Mateus 5
1. Jesus,
pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se
os seus discípulos,
5.1
— A multidão estava presente no início e no final do Sermão do
Monte, proferido por Jesus (o mesmo termo aparece em Mateus 7.28). Esse versículo
também subentende que Jesus deixou a multidão. Certamente Ele se afastou do
povo para ensinar Seus discípulos. Mas aonde quer que fosse para ensinar Seus
discípulos, a multidão o seguia. Assentando-se. Era normal um mestre ou
rabino ficar sentado enquanto ensinava, tendo seus alunos ao redor. Um monte. Provavelmente uma colina bem alta
no litoral norte do mar da Galiléia, que deve ter servido como um anfiteatro
natural. Discípulos. Além da
multidão que o seguia e ouvia Seus ensinamentos, Jesus tinha muitos discípulos.
Porém, dentre todos eles, escolheu apenas doze para receber poder e instruções
especiais.
2. e ele
se pôs a ensiná-los, dizendo:
5.2
— [Jesus] os ensinava. O Sermão do Monte descrito por Mateus (cap.
5—7) é um pouco diferente do sermão pregado à multidão em Lucas 6. A essência
desse sermão provavelmente foi pregada muitas vezes durante o ministério
terreno de Jesus. O Sermão do Monte foi pregado com a intenção de mostrar o tipo
de vida que os verdadeiros filhos do Reino devem levar. Foi um ensinamento para
aqueles que disseram sim ao convite de Jesus e se arrependeram (Mt 4.17). É bem
provável que eles tivessem dúvida sobre a verdadeira natureza da justiça e do
Reino de Deus. Por essa razão, Jesus procurou esclarecer o tema central da Lei
e a natureza da verdadeira
religião no Reino de Deus (Mq
6.8). Desse modo, Ele esmiuçou a Lei, para mostrar
que sua essência é boa (Mt 5.17).
3. Bem-aventurados
os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
5.3 As
bem-aventuranças
(do latim beatus, que significa abençoado, muito feliz) — Bem-aventurados os pobres de espírito. A ideia de Deus abençoar os
humildes e resistir aos soberbos também pode ser encontrada em Provérbios 3.34
e Tiago 4-6. Bem-aventurados. Felizes. Uma descrição da condição íntima do
crente. Quando descrevendo uma pessoa dentro da vontade de Deus, é virtualmente
equivalente a "salvo", O Salmo 1 dá um quadro do V.T. do homem
bem-aventurado, que evidencia sua natureza por suas atitudes. As Beatitudes,
também, não são primordialmente promessas individuais, mas uma descrição do
indivíduo. Não mostram ao homem como ser salvo, mas descrevem as
características manifestas por aquele que nasceu de novo. Humildes de espírito.
O oposto dos espíritos orgulhosos. Aqueles que reconheceram a sua pobreza nas
coisas espirituais e permitiram que Cristo suprisse suas necessidades
tornaram-se os herdeiros do reino dos céus.
4. Bem-aventurados
os que choram, porque eles serão consolados.
5.4
Choram (confira com Is. 61:3). Um sentimento de angústia por causa do pecado
caracteriza o homem bem-aventurado. Mas o arrependimento genuíno concede o
conforto para o crente. Considerando que Cristo levou sobre si os pecados de
todos os homens, o conforto do perdão completo está à disposição imediata (I
Jo. 1:9).
5. Bem-aventurados
os mansos, porque eles herdarão a terra.
5.5
— Os mansos [...] herdarão a terra. Refere-se novamente àqueles que são
humildes diante de Deus e herdarão não somente as bem-aventuranças celestiais,
mas também terão direito ao Reino de Deus que governará esta terra. A palavra
terra também é encontrada em outras passagens com o mesmo sentido (SI 37.3,9,11,29;
Pv 2.21). Encontramos aqui, no início do Sermão do Monte, um equilíbrio entre a
promessa material e espiritual do Reino. O Reino que Jesus anunciou está tanto
em vós como ainda virá. Desde agora, o cristão é o cidadão espiritual do Reino
dos céus. Mansos. Só mencionados por
Mateus. Uma alusão óbvia ao Sl. 37:11. A fonte dessa mansidão é Cristo (Mt.
11:28, 29), que a concede quando os homens submetem-lhe a sua vontade. Herdarão
a terra. O reino messiânico terreno.
6. Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
5.6
— Esses futuros herdeiros da terra recebem agora todo direito à herança de
Deus, embora ainda tenham fome e sede de justiça. Eles têm um senso muito forte
de justiça, que já é por si uma evidência do novo nascimento espiritual.
Aqueles que são pobres e necessitados em sua espiritualidade reconhecem o
quanto estão famintos e sedentos pela justiça que somente Deus pode dar. Ter
fome significa estar necessitado, que se relaciona com ter sede também; os
nascidos de novo têm fome e sede (um desejo interior veemente) de justiça de
Deus. Essa fome e sede continuam por toda a vida, embora eles sejam sempre
saciados por Deus, que supre todas as suas necessidades espirituais diárias.
Essa fome e sede de justiça é o resultado de uma vida regenerada. Eles serão
fartos (gr. chortazo) refere-se a uma satisfação plena. O salmista declarou:
Pois fartou a alma sedenta e encheu de bens a alma faminta (SI 107.9). Essa
satisfação vem de Deus, pois é Ele quem sacia plenamente Seu povo.
7. Bem-aventurados
os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
5.7
— Os misericordiosos [...] alcançarão misericórdia. Refere-se
àqueles que nasceram de novo pela misericórdia de Deus. E, como o amor divino
foi estendido a eles, o Espírito Santo trabalha em seu ser gerando uma
misericórdia que os ímpios não conseguem entender. O próprio Jesus se tomou o
grande exemplo de misericórdia ao clamar na cruz: Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lc 23.34). O cristão não demonstra misericórdia
para receber misericórdia; ele faz isso porque já a recebeu. Em outras
palavras, ele não é salvo simplesmente porque demonstra misericórdia e é bom
para as pessoas; ele é bom e demonstra misericórdia porque é salvo.
8. Bem-aventurados
os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
5.8
— Aqueles que são realmente salvos verão a Deus. Estes são os limpos de
coração, cuja vida foi transformada pela graça de Deus. Eles ainda não são
totalmente puros, mas sua situação aos olhos de Deus mudou. Tiveram um novo
nascimento, guardam a fé e buscam a
santidade. O processo de santificação os conforma continuamente à imagem de
Cristo (Rm 8.29), a qual consiste em verdadeira justiça e santidade (Ef 4.24). Lemos,
em Efésios 1.4, que Ele nos elegeu [...] para que fôssemos santos, e, em Tito
2.14, que Ele se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um
povo seu especial. Assim também nos diz Hebreus 12.14: Segui a paz com todos e
a santificação, sem a qual ninguém verá
o Senhor.
9. Bem-aventurados
os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
5.9
— Os pacificadores são aqueles que têm paz com Deus e vivem em paz
com todos os homens (Rm 5.1). São chamados de pacificadores não porque foram
regenerados pela sociedade, mas sim pelo poder transformador do evangelho. São
pacificadores porque têm em si mesmos a paz de Deus. Receberam a paz de Cristo
e se tornaram os embaixadores que levam Sua mensagem de paz a este mundo
oprimido. Somente eles serão chamados filhos de Deus.
10. Bem-aventurados
os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11. Bem-aventurados
sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal
contra vós por minha causa.
12. Alegrai-vos
e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram
aos profetas que foram antes de vós.
5.10-12
— Bem-aventurados os que sofrem perseguição. A promessa de bênção para
aqueles que são perseguidos por causa de Cristo parece a mais difícil de ser
aceita, mas ela também reserva as maiores recompensas (a primeira de muitas
promessas do Novo Testamento cumpridas em A pocalipse 22.12). Mas parece
estranho realmente. Jesus usou como argumento a perseguição que sofrêramos
profetas (Hb 11.32-40). Pela primeira vez o Senhor troca a terceira pessoa,
eles, pela segunda pessoa, vós. Talvez Ele estivesse dizendo que, se Seus
servos quisessem receber as bem aventuranças em vida, deveriam estar
preparados para sofrer perseguição. A perseguição não é algo
incomum. Já a resposta correta
diante dela é!
13. Vós
sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de
restaurar-lhe o sabor? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e
ser pisado pelos homens.
5.13
— O sal puro conserva o sabor. Em Israel, havia um tipo de sal que
era misturado com outros ingredientes. Quando misturado com outros elementos, o
sal se tornava insalubre. Esse tipo de sal era usado para cobrir as estradas. Sal. Um conhecido preservador do
alimento, muitas vezes usado simbolicamente. Os crentes são uma coibição da
corrupção do mundo. Os incrédulos são muitas vezes afastados do mal por causa
de uma consciência moral cuja origem pode ser encontrada na influência cristã.
14. Vós
sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;
15. nem os
que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim
ilumina a todos que estão na casa.
16. Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras,
e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
5.
14- 16 — Assim resplandeça a vossa luz. Da mesma Forma que o sal pode afetar o
ambiente para sempre, a luz deve ser usada corretamente para glorificar o Pai
ao máximo. Jesus disse: Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo (Jo 9.5),
mas como Ele não está mais no mundo,
o cristão agora deve assumir seu lugar como a única luz do mundo para
glorificar o Pai. O cristão não tem luz própria, e sim uma luz refletida. Já
que temos a glória do Senhor, nós a refletimos. Portanto, não devemos permitir
que nada nos impeça de refletir a luz do Senhor (2 Co 3.18; Fp 2.14-16).
17. Não
penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir.
18. Porque
em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará
da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido.
5.17,18
— Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas. Jesus refutou
a acusação dos fariseus de que Ele estava anulando a Lei. A Lei serviu de aio
(G1 3.19; Ef 2.15; Hb 7.12), mas é eterna (Mt 5.18; Rm 3.31; 8.4). Cumprir (pleroo) significa satisfazer,
expandir, completar, não dar fim (teleo). Muito tem sido escrito sobre como
Cristo cumpriu a Lei do Antigo Testamento (G13.15-18). Ele o fez de várias maneiras:
(1) obedeceu a ela de modo perfeito e ensinou seu significado corretamente
(compare com Mt 5.19,20); (2) um dia
cumprirá todo o projeto e as profecias do Antigo Testamento; e (3) preparou um
caminho para a salvação que se ajusta a todos os requisitos e exigências do
Antigo Testamento (Rm3.21,31).
19. Qualquer,
pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos
homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e
ensinar será chamado grande no reino dos céus.
20. Pois
eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de
modo nenhum entrareis no reino dos céus.
5.19,20
— A justiça dos escribas e fariseus era basicamente exterior e determinada
pelas ações. Cristo, todavia, disse que Deus exige mais do que isso, algo que deve
ter abalado os discípulos, já que os supostos atos de justiça dos fariseus e mestres
da Lei eram considerados muito superiores aos das pessoas comuns. Na verdade,
porém, a única justiça que satisfaz o
padrão de Deus é a pela fé em Jesus Cristo (Rm 3.21,22). As palavras de Cristo
também eram uma “declaração de guerra” contra o sistema legalista dos fariseus.
Não eram as boas obras, como eles ensinavam, que engrandeciam alguém aos olhos
de Deus, e muito menos o legalismo o levaria a entrar no céu.
21. Ouvistes
que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo.
5.21
— Ouvistes que foi dito. Refere-se aos ensinamentos de vários rabinos, não
aos de Moisés. Jesus estava questionando a interpretação dos mestres judeus,
não o Antigo Testamento.
22. Eu,
porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu
de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem
lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno.
23. Portanto,
se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti,
24. deixa
ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e
depois vem apresentar a tua oferta.
5.22-24
— Os escribas e fariseus diziam que, se uma pessoa se referisse a alguém
como raca, que significa cabeça vazia, corria o risco de ser levado diante do
Sinédrio por difamação. Jesus, por outro lado, afirmou que todo aquele que
chamasse o outro de louco teria de prestar contas a Deus. Isso não quer dizer
que chamar alguém de louco condenará o cristão ao castigo eterno no inferno. Em
vez disso, usando como ilustração a destruição do lixo no vale de Hinom, Jesus
estava dizendo que dizer tais palavras levaria as pessoas a uma situação muito
pior no dia do Juízo (1 Co 3.12-15).
25. Concilia-te
depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não
aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão.
26. Em
verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o
último ceitil.
5.25,26
— A melhor coisa é não ter inimigos. Temos de buscar sempre a paz, porque
nossos inimigos podem causar-nos grandes danos.
27. Ouvistes
que foi dito: Não adulterarás.
28. Eu,
porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em
seu coração cometeu adultério com ela.
5
.27,28— Para a cobiçar. Um homem que olha para uma mulher desejando-a
sexualmente já cometeu adultério em sua mente. Qualquer que olhar caracteriza o homem cujo olhar não está controlado por uma santa reserva e que forma o desejo impuro de concupiscência por determinada mulher. O ato será consumado quando houver oportunidade.
29. Se o
teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor
que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no
inferno.
30. E, se
a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor
que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o inferno.
5.29,30
— A metáfora hiperbólica sobre arrancar um olho é semelhante a Provérbios
23.2: E põe uma faca à tua garganta, se és homem glutão. Sendo enfaticamente exagerado,
o conselho de Jesus é para que seja tirada toda tentação do mal, não importa o
quanto isso custe. A advertência sobre o inferno (v. 22) nos mostra que aqueles
cujo estilo de vida é marcado pela imoralidade descontrolada não são herdeiros
do Reino (1 Co 6.9,10).
31. Também
foi dito: Quem repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
32. Eu,
porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de
infidelidade, a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério.
5.31,32
— Relações sexuais ilícitas é uma expressão genérica que abarca sexo antes do
casamento, infidelidade extraconjugal, homossexualidade e bestialidade (Mt
19.3-12)
33. Outrossim,
ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o
Senhor os teus juramentos.
34. Eu,
porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono
de Deus;
35. nem
pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a
cidade do grande Rei;
36. nem
jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco ou preto.
37. Seja,
porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.
5.33-37
— De modo algum jureis não significa que não devemos prestar os juramentos
solenes e oficiais (Gn 22.16; SI 110.4; 2 Co 1.23), mas devemos evitar aqueles
que fazemos em conversas normais. Tais juramentos demonstram que as palavras da
pessoa não são confiáveis. A le i de Deus diz: Nem jurareis falso (Lv 19.12; Nm
30.2). Jesus estava dizendo àqueles que o seguiam que eles jamais deveriam
mentir, qualquer que fosse a situação. As palavras para com o Senhor poderiam
ser
usadas para encobrir a falsidade.
Todo juramento feito no nome de Deus era um compromisso legal; por outro lado,
um compromisso sem o Seu nome o tornava ilegal. Isso explica a ênfase em Mateus
5.34-37.
38. Ouvistes
que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
5.38
— Essa lei é conhecida como lex taliones (lei de talião), que era muito
importante no Antigo Testamento (Êx 21.24; Lv 24-20; Dt 19.21). Foi criada para
a punição, mas também restringia a retaliação e, dessa maneira, coibia a
vingança! Uma pessoa não podia exigir mais do que um olho ou um dente. Um
princípio judicioso que fazia o castigo ajustar-se ao crime. Entretanto, não
tinha a intenção de permitir aos homens que se vingassem com suas próprias mãos
(Lv. 19:18).
39. Eu,
porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na
face direita, oferece-lhe também a outra;
40. e ao
que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;
41. e, se
qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil.
42. Dá a
quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes.
5.39-42
— O Senhor parece estar falando de uma maneira exagerada aqui para nos
ensinar a lição da não retaliação. Na maioria dos casos, Ele nos manda ter
atitudes compassivas e cordiais com os necessitados. E faz uma aplicação desse
princípio em quatro áreas: ataques físicos (Mt 5.39), assuntos legais (Mt
5.40), questões civis (Mt 5.41) e pedidos de empréstimo (Mt 5.42).
5.41,42
— Obrigar é um termo
legal que se refere à lei de recrutamento. O governo romano podia recrutar
qualquer um para carregar suas cargas pela distância de até uma milha, pouco mais
de um quilómetro e meio. Mateus fala de um oficial romano que impôs essa lei a
Simão Cirineu, em Mateus 27.32. Não
resistais ao mal. Provavelmente, "ao homem mau". Jesus mostra aos
cidadãos do Reino como deveriam receber a injúria pessoal. (Ele não está
discutindo a obrigação do governo de manter ordem.) Um filho de Deus deveria
estar pronto a sofrer perda por assalto (v. 39), litígio (v. 40), regulamentos
compulsórios (v. 41), mendicância (42a), empréstimos (v. 42b).
43. Ouvistes
que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
44. Eu,
porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;
5.43,44
—
Amarás o teu próximo (Lv. 19:18, 34)
resume toda a segunda tábua da Lei (confira com Mt. 22:39). Odiarás o teu inimigo é algo que não se
encontra nos livros de Moisés. Esse foi um princípio acrescentado pelos
escribas e fariseus, tomando como base Levítico 19.18. Amai a vossos inimigos. O amor (agapao) prescrito é o amor
inteligente que compreende a dificuldade e esforça-se em libertar o inimigo do
seu ódio. Tal amor é parente da atitude amorosa de Deus para com os homens
rebeldes (Jo. 3:16) e portanto é uma prova de que aqueles que agem assim são
verdadeiros filhos do seu Pai.
45. para
que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o
seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.
46. Pois,
se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos
também o mesmo?
47. E, se
saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios
também o mesmo?
5.45-47
— Ser filho de era o mesmo que ser igual a alguém ou a alguma coisa. Para que vos torneis filhos do vosso Pai
celeste significa para que, como o nosso Pai celestial, demonstremos Seu
amor sem fazer acepção de pessoas.
48. Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.
5.48 — Esse versículo, com base em
Deuteronômio 18.13,
refere-se à perfeição. No contexto de Mateus 5.43-48, parece que significa que
os discípulos de Jesus devem ser maduros e perfeitos como Deus na sua maneira
de amar. Deus não diminui Seus padrões para se adequar à nossa pecaminosidade. Ao
contrário, Ele nos dá poder para mantermos Seu padrão de justiça. Foi por isso
que Ele disse: Perfeito serás, como o S enhor, teu Deus. E ele também nos escolheu
para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade (Ef 1.4). A
ordem Sede vós perfeitos deve se restringir à questão do amor neste contexto.
Assim como o amor de Deus é completo, não omitindo nenhum grupo, assim o filho
de Deus deve lutar pela maturidade nessa questão (confira com Ef. 5:1, 2). Isso
não pode se referir à ausência de pecado, pois Mt. 5:6, 7 mostra que os
bem-aventurados ainda têm fome de justiça e precisam de misericórdia.
Elaborado pelo Evangelista;
Natalino dos Anjos.
Elaborado pelo Evangelista;
Natalino dos Anjos.
Passei e encontrei o seu blog, estive a ver e ler algumas coisas, não li muito, porque espero voltar mais algumas vezes, mas deu para ver a sua dedicação e sempre a prendemos ao ler blogs como o seu.
ResponderExcluirSe me der a honra de visitar e ler algumas coisas no Peregrino e servo ficarei radiante,
se desejar fazer parte de meus amigos virtuais, esteja à vontade, irei retribuir.
Mas por favor não se sinta coagido, siga apenas se desejar. Abraço.
António.
http://peregrinoeservoantoniobatalha.blogspot.pt/