Lições Bíblicas CPAD
- Jovens e Adultos
3º Trimestre de 2014
Título: Fé e Obras —
Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica
Comentarista: Eliezer de Lira e Silva
Lição 10: O perigo da busca pela Autorrealização Humana
Data: 7 de Setembro de 2014
TEXTO ÁUREO
“Humilhai-vos perante
o Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4.10).
VERDADE PRÁTICA
A realização humana,
à parte de Deus, é impossível de acontecer, pois a criatura não pode viver
longe do Criador.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jó 30.15 A
felicidade passageira
Terça - Cl 2.20-23 A
frustração advinda dos preceitos humanos
Quarta - 2Tm 3.1-5 A
dissimulação humana
Quinta - Lc 12.13-21 A
insensatez do materialista
Sexta - 1Tm 6.17 A esperança
na incerteza das riquezas
Sábado - Ap 3.17 A
tragédia da autoconfiança humana
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 4.1-10.
1 - Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura,
não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?
2 - Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não
podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis.
3 - Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes
em vossos deleites.
4 - Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do
mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo
constitui-se inimigo de Deus.
5 - Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito
que em nós habita tem ciúmes?
6 - Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos
soberbos, dá, porém, graça aos humildes.
7 - Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele
fugirá de vós.
8 - Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as
mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.
9 - Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai;
converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza.
10 - Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.
INTERAÇÃO
Todo ser humano
almeja se realizar profissionalmente, no ministério, em família e nas diversas
áreas da vida. Esta busca é normal e legítima. Ela faz com que venhamos a
trabalhar, estudar, casar, ter filhos, nos leva a correr em busca dos nossos
sonhos e projetos. Todavia, a realização pessoal se torna pecado quando ela é
colocada acima de Deus. A Palavra de Deus é bem clara quanto a isto: “Mas
buscai o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas” (Mt 6.33). Deus deseja que venhamos ter uma vida abundante, de
realizações, mas não podemos deixar de levar e apresentar a Ele todos os nossos
projetos. Se nossos alvos são alcançados, não é por merecimento próprio, mas
porque Deus assim permitiu pela sua graça e bondade infinitas. Não seja
arrogante ou autossuficiente, mas se humilhe perante o Senhor e Ele o exaltará.
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
Analisar qual é a origem dos conflitos e discórdias na vida
do crente e da igreja.
Mostrar que o crente não pode flertar com o sistema do
mundo.
Compreender que a autorrealização não pode vir em primeiro
lugar em nossas vidas.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, para
iniciar o primeiro tópico da lição, escreva no quadro a primeira parte do
versículo um do capítulo quatro de Tiago: “Donde vêm as guerras e pelejas entre
vós?”. Peça que os alunos discutam e respondam esta indagação. Em seguida
explique que as disputas entre crentes são sempre prejudiciais. Nestas
contendas não existem vencedores. Toda a igreja sofre, pois em geral as
discussões e disputas são resultado de desejos egoístas e perversos. Explique
que a cura para os desejos egoístas e malignos é a humildade. Encerre lendo com
os alunos 1 Pedro 5.5,6.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Autorrealização: Ato ou efeito de realizar a si próprio.
Realização profissional, pessoal e o desejo de uma melhor
qualidade de vida são anseios legítimos do ser humano. Entretanto, o problema
existe quando esse anseio torna-se uma obsessão, um desejo cego, colocando o
Senhor nosso Deus à margem da vida para eleger um ídolo: o sonho pessoal. Ao
concluirmos o estudo dessa semana veremos que não se pode abrir mão de Deus
para realizarmos os nossos sonhos, pois os dEle devem estar em primeiro lugar!
I. A ORIGEM DOS CONFLITOS E DAS DISCÓRDIAS (Tg 4.1-3)
1. Que sentimentos
são esses? Tiago abre o capítulo 4 perguntando: “Donde vêm as guerras e pelejas
entre vós?”. Em seguida, responde retoricamente: “Porventura, não vêm disto, a
saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” (v.1). Aqui, o
líder da igreja de Jerusalém denuncia o tipo de sabedoria que estava
predominando na igreja: a terrena, animal e diabólica. Por quê? Ora, entre
aqueles crentes havia “guerras e pelejas” e “interesses dos próprios deleites”,
enquanto os menos favorecidos estavam à margem dessas ambições. Estava nítido
que eles não semeavam a paz.
2. A origem dos males (Tg 4.2). “Combateis e guerreais”
(v.2), é a afirmação do meio-irmão do Senhor em relação àquelas igrejas. Tiago
não mascara o que está no coração humano: a cobiça e a inveja. Estas são as
predisposições básicas da nossa natureza para desenvolver uma atitude combativa
e de guerra contra as pessoas, até mesmo em nome de Deus (Jo 16.2). Quem
procede assim ainda não entendeu o Evangelho e nem mesmo atina para a verdade
de que Deus não tem compromisso algum com os desejos egoístas, mas atenta à
pureza e a verdadeira motivação do coração (1Sm 16.7; Lc 18.9-14).
3. O porquê de não recebermos bênçãos (Tg 1.3). O texto
sagrado mostra o porquê de as pessoas que agem assim não receberem as bênçãos
de Deus, apesar de muitas vezes aparecerem “profetas” profetizando o contrário.
Em primeiro lugar, Deus não é um garçom que está diuturnamente ao nosso
serviço. Segundo, como vimos, Ele não têm compromisso com os nossos interesses
mundanos. E, finalmente, quando pedimos, o pedimos mal, pois não é a vontade
divina que está em nosso coração, mas o desejo egoístico da natureza humana
pedindo a Deus para chancelá-lo.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
As guerras e pelejas
entre os crentes são frutos dos desejos egoístas e carnais que carregamos em
nosso interior.
II. A BUSCA EGOÍSTA (Tg 4.4,5)
1. Adúlteros e amigos
do sistema mundano (Tg 4.4). Tiago chama de “adúlteros e adúlteras” os crentes
que flertaram com o sistema do mundo. Mas a qual sistema mundano o escritor da
epístola se refere? Olhando para o contexto anterior da passagem em apreço,
veremos que Tiago se refere às más atitudes (a inveja, a cobiça, o deleite
carnal, as pelejas e as guerras, isto é, o egoísmo do coração humano) que caracterizam
o sistema presente deste mundo. Os que flertaram com tal sistema fizeram-se
inimigos de Deus.
2. “Inimigos de Deus”. O líder da igreja de Jerusalém faz
esta afirmação baseado nas duas imagens linguísticas usadas por ele para
configurar a amizade dos crentes com o sistema mundano: “adúlteros e
adúlteras”. Quando Tiago usa essas duas imagens, ele quer mostrar que da mesma
forma que Israel procurou estabelecer acordos não só com o Deus de Abraão, mas
também com Baal, Asera e outras divindades de Canaã, os leitores de Tiago
também procuraram estabelecer tanto a amizade com o mundo, quanto com Deus.
Todavia, Tiago mostra que a amizade com Deus e com o mundo, transformará as
pessoas em “inimigas de Deus”.
3. O Espírito tem “ciúmes” (Tg 4.5). O Espírito Santo que em
nós habita é zeloso. Ele é o selo que marca-nos como propriedade exclusiva de
Deus (2Co 1.21,22; 1Pe 2.9). No versículo cinco do capítulo quatro, os leitores
de Tiago aparecem como o objeto dos “ciúmes do Espírito”. Por isso, o autor
sagrado os confronta chamando-os de “adúlteros e adúlteras”. Tal advertência é
a admoestação de Deus para o seu povo. Aqui, também cabe lembrar-nos de uma
promessa registrada na Primeira Epístola Universal de João: temos um advogado à
destra de Deus (2.1,2).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Os crentes que estão
divididos entre a igreja e o mundo são denominados por Tiago de “adúlteros e
adúlteras”. O crente jamais deve flertar com o sistema do mundo.
III. A BUSCA DA
AUTORREALIZAÇÃO (Tg 4.6-10)
1. Humilhando-se perante
Deus (Tg 4.6,7). Uma vez admoestados pelo Espírito Santo, temos a promessa de
que Ele nos dará “maior graça”. Tal maior graça é o fato de que “Deus resiste
aos soberbos”, mas “dá, porém, graça aos humildes”. Se acolhermos a advertência
do Senhor, a tão almejada realização humana acontecerá de maneira completa em
Deus. Humilharmo-nos diante do Senhor é reconhecermos quem somos à luz da sua
admoestação. É acolher com humildade o confronto do Senhor. O arrogante, o
soberbo e o ganancioso nunca terão esta atitude e, por isso, serão abatidos. E
ainda, à luz do ensino de Tiago, resistir ao Diabo significa não desejar as
mesmas coisas que a falsa sabedoria nos oferece: egoísmo, orgulho, soberba etc.
É não almejarmos a posição dos mestres orgulhosos e soberbos, mas
contentarmo-nos com a vocação de servirmos ao Senhor, voluntária e
espontaneamente, em espírito e em verdade (Jo 4.23).
2. Convertendo a soberba em humildade (Tg 4.8,9). Se o
orgulhoso e o soberbo decidirem-se por se achegarem a Deus, o Senhor lhes será
propício. A mão de Deus “não está encolhida, para que não possa salvar; nem o
seu ouvido, agravado, para não poder ouvir” (Is 59.1). O que precisa acontecer
é um verdadeiro arrependimento! A exortação bíblica de Tiago a essas pessoas é
que o “riso” e a “aparente felicidade” delas, produzidos pela amizade do mundo,
convertam-se em “choro”, “lamento” e “miséria” (v.9; cf. 2Co 7.10), assim que
elas perceberem-se como “inimigas de Deus”. Esta é a atitude genuína de um
verdadeiro arrependimento.
3. “Humilhai-vos perante o Senhor” (Tg 4.10). Ao abrir mão
de nossa autorrealização sob as perspectivas mundanas do egoísmo, do
individualismo, da soberba e da inveja, seremos pessoas satisfeitas e
realizadas com o Dono da vida. Como poderemos ser felizes sem a presença do
Doador da vida (Jo 12.25)? A exaltação do Senhor ser-nos-á dada mediante a sua
graça e bondade infinitas. Humilhemo-nos, portanto, debaixo da potente mão de
Deus (1Pe 5.6)!
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Como criaturas,
precisamos nos humilhar diante do nosso Criador, reconhecendo que sem Ele nada
somos e nada podemos fazer.
CONCLUSÃO
A partir dos
ensinamentos do Senhor Jesus, desfrutaremos da verdadeira felicidade em Deus.
Que venhamos atentar para o ensinamento desta lição, humilhando-nos na presença
de Deus através de Cristo Jesus.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007.
ARRINGTON, French L; STRONSTD (Eds.). Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“Guerras e pelejas
Essas ‘guerras e pelejas’ dentro do indivíduo, que levam à
‘guerras e pelejas’ dentro da comunidade, poderiam ser evitados se as pessoas
simplesmente pedissem a Deus as coisas que necessitam, particularmente a
‘sabedoria’ ou a ‘palavra’, que conformaria seus desejos à vontade de Deus.
Pois, mesmo quando realmente pedem, seus motivos divinos e pecaminosos
(manifestado aqui pelo desejo de ‘gastar em vossos deleites’) representam a
certeza de que não ‘receberão do Senhor alguma coisa’.
Existem entre os comentaristas uma acentuada tendência para
interpretar a exortação de Tiago ‘combateis e guerreais’ (4.2), como uma
simples figura de retórica. De acordo com estes estudiosos, Tiago está
acompanhando a precedência de Jesus quando se referiu ao ódio como assassinato
(veja Mt 5.21,22). Porém, pode existir um aspecto pelo qual Tiago acredita que
essa alegação seja apropriada dentro de um sentido mais literal”.
(Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª Edição. RJ, CPAD: 2009, p.
877).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Bibliológico
“A expressão que
Tiago usa para chamar a audiência de ‘adúlteros e adúlteras’ (v.4),
provavelmente se originou não só de uma anterior associação com os mandamentos
que condenam o assassinato e o adultério (2.11), como também da associação
usual de ‘deleites’ (4.3) com o desejo sexual. Isso lembra duas poderosas
imagens do Antigo Testamento: uma delas é a descrição do ‘caminho da mulher
adúltera’ que ‘come’ (um eufemismo para as relações sexuais) e depois diz, ‘não
cometi maldade’ (Pv 30.20). Sua declaração está de acordo com aquela atitude de
impunidade e de vulgaridade, à qual Tiago acusa de levar seus leitores a
cometer pecados.
Outra imagem é a tradição profética que considerava Israel
como a esposa infiel de Deus (Jr 3.20; Ez 16; Os 2.2-5; 3.1). Da mesma forma
como Israel procurou estabelecer acordos não só com o Deus de Abraão, mas
também com Baal, Asera e outras divindades de Canaã, os leitores de Tiago
também procuraram estabelecer tanto a ‘amizade com o mundo’, quanto com Deus.
Mas tão certo como o adultério destrói o relacionamento entre os casais, o
desejo ambivalente pelo bem e pelo mal — amizade com Deus e com o mundo — ao
final transformará as pessoas em ‘inimigos de Deus’”
(ARRINGTON, French L;
STRONSTD (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª
Edição. RJ, CPAD: 2009, p.877).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O perigo da busca
pela Autorrealização Humana
Por que existem
conflitos, discórdias e males entre as pessoas cristãs? Tiago, o meio-irmão do
Senhor, retoricamente, pergunta: “Porventura, não vêm disto, a saber, dos
vossos deleites que nos vossos membros guerreiam?” (v.1). Esta é a origem dos
conflitos e das discórdias que o autor da epístola descreve na seção bíblica
3.1-3. Quão enganoso e destrutivo é o coração humano!
No terceiro capítulo, Tiago demonstra que a maioria das
nossas desavenças e tramas perversas é fruto da ambição, ignomínia e sede de
vermos o nosso desejo realizado. E qual o objetivo desta realização? O deleite!
O líder da igreja de Jerusalém expõe a nudez da alma humana. Daí é que surgem
muitas frustrações espirituais e da própria alma. O indivíduo tem uma relação
com Deus não segundo a vontade divina, mas a sua própria, pois colocaram em sua
cabeça que as bênçãos de Deus são para os seus deleites e prazeres. Neste
ponto, Tiago é taxativo: “Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e
não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis.
Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”
(4.2,3).
“Porque não pedis”, Tiago destaca esta expressão para
compará-la, logo em seguida, com a outra posterior: “Pedis e não recebeis”.
Porque alguém pede a Deus e não recebe, já que o nosso Senhor prometeu dar-nos
tudo o que pedíssemos em seu nome? Esta é uma pergunta que só pode ser
respondida à luz de um autoexame sincero, pois a Palavra responde com clareza:
“Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.
Temos de ter o cuidado, para não confundirmos a vontade de Deus com a nossa
própria. Não podemos usar o nome de Deus para realizar as vontades e os
prazeres particulares. Deus não se usa!
Portanto, desafie a classe para um autoexame honesto,
sincero e transparente à luz da Palavra de Deus. Nada é melhor que o homem
desnudar-se na presença do Altíssimo. O nosso Pai sabe o que está em nosso
coração e qual a nossa verdadeira motivação de vida diante dEle. Num tempo
dominado pelas ambições e prazeres humanos, a palavra ensinada por Tiago chega
a uma ótima hora e desafia-nos a olharmos para nós e perguntarmo-nos: o que há
em meu coração?
AUXÍLIOS COMPLEMENTARES
Elaboração: Escriba
Digital
http://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2014/2014-03-10.htm
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Autorrealização: Desenvolvimento pleno das nossas
habilidades a ponto de nos sentirmos realizados como pessoa.
A grande
potencialidade da mente humana deve fazer com que ele não se conforme nem se
acomode com a vida que leva, levando-o a compreender que existe sempre a
possibilidade de crescimento interior, aperfeiçoamento e realizações pessoais,
profissionais ou ministeriais. Definitivamente, o ser humano não é um produto
existirá sempre a possibilidade de crescimento. Quem não gostaria de se
destacar na atividade que executa? De ter o devido reconhecimento. Uma citação
de seu nome em público, um elogio, uma aparição, mesmo que momentânea? Isso irá
adular seu ego e alimentar sua auto-estima. Na vida profissional ou
ministerial, essa pessoa esforça-se para ser a melhor em sua especialidade.
Isso chama atenção do público para si e reforça sua auto-estima. O problema
nessa fase é a facilidade que o sucesso pessoal tem em inchar o ego. A pessoa
pode tornar-se um ególatra. Isso a impede de ir para frente em seu
desenvolvimento espiritual, pois Deus e os irmãos começam a ficar de lado, e
ele em seu objetivo cego passa a valorizar mais a coisas do que a pessoas. O
fato é que quem não estiver preparado para resolver essas questões existenciais
e espirituais entrará num estado de queda, e com o passar do tempo sua vida de
cristão estará em um profundo colapso. Por isso se faz necessário o estudo
desta lição.
I. A ORIGEM DOS CONFLITOS E DAS DISCÓRDIAS (Tg 4.1-3)
1. Que sentimentos
são esses? (v.1). Tiago inicia esse ponto com uma pergunta: De onde procedem
guerras e contendas que há entre vós? O objetivo dele é levá-los a refletir
sobre a origem dos conflitos que aconteciam entre os que aspiravam ser mestres.
Muito embora a expressão “que há” não esteja no original, é requerida pela
construção da frase e aponta para a realidade dos conflitos. Tiago havia tomado
conhecimento de tais conflitos e desejava ajudar seus leitores a cessá-los.
Mas, para isso, era necessário identificar a sua origem. Nosso autor menciona
“guerras” e “contendas”. O termo guerras significa literalmente “conflito
armado” (cf. Mt 24.6). Não devemos pensar, contudo, que a situação havia
chegado a esse ponto naquelas igrejas. O termo é usado aqui como um estado
geral de hostilidade e antagonismo entre pessoas. O outro termo é contendas,
que literalmente significa uma “luta corpo a corpo” ou mesmo uma “peleja com
armas”. Mais uma vez, não pensemos que a situação havia degenerado a tal ponto;
contudo, havia combate de palavras entre eles. Eles se opunham uns aos outros
como se estivessem lutando uns contra os outros. Os termos fortes do
questionamento de Tiago despertam as igrejas para a seriedade da atitude de
hostilidade que havia eles. A unidade da igreja deveria ser o fator que mais deveríamos
valorizar. Deus abençoa uma igreja unida. A maioria das igrejas têm um enorme
potencial, mas nunca alcançam o que Deus deseja, porque os seus membros gastam
o seu tempo a lutarem uns com os outros. Toda a energia que possuem está
centrada no seu interior. A Bíblia fala mais sobre a unidade da igreja do que
sobre o céu ou o inferno. Isto demonstra a importância deste assunto. As
igrejas são formadas por pessoas e não há pessoas perfeitas. Por isso as
pessoas entram em conflitos umas com as outras. Os pastores precisam aprender a
lidar com estas situações. Especificamente, os líderes são chamados a fazer
seis coisas quando a desunião ameaça as suas igrejas. A Bíblia ensina que à
medida que a igreja cresce, Satanás fará todo o possível para trazer divisão.
Até mesmo pessoas dóceis, crentes fervorosos, podem ser ferramentas nas mãos de
Satanás para prejudicarem o corpo de Cristo. O Salmo 133.1 diz: “Oh! quão bom e
quão suave é que os irmãos vivam em união!”. Certamente, os irmãos deveriam
viver unidos, em harmonia, mas muitas vezes eles vivem em guerra. Por isso é
preciso que vigiemos.
Também enguemos um muro de intolerâncias e de divergências
que do campo teológico (pensamento) ergueu-se para dentro de nós e isso
estabeleceu um embate pessoal (comportamento) de tradicionais contra
pentecostais; de evangelicalismo contra fundamentalismo, de calvinismo contra
arminianismo e etc. É preciso estarmos unidos.
Não me refiro a convergência interpretativa das denominações
cristãs do Brasil em aspectos gerais da teologia; mas o que a igreja não pode
se conformar é com posicionamentos divisionistas que tanto mal fazem à unidade
do povo de Deus neste século de incredulidades. Não serão apenas conselhos,
alianças cristãs, acordos cooperativos entre representantes maiores das
denominações que resolverão o problema. Será necessário levar essa mensagem de
união fraterna para dentro de nossas igrejas. Precisamos da demonstração deste
amor que une, de compreensão que nutre e de santidade que revela quem é o povo
Deus; carecemos levar essa mensagem de agregação para as nossas ministrações a
fim de conscientizarmos os nossos ouvintes a perceberem a necessidade desta
ignorada realidade bíblica, necessitamos de viver a essência dos sentimentos
evangélicos de irmão para irmão, tais como: compreensão e fraternidade.
Precisamos alçar nossa visão e atuação para além de nossa comunidade fechada e
mostrarmos a esse mundo cão o que é o verdadeiro amor cristão. Quebremos essas
placas mentalizadas e fixadas no coração; destruamos essas barreiras de orgulho
religioso afirmadas em nosso comportamento; destruamos a barreiras dos
paradigmas interpretativos que nos fizeram isolacionistas; humilhemo-nos diante
de Deus e ouçamos a voz do Espírito Santo para estes últimos dias — é tempo de
união em torno da vontade de Deus para sua igreja militante.
2. A origem dos males (Tg 4.2). Tiago escolhe dois termos
para descrever os conflitos e discussões que prevalecem na comunidade.
“Guerras” (Gr. polemon, conflitos) seriam rixas que se travam pelos interesses
pessoais. “Combates” (Gr. machai) significa batalhas e inimizades que separam
as pessoas. A pergunta, “De onde vem?”, tem sua resposta na frase “das paixões”
(Gr. ek ton hedonon, dos prazeres procurados com intenso desejo). “Guerreiam”
(Gr. strateuomenon) criam e manejam a guerra quando os desejos pelo prazer de
alguns entram em conflito com os desejos dos outros. Contendas entre maridos e
mulheres, entre pais e filhos e entre irmãos na igreja sempre se levantam
porque os indivíduos estão procurando alguma vantagem, algum prazer que
corrompe ou prejudica.
Ele afirma que “Combates e guerras” se evidenciam entre
eles; e, se o zelo cobiçoso não é refreado, o perigo de violência real torna-se
concreto. Então, com uma perspicácia penetrante, Tiago fornece-nos uma poderosa
análise do conflito humano. Argumentos verbais, violência particular ou
conflito nacional — a causa de tudo isto pode ser encontrada no desejo
frustrado de querermos mais do que temos, de cobiçarmos aquilo que é dos
outros, seja os cargos das pessoas ou suas posses.
3. O porquê de não recebermos bênçãos (Tg 1.3). Se as
orações de uma pessoa são simplesmente para pedir coisas que satisfaçam seus
desejos carnais, então essas orações são essencialmente carnais e egoístas e,
portanto, não é possível que Deus as responda favoravelmente porque essa
resposta não seria outra coisa senão prover o homem de meios para pecar. O
verdadeiro propósito da oração quer dizer a Deus: “Seja feita tua vontade”; mas
a oração do homem que está dominado pelo desejo de prazeres é: “Sejam
satisfeitos os meus desejos”. Então, se quando uma pessoa ora, sua petição é só
pelas coisas que podem ajudá-la a satisfazer seus próprios desejos, nesse caso
dirigiu a Deus uma oração que Ele não pode responder. Um dos atos mais desalentadores
é que o homem egoísta dificilmente pode orar dirigindo-se a Deus em forma
correta. Nunca poderemos orar como é devido até que não arranquemos nosso ego
do centro de nossa vida e ponhamos a Deus ali.
II. A BUSCA EGOÍSTA (Tg 4.4,5)
1. Adúlteros e amigos
do sistema mundano (Tg 4.4). A palavra grega kosmos foi empregada em um sentido
ético, para indicar uma sociedade corrupta, ou o princípio do mal que opera
sobre os homens. O mundo aqui é a sociedade humana com seus valores, princípios
e filosofia vivendo à parte de Deus. Esse sistema que rege o mundo é anti-Deus.
Se o mundo valoriza a discórdia, começamos a valorizar a discórdia também. Se o
mundo valoriza os deleites, começamos a valorizar os deleites. Se o mundo
valoriza a inveja começamos a valorizar a inveja. Se o mundo valoriza a cobiça,
começamos a valorizar a cobiça. Temos a tendência de assimilar esses valores do
mundo.
Um crente pode tornar-se amigo do mundo gradativamente:
primeiro, sendo amigo do mundo (4.4). Segundo, sendo contaminado pelo mundo
(1.27). Terceiro, amando o mundo (1Jo 2.15-17). Quarto, conformando-se com o
mundo (Rm 12.2). O resultado é ser condenado com o mundo (1Co 11.32). Tiago
mostra que amizade com o mundo é uma espécie de adultério espiritual. O crente
está casado com Cristo (Rm 7.4) e deve ser fiel a Ele (Is 54.5; Jr 3.1-5; Ez
23; Os 1-2; 1Co 11.2). Não dá para ser amigo do mundo e de Deus ao mesmo tempo.
Temos que tomar cuidado com as pequenas coisas. O mundo envolve as pessoas
pouco a pouco. Ninguém se torna um viciado em álcool do dia para a noite.
Ninguém se lança de cabeça nas aventuras loucas das drogas no primeiro trago ou
na primeira picada. Ninguém começa uma vida licenciosa num primeiro flerte. A
sedução do mundo é como uma fenda numa barragem, começa pequena, mas pode
conduzir a um grande desastre.
2. “Inimigos de Deus”. Manter a amizade com o mundo é “ter
boas relações com poderes e coisas que são pelo menos indiferentes para com
Deus, caso não sejam abertamente hostis ao Criador”. Ser cristão é a sumir um
compromisso de amar o que Deus ama e aborrecer o que Deus aborrece. Como ser
amigo de Deus tornando-se amigo daquilo que Deus não é?
O mundo aqui, como em outras partes do Novo Testamento,
significa tudo que as pessoas pensam e fazem que desconsidera Deus e é
contrário à sua vontade. Por meio de palavras retumbantes, Tiago declara que o
povo de Deus deve tomar uma decisão clara entre Deus e todas as atitudes
não-cristãs. Se pertencemos a Deus, a amizade do mundo precisa nos deixar. Se
nos agarramos a qualquer caminho errado, nutrindo-o como um amigo, nos tornamos
inimigos de Deus e não temos mais uma base bíblica para crer que estamos em um
relacionamento de salvação com Ele.
3. O Espírito tem “ciúmes” (Tg 4.5). Tiago terminou a sua
purificação da conduta má e começa o seu apelo ao arrependimento. Quando
fomentamos a amizade com o mundo, podemos nos desviar e deixar Deus fora da
nossa vida. Mas isso não ocorre facilmente. Deus é um Deus zeloso, que não
tolera rivais. Quando nos convertemos, Ele nos deu um novo espírito. Deus se
enternece por essa nova vida na alma. Ele procura de todas as formas nos
analisar quando começamos a nos descuidar. Ele quer que essa vida cresça,
porque deseja que sejamos totalmente seus. Não há nenhuma passagem específica
no Antigo Testamento que corresponda à última parte do versículo . As palavras
diz a Escritura, que Tiago cita, não são uma citação, “mas um resumo dos
ensinamentos do Antigo Testamento: Deus quer a pessoa inteira, nossa lealdade
completa” (Berk., nota de rodapé). Deus fica condoído com a nossa simpatia
dividida e nossa amizade com o mundo que resulta disso. Ele deseja que a
plenitude do seu Espírito controle a nossa vida; Ele nos convida a chegarmos a
Ele e nos submetermos ao seu ministério. Deus dá essa ajuda especial àqueles
que humildemente a aceitam.
O Espírito que passou a habitar em nós tem ciúme. O termo
grego que consta para “ciúmes” expressa o desejo amoroso de ter inteiramente a
pessoa amada. Essa maneira de entender esse texto no original pressupõe que o
Espírito seja o Espírito Santo. Ele certamente não fomenta inveja nos
indivíduos no quais ele habita. Buscar a amizade do mundo é o mesmo que viver
debaixo da sua influência, dependência e segurança como se isso fosse o mais
importante de tudo. Esse tipo de namoro com o mundo, esse andar de mãos dadas,
não é apenas perigoso, mas é fatal, pois a infidelidade leva à apostasia.
Nenhum marido ou esposa se contentaria com menos do que exclusividade total em
seu relacionamento conjugal. Assim, Deus jamais tolerará qualquer tipo de
divisão entre ele e o mundo. Pois Deus é “ciumento” quando se trata de sua
“esposa” ou “noiva”, a igreja.
III. A BUSCA DA AUTORREALIZAÇÃO (Tg 4.6-10)
1. Humilhando-se
perante Deus (Tg 4.6,7). Desnecessário é mencionar que Deus está infinitamente
acima de nós em tudo. Desta forma podemos entender que as pessoas de coração
humilde têm um lugar especial no coração de Deus. O próprio mestre disse:
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt
5.3 — ARA). Em Tiago 4.6-10, o apóstolo estabelece uma relação entre a
humildade, a sujeição a Deus e a resistência ao nosso inimigo. De fato, só
podemos nos sujeitar a Deus se formos humildes, e só podemos resistir ao diabo
se tivermos humildade suficiente para identificarmos, em nós mesmos, os
reflexos das setas que nos foram lançadas por ele.
Ainda no texto de Tiago, é dito que “Deus dá graça aos
humildes”. Mas que graça seria esta? A graça que Deus nos concede é a força
para, nos sujeitando a Ele, resistirmos ao inimigo de nossas almas. É graça
para, nos chegando a Ele, termos sua presença conosco. É graça para sermos
purificados, termos nossos corações limpos, e termos o bálsamo curador
derramado sobre nossos corações. Ainda no texto de Tiago, é dito que “Deus dá graça
aos humildes”. Mas que graça seria esta? A graça que Deus nos concede é a força
para, nos sujeitando a Ele, resistirmos ao inimigo de nossas almas. É graça
para, nos chegando a Ele, termos sua presença conosco. É graça para sermos
purificados, termos nossos corações limpos, e termos o bálsamo curador
derramado sobre nossos corações. O homem nunca perdeu bênçãos pela humildade,
ainda mais diante do Senhor Deus. Mas a humilhação é um ato interno, uma
atitude conhecida somente pelo próprio Deus, pois Ele sonda os corações e
pensamentos, e saberá exatamente se o orador esta mesmo sentindo-se como
manifesta. E não faltou conselhos e advertências sobre essa posição a ser
tomada. Quando nos humilhamos diante de Deus, estamos deixando de lado todo o
nosso ego, tudo que achamos que sabemos, toda a nobreza que julgamos ter, e nos
colocamos diante do Senhor como não merecedores do Deus que temos (Ler 2Cr
7.14; 34.27; Dn 10.12; Mt 23.12; 1Pe 5.6).
2. Convertendo a soberba em humildade (Tg 4.8,9). Um dos
piores pecados para vida do cristão é o pecado do orgulho espiritual.
Poderíamos definir o orgulho espiritual como sendo uma atitude de tão grande
que despreza os outros irmãos. Seria abrigar a sensação de se achar possuidor
de uma visão superior. Seria o desenvolvimento de uma atitude de rejeição do
aprendizado, contrária à humildade que Deus requer dos seus servos. Seria achar
que se é conhecedor de uma faceta de compreensão que os demais irmãos ainda não
alcançaram. A amizade com o mundo pode deixar o homem nesse estado espiritual.
Por isso Tiago faz esta exortação: “Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo
ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai:
converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza”. Tiago os
convida ao arrependimento através de uma evidente demonstração de uma tristeza
de coração. A tristeza dos hipócritas evidencia-se somente em sua face.
“Desfiguram o rosto” (Mt 6.16). Mostram um rosto melancólico, mas a tristeza
deles não vai além disso, como o orvalho que umedece a folha, mas não penetra a
raiz. O arrependimento de Acabe foi uma exibição exterior. Seus vestidos foram
rasgados, mas não o seu espírito (1Rs 21.27). A tristeza segundo Deus avança
mais além; é como uma veia que sangra internamente. O coração sangra por causa
do pecado — “Compungiu-se-lhes o coração” (At 2.37). Assim como o coração tem a
parte principal no ato de pecar, o mesmo deve acontecer no caso do
entristecer-se humildemente. Paulo lamentava por causa da lei em seus membros
(Rm 7.23). Aquele que lamenta verdadeiramente o pecado se entristece por conta
das incitações do orgulho e da concupiscência. Ele se entristece por causa da
“raiz de amargura”, embora ela nunca prospere até ao ponto de levá-lo a agir.
Só a humildade pode nos fazer lamentar os pecados do coração e os que estão em
plena evidência.
3. “Humilhai-vos perante o Senhor” (Tg 4.10). Temos a
tendência de tratar o nosso pecado de forma muito leve e condescendente. Tiago
exorta-nos a enfrentar seriamente o nosso pecado (4.9). A porta da exaltação é
a humilhação diante de Deus (4.10). Deus não despreza o coração quebrantado (Sl
51.17). Deus olha para o homem que é humilde de coração e treme diante da Sua
Palavra (Is 66.2). Quando estamos em paz com Deus, temos paz uns com os outros
e então, uma fonte de paz começa a jorrar de dentro de nós!
Humildade é a condição para Deus trabalhar, para desfrutar
de tudo o que Ele quer nos dar. A verdadeira humildade consiste em estabelecer
uma relação de submissão a Deus, resistência ao Diabo e aos nossos próprios
desejos egoístas. Viver em comunhão com Deus se dá através da Palavra, oração e
adoração. Quando sua razão de viver for a exaltação, a honra e a satisfação do
Senhor, Ele fará algo novo em nossa vida.
CONCLUSÃO
Ao estudarmos os textos
desta lição percebemos que grande parte das desavenças e problemas existentes
em nossas igrejas locais são frutos da ambição e da sede desonrosa de termos
todos os nossos desejos realizados, e quando esses desejos não se tornam
concretos vem a frustação e o desânimo, abalando as emoções do cristão. Nossos
desejos e ambições só serão legítimos quando seu objetivo final não é o
deleite.
Vivemos em uma época onde a ambição e os prazeres humanos
tem se apoderado da vida e do coração de muitas pessoas, portanto é necessário
fazermos uma reflexão a fim de saber até que ponto essas coisas tem atingido
nossas vidas nos levando a uma decadência espiritual.
BIBLIOGRAFIA
Barclay, William.
Comentário do Novo testamento - Tradução: Carlos Biagini;
Bui, Reinaldo. Devocional em Tiago - Apostila;
Comentário Bíblico de Beacon. Vol.10 - Hebreus a Apocalipse.
CPAD. Vários Autores;
http://searanews.com.br/
Moo, Douglas J. - Tiago - Introdução e Comentário - Vida
Nova;
Nicodemus, Augustus. Interpretando a Carta de Tiago. Editora
Cultura Cristã;
Shedd, Russel. Uma Exposição de Tiago a Sabedoria de Deus.
Shedd Publicações.
SUBSIDIOS
Elaboração:
http://pastorgeraldocarneirofilho.blogspot.com.br/
I – INTRODUÇÃO:
O servo de Deus precisa estar orando e vigiando para não se
deixar dominar pelas paixões carnais.
II - ORIGEM DAS GUERRAS E PELEJAS NAS IGREJAS
(1) - O Diabo - Ele tentou Jesus (Lc 4.2; Mt 4.1) e continua
tentando os servos de Deus, provocando guerras c pelejas entre os crentes que
dão lugar à sua ação. Ele anda "em derredor, bramando como leão, buscando
a quem possa tragar" (l Pe 5.8). Havendo guerras e pelejas, não há união
e, sem esta, não há bênção. Devemos prevenir-nos contra as "astutas
ciladas do diabo" (Ef 6.11).
(2) - A carne - Tiago, indagando de onde vêm as guerras e
pelejas entre os crentes, responde que vêm dos deleites que guerreiam nos seus
membros (v. l). Paulo diz que os pecados "operavam em nossos membros"
(Rm 7.5). Essas paixões ou deleites que operam nos nossos membros (a natureza
carnal), tanto podem ser de origem sexual, como emocional e moral, as quais
geram contendas. Alguém pode deleitar-se, em ver o mal ou a queda do outro. É
prazer diabólico.
(3) - Desejo de poder - Esse desejo carnal de poder tem
origem em Lúcifer, que, ao desejar tomar o lugar de Deus, imaginou-se grande
(cf. Ez 28.2,17). Há muitos que, para "subir" nos cargos, procuram
passar por cima dos outros, gerando guerras e pelejas desnecessárias. O melhor
é humilhar-se sob a potente mão de Deus e ser exaltado por Ele a Seu tempo (Tg
4.10, l Pe 5.6).
(4) – Cobiça - O apóstolo diz: "Cobiçais e nada
tendes" (v.2a). Cobiça é a "ambição desmedida de riquezas". É
irmã da avareza. É o desejo incontrolável e malsão de obter dinheiro e outros
bens materiais, não importando como. Isso é pecado. A Bíblia diz que "...o
amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se
desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (l Tm 6.10).
(5) – Invejas - "...sois invejosos e cobiçosos e não
podeis alcançar" (v.2b). A inveja é prima da cobiça e da avareza. Esta
palavra vem do latim “invídia”, significando "desgosto ou pesar pela
felicidade de outrem; desejo violento de possuir o bem alheio" (Dicionário
Aurélio). Na Bíblia, inveja é "obra da carne" (Gl 5.21). Seja qual
for o sentido, inveja é sentimento carnal e diabólico, sendo causa de guerras e
contendas entre pessoas nas igrejas. O invejoso é um fraco, um escravo de si
mesmo. Que Deus tenha misericórdia dessa gente, despertando-as para a conversão
do seu eu.
III - CONSEQUÊNCIAS DAS PAIXÕES HUMANAS:
(1) - Carência de bens espirituais - "Nada tendes,
porque não pedis" (v.2c). O apóstolo falava a crentes que, ao invés de
buscarem a Deus, em oração sincera, ficavam a guerrear entre eles, cobiçar o
que era dos outros. Tudo isso gerava um clima de inquietação, que não motivava
a adoração a Deus. Paulo, escrevendo aos filipenses, diz que devemos orar,
suplicar e apresentar ações de graças, em lugar de inquietar-nos. Assim,
teremos a paz de Deus (Fp 4.6,7).
(2) - Orações não respondidas - "Pedis e não
recebeis" (v.3). No versículo anterior, o apóstolo diz que eles não
pediam. Aqui, diz que pediam, mas não recebiam. Por quê? A resposta é dada em
seguida: "...porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites"
(v.3). Em meio às guerras e pelejas internas, na igreja local, seus pedidos não
tinham valor. Temos o direito de pedir o que quisermos ao Senhor, desde que o
objetivo não seja egoísta, e, acima de tudo, seja para a glória de Deus. Jesus
ensinou os discípulos a orar (ver Mt 6.5-13).
(3) - Infidelidade espiritual - Tiago chamou aqueles crentes
de "adúlteros e adúlteras" (v.4a). Podemos entender que se tratava de
infidelidade espiritual, pois o apóstolo acentua que "a amizade do mundo é
inimizade contra Deus". Entre aqueles crentes, não havia lugar para o
Espírito de Deus. João diz que "Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não
está nele" (l Jo 2.15). Esse amor ao mundo configura adultério ou
infidelidade espiritual. Deus não aceita isso, em hipótese alguma. Jesus disse
que "ninguém pode servir a dois senhores..." (Mt 6.24).
IV - O RELACIONAMENTO COM DEUS PREJUDICADO
(1) - O Espírito tem ciúmes (v.5b) - Apesar de certos
estudiosos da Bíblia acharem que o versículo é ambíguo quanto ao termo
Espírito, o cuidadoso e amplo estudo do contexto, acrescido das demais
passagens correlatas, deixa claro tratar-se do Espírito Santo, que, ante a
amizade do crente com o mundo, tem zelo extremo, entristecendo-se com esse
"adultério" espiritual. As guerras e pelejas, próprias de carnais,
sufocam a comunhão com o Espírito Santo.
(2) - "Deus resiste aos soberbos" (v.6a) - O
soberbo é o mesmo que orgulhoso. Este, na verdade, não tem nada de positivo em
sua vida. De acordo com a Psicologia, orgulho é medo. O orgulhoso tem medo de
não ser respeitado, de não ser reconhecido. Por isso, exalta-se a si mesmo,
buscando a qualquer custo "honra e estima dos outros a fim de satisfazer o
seu orgulho" (Bíblia de Estudo Pentecostal). Assim, em sua exaltação,
perde a oportunidade de ser abençoado por Deus. E pior: encontra pela frente a
resistência da poderosa mão de Deus. Ao contrário disso, diz Tiago que Deus
"dá, porém, graça aos humildes".
V - COMO EVITAR AS PAIXÕES HUMANAS:
(1) - Sujeitando-se a Deus e resistindo ao Diabo (v.7) - O
apóstolo diz que devemos sujeitar-nos a Deus, resistindo ao Diabo, e este
fugirá de nós. Sem a ação diabólica na igreja, não haverá lugar para guerras,
pelejas e contendas.
(2) - Chegando-se a Deus (v.8) - Estando perto de Deus, pela
oração e comunhão, os crentes adquirem intimidade com o Senhor. Os sentimentos
maus são afastados pela presença do Espírito de Deus.
(3) - Purificando o coração (v.8c) - Davi disse que o jovem
purifica o seu caminho e não peca, observando a Palavra de Deus e escondendo-a
no coração (Sl 119.9-11). Tiago exorta aos crentes pecadores a limparem seus
corações e, aos de duplo ânimo, a purificar o coração. Isso afugenta as paixões
humanas.
(4) - Sentindo as misérias (v.9) - O apóstolo exorta a que
os crentes carnais, cheios de inveja e cobiça, ao invés de pelejarem entre si,
devem converter-se, sentindo suas misérias, através do lamento e do choro,
tornando o riso da carne em pranto interior, e o gozo mundano em tristeza, atitudes
essas que significam mudanças perante Deus.
(5) - Humilhando-se perante o Senhor (v.10) - Já vimos que
Deus dá graça aos humildes (v.6). Se os crentes se humilharem, Deus os
exaltará. Se eles se exaltarem, serão humilhados. A humildade é a arma por excelência
contra o orgulho, a inveja, a cobiça, as pelejas e guerras nas igrejas.
(6) - Não falar mal uns dos outros (v.ll) - Tiago ensina-nos
que não devemos falar mal uns dos outros. Se o fizermos, passamos à condição de
juízes da lei, tomando o lugar de Deus, o que é perigoso. Finalmente, o
apóstolo conclui: "Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?" (v.!2b).
Todos os meses, tomamos a Ceia do Senhor e o texto básico de l Cor 11.31 diz
que ali temos um momento apropriado em que devemos julgar a nós mesmos e não
aos outros.
VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Fica bem claro que as guerras e pelejas entre os crentes,
como manifestações das paixões humanas, têm sido utilizadas como instrumento de
perturbação da obra do Senhor. O Adversário sabe que a igreja só marcha mais
rápido, quando há união, amor, humildade, oração sincera e comunhão com Deus.
Se ele conseguir prejudicar o clima espiritual, o caminho está aberto para o
fracasso. Que Deus nos ajude a evitar esses males em nós mesmos e ao mesmo
tempo combatê-los.
FONTE DE PESQUISA E CONSULTA:
Lições Bíblicas CPAD – 1º TRIMESTRE DE 1999 – COMENTARISTA:
Elinaldo Renovato de Lima.
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