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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O CUIDADO COM A LINGUA - LIÇÃO 8 COM SUBSIDIOS

Lições Bíblicas CPAD    -    Jovens e Adultos
 3º Trimestre de 2014
Título: Fé e Obras — Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica

Comentarista: Eliezer de Lira e Silva
Lição 8: O cuidado com a língua
Data: 24 de Agosto de 2014

TEXTO ÁUREO
 “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg 3.2).

VERDADE PRÁTICA
 A nossa língua pode destruir vidas, portanto, sejamos cuidadosos com o que falamos.

LEITURA DIÁRIA
 Segunda - Sl 12.3 A soberba da língua
 Terça - Pv 6.16-19 A língua mentirosa
 Quarta - Sl 15.3 A língua difamadora
 Quinta - Sl 34.13 Guarde a língua do mal
 Sexta - Sl 66.16,17 Exaltemos a Deus com a nossa língua
 Sábado - Sl 119.172 Anunciando a Palavra de Deus

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
 Tiago 3.1-12.
 1 - Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.
2 - Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo.
3 - Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo.
4 - Vede também as naus que, sendo tão grandes e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.
5 - Assim também a língua é um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.
6 - A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.
7 - Porque toda a natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana;
8 - mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.
9 - Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus:
10 - de uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.
11 - Porventura, deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?
12 - Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Assim, tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.

INTERAÇÃO
 Prezado professor, dando prosseguimento ao estudo da Epístola de Tiago, hoje aprenderemos um tema atual e bem relevante — o cuidado que devemos ter com a nossa língua. Tiago faz dos primeiros versículos do capítulo três um verdadeiro tratado a respeito da disciplina da língua. Porém, este assunto é destaque em toda a epístola. Observe os seguintes textos da epístola: 1.19, 26; 4.11,12; 5.12. Sabemos que a língua é um pequeno membro do nosso corpo, todavia seu poder é sempre ambíguo. Sim, a língua tem poder para construir e para destruir, por isso, ela precisa ser controlada pelo Espírito Santo. Sozinhos não conseguiremos refrear nossa língua e somente utilizá-la para glória de Deus. Precisamos da ajuda do Criador. Segundo Tiago, o homem que domina esse pequeno órgão é um homem perfeito, com a capacidade de também refrear as demais partes do seu corpo.

OBJETIVOS
 Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Analisar a responsabilidade dos mestres na igreja.
Conscientizar-se a respeito da capacidade da nossa língua.
Rejeitar a possibilidade de alguém utilizar a língua de modo ambíguo.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
 Professor, reproduza o esquema abaixo no quadro. Depois, utilizando-o, ressalte as características de quando a nossa fala é motivada pelo Diabo. Em seguida ressalte as características da língua quando ela é controlada por Deus. Enfatize os danos terríveis que uma língua descontrolada pode causar na família, na igreja e no ambiente corporativo. Conclua explicando que no dia do Juízo, teremos que dar conta ao nosso Senhor de toda palavra ociosa proferida pela por nós. Leia com os alunos o texto de Mateus 12.36.


 COMENTÁRIO
 INTRODUÇÃO
 Palavra Chave
Língua: Órgão muscular situado na boca e na faringe responsável pelo paladar e auxiliar na mastigação, na deglutição e na produção de sons.
 Nessa lição veremos o quanto o crente deve ser cuidadoso na maneira de falar com os outros. Tema do terceiro capítulo da epístola, o meio-irmão do Senhor escreve sobre um pequeno membro do nosso corpo: a língua. Este acanhado, mas poderoso órgão humano, pode destruir ou edificar a vida das pessoas. Por isso, a nossa língua deve ser controlada pelo Espírito Santo a fim de sermos canais de bênçãos para aqueles que nos ouve.

I. A SERIEDADE DOS MESTRES (Tg 3.1,2)
 1. O rigor com os mestres. A palavra hebraica para mestre é rabbi, cujo significado é “meu mestre”. Os mestres eram honrados em toda a comunidade judaica, gozando de grande respeito e prestígio. Na realidade, o ofício rabínico era uma das posições mais almejadas pelos judeus, pois era notória a influência dos mestres sobre as pessoas (Mt 23.1-7). Daí o porquê de muitos ambicionarem tal posição. E é exatamente alarmado por isso que Tiago inicia então o capítulo três, referindo-se aos que acalentavam essa aspiração, visando obter prestígio, privilégio e fama, a que tivessem cuidado (v.1). Antes de almejarmos o ministério da Palavra devemos estar cônscios de nossa responsabilidade e de que um dia o Altíssimo nos pedirá conta dos atos e dos talentos a nós dispensados.

2. A seriedade com os mestres na igreja (v.1). Em Mateus 5.19 lemos sobre a advertência de Jesus quanto à seriedade e a fidelidade dos discípulos no ensino do Evangelho. Devido a sua importância, Jesus estabeleceu o ensino como um meio de propagar o Evangelho a toda criatura e, assim, ordenou a sua Igreja que fizesse seguidores do Caminho pelo mundo (Mt 28.19,20). É interessante notarmos o paralelo que Tiago faz em relação à advertência proferida por Jesus em tempo anterior: Quem foi vocacionado para ser mestre não pode ter o “espírito” dos fariseus, mas o de Cristo (Mc 12.38-40).

3. Perfeição que domina o corpo (v.2). Quem domina ou controla a sua língua, sem cometer delitos (excessos, descontroles, julgamentos precipitados, difamações, etc.), sem dúvida, é “perfeito”. O controle da língua significa que a pessoa tem a capacidade de controlar as demais áreas da vida, pois a língua é poderosa “para também refrear todo o corpo”. Quem tem domínio sobre a língua, tem igualmente o coração preservado, pois a boca fala do que o coração está cheio. Discipline-se! Faça um propósito com Deus e consigo mesmo: não empreste os seus lábios para fazer o mal.

SINOPSE DO TÓPICO (I)
 A língua é um pequeno órgão do nosso corpo, porém seu poder é comparado a um fogo destruidor.

II. A CAPACIDADE DA LÍNGUA (Tg 3.3-9)
 1. As pequenas coisas no governo do todo (vv.3-5). Tiago faz uma analogia acerca da nossa capacidade de usarmos a língua. Ele remete-nos ao exemplo do leme dos navios e do freio dos cavalos. Apesar de tais objetos serem pequenos, porém, são fundamentais para controlar e dirigir transportes grandes e pesados. Assim, o apóstolo nos mostra que, apesar de pequena, a língua é capaz de realizar grandes empreendimentos — edificantes ou destrutivos. Como um pequeno membro é capaz de “acender um bosque inteiro”?

2. “A língua também é um fogo” (vv.6,7). Quantas pessoas não frequentam mais as nossas reuniões porque foram feridas com palavras? Você já se fez essa pergunta? É preciso usar nossa língua sabiamente, pois “a morte e a vida estão no poder da língua [...]” (Pv 18.21). Grande parte dos incêndios nas florestas inicia através de uma pequena fagulha. Todavia, essa faísca alastra-se podendo destruir grandes áreas de vegetação. Da mesma forma, são as palavras por nós pronunciadas. Se não forem proclamadas com bom senso, muitas tragédias podem acontecer.

3. Para dominar a língua. Ainda no versículo sete, Tiago faz outra ilustração em relação ao tema do uso da língua. Ele mostra que a natureza humana conseguiu domar e adestrar as bestas-feras, as aves, os répteis e os animais do mar. Mas a língua do ser humano até hoje não houve quem fosse capaz de dominar. Por esforço próprio o homem não terá forças para domar o seu desejo e as suas vontades. Mas quando Deus passa a nos governar, a língua do crente deixa de ser um órgão de destruição e passa a ser um instrumento poderoso e abençoador, usado para o louvor da glória do Eterno. A fim de dominar a nossa língua, devemos entregar o nosso coração inteiramente ao Senhor, “Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca” (Mt 12.34).

SINOPSE DO TÓPICO (II)
 Aprendemos com o meio-irmão do Senhor que embora a língua seja um pequeno órgão do nosso corpo, ela tem poder para edificar e destruir pessoas e instituições. Precisamos submeter este pequeno órgão ao Criador.

III. NÃO PODEMOS AGIR DE DUPLA MANEIRA (Tg 3.10-12)
 1. Bênção e maldição (v.10). Tiago até reconhece a possibilidade de alguém usar a língua de modo ambíguo. Entretanto, deve a mesma língua que expressa o amor a Deus, deixar-se usar para destruir pessoas? Apesar de o meio-irmão do Senhor dizer que tudo que existe obedece sua própria natureza, se experimentamos o novo nascimento, tornamo-nos uma nova criação, isto é, adquirimos outra natureza. Esta tem de ser manifesta em nosso falar e agir. Portanto, se você foi transformado pela graça de Deus mediante a fé de Cristo, a sua língua não pode ser um instrumento maligno. A fofoca, a mentira, a calúnia e a difamação são obras carnais e não podem ter lugar em nossa vida.

2. Exemplos da natureza (vv.11,12). O líder da igreja de Jerusalém usa dois exemplos da natureza para apontar a incoerência de agirmos duplamente. Tiago questiona a possibilidade de a fonte que jorra água doce jorrar igualmente água salgada. Para provar a impossibilidade natural deste fenômeno, o meio-irmão do Senhor pergunta, de maneira retórica, se uma figueira poderia produzir azeitonas, e a videira, figos. Naturalmente, a resposta é um sonoro não! Portanto, a pessoa que bendiz ao Senhor não maldiz o próximo. Se Deus é amor, como podemos odiar alguém?

3. Uma única fonte. Aquele que bebe da água da vida não pode fazer jorrar água para morte. Quem bebe da água limpa do Cristo de Deus não pode transbordar água suja. Portanto, a palavra proferida por um discípulo de Cristo deve edificar os irmãos, dar graça aos que ouvem e sarar quem se encontra ferido.

SINOPSE DO TÓPICO (III)
 Como servos de Deus, não podemos utilizar nossa língua para expressar palavras de adoração ao Senhor e em seguida utilizá-la para destruir o nosso próximo.

CONCLUSÃO

Uma vez Salomão disse que a boca do justo é manancial de vida (Pv 10.11), e que as palavras da boca do homem são águas profundas (Pv 18.4). Tomemos o devido cuidado com a maneira como usamos a nossa língua. Não esqueçamos que, no dia do Juízo, daremos conta a Deus de toda palavra ociosa proferida pela nossa boca (Mt 12.36).

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
 ARRINGTON, French L; STRONSTD (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª Edição. RJ, CPAD, 2009.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
 Subsídio Teológico
 “Tiago emprega duas metáforas para descrever a habilidade da língua em ‘refrear todo o corpo’ — o freio nas bocas dos cavalos e o leme no navio. Nos dois exemplos, qualquer uma das menores partes é capaz de controlar a direção e as ações de todo conjunto. No entanto, a relação entre a língua e o resto do corpo é diferente daquela de um freio com o cavalo ou de um leme com o navio; ela não controla diretamente as ações de uma pessoa. Devido à imperfeita adaptação dessa analogia, alguns comentaristas sugeriram que Tiago está estendendo sua discussão ao papel dos professores da Igreja. É a ‘língua’ do mestre que controla todo o ‘corpo’ da Igreja. Porém, a principal preocupação de Tiago nessa seção da carta está dirigida às atitudes individuais dos crentes, e não à vida coletiva da Igreja (uma questão que ele analisa em 5.13-20). Assim sendo, [...] pode ainda estar fazendo uma ilustração da ideia dos ensinamentos de Jesus quando diz que ‘do que há em abundância no coração, disso fala a boca’ (Mt 12.34; Tg 3.10), onde o desejo do indeciso coração humano profere tanto a bênção quanto a maldição)” (ARRINGTON, French L; STRONSTD, Roger. (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª Edição. RJ, CPAD, 2009, pp.873-74).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
 O cuidado com a língua
 Houve no movimento evangélico brasileiro um tempo em que muitos acreditavam na palavra rhema — a bem da verdade ainda existe, mas o frenesi cessou. A ideia desse movimento era a de que a nossa palavra tem o poder tanto para abençoar quanto para amaldiçoar uma pessoa. Mas esta bênção ou maldição era embasada numa perspectiva mágica, como se o que se falasse acontecesse instantaneamente. E o texto usado para justificar este tipo de “experiência” era este de Tiago 3.9,10. Naturalmente, este não é o ensino de que se referia o meio-irmão do Senhor.
Em primeiro lugar, o tema central do texto é o desdobramento do capítulo 1 sobre a sabedoria do alto. Não podemos, ao longo da lição, perder esta perspectiva de vista, pois de acordo com ela o líder da igreja de Jerusalém desenvolve todo o seu argumento. O mestre por certo é uma função que deve ser exercida com a sabedoria do alto. E qual o veículo usado pelo mestre para transmitir a sabedoria de Deus? A língua. Por isso Tiago inicia o capítulo três admoestando a quem deseja inadvertidamente galgar a função de mestre somente por orgulho. Diante do Pai, o mestre será muito cobrado acerca do conteúdo que ensina, portanto, não há lugar para ambiciosos.
Em segundo lugar, Tiago ilustra a natureza perigosa de um órgão tão pequeno quanto à língua. Semelhante ao leme responsável por guiar um gigante em alto mar, ao freio na boca dos cavalos para dominar o seu corpo e, bem como, a faísca que pode incendiar uma floresta, assim é a potência da nossa língua tanto para fazer o bem quanto para o mal.
Quantas confusões foram feitas por causa do mal da língua? Através desta, pessoas matam as outras. Ofendem, denigrem, caluniam, humilham e não demonstram qualquer respeito à dignidade humana. Isto é pronunciar a maldição contra os outros como a Bíblia revela. Que poder de proporção destruidora a língua tem! E quase palpável. Quando alguém maltrata o outro verbalmente, maldiz a imagem e a semelhança de Deus. Isto é pecado contra o Pai e contra o próximo.
Mas o uso da língua pode ser maravilhoso. Com ela se pode elogiar alguém, consolar pessoas, animar almas cansadas e sedentas por esperança. Podemos fazer raiar um “mundo novo de amor e paz” para quem está vivendo um “inferno em chamas”.


SUBSIDIOS - PRIMEIRA PARTE

AUXÍLIOS COMPLEMENTARES
Elaboração: Escriba Digital
 INTRODUÇÃO
 Palavra Chave
Língua: Nome de um dos membros do corpo situado na boca e de grande utilidade, auxiliar da mastigação, deglutição e participação na formação dos fonemas da fala; órgão responsável pela articulação dos sons.

Sabemos que a língua, referida aqui no texto, se relaciona a fala e é a maior porta de saída que temos do nosso homem interior. Os nossos sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato) é que passam toda a informação do mundo exterior. Somos “uma casa” com “portas ou janelas” (que são os sentidos) e a maior delas é a língua, pois por ela sai muita coisa louvável e também muita coisa ruim que pode danificar a vida. É através da língua que a alma é atingida e muitas vezes de modo incurável. Se temos esse membro em nós, e precisamos dele para viver, o assunto nos interessa, mesmo sendo “amargo”. A Bíblia nos diz que precisamos aprender a possuir o nosso corpo, o nosso espírito e a nossa alma; a língua, um membro do corpo, na sua atividade da fala, influencia diretamente a alma e pode afetar o espírito. Será que sabemos usar bem a nossa língua? Tiago orienta os irmãos da igreja acerca de suas palavras para ajudá-los a compreender e aplicar a vontade de Deus nesta área de suas vidas.

I. A SERIEDADE DOS MESTRES (Tg 3.1,2)
1. O rigor com os mestres. Na igreja primitiva, a responsabilidade do ensino era do mestre altamente respeitado e horado. Assim, alguns foram tentados para se tornarem mestre pelo desejo de se destacarem, para brilhar entre os outros irmãos. Por um lado, havia a possibilidade de que um mestre viesse a danificar o ensinamento com o seu ensino enquanto ministrava a Palavra. Eles poderiam levar a pessoa à destruição, ensinando uma falsa doutrina (2Ts 2.10-12). Portanto, seu intuito era advertir aqueles que estavam desejosos de ensinar na igreja e mostrar para alguns que já estavam ministrando o grande rigor divino para com eles.
É importante entender que Tiago não está desencorajando os irmãos a se tronarem mestres. O Novo Testamento incentiva as pessoas a tomarem-se mestres das boas-novas. Jesus ordena, por exemplo, que façamos discípulos de todas as nações e os ensinemos (Mt 28.19,20), e o escritor de Hebreus repreende seus leitores por não haverem se tomado mestres depois de um período de treinamento (5.12).Não apenas os judeus do tempo de Jesus (Mt 23.7), mas também a igreja primitiva, davam grande proeminência ao ofício do ensino. Um mestre tinha autoridade e influência, e muitas pessoas procuravam obter essa posição. Tiago adverte seus leitores a não desempenharem o papel de mestre, a menos que estejam plenamente qualificados. Ele se inclui na discussão e chama a atenção para o resultado que acabara vindo: “Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus” (Mt 5.19; ver 18.6). Portanto, ensinar é uma grande responsabilidade com consequências duradouras, pois, no dia do julgamento, Deus pronunciará o veredito (Rm 14.10-12).

2. A seriedade com os mestres na igreja (v.1). Tiago diz que se você quer ser um mestre precisa tomar um grande cuidado. Não que seja ilegítimo aspirar à liderança, sobretudo se Deus lhe deu essa capacidade. Mas saiba de uma coisa, o mestre terá um juízo maior. Quanto mais conhecimento e experiência você tem, mais responsável você se torna diante de Deus e dos homens. O critério do juízo vai ser mais rigoroso. O mestre professa conhecer, em elevado grau, a vontade de Deus e a sua revelação aos homens, e arroga-se o direito de conduzir os homens pelo caminho espiritual. Se ele falhar em seus deveres, mostrando-se indolente, ou pervertendo os mesmos, o seu julgamento será mais severo. (Comparar esse pensamento com Lc 12.47). Ele será considerado responsável pelo seu doutrinamento (ver 1Tm 4.1ss. e 6.3). Ele será responsabilizado por seu exemplo (ver 1Co 11.1). Como um pai para seus filhos, assim é um mestre para com os demais irmãos na fé. Ele deve para eles três coisas principais: exemplo, exemplo, exemplo.
Um dos maiores problemas da Igreja evangélica brasileira é sua liderança. Mais e mais desejam se tomar mestres, e o fazem sem que haja critérios claros e sérios por parte das denominações, que colocam na liderança pessoas absolutamente despreparadas, que não foram treinadas nem provadas quanto à fé, à capacidade e às motivações. Tais mestres ocupam os púlpitos evangélicos e proferem palavras e discursos que envergonham o nome de Cristo diante do mundo; desviam os incautos, confundem os desavisados, confundem os crentes e espalham mentiras no meio do povo. Duro juízo cairá sobre eles.

3. Perfeição que domina o corpo (v.2). O perigo aumenta muito pelo fato de que “todos tropeçamos em muitas coisas”. Tiago menciona um provérbio que significa que os cristãos não apenas pecam com frequência, mas também pecam de muitas maneiras diferentes. Esta verdade é reconhecida por toda a Escritura (2Cr 6.36; Jó 4.17-19; Sl 19.3; Pv 20.9; Ec 7.20; Rm 8.46; 1Jo 1.8). Dizendo “se alguém não tropeça em palavra”, Tiago focaliza um pecado especial que o preocupa: a língua solta. A necessidade de controlar a língua era bem conhecida no judaísmo e no cristianismo (Pv 10.19; 21.23; Ec 5.1). Tiago salienta aqui, como o fez em 1.26, a importância de controlar a língua, pois afirma a respeito de quem for capaz de domá-la: “o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo”. Isto significa que tal pessoa é madura, tem caráter cristão completo (1.4) e, assim, capacitada a enfrentar todas as provações e tentações, e a controlar todos os impulsos maus (1.12-15). É como disse Ben Zoma:“Quem é poderoso? Aquele que subjuga suas paixões”. Ou como perguntou Alexandre da Macedônia aos anciãos do sul: “Quem é o herói? Responderam-lhe: Aquele que controla suas paixões más”. Tiago caminha um passo à frente dos rabinos. O controle dos maus impulsos é bom (e Paulo concorda com Tiago, 1Co 9.24-27), mas os impulsos mais difíceis de controlar são os da língua. Mantenha pura a fala, e o resto ser fácil; eis a marca do cristão maduro.

Obviamente que todos nós já falhamos, já tropeçamos em nossa própria língua. Quantas vezes já ficamos envergonhados de falar aquilo que não deveríamos ter falado, na hora em que não deveríamos ter falado, com a pessoa que não deveríamos ter falado, com a intensidade e o volume da voz que não deveríamos ter usado. Uma palavra falada é como uma seta lançada, não tem jeito de retorná-la. E como um saco de penas soltas do alto de uma montanha, não se pode mais recolhê-las.

II. A CAPACIDADE DA LÍNGUA (Tg 3.3-9)
 1. As pequenas coisas no governo do todo (vv.3-5). A língua tem o poder de dirigir tanto para o bem como para o mal. Tiago usa duas figuras para mostrar o poder da língua: o freio e o leme (3.3,4). Para que serve um cavalo indomável e selvagem? Um animal indócil não pode ser útil, antes, é perigoso. Mas, se você coloca freio nesse cavalo, você o conduz para onde você quer. Através do freio a inclinação selvagem é subjugada, e ele se torna dócil e útil. Tiago diz que a língua é do mesmo jeito. Se você consegue controlar a sua língua, também conseguirá dominar os seus impulsos, a sua natureza e canalizar toda a sua vida para um fim proveitoso.
Tiago usa também a figura do leme. Um navio transatlântico é dirigido para lá ou para cá, pelo timoneiro, por meio de um pequeno leme. Imagine o que seria um navio sem o leme. Colocaria em risco a vida dos tripulantes, a vida dos passageiros e a carga que transporta. Isso seria um grande desastre. Sem leme, um navio seria um instrumento de morte, de naufrágio, de loucura. O leme, porém, pode conduzir esse grande transatlântico, fugindo dos rochedos, das rochas submersas e pode transportar em paz e segurança os passageiros, os tripulantes e a carga que nele está.
O que Tiago está dizendo é que se nós não controlarmos a nossa língua, nós seremos como um transatlântico sem leme e sem direção. Se não controlarmos nossa língua, vamos nos arrebentar nos rochedos, vamos nos destruir e vamos ainda destruir quem está perto de nós, porque a língua tem poder de dirigir para bem ou para o mal.

2. “A língua também é um fogo” (vv.6,7). Tiago agora enfatiza o potencial de destruição que a língua possui “vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia” — ela é traduzida tanto por quão grande como por pequeno. Usada deste modo na mesma sentença, ela alcança uma certa simetria antitética. Como figura, o rápido avanço destruidor do fogo era usado com frequência para transmitir uma advertência sobre o efeito de paixões desenfreadas. O Antigo Testamento compara o discurso de um tolo ao “fogo ardente” (Pv 16.27) e Siraque afirma que a língua “não tem poder sobre os homens piedosos, os quais não serão abrasados em suas chamas” (Eclesiástico 28.22 — Bíblia Católica). A palavra traduzida por floresta (hylê) na Bíblia de Jerusalém (ARC traz “bosque”) pode ser uma referência ao matagal que cobria tantas colinas na Palestina, o qual, naquele clima seco do Mediterrâneo, poderia fácil e desastrosamente se incendiar. Quando a língua não é refreada, mesmo sendo pequena, também o resto do corpo provavelmente não terá controle nem disciplina.
O fogo é uma boa ilustração para explicar o grande efeito daquilo que falamos. A nossa fala tem muito poder destrutivo, como uma faísca em uma floresta. A língua é a porta através da qual a influência maligna do inferno pode se espalhar como um fogo que acende todas as áreas da vida que toca. Aqui, o corpo (Gr. soma) representa toda a pessoa. No entanto, também pode se referir à igreja. Ele compara a língua ao fogo no sentido de que está fora de controle e destrói tudo o que é combustível que se encontre no seu caminho.
Deduzindo o contexto parece melhor aceitar que Tiago tem o conceito de que a linguagem é um vasto sistema de iniquidade. Todas as características ruins de um mundo caído, sua ganância, sua idolatria, sua blasfêmia, sua sensualidade, sua inveja predatória, encontra expressão por meio da linguagem.

3. Para dominar a língua. A língua não é apenas semelhante ao fogo, mas também a um animal perigoso. É uma fera irrequieta (“mal que não se pode refrear”) que procura sua presa e depois a ataca e mata. Alguns animais são venenosos, como também algumas línguas são venenosas. O veneno é enganoso, pois trabalha de modo oculto e lento e, depois, mata. Quantas vezes uma pessoa maliciosa injeta um pouco de veneno em uma conversa, na esperança de que se espalhe e, por fim, chegue até a outra pessoa que desejava ferir? Como cristão que sou, tenho visto línguas venenosas causarem grandes estragos na vida de indivíduos, em famílias, em classes de Escola Dominical e em igrejas inteiras. Você soltaria leões famintos ou cobras atiçadas no meio do culto de domingo? Claro que não! Mas a língua incontida produz exatamente os mesmos resultados.

Tiago lembra que os animais podem ser domados e, aliás, o fogo também pode ser controlado. Um animal antes feroz pode ser domado e se tornar útil para o trabalho. O homem tem domado todas as formas superiores de vida animal sob seu controle. Por exemplo, as pessoas foram ensinadas a domar leões, tigres e macacos a fazê-los saltar através de aros. Eles foram ensinados a colocar papagaios e canários para falar e cantar. Treinam cobras. Eles treinaram golfinhos e baleias realizar acrobacias e tarefas diferentes. Os ancestrais tinha orgulho na capacidade dos seres humanos para domesticar e controlar o reino animal.
Tiago parece pessimista aqui quanto à possibilidade do domínio da língua, mas devemos nos lembrar de que isso só ocorre quando ela está inflamada pelo inferno (3.6). Muito embora as Escrituras nos advirtam, continuamente, sobre o poder da língua para fazer o mal, oferece-nos a possibilidade de dominá-la mediante o poder do Espírito. Tiago não desconhece essa possibilidade. Ele não coloca o domínio da língua absolutamente além do controle humano. Ele não considera a língua como um caso perdido. Nesse mesmo capítulo, mais adiante, ele vai falar das boas obras de sabedoria que os mestres podem ostentar e, entre elas, um uso adequado das palavras (3.13,17-18). O radicalismo de Tiago quanto à selvageria da língua se deve à ênfase que ele deseja dar, nesse momento, aos perigos que ela traz aos crentes em geral e aos mestres em particular.

III. NÃO PODEMOS AGIR DE DUPLA MANEIRA (Tg 3.10-12)
 1. Bênção e maldição (v.10). Aqui Tiago resume o ponto dessa seção sobre a incoerência da religião superficial, ou seja, bênção e maldição procedem da mesma boca. Palavras de adoração e louvor a Deus são elaboradas pela mesma língua que, num outro momento, expele palavras que desejam o mal daqueles que Deus fez à sua semelhança. Na verdade nossa boca deveria ser reservada exclusivamente ao serviço a Deus. Quando entrava no santuário, o sumo sacerdote de Israel trazia na cobertura de sua cabeça as palavras: “Santo para o Senhor” (Êx 28.36; 39.30), ou seja, ele era propriedade de Deus e reservado exclusivamente ao serviço dele. Do mesmo modo nosso Senhor, que nos “comprou por preço” (1Co 6.20), visa praticamente “inscrever” a frase “Santo para o Senhor” em nossa vida, em especial sobre nossa língua e nossos lábios, declarando-nos pertencentes a ele e reservados exclusivamente para o seu serviço (Sl 51.17; 71.23). A carta de Tiago é pregação em prol da santificação, e da santificação também faz parte a nova natureza agradável a Deus.
Que bênção você poder usar sua língua como uma fonte de refrigério para as pessoas, para abençoá-las, encorajá-las e consolá-las. Como é precioso trazer uma palavra boa, animadora e restauradora para uma alma aflita.

2. Exemplos da natureza (vv.11,12). A fonte que jorra dois tipos de água. “Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?” (v.11). A resposta óbvia a esta pergunta é que uma mesma fonte não produz água doce e água amargosa. Da mesma maneira, a língua do cristão, diferente da língua do ímpio, não pode produzir dois tipos de palavras, a de bênção e a de maldição. Cada fonte produz um tipo de água. Um é o falar do cristão; outro é o falar do ímpio. O ideal divino para o cristão é que a sua palavra seja “temperada com o sal” do temor a Deus, para que saiba como convém responder a cada pessoa (Cl 4.6). A árvore que produz frutos segundo a sua espécie. “Pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos?” (v.12). Por uma questão de sensatez todos hão de concordar que a figueira produz figos e não azeitonas, e que a videira produz uvas e não figos. Isto é, cada árvore produz frutos segundo a sua espécie, de acordo com a sua natureza. Através desta oportuna pergunta do apóstolo Tiago, o Espírito Santo dirige a nossa atenção no sentido de refletirmos no fato de que não deve haver duplicidade de frutos em nosso viver. Produza, então, o cristão o fruto que dele se espera.
Em seguida Tiago responde a sua pergunta afirmando: “Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce” (v.12). Se pudermos tomar a fonte que produz água salgada como tipo do homem não regenerado, então a fonte de água doce seria um tipo do homem convertido, do crente. É desta fonte que o mundo precisa beber a água cristalina, que é a Palavra de Deus, ou seja, precisa ouvir boas palavras, palavras de consolo, de ajuda e de edificação. Agora, se nos falta essa palavra de esperança de quem o mundo ouvira?

3. Uma única fonte. Como a água, nossas palavras também podem dar vida. Mas, se não for controlada, a água pode causar morte e destruição. Um grande exemplo disso foi visto em dezembro de 2004, um terremoto de magnitude 9,1 na costa da província indonésia de Aceh desencadeou um tsunami no oceano Índico, que causou a morte de cerca de 226 mil pessoas na Indonésia, Sri Lanka, Índia, Tailândia e outros nove países. “A morte e a vida estão no poder da língua” (Pv 18:21).
Quando, porém, nos inclinamos sobre uma fonte para beber um gole de água fresca, raramente lembramos de enchentes. Pensamos apenas na dádiva preciosa do refrigério que vem de um gole de água. Não seria possível ter saúde sem água.

A principal marca do cristão maduro é ser parecido com Jesus, o varão perfeito. Uma das principais características de Jesus era que sempre que uma pessoa chegava aflita perto dele saía animada, restaurada, com novo entusiasmo pela vida. Quando as pessoas chegam perto de você, elas saem mais animadas e encantadas com avida? Elas saem cheias de entusiasmo, dizendo que valeu a pena conversar com você? Você tem sido uma fonte de vida para as pessoas? Sua família é abençoada pelas suas palavras? Seus colegas de escola ou do trabalho são encorajados com a maneira de você falar?

CONCLUSÃO
 Essa duplicidade no uso da língua não é característica natural, mas desnaturada e culposa. Isso é o que a Bíblia nos diz incessantemente (Êx 20.16; Sl 34.14; Mt 5.22; Rm 12.14; 1Pe 3.9; etc.). Não deve e não precisa mais ser assim. Porque “se alguém está em Cristo, nova criatura é” (2Co 5.17). Podemos, mas não somos mais obrigados a pecar (Jo 8.36).
Que possamos nos permitir ser tratados por Deus nessa área tão difícil de nossas vidas. Que nossas motivações sejam revistas e ao sentirmos que nossa língua tem tido maior domínio sobre nós do que a palavra de Deus, que possamos dar palavra de ordem e exercer o domínio próprio que é fruto do Espírito em nós. Se o que dizemos não edifica, maldiz, ou fere alguém, fiquemos calados. O sábio é mais sábio porque escuta mais do que fala.

BIBLIOGRAFIA

   •    Davids, Peter H.. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo - Tiago - Editora Vida;
   •    Grünzweig, Fritz. Comentário Bíblico Esperança Novo testamento - Caratas de Tiago, Pedro, João e Judas. Editora Evangélica Esperança;
   •    Kistemaker, Simon J.. Comentário do Novo Testamento - Tiago e Epistolas de João. Cultura Cristã;
   •    Lopes, Hernandes Dias. Tiago: Transformando provas em triunfo. Hagnos;
   •    Nicodemus, Augustus. Interpretando a Carta de Tiago. Editora Cultura Cristã;
   •    http://pt.wiktionary.org/wiki/língua
   •    Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico expositivo - Novo Testamento. Volume 2. Geográfica Editora.


SUBSIDIOS SEGUNDA PARTE
Elaboração: http://pastorgeraldocarneirofilho.blogspot.com.br/
I – INTRODUÇÃO:
Um dos piores pecados é o da língua; os resultados abaladoramente sérios. Quantos filhos de Deus sucumbiriam chorando amargamente, se pudessem ver a amplitude e as consequências dos seus pecados da língua!

II - O TROPEÇO NA PALAVRA:
É muito difícil alguém não tro­peçar em palavras. Às vezes, dize­mos algo que não gostaríamos que saísse de nossos lábios. Quando per­cebemos, já é tarde. É o que se cha­ma de ato falho, pois revela o que está no interior da pessoa e, muitas vezes, causa sérios problemas a quem diz e a quem ouve. Por isso, precisamos vigiar, santificando a lín­gua, para que não venhamos a tro­peçar por palavras.

(1) - Mais duro juízo aos mestres – Tg 3.1 - Tiago aconselha que muitos não de­vem querer ser mestres, pois para estes está reservado "mais duro juízo". De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal, os mestres são "os pastores, dirigentes de igreja, missionários, pregadores da Palavra ou qualquer pessoa que en­sine às congregações. O professor precisa compreender que ninguém na igreja tem uma responsabilidade maior do que aqueles que ensinam as Sagradas Escrituras. No juízo, os mestres cristãos serão julgados com mais rigor e mais exigência do que os demais crentes".

(2) - O mestre tem que ser exem­plo - É tarefa difícil ensinar na Igreja do Senhor. As pessoas empolgam-se com os ensinos bem ministrados, fundamentados e ilustrados, mas, depois, olham para a vida do pregador - Tg 2.12.

(3) - O varão perfeito – Tg 3.2 - O apóstolo diz que "todos tropeçamos em muitas coisas". Ele se incluía en­tre os que falhavam em muitas coisas, acrescentando que "se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo". E isso não é fácil. Contudo, entregando nosso eu ao controle do Espírito Santo, Ele pode refrear nossos impulsos, inclu­sive a compulsão no falar.

(4) - É mais fácil dominar animais e navios – Tg 3.3-4 - Tiago diz que os cavalos e navios são dominados pelo homem e que, "toda a natureza, tan­to de bestas-feras como de aves, tan­to de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana". Enquanto isso, "nenhum homem pode domar a lín­gua" (Tg 3.8). Só há uma solução: san­tificar a língua dizendo como Davi: "Põe, ó Senhor, uma guarda à mi­nha boca; guarda a porta dos meus lábios" (Sl 141.3).

III - OS MALES PROVENIENTES DA LÍNGUA:
(1) - A língua é um fogo – Tg 3.6a - Tiago usa essa figura para mostrar que, assim, como um pequeno fogo pode incendiar um grande bosque (Tg 3.5), "a língua também é um fogo; como mundo de iniquidade", posta entre os nossos membros, "e contamina todo o corpo", "inflamada pelo curso do inferno". Realmente, na vida quotidiana, vemos que a língua serve de instrumento para propaga­ção da mentira, das falsas doutrinas, da intriga, da inveja, das agressões verbais, dos impropérios, da fofoca, que tantos males têm causados às igrejas.

(2) - A dubiedade da língua – Tg 3.9-10 - A língua "está cheia de peço­nha mortal" (Tg 3.8c. Por isso, é pre­ciso muito cuidado no falar, pois com a mesma língua com que "ben­dizemos a Deus e Pai", "amaldiçoa­mos os homens, feitos à semelhança de Deus". Ainda que de uma mesma fonte não possa sair água doce e água amarga (Tg 3.11), ou de uma figueira sair azeitona, ou da videira sair figos (Tg 3.12), infelizmente, da mesma língua podem sair a bênção e a maldição. Não nos esqueçamos de que um dia cada um dará contas a Deus até das palavras ociosas - Mt 5.37.

IV - OS CRIMES COMETIDOS COM A LÍNGUA:
(1) – A calúnia – Pode ser feita atra­vés da mentira, falsidade e invenção contra alguém. A lei jurídica brasileira prevê pena contra os caluniadores. É de admirar que, em muitas igrejas, quem calunia não sofre qualquer ação disciplinar e com isso o mal se avoluma, pois o caluniador é assim estimulado na sua tarefa maligna e destruidora dos valores alheios. Outros, da mesma índole, têm prazer em relembrar, comentar e espalhar fraquezas, imperfeições e pecados dos outros, servindo-se da língua. A Bíblia condena a calúnia (Sl 101.5). "Não dirás falso testemunho contra teu próximo" (Êx 20.16). (Ver Êx 23.7; Dt 5.20; Pv 19.9.) Hoje, há pessoas que estão desviadas dos caminhos do Senhor, porque foram vítimas de calúnia de algum irmão.

(2) - A difamação - Da mesma for­ma, é crime contra a honra, previsto no Código Penal Brasileiro. É perigoso o tropeço na palavra, falar con­tra a honra de alguém. Muitas vezes, o obreiro "passa a mão por cima" do difamador para não dá escândalo. Se alguém fuma é "cortado" da comu­nhão. Fumar é pecado contra o corpo, mas será isso mais grave que di­famar alguém? Uma jovem contou que seu pastor a excluiu da igreja, porque um irmão disse que ela esta­va namorando com um incrédulo, quando isto não era verdade. Nem sequer teve oportunidade de defesa. Enquanto isso, o difamador ficou normalmente nas atividades da congregação. A Bíblia diz: "Irmãos, não faleis mal uns dos outros" (Tg 4.11a).

(3) - A injúria - Jesus, no Sermão da Montanha, disse: "...e qualquer que chamar a seu irmão de raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno" (Mt 5.22b). Há uma atitude de dois pesos e duas medidas, em muitas igrejas, quan­do só são punidos aqueles que adulteram ou roubam, mas ficam totalmente impunes os caluniadores, injuriadores e difamadores. Alguém responderá por isso no juízo de Deus.

V - OUTROS TROPEÇOS NA PALAVRA:
(1) - O boato - Originariamente, boato vem do latim boatu, signifi­cando "mugido ou berro de boi". Hoje, significa "notícia anônima, que corre publicamente sem con­firmação; balela; rumor, zun-zun-zun". Há um demônio espalhando esse tipo de coisa em muitas igrejas. É o "ouvi dizer...", o "disse-me-disse", sinônimos de mexericos. Já é conhecida a história do homem que espalhou boato contra outro. Este, abatido, ficou doente. Depois, ficou provado que o fato não era verdade. O boateiro foi pedir per­dão ao atingido pela má notícia. Este lhe disse: "Eu perdoo se você fizer duas coisas". O outro inda­gou: "O que?" Primeiro, que você pegue este saco de penas, suba o monte e deixe o vento levá-las". O boateiro disse: "Sim, isto é fácil. Faço logo". E o fez. Ao retornar, o homem doente lhe disse: "Agora, peço que faça a segunda coisa: vá e junte todas as penas que espalhou". O mentiroso disse: Ah! Isso é impossível! A Palavra de Deus condena esse tipo de mal uso da língua (ler Lv 19.16; Êx 23.1). Te­nhamos cuidado com esse "mugi­do de boi" do Diabo!

(2) - A murmuração - Murmurar significa "dizer em voz baixa; segre­dar; censurar disfarçadamente; conversar, difamando ou desacreditan­do". Os demônios da murmuração estão soltos no meio de muitas igre­jas. É crente falando contra o pastor e sua família e vice-versa; é obreiro falando contra outro; é esposa de obreiro murmurando contra esse ou aquele crente; só quem gosta disso é o Diabo, causando tristeza e dissensões nas igrejas. Devemos ter cuidado, pois Deus ouve as murmurações (Êx 16.7,8; Sl 31.13 cf Fp 2.14).

(3) - As palavras torpes – Ef 4.29 - São palavras chulas, ou grosseiras; pornofonias (palavras ou expressões obscenas); pornografias, ou seja: aquilo relativo à prostituição, a coi­sas obscenas, (sejam por revistas, fil­mes, etc.), piadas grosseiras; anedo­tas que ridicularizam as coisas de Deus. Tudo isso leva o crente a tro­peçar na palavra, usando a língua para agradar ao Diabo e entristecer o Espírito Santo.

VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Diante do que temos visto, o crente só pode combater o tropeço na palavra lendo a Palavra de Deus, deixando-se dominar pelo Espírito Santo, vigiando e disciplinando o falar. Usemos a língua para o bem (Ef 4.29), pois somos cidadãos dos céus e não devemos descer a linguagem ao nível diabólico. Devemos usar a língua para encorajar outros, louvar a Deus, e levar a mensagem do evangelho aos perdidos. Assim fazendo, dificilmente tropeçaremos em palavras.

FONTES DE PESQUISA E CONSULTA:
Oração e Despertamento – Obra Missionária Chamada da Meia-noite – Wim Malgo
Disciplinas do Homem Cristão – CPAD – R. Kent Hughes
Lições Bíblicas CPAD – 1º Trimestre de 1999 – Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima.












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