescenta uma acusação de natureza religiosa. O nome de Jesus havia sido
outorgado aos cristãos, ou (de modo mais literal) em seu nome haviam sido
batizados. Agora os cristãos “pertenciam” a Cristo. Seu Senhor é Cristo.
Todavia, os ricos falam mal desse nome, quando escarnecem de Jesus ou quando
insultam seus seguidores. Não está esclarecido se faziam isso no tribunal, como
parte do processo opressivo, ou se estavam insultando a Cristo nas sinagogas e
nas praças. Nem uma nem outra ação era correta.
III. A LEI REAL, A LEI MOSAICA E A LEI DA LIBERDADE (Tg
2.8-13)
1. A Lei Real. A essência da lei de Deus é o amor ao próximo
como a nós mesmos (2.8-11). A questão não é quem é o meu próximo, mas para quem
eu posso ser o próximo? O amor é o cumprimento de toda a lei. Amar é tratar as
pessoas como Deus nos trata. O sacerdote e o levita tinham uma fé ortodoxa.
Eles serviam no templo. Mas eles falharam em viver a fé amando o próximo. A fé
era ortodoxa, mas estava morta (Lc 10.31,32). Quem não ama é transgressor da
lei. E se tropeçarmos em um único ponto, somos culpados da lei inteira (2.10).
Na era moderna, e especialmente no mundo materialista em que
vivemos, adaptar o sonho de “amor ao próximo” à nossa realidade é muito, muito
difícil. No âmbito familiar podemos nos doar, fazer sacrifícios, e os fazemos
na maioria das vezes, de bom grado. Mas, como fazer isso com “nosso próximo”,
ou seja, com nosso irmão da igreja, vizinho, alguém do trabalho que te sacaneia
sempre? Para fazer isso devemos, primeiramente, amar a nós mesmos, não de
maneira egoísta, mas realista. Amar a si mesmo quer dizer aceitar nossas
limitações e também saber reconhecer nossos talentos. Amar a si mesmo quer
dizer valorizar e amar cada porção de nós mesmos, seja no físico que no
emocional e no espiritual. Amar a si mesmo quer dizer aceitar que somos feitos
de uma determinada maneira e que, principalmente, Cristo nos tornou dignos de
amor, que merecemos ser amados da maneira que somos. E é justamente esse tipo
de amor que devemos devotar ao nosso próximo.
No primeiro mandamento eu concentro a ânsia de ser feliz
firmemente em Deus e apenas nEle. No segundo mandamento eu abro todo um mundo
de alegria em Deus em expansão, e digo: As pessoas, os seres humanos, onde quer
que eu os encontre, foram designados para receber alegria em Deus através de
mim. Ame-os do modo que você ama a si mesmo. Mostre-lhes, dê-lhes por qualquer
meio prático disponível o que você encontrou para você mesmo em Deus.
2. A Lei Mosaica. No tempo de Tiago, os judeus faziam uma
distinção entre as leis mais importantes e as que eram menos significativas.
Consideravam a lei de Deus como sendo prioritária, mas não consideravam tão
importantes outros mandamentos, como aquele contra o juramento, pois eram visto
com a lei de Moisés (ver Mt 5.33-37; Tg 5.12).
Apesar de Tiago ter escrito sua epístola, a princípio, para
cristãos de descendência judia, não excluiu ninguém da obrigação de observar a
lei de Deus e obedecer a ela. Todo leitor da carta deve estar ciente da unidade
da lei de Deus. Não podemos afirmar que obedecer ao mandamento “não matarás” é
mais importante do que observar aquele que diz “não cobiçarás”. As Escrituras
não nos permitem julgar o valor dos mandamentos. Na verdade, no Sermão do
Monte, Jesus ensina que nenhuma parte da lei desaparecerá “até que tudo se
cumpra” (Mt 5.17-19), e Paulo faz referência à obrigação de obedecer à lei como
um todo (Gl 5.3). Assim, em sua discussão sobre a lei, Tiago também enfatiza
que a lei de Deus não consiste de mandamentos individuais, mas de uma unidade.
Certamente, a lei é formada por vários mandamentos, mas transgredir um deles
significa quebrar a lei de Deus. Se bato um dedo do pé, não só aquele dedo, mas
todo o corpo sente a dor. Cada parte do meu corpo está integralmente
relacionada com o resto. “Se um membro sofre, todos sofrem com ele” (1Co
12.26). Se quebro um dos mandamentos de Deus, peco contra toda a lei de Deus.
O próprio Deus criou e formulou sua lei. Ele também a ordena
e a faz cumprir, pois por meio da lei ele expressa sua vontade. Deus disse:
“Não adulterarás”. Disse também: “Não matarás”. Esses dois mandamentos são
parte da lei, isto é, do Decálogo (Êx 20.13,14; Dt 5.17,18), e tem em si a
mesma autoridade divina que o resto da lei de Deus.
3. A Lei da Liberdade. A Bíblia é a grande Lei da liberdade.
Ela nos mostra que, se a obedecermos e perseverarmos em cumpri-la, seremos bem
aventurados em tudo que realizarmos e livres. Desde os tempos antigos, o homem
tem lutado pela liberdade. Atualmente, no Oriente Médio, as nações têm lutado
por liberdade. Mas essa liberdade que usa da violência, que provoca
derramamento de sangue, é humana, carnal e demoníaca. Mas o que é a liberdade?
Os conceitos humanos e malignos ensinam que a liberdade são as situações nas
quais as pessoas fazem o que querem, sem dar satisfação a ninguém. Mas isso não
é liberdade, isso é anarquia, uma situação sem governo, sem lei. Deus nos
mostra na sua Palavra a verdadeira liberdade.
Libertar-se é se tornar livre de algo que nos aprisiona.
Muitas vezes, estamos presos em algo que não queremos aceitar. Chegamos a ficar
acorrentados em ações, atitudes, pensamentos ruins e até mentiras. E o pior:
não percebemos.
A Palavra de Deus pode nos tornar livres. O problema é que
mesmo assim o diabo não desiste e tenta (sem cessar) nos aprisionar em algo com
o objetivo único de nos abalar, entristecer e destruir.
A Bíblia funciona como um espelho. Ela mostra os defeitos e
falhas de nosso caráter que contrastam com o perfeito caráter de Deus. O
apóstolo Paulo afirma que “pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20).
É pela Palavra de Deus e seus santos preceitos que podemos
perceber através da atuação do Espírito Santo, que nossa vida não se harmoniza
com a vontade de Deus. A Bíblia torna-se um instrumento através do qual, o
Espírito Santo utiliza-se para convencer-nos do pecado.
Apontando a nossa condição de pecadores, as Santas
Escrituras nos apresenta o autor da mesma, Aquele que está pronto a perdoar e
redimir. Desta maneira, a Palavra de Deus nos indica a Jesus, a fim de que
recebamos a salvação. Jesus disse que “todo aquele que comete pecado é escravo
do pecado” (Jo 8.34). Quando transgredimos a Lei do Senhor não nos achamos em
liberdade. Por isso, viver segundo os limites do Santo Livro significa
liberdade das garras cruéis do pecado que escraviza e destroe, liberta-nos das
amargas consequências do pecado.
CONCLUSÃO
O segundo capítulo da Epístola de Tiago é uma voz do
Evangelho a ecoar através dos tempos. Ele rotula a acepção de pessoas como
pecado lembrando-nos de que Deus escolheu os “pobres deste mundo para serem
ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam”. Assim, se a
nossa vontade estiver de acordo com a vontade de Deus, amaremos os pobres como
a nós mesmos. E conscientizar-nos-emos de que esse amor exige de nós ações
verdadeiras, sinceras, e não apenas de vãs palavras religiosas que até mesmo o
vento se encarrega de levar (cf. Tg 2.15-17).
BIBLIOGRAFIA
• Bui, Reinaldo. Devocional em Tiago -
Apostila;
• Davids, Peter H.. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo
- Tiago - Editora Vida;
• De Oliveira, Raimundo. Lições Bíblicas
Maturidade Cristã. 1º Trimestre de 1989. CPAD;
• http://www.dicio.com.br/perversidade/
• http://missaonovale.blogspot.com.br/
• Lopes, Hernandes Dias. Tiago: Transformando
provas em triunfo. Hagnos;
• Taylor, William Carey. A Epístola de Tiago.
Casa Publicadora Batista;
• Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico
expositivo - Novo Testamento. Volume 2. Geográfica Editora.
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