Lições Bíblicas CPAD
- Jovens e Adultos
3º Trimestre de 2014
Título: Fé e Obras —
Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica
Comentarista: Eliezer de Lira e Silva
Lição 12: Os pecados de Omissão e de Opressão
Data: 21 de Setembro de 2014
TEXTO ÁUREO
“Aquele, pois, que
sabe fazer o bem e o não faz comete pecado” (Tg 4.17).
VERDADE PRÁTICA
Os pecados de omissão
e opressão são tão repulsivos diante de Deus quanto às demais transgressões.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 3.1-24 A
queda do ser humano
Terça - Is 59.2 O
pecado nos separa de Deus
Quarta - Jo 1.29 O
Cordeiro de Deus que tira o pecado
Quinta - Hb 9.22 Remissão
pelo sangue de Jesus
Sexta - 1Jo 1.7 O
sangue de Jesus purifica de todo pecado
Sábado - 1Rs 8.46 Não
há quem não peque
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 4.17; 5.1-6.
Tiago 4
17 - Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete
pecado.
Tiago 5
1 - Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai por
vossas misérias, que sobre vós hão de vir.
2 - As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes
estão comidas da traça.
3 - O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua
ferrugem dará testemunho contra vós e comerá como fogo a vossa carne.
Entesourastes para os últimos dias.
4 - Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as
vossas terras e que por vós foi diminuído clama; e os clamores dos que ceifaram
entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos.
5 - Deliciosamente, vivestes sobre a terra, e vos
deleitastes, e cevastes o vosso coração, como num dia de matança.
6 - Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.
INTERAÇÃO
Professor, na lição
de hoje estudaremos a respeito dos pecados de omissão e opressão. Também
veremos a exortação de Tiago em relação ao julgamento dos ricos impiedosos. O
meio-irmão do Senhor adverte os ricos, não pela posse de bens materiais, mais
porque estes não eram bons mordomos dos seus bens. Segundo Tiago, estes ricos
exploravam os pobres (Tg 2.5,6). Atitude esta que Deus abomina. O Senhor deseja
que venhamos utilizar nossos recursos para ajudar as pessoas necessitadas, não
somente para o nosso deleite e prazer. Que possamos utilizar nossos bens para
promover o Evangelho e ajudar as pessoas, pois “a fé sem obras é morta”. Tiago
mostra que os ricos estavam tão absortos em seus deleites que nem se deram
conta do juízo divino e da desgraça que se abateu sobre eles: “As vossas
riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça” (5.2).
Que venhamos utilizar nossos bens com sabedoria.
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
Conscientizar-se dos perigos do pecado de omissão.
Mostrar que adquirir bens à custa da exploração alheia é
pecado.
Saber que Deus ouve o clamor dos trabalhadores injustiçados.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza
o quadro abaixo para os alunos. Utilize-o para mostrar como a Palavra de Deus identifica
a riqueza. Enfatize que a riqueza não é e jamais será um sinal de fé ou do
favor divino. Explique que Jesus fez duras críticas àqueles que amam os bens
materiais. O Mestre declarou: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os
que têm riquezas” (Lc 18.24).
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Pecado de comissão: Realizar aquilo que é expressamente
condenado por Deus.
Nesta lição,
estudaremos a contundente reprimenda da Palavra de Deus à opressão dos ricos
contra os pobres. A denúncia de Tiago é semelhante a dos profetas do Antigo
Testamento: de Isaías, de Ezequiel, de Amós, de Miqueias e de Zacarias (Is
3.14,15; 58.7; Ez 16.49; Am 4.1; 5.11,12; 8.4-8; Mq 6.12; Zc 7.10) contra os
senhores que oprimiam os pobres. É importante refletirmos sobre este assunto,
pois alguns pensam que as advertências dos santos profetas ficaram restritas à
época da Lei (Lv 25.35; Dt 15.1-4,7,8). Entretanto, o mesmo tema é alvo do
ensinamento do próprio Senhor Jesus (Lc 6.24,25). Igualmente, o livro de Atos nos
informa que a Igreja do primeiro século cuidava dos pobres (At 2.42-45). Isso
significa que o tema abordado nesta lição é atual e urgente.
I. O PECADO DE OMISSÃO (Tg 4.17)
1. A realidade do
pecado. Um dia o homem resolveu voluntariamente desobedecer a Deus (Gn 3.1-24).
O pecado, então, tornou-se uma realidade fatal. A partir dessa atitude rebelde,
todas as relações dos seres humanos entre si, com o Criador e com a criação,
foram distorcidas (Rm 1.18-32). Assim, a humanidade e a criação sofrem e gemem
como vítimas da vaidade humana (Rm 8.19-22). Não somos capazes de, por nós
mesmos, vencermos o pecado! Contudo, em Jesus toda essa grave realidade pode
ser superada, pois o Pai enviou o seu Filho para que morresse por nós e, assim,
resgatasse-nos da miséria do pecado (Rm 8.3; Hb 10.1-39).
2. O pecado de comissão (Gn 3.17-19). A partir da realidade
do pecado algumas formas de pecados podem ser verificadas nas Escrituras. Uma
delas é o pecado de comissão, ou seja, realizar aquilo que é expressamente
condenado por Deus. Os nossos pais, Adão e Eva, foram proibidos de comer do
fruto da árvore do bem e do mal. Entretanto, ainda assim dela comeram. Realizar
conscientemente o que Deus de antemão condenou é um atentado a sua santidade e
justiça (Sl 106.6).
3. O pecado de omissão (Tg 4.17). Outra forma muito comum é
o pecado de omissão. Essa forma de transgredir as leis divinas, muitas vezes, é
ignorada entre o povo de Deus. Porém, as consequências do seu julgamento não
serão menores diante do Altíssimo (Mt 25.31-46). Não é apenas deixando de
obedecer a lei expressa de Deus que incorremos em pecado, mas de igual modo,
quando omitimo-nos de fazer o bem, pecamos contra Deus e a sua justiça (Lc
10.25-37; Jo 15.22,24).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Deus é santo e abomina
tanto o pecado de comissão como o de omissão.
II. O PECADO DE ADQUIRIR BENS ÀS CUSTAS DA EXPLORAÇÃO ALHEIA
(Tg 5.1-3)
1. O julgamento
divino sobre os comerciantes ricos (v.1). Não é a primeira vez que Tiago
menciona os ricos em sua epístola (Tg 1.9-11; 2.2-6). Entretanto, aqui há uma
particularidade. Enquanto nos outros textos o meio-irmão do Senhor faz
advertências ou denúncias contra os ricos, o quinto capítulo apresenta o juízo
divino contra eles. Da forma em que o texto da epístola está construído,
percebemos que não há indício algum de que a sentença divina é exclusiva para
os que conhecem a Deus, deixando “os ricos ignorantes” de fora do juízo divino.
O alvo aqui são todos os ricos, crentes ou descrentes, que conduzem os seus
negócios de maneira desonesta e opressora contra os menos favorecidos.
2. O mal que virá (v.2). De modo geral, onde se encontra a
confiança dos ricos? A Bíblia afirma que a confiança dos ricos está amparada
nos bens que possuem (Pv 10.15; 18.11; 28.11). Não atentando para a brevidade
da vida e a transitoriedade dos bens materiais, eles orgulham-se e confiam na
quantidade de bens que possuem (Jr 9.23; 1Tm 6.9,17). Tiago diz que as riquezas
dos ricos desonestos e arrogantes estão apodrecidas e as suas roupas comidas pela
traça, isto é, brevemente elas se mostrarão ineficazes para garantir-lhes o
futuro. Os ricos opressores terão uma triste surpresa em suas vidas!
3. A corrosão das riquezas e o juízo divino (v.3). Jesus de
Nazaré falou do mesmo assunto no Sermão da Montanha, ao advertir que “não
[devemos ajuntar] tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e
onde os ladrões minam e roubam” (Mt 6.19). Sabemos que nos dias atuais, muitos
ignoram esta admoestação do Senhor, dizendo que não é bem isso que Ele quis
dizer. Ora, então do que se tratava o assunto do nosso Senhor, senão do perigo
de se acumular bens neste mundo? A arrogância demonstrada pelo rico insensato
revela esse desvario do nosso tempo (Lc 12.15-21). Olhando para os dois textos
citados, tanto o de Mateus quanto o de Lucas, é impossível não atentarmos para
essas duas perspectivas: a denúncia para o mal da riqueza e a revelação
profética do juízo divino contra a confiança nela (Ap 3.17; 6.15; 13.16).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A Palavra de Deus condena
àqueles que adquirirem riquezas às custa da exploração dos pobres e
necessitados.
III. O ESCASSO SALÁRIO DOS TRABALHADORES “CLAMA” A DEUS (Tg
5.4-6)
1. O clamor do
salário dos trabalhadores (v.4). O Evangelho alcança pessoas de todos os tipos
e classes sociais. Muitos que constituem a classe alta econômica de nossa nação
têm crido em Cristo. Outros filhos do nosso meio têm emergido e alcançado altos
patamares econômicos. De funcionários, tornaram-se patrões, juízes, políticos,
etc. Por isso, é preciso advertir que a Bíblia tem conselhos divinos claros
para a ética do homem cristão que se tornou rico ou do rico que se tornou
cristão. Neste quarto versículo, com tons graves, o líder da igreja de
Jerusalém levanta-se como um profeta veterotestamentário bradando contra a
injustiça social (Jr 22.13; Ml 3.5). Para tal exercício, Tiago evoca a Lei,
isto é, utiliza a Escritura do primeiro testamento para fundamentar a sua
redação epistolar (Dt 24.14,15). O meio-irmão do Senhor adverte que o Todo-Poderoso
certamente se levantará contra toda a sorte de opressão e injustiça!
2. A regalia dos ricos que não temem a Deus cessará (v.5). O
versículo cinco lembra a denúncia proferida por Jesus em Lucas 16.19-31, quando
o Senhor fala acerca do mendigo Lázaro e do rico opressor: uma vida regalada
que não se importava com o futuro e com o próximo, vivendo festejos como se o
fim nunca fosse chegar. Deleitando-se em suas riquezas, mal pensava o rico que
entesourava para si juízos de Deus.
3. O pobre não resiste à opressão do rico (v.6). Há severas
condenações no Antigo Testamento contra a opressão dos menos favorecidos (Êx
23.6; Dt 24.17). O fato de essa advertência aparecer em o Novo Testamento
indica a gravidade dessa atitude (1Tm 6.17-19). Muitos podem se perguntar por
que a Bíblia é tão dura contra os ricos injustos. Uma vez que eles estão
economicamente bem posicionados, o pobre, ou “justo”, sucumbe à sua opressão,
restando a eles apenas Deus para defendê-los. Assim, mesmo que o pecado de
opressão continue sendo consumado, entendemos biblicamente que o Senhor dos
Exércitos continua a ouvir o clamor dos pobres!
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Deus ouve o clamor
dos trabalhadores injustiçados. Ele é justo e não aceita nenhuma forma de
opressão e injustiça.
CONCLUSÃO
As advertências de
Tiago são relevantes e oportunas para os nossos dias. Quanto engano tem sido
cometido por ensinamentos deturpados em nome de uma suposta prosperidade. Tal
teologia tem levado muitas pessoas a tornarem-se materialistas. Tiago nos
exorta a demonstrarmos uma fé verdadeira, não apenas de palavras, mas
principalmente em obras (Tg 2.14-26). De igual maneira, conforme a lição de
hoje, o nosso desafio é vivermos um estilo de vida segundo o Evangelho, onde a
simplicidade, a modéstia e o contentamento devem ser as suas marcas.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007.
ARRINGTON, French L; STRONSTD (Eds.). Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Biblíológico
“Por que contra o
rico? (5.1-6)
Em Jerusalém, eram poucas as pessoas da classe alta que se
mostravam sensíveis ao Evangelho. Enquanto crescia a perseguição contra a
igreja primitiva, muitos crentes perderam sua fonte de subsistência e passaram
a ser explorados pelos poderosos. As investidas de Tiago contra os ricos são:
1) eles anseiam aumentar a riqueza com o sofrimento dos outros; 2) defraudam
seus empregados; 3) vivem de maneira extravagante, e amam a boa vida; e, 4)
matam os justos.
Temos condições de ser pacientes até mesmo quando provocados
pela avidez dos exploradores da riqueza. Pois, sabemos que Cristo, o Juiz, está
às portas (Tg 5.7-9)” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 9ª Edição. RJ: CPAD,
2010, p.875).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Bibliológico
“Riqueza
A Bíblia Sagrada traz muitas advertências para que não
depositemos a nossa confiança nas riquezas materiais (Sl 49.6,7). Também não
podemos colocar o nosso coração nas riquezas.
Tiago deixou registradas fortes palavras de advertência aos
ricos (Tg 5.1), que também servem, sem dúvida, para os ricos de todas as
épocas. Estes, a quem Tiago se referiu, não foram julgados por serem ricos, mas
porque haviam feito um mau uso de suas riquezas. Os cristãos também podem fazer
um mau uso da riqueza que possuem, seja ela pequena ou grande. Eles também
podem, sem dúvida, como vários crentes nos dias de Tiago, invejar aqueles que
possuem riquezas. A inveja é um pecado tão grande quanto o mau uso da riqueza.
É também muito importante que os meios utilizados para se alcançar a riqueza
sejam adequados. Evidentemente, aqueles a quem Tiago se dirige em 5.1 haviam
enriquecido às custas da exploração dos trabalhadores” (PFEIFFER, Charles F.;
REA, John; VOS, Howard F. (Eds.). Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 2009, p.1680).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Os Pecados de omissão
e de opressão
O amor cristão deve
se manifestar em todo e qualquer ambiente que demanda o relacionamento humano.
Principalmente nos círculos cristãos. Naturalmente, o amor de Cristo, não é nem
pode ser um amor de viés obrigatório, pois amor compelido não é amor
verdadeiro. O amor demonstrado por Jesus nos designa a ser um e somente um
corpo com Ele. Por isso podemos destacar alguns desdobramentos do amor na
relação profissional entre funcionário e patrão.
Enquanto funcionários de uma empresa, nossa real motivação
deve ser a do respeito, pois somos chamados a viver numa dimensão de serviço a
Deus, mas também aos homens. De sorte, não há como honrar a Deus se a minha
dimensão relacional com os homens de autoridade está confusa ou quebrada. É
impossível viver um dualismo entre “servir a Deus” e “não servir o próximo”.
O discípulo de Jesus é convidado a fazer o bem e a se
aperfeiçoar naquilo que faz, não somente por causa do patrão, mas acima de tudo
por Cristo. E aí que se revela a própria realização humana, pois patrão e
funcionário têm um mesmo Senhor! Não há favoritismo de Deus nessa relação. O
mesmo Senhor que auxilia o patrão é o mesmo que auxilia o funcionário. NEle,
ambos são irmãos.
Prezado professor, trabalhe estas questões com a classe
perguntando o seguinte: Se você é patrão o que pensar sobre o que a Palavra diz
a respeito da tua relação com o teu funcionário? E você que é funcionário, como
enxergar esta relação com o teu patrão? Certa feita o nosso Senhor disse que o
mais forte subjugava o mais fraco no mundo gentílico, e isso, era perfeitamente
normal. Mas entre nós, não! Entre os cristãos, o amor mútuo dos irmãos é o que
deve sobrepujar. Cada qual exercerá o seu próprio papel, seja na função de
patrão ou na de funcionário.
Ambos não podem esquecer: “Sujeitai-vos um ao outro em amor”
a qualquer tempo e em qualquer dimensão profissional, seja ou não cristã.
Professor lembre a classe de que o que Tiago está condenando em sua epístola é
a injustiça, a exploração econômica e toda sorte de males que os ricos deste
mundo, crentes ou não, poderiam evitar se assumissem a consciência “de ter fome
e sede de justiça” que emana do Evangelho.
SUBSIDIOS
Elaboração: Escriba Digital
http://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2014/2014-03-12.htm
INTRODUÇÃO
Palavras Chave
Pecado de comissão: Fazer aquilo que a Bíblia diz que não
devemos fazer; prática do mal.
O autor da lição inicia seu estudo mostrando que ninguém
pode refugiar-se na desculpa de que não tenha feito nada de absolutamente errado;
como a Escritura deixa bem claro, os pecados de omissão são tão reais e graves
como os de comissão.
No capítulo cinco parece que Tiago não critica os ricos
simplesmente por serem ricos. Aqui há a suposição de que este acumulou sua
fortuna desonestamente e gastou consigo só. Riqueza pode ser bênção ou pode ser
uma grande maldição. Depende de como ela é adquirida e administrada.
Alguém disse que há quatro classes de pessoas em termos de
posses:
1. Aquelas que são ricas em coisas materiais e pobres nas
coisas de Deus.
2. Aquelas que são pobres neste mundo e ricas para com Deus.
3. Aquelas que são pobres neste mundo e no próximo.
4. Aquelas que têm uma quantidade considerável de bens
materiais e por saberem como aplicar, também são ricas no mundo vindouro. Mas
essas pessoas não são numerosas.
Em Tiago 5.1-6, o Espírito Santo parece enfatizar duas
verdades importantes: 1) O texto mostra que há falta de importância em bens
materiais. Ao contrário da crença popular, o dinheiro não compra felicidade; 2)
Mostra a depravação da alma que coloca toda a sua confiança nos bens materiais,
ao invés de confiar apenas em Deus. No mundo materialista em que vivemos, é um
alerta correto.
I. O PECADO DE OMISSÃO (Tg 4.17)
1. A realidade do pecado. As Escrituras declaram, a
observação descobre e a experiência humana comprova que o pecado é um fato
inconteste. O pecado é um vírus que atingiu toda a raça humana. É uma chaga
universal. E um tormento coletivo. Somente Jesus pode libertar o homem de seus
funestos efeitos. O pecado é uma realidade que leva o homem à prática do mal e
como consequência gera a opressão, a luta, a guerra, o sofrimento e por fim a
morte.
Negar a existência do pecado é negar por extensão a
veracidade da Escritura. Ela, no seu escopo geral, afirma do princípio ao fim
que o pecado existe. O pecado é qualquer transgressão contra a vontade revelada
de Deus. Para quem tem olhos para ver, o pecado está manifesto por toda parte.
Realmente deve estar com visão enfraquecida quem não vê as operações
arruinantes, maléficas, torcidas, brutais e bestiais do pecado, no mundo em
geral e na vida humana. E além disso, após pecar contra Deus, o homem tornou-se
sensível ao pecado. Quando o homem peca por qualquer razão ou motivo, ele sente
o remorso da consciência, devido ao mal praticado e, em alguns casos, sofre as
consequências da ação praticada contra Deus ou contra a sociedade. O homem é
dotado de uma consciência sensível. O animal não possui esta consciência com
sensibilidade de culpa. O homem quando comete um crime (peca), sua tendência é
fugir do local e ocultar qualquer prova de seu delito. O animal não. Ele comete
um ato errado, mas permanece no local como se nada tivesse acontecido (1Rs
13.24,28). A besta não tem traço algum de consciência de Deus; não tem, portanto,
natureza religiosa. Para ela não há sensibilidade do pecado nem o peso da
consciência. Quando o homem peca, através de sua consciência, ele sente em sua
alma ou em seu sistema psicossomático o peso do pecado (Nm 32.23). Se o pecado
não fosse uma realidade, jamais isso seria possível de acontecer. Também
presenciamos a realidade de morte, que entrou no mundo por causa do pecado.
”Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte,
assim também a morte passou a todos os homens; por isso que todos pecaram” (Rm
5.12).
2. O pecado de comissão (Gn 3.17-19). Que é o pecado? Pecado
é transgredir a lei de Deus. A Bíblia diz em 1 João 3.4 “Todo aquele que
pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei”
(NVI). A Bíblia diz em 1 João 5.17 “Toda a iniquidade é pecado”.
O que é a lei de Deus? São os ensinos de Sua Palavra
registrados na Bíblia, a fim de nos levar a uma vida sem pecado.
O pecado de comissão começa dentro de nós. A Bíblia diz em
Marcos 7.20-23 “Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me
diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de
meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu
nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos
conheci: apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.
O pecado de comissão é um ato, palavra ou desejo contrário à
lei eterna. Isto significa que o pecado de comissão é um ato humano, já que
requer o concurso da liberdade, e se expressa em atos externos, palavras ou
atos internos. Além do mais, este ato humano é mau, isto é, opõe-se à lei
eterna de Deus, que é a primeira e suprema regra moral, fundamento das demais.
De modo mais geral, pode-se dizer que o pecado é qualquer ato humano oposto à
norma moral, isto é, à reta razão iluminada pela fé. Trata-se, portanto, de uma
tomada de posição negativa com respeito a Deus e, em contraste, um amor
desordenado a nós mesmos. Esse foi o grande motivo da queda de nossos primeiros
pais.
Antes de sermos salvos não sentíamos o prejuízo desse
pecado. Tudo o que sentíamos era o pequeno remorso dos muitos pecados. Mesmo
depois que nos tornamos cristãos, o que nos entristecia eram os nossos muitos
pecados, não o pecado em si. Apesar de salvos agora, ainda podemos cair no
pecado de comissão como mentir ou perder a calma, ter ciúmes e ser orgulhosos,
ou sermos inadvertidamente relaxados com os pertences alheios. Portanto, esses
pecados individuais nos aborrecem. Que devemos fazer? Chegar diante de Deus e
pedir perdão por esses itens um a um. Podemos dizer: “Ó Deus, eu agi mal hoje.
Pequei novamente. Por favor, perdoe-me” e Ele a pronto a nos perdoar.
3. O pecado de omissão (Tg 4.17). As Escrituras Sagradas
revelam em alguns textos o pecado de omissão:
1) Lucas 10.30-37: Na parábola do bom Samaritano, o
sacerdote e o Levita pecaram não fazendo o que eles sabiam ser bom e direito.
Eles pecaram não amando o próximo deles.
2) Mateus 25.24-30: O homem que recebeu um talento do seu
Senhor sabia de sua responsabilidade. Entretanto, escolheu enterrar o talento,
em vez de trabalhar. Assim, ele pecou contra o seu Senhor e foi castigado por
isso.
3) Mateus 25.41-46: Jesus adverte muitos serão lançados no
fogo eterno porque não fizeram o que era correto com seus irmãos.
Isto nos leva a uma reflexão a respeito daquilo que fazemos
e deixamos de fazer, pois a partir do instante que chegamos a essa conclusão,
muitas das coisas que não estamos fazendo e a respeito das quais achávamos
estar tomando a atitude correta, está nos levando a ser tão pecadores quanto as
pessoas que cometem seu erros, pois conhecimento implica em responsabilidade.
As pessoas conhecem a vontade de Deus, mas deliberadamente a desobedecem. Nosso
pecado torna-se mais grave, mais hipócrita e mais danoso do que o pecado de um
incrédulo ou ateu. Mais grave porque pecamos contra um maior conhecimento. Mais
hipócrita porque declaramos que cremos, mas desobedecemos. Mais danoso porque
os nossos pecados são mestres do pecado dos outros. O apóstolo Pedro diz:
“Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que,
conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado” (2Pe 2.21).
Por que as pessoas que conhecem a vontade de Deus,
deliberadamente a desobedecem? Em primeiro lugar, por orgulho. O homem gosta de
considerar-se o dono do seu próprio destino, o capitão da sua própria alma. Em
segundo lugar, pela ignorância da natureza da vontade de Deus. Muitas pessoas
têm medo da vontade de Deus. Pensam que Deus vai fazê-las miseráveis e
infelizes. Mas a infelicidade reina onde o homem está fora da vontade de Deus.
O lugar mais seguro para uma pessoa estar é no centro da vontade de Deus.
O que acontece àqueles que deliberadamente desobedecem a
vontade de Deus? Eles são disciplinados por Deus até se submeterem (Hb
12.5-11). Eles perdem recompensas espirituais (1Co 9.24-27). Finalmente, eles
sofrerão consequências sérias na vinda do Senhor (Cl 3.22-25).
II. O PECADO DE ADQUIRIR BENS ÀS CUSTAS DA EXPLORAÇÃO ALHEIA
(Tg 5.1-3)
1. O julgamento divino sobre os comerciantes ricos (v.1).
Num linguajar mais claro o que Tiago diz é: Se vocês soubessem o que estão
fazendo — diz aos ricos — vocês chorariam e uivariam de terror por causa do
juízo que vem agora sobre vocês com a chegada do Dia do Senhor. O vívido deste
quadro é reforçado pelo uso que Tiago faz do verbo ololuzein, traduzido como
uivar. Ololuzein é uma palavra onomatopéica, leva seu significado em seu
próprio som, mas significa ainda mais que uivar: é dar alaridos, é ulular. No
Antigo Testamento frequentemente aparece para descrever o terrível pânico
daqueles sobre quem cai o juízo de Deus (Is 13.6; 14.31; 15.3; 16.7; 23.1,14;
65.14; Am 8.3). Bem poderíamos dizer que este vocábulo descreve aqueles que
estão passando pelas torturas da condenação.
“Chorai e pranteai”. Os leitores da epístola são exortados a
purificar-se do pecado (“aflijam-se, pranteiem e lamentem” [4.9]) e a
arrepender-se. Tiago não dá aos ricos nenhuma esperança de arrependimento, mas
diz a eles que “chorem e pranteiem”. O termo chorar, na verdade, significa
“gemer”. Ele descreve o som de uma pessoa que está sofrendo grande dor ou
tristeza. Qual é, então, a diferença entre chorar de arrependimento e chorar
sem arrependimento? João Calvino observa: “O arrependimento tem, de fato, o seu
choro, mas este é misto de consolação, não se transforma em gemido”. A vida de
luxo dos ricos está prestes a tomar-se uma vida repleta de miséria que inclui
sofrimento, a “dor causada por doenças físicas”.
2. O mal que virá (v.2). Tiago começa agora a expor as
desventuras a que se referiu no verso anterior. A primeira delas é que as
riquezas que os ímpios acumularam zelosamente ao longo da vida estão sendo
destruídas (5.2,3). É nesse sentido que Tiago declara: vossas riquezas estão
apodrecidas. As riquezas dos ímpios, ajuntadas e entesouradas cuidadosamente,
preservadas e protegidas zelosamente, na verdade, do ponto de vista da
eternidade e do ponto de vista de Deus, estão apodrecidas, rotas, corroídas. Ou
seja, não têm valor algum, pois “as riquezas de nada aproveitam no dia da ira”
(Pv 11.4; Pv 10.2). O que dará o homem em troca de sua alma?
Tiago especifica dois tipos de riqueza comuns em seus dias.
O primeiro eram as roupas: as vossas roupagens [estão] comidas de traça. Roupas
finas eram consideradas como parte das riquezas que uma pessoa tinha. O rico,
no Antigo Oriente, era descrito geralmente como alguém que se vestia de forma
esplendorosa, com roupas caras, como o rico da história de Lázaro, que “se
vestia de púrpura e linho finíssimo” (Lc 16.19). O próprio Tiago, ao descrever
a entrada de um rico na Igreja, se refere a ele como alguém com “anéis de ouro
nos dedos, em trajos de luxo” (2.2). A realidade, porém, quanto àquelas roupas
esplêndidas, é que, aos olhos de Deus, e da perspectiva do juízo, eram como
roupas comidas pela traça, praga comum naqueles dias. “Eram roupas caras que
vieram como herança de família, mas comidas pela traça. Um quadro muito vívido”
(A. T. Robertson). Roupas roídas pela traça são usadas na Escritura como figura
do castigo divino sobre a arrogância e a opulência dos ímpios (Ver Sl 39.11; Is
50.9; 51.8; Os 5.12). Sobre esses ricos sobreveio aquilo que disse o Senhor:
“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a
ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam” (Mt 6.19). O segundo tipo de
riqueza eram o ouro e a prata, que Tiago menciona no verso seguinte.
3. A corrosão das riquezas e o juízo divino (v.3). Tiago
admoesta os ricos, pois estes permitiram que sua riqueza se corrompesse. O verbo,
na verdade, significa “decompor-se” e parece aplicar-se a suprimentos de
comida. Deus criou a natureza de maneira tal que cada estação de colheita
trouxesse um novo suprimento de comida para homens e animais. Os suprimentos,
portanto, não deveriam ser acumulados (Lc 12.16-20), pois estavam sujeitos a
estragar-se. O que Deus oferece por meio da natureza deve ser usado para o
sustento diário de suas criaturas (Mt 6.19). Com uma distribuição adequada
desses suprimentos ninguém deveria passar fome, pois a terra abundante de Deus
produz alimento suficiente para todos. Os ricos guardam suas vestes caras e,
com o tempo, veem que foram destruídas pelas larvas que as devoraram. Um inseto
noturno insignificante deposita ovos que se abrem nos trajes de luxo. Esses
trajes ficam arruinados e perdem seu valor (Jó 13.28; Is 51.8). “O vosso ouro e
a vossa prata se enferrujaram”. É claro que metais preciosos não enferrujam.
Portanto, é preciso que expliquemos o verbo enferrujar de modo figurativo, e
não literal. O acúmulo de prata e ouro com o simples fim de tê-los não serve
para nenhum propósito importante. De certa forma, esses metais são tão inúteis
quanto se estivessem enferrujados. Tiago fala da ferrugem para indicar como as
posses terrenas não têm valor. Num outro sentido, a corrosão dos metais tem uma
conotação negativa. Num tribunal, por exemplo, isso pode ser usado como
evidência contra o rico, ou seja, alguém pode acusar o rico de não ser um
administrador digno de suas riquezas. Ao invés de ajudar o pobre e ir ao
encontro de suas necessidades, essas pessoas ricas acumulam suas riquezas,
usando-as para os próprios prazeres egoístas ou não usando para propósito
algum. Tiago é um tanto descritivo nas denúncias que faz contra os ricos. Ele
diz que “[a ferrugem] comerá como fogo a vossa carne”. O fogo é uma força
devastadora; a temperaturas suficientemente altas, ele consome tudo o que
estiver no seu caminho. Tiago faz uma alusão ao julgamento de Deus que está
para vir sobre eles (ver Dt 24.4; Is 10.16,17; 30.27; Ez 15.7; Am 5.6). Desse
julgamento, eles não podem escapar. Em outras palavras, apesar de um dia todos
terem que se apresentar diante do trono de julgamento, a ira de Deus pode cair
sobre o pecador ainda em vida, de modo que seu corpo físico seja destruído. O rei
Herodes, gloriando-se de seu próprio poder e riquezas, experimentou o
julgamento imediato de Deus quando “um anjo do Senhor o feriu” (At 12.23 —
ARA).
III. O ESCASSO SALÁRIO DOS TRABALHADORES “CLAMA” A DEUS (Tg
5.4-6)
1. O clamor do salário dos trabalhadores (v.4). O rico
egoísta obteve sua riqueza mediante a injustiça. A Bíblia sempre insiste em que
o trabalhador é digno de seu salário (Lc 10.7; 1Tm 5.18). Na Palestina o
trabalhador vivia sempre à beira da própria inanição. Seu salário era muito exíguo
e, portanto, resultava-lhe impossível economizar algo. Por isso que se o
salário lhe era retido, ainda que fosse um só dia, tanto ele como sua família
não poderiam comer, e isto dito literalmente. É por isso que as sensíveis leis
da Escritura várias vezes insistem no pago imediato do salário aos operários
contratados. “Não oprimirás o jornaleiro pobre e necessitado de teus irmãos, ou
de teus estrangeiros, que estão, na tua terra e nas tuas portas. No seu dia lhe
darás o seu jornal, e o sol se não porá sobre isso: porquanto pobre é, e sua
alma se atém a isso: para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti
pecado” (Dt 24.14,15); “A paga do jornaleiro não ficará contigo até à manhã”
(Lv 19.13); “Não digas ao teu próximo: Vai e volta amanhã; então, to darei, se
o tens agora contigo” (Pv 3.27-28 — ARA). “Ai daquele que edifica a sua casa
com injustiça e os seus aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu
próximo, sem paga, e não lhe dá o salário” (Jr 22.13 — ARA). Os que “defraudam
o salário do jornaleiro” estão sob a condenação de Deus (Ml 3.5 — ARA). A lei
da Bíblia é nada menos que o contrato do jornaleiro. A preocupação social da
Bíblia se expressa por igual nos preceitos da Lei, nas palavras dos profetas e
no pensamento dos sábios. Diz-se que o clamor dos trabalhadores defraudados
chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos, e estes exércitos são as hostes do
céu, as estrelas e as potências celestiais. O ensino consequente da Bíblia nos
assegura que o Senhor do universo, que mantém as estrelas em sua mão e que
ordena aos anjos, preocupa-se com os direitos do trabalhador.
2. A regalia dos ricos que não temem a Deus cessará (v.5).
Apesar da fome e da miséria que campeiam ao seu redor, o rico avarento, não
temente a Deus, deliciosamente vive sobre a terra, a engordar o seu coração com
a gordura dos prazeres terrenos. Para ele não importa a existência de pessoas
as quais falta o mínimo para sua subsistência. Se ele possui o bastante e de
sobra, não importa quem não possui nada. Ou seja, além de roubar dos pobres, os
ricos são condenados também por viverem regaladamente . Eles vivem em
extravagante conforto, com o dinheiro que eles roubaram dos pobres famintos. Os
ricos viviam além das fronteiras do conforto, eles viviam no território dos
vícios, onde nunca negavam a si mesmos qualquer prazer. Em segundo lugar, os
ricos estavam cada vez mais opulentos controlando as coortes (5.6a). A regra de
ouro do mundo é que aqueles que têm o ouro é que fazem as regras. Os ricos se
fortalecem porque compram as sentenças, subornam os tribunais e assim oprimem
ainda mais os pobres que não podem oferecer resistência. Tiago chama a vítima
de “o justo”. Os ricos roubam-lhe os bens, negam-lhe os direitos, abafam-lhe a
voz. Os ricos compram os tribunais, torcem as leis, violam a justiça, oprimem
os fracos e fecham-lhes a porta da esperança.
3. O pobre não resiste à opressão do rico (v.6). Como
entender o termo “matastes o justo”? Podemos interpretá-lo literalmente ou
figurativamente. Aqueles ricos que talvez tenham arrastado os pobres aos
tribunais agora são culpados de homicídio. Direta ou indiretamente eles mataram
um ser humano que era incapaz de se defender.
Também podemos entender a palavra metaforicamente. Um homem
rico que deixa de pagar o salário de um trabalhador, por exemplo, está
privando-o de seu ganha-pão e, assim, indiretamente, comete um ato de
homicídio. No século segundo antes de Cristo, Josué bem Sira disse: “oferecer
em sacrifício o produto da injustiça é uma oferta defeituosa, e os dons dos que
violam a Lei não poderão ser bem aceitos”.
Ao considerarmos os dois verbos, condenar e assassinar, em
conjunto, podemos compreender que o texto afirma que os ricos tinham ido ao
tribunal e usado sua riqueza para subverter a justiça. Estavam determinados a
livrar-se do pobre, mesmo que este fosse reto e não tivesse feito oposição aos
ricos. Com a lei do seu lado, haviam cometido homicídio. Os detalhes exatos de
tempo, lugar e circunstâncias não são revelados por Tiago. Ele está interessado
apenas no fato de que os ricos mataram homens inocentes.
Os ricos se fortalecem porque compram as sentenças, subornam
os tribunais e assim oprimem ainda mais os pobres que não podem oferecer
resistência. Tiago chama a vítima de “o justo”. Os ricos roubam-lhe os bens,
negam-lhe os direitos, abafam-lhe a voz. Os ricos compram os tribunais, torcem
as leis, violam a justiça, oprimem os fracos e fecham-lhes a porta da
esperança. Os pobres não tinham como resistir os ricos. Eles controlavam as
próprias cortes. Eles só podiam apelar para Deus, o justo juiz.
CONCLUSÃO
A procura de uma vida luxuosa, egoísta e despreocupada com
as necessidades dos outros é condenada por Deus e aponta o seu aborrecimento.
Deus já tinha condenado a fraude e consequentemente a retenção dos salários.
Agora temos a condenação de pecados específicos, fruto de uma opressão
econômica e fraudulenta.
Lendo esta passagem, pode ser que você diga: “Ainda bem que
eu não sou rico, isto não é comigo!” Será que não? Como podemos classificar
quem são os ricos aqui? Talvez você não tenha tanto dinheiro quanto gostaria de
ter. Ou talvez não seja tão rico quanto o Sílvio Santos. Mas pense que assim
como existem homens muito mais ricos do que ele, existem também muito mais
pobres que você. Dependendo da perspectiva, você é rico sim, então esta palavra
é para você. Não há nada de errado em ser rico, e não é contra isso que esta
passagem trata, mas há uma linha tênue quando se trata de finanças, pois elas
revelam muito sobre o nosso coração: nossa atitude com finanças rege nosso
coração, ou seja, nossa atitude com o dinheiro tem poder de desqualificar nossa
fé em Deus.
BIBLIOGRAFIA
Barclay, William. Comentário do Novo testamento - Tradução:
Carlos Biagini;
Da Silva Severino Pedro - A Doutrina do Pecado. CPAD
De Oliveira, Raimundo. Lições Bíblicas Maturidade Cristã. 1º
Trimestre de 1989. CPAD;
Henry , Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento.
Vol.2. CPAD
Lopes, Hernandes Dias. Tiago: Transformando provas em
triunfo. Hagnos;
Nicodemus, Augustus. Interpretando a Carta de Tiago. Editora
Cultura Cristã;
Seckler, Lou. Aprenda a Viver - Lições do Livro de Tiago.
Ed. Ixtlan;
SUBSIDIOS
ELABORAÇÃO;
http://pastorgeraldocarneirofilho.blogspot.com.br/
I - INTRODUÇÃO:
A Bíblia não condena a riqueza em si, nem o rico que adquire
bens de modo lícito e honesto. Em Tiago vemos a condenação daqueles que, por
serem ricos, tornam-se opressores e corruptos. Tal condenação é mais severa,
ainda, quando tais pessoas se dizem crentes em Jesus, e agem de modo injusto
para com seus empregados, assemelhados e outras pessoas de status inferior.
II - A ORIGEM DAS RIQUEZAS:
(1) - Criadas por Deus - O planeta Terra, em sua situação
original, foi contemplado com riquezas imensas em todas as partes. Entretanto,
com a queda do homem, a Terra passou a ser maldita e a produzir cardos e
espinhos (Gn 3.17,18). Mesmo assim, a bondade de Deus foi tão grande, que
deixou para o homem pecador riquezas naturais enormes, capazes de assegurar a
sobrevivência condigna por períodos de tempo incalculáveis (Sl 33.5; 104.24).
Todas as riquezas naturais foram postas à disposição para o
bem de todos e não apenas de alguns. A Terra é de Deus (Lv 25.23; Sl 24.1) e
Ele a deu "aos filhos dos homens" (Sl 115.16b).
(2) - Produzidas pelo homem - Vejamos:
(2.1) - Homens de Deus ricos - Na Bíblia, há homens crentes
ricos e exaltados por Deus.
Abraão possuía muita riqueza, fruto da bênção de Deus sobre
seu trabalho (Gn 13.6; 24.35).
Jó possuía muitos bens, e muita gente a seu serviço, sendo o
homem "maior do que todos os do Oriente" (Jó 1.3).
Davi, rei de Israel, era rico. Seu herdeiro, Salomão, era
riquíssimo (l Rs 4.21-28; 7.1-12; 11.14-29).
Nos tempos modernos, há homens de Deus que são muito ricos,
contribuindo com seus dízimos e ofertas para a obra do Senhor.
(2.2) - Descrentes ricos - Deus tem permitido que incrédulos
também produzam riquezas, utilizando dinheiro, trabalho e tecnologia para o
bem-estar dos povos.
Em todas as áreas da vida humana, há riquezas que são
benéficas ao homem. Essas não são condenadas por Deus, embora nem todas
resultem do trabalho de algum cristão.
III - O USO INÍQUO DAS RIQUEZAS:
(1) - Ricos miseráveis - A Bíblia brada alto contra os ricos
opressores, dizendo: "chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós
hão de vir" (v.l). O apóstolo emprega aqui uma linguagem profética, que vê
o futuro como seja fosse presente. Ao que tudo indica, tais ricos estavam entre
os judeus convertidos ao Cristianismo.
Hoje, há homens cristãos a quem Deus concedeu riquezas.
Entre estes, há os bons empresários, que cumprem seus deveres legais e sociais.
Há outros, no entanto, que procedem como os ímpios. A Bíblia adverte os que
querem ser ricos e também a respeito do amor ao dinheiro (cf. l Tm 6.9,10).
(2) - Acumulação iníqua de riquezas - As riquezas humanas
são fruto da utilização do capital, que são as máquinas e os equipamentos, do
uso dos recursos financeiros, da terra, da mão-de-obra e da tecnologia.
Entretanto, há muita riqueza injusta.
Em nosso país, com mais de oito milhões e quinhentos mil
quilômetros quadrados de terras, a maior parte delas está nas mãos de cerca de
dez por cento de proprietários. "Há tanta gente sem terra e tanta terra
sem gente".
A exploração dos "boias-frias" daquele tempo, foi
objeto da epístola de Tiago, quando diz: "Eis que o salário dos
trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós foi diminuído clama;
e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos
Exércitos" (v.4). Será que não há fazendeiro, proprietário, empregador e
empresário crente, hoje, que estão debaixo dessa condenação?
(3) - Sistemas econômicos injustos - O comunismo, graças a
Deus, fracassou (apesar de estar vivo). Através da luta de classes, jogou
pobres contra ricos e vice-versa. Acabou gerando a exploração de todos pelo
"todo-poderoso" Estado marxista-leninista, que se fez
"deus", oprimindo as mentes, a ponto de não permitir a pregação do
evangelho, matando milhões de pessoas.
O capitalismo, em sua ganância pelo lucro, não fica atrás,
na opressão e na iniquidade. Chegou a ponto de não só apropriar-se da maior
parte dos bens, mas até de pessoas. Inclui, também, a exploração sexual de
crianças para fins de turismo, o trabalho infantil forçado, o comércio das
drogas, as bebidas, o fumo, a prostituição, a fraude, a extorsão, a sonegação,
etc. São riquezas apodrecidas e enferrujadas. Tiago diz: "As vossas
riquezas estão apodrecidas... o vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e
sua ferrugem dará testemunho contra vós... Entesourastes para os últimos
dias" (vv.2,3).
(4) - Uma opção que não tem dado certo - Um sistema que
atenderia, talvez, os princípios cristãos seria o cooperativista. Infelizmente,
pelo egoísmo, infidelidade, omissão e corrupção, não tem tido o êxito esperado
na maior parte das experiências.
(5) - A má distribuição de renda - A maior parte da riqueza
gerada na maioria dos países é apropriada por pequena parcela da população. Em
nível mundial, isso é bem patente. Mais da metade da população do mundo ainda
passa fome; muitos à beira da miséria absoluta, em que as pessoas só comem uma
vez por dia, não tendo roupa, calçados, saúde, saneamento, energia, habitação, ou
o mínimo para um viver condigno.
(6) - Quais as causas disso? - As injustiças sociais,
incluindo-se a exploração e opressão dos ricos sobre os pobres, têm causas
diversas, de ordem sociológica, econômica e histórica. Mas a causa-mãe de toda
a opressão é o pecado. Se o homem não tivesse dado lugar ao Diabo, não haveria
pobres e ricos. O homem viveria eternamente feliz.
Só há duas soluções para que não haja exploração nem
corrupção: a verdadeira conversão a Deus, na presente dispensação, ou quando
chegar o reino milenial de Cristo, época em que findarão os sistemas iníquos.
IV - A IGREJA E AS RIQUEZAS:
(1) - O papel profético ante as injustiças - No sentido
espiritual, a Igreja, como a noiva do Cordeiro, é perfeita sem faltas ou
defeitos (Ef 5.27).
No humano, infelizmente, tem falhas e defeitos, que são
próprios da condição humana.
Ante as injustiças sociais, a Igreja precisa tomar posição
acerca da ação dos ricos opressores contra os pobres. É uma posição bíblica e
profética. A Palavra de Deus ordena que os servos de Deus ajam assim.
"Informa-se o justo da causa dos pobres, mas o ímpio não compreende
isso" (Pv 29.7). Os patrões devem tratar com os servos como quem trata a
Cristo, "servindo de boa vontade como ao Senhor e não aos homens" (Ef
6.7), e os empregados e subordinados devem cumprir o que toda a Bíblia tão bem
preceitua, principalmente nas epístolas do Novo Testamento.
(2) - Com base no Antigo Testamento - Nesta parte da Bíblia
lemos sobre o dever de ajudar o irmão pobre (cf. Dt 15.7,8).
Mais enfático é o que o Senhor diz a Jerusalém e Judá:
"Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei
justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas" (Is 1.17).
No Salmo 82.3,4 está escrito: "Defendei o pobre e o
órfão; fazei justiça ao aflito e necessitado. Livrai o pobre e o necessitado;
tirai-os das mãos dos ímpios".
Outros textos sobre o tema: Is 3.13-15; 58.6-8; Jr. 22.3-6;
Mq 6.8; Ez 16.49,50; Zc 7.9.
(3) - Com base no Novo Testamento - Jesus cuidava do homem
integral. Prova disso é que multiplicou o pão duas vezes (Mt 14.13-21;
15.29-38).
Em Atos, vemos homens sendo escolhidos para cuidar dos
carentes (At 6.1-6); entre os primeiros crentes, não havia opressão nem
exploração (At 2.44,45; 4.34).
Quando disserta sobre os dons de Deus, a Bíblia fala sobre
"o que reparte" (Rm 12.8);
Em Tiago está escrito que a verdadeira religião é
"visitar os órfãos e viúvas" (ação social) e "guardar-se da
corrupção do mundo" (Tg l .27), repreendendo severamente os que se
deleitam (v.5), condenando e matando o justo (v.6).
(4) - A visão cristã - A Igreja, mesmo no sentido humano,
não pode agir como o fazem os partidos e os sindicatos, deixando-se levar por
um ativismo somente político, empunhando bandeiras, e fazendo atos de
protestos. Mas deve pregar e agir, pelos meios legais, lícitos, oportunos, convenientes
e com fundamento bíblico, contra a opressão e a corrupção. Para tanto, precisa
administrar corretamente os recursos financeiros de que dispõe, aplicando
inteligente e honestamente os dízimos e ofertas, investindo em missões locais,
nacionais e transculturais, cuidando dos necessitados, dos órfãos e das viúvas,
defendendo-os dos ímpios ou dos crentes opressores.
Não devemos ter "visão de avestruz", que enterra o
pescoço na areia para não ver o mal. Não adianta combater usos e costumes,
quando se fecha os olhos e fica em silêncio quanto às injustiças e à opressão
dos ricos sobre os pobres. Que Deus nos faça pregoeiros da justiça.
V - CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Ainda que seja difícil um rico entrar no céu (Mt 19.23),
Deus não condena a riqueza adquirida lícita e honestamente.
Entretanto, a Palavra de Deus é firme e veemente contra os
bens adquiridos através da opressão e da corrupção. Crentes que procedem assim,
já colheram ou estão a colher os amargos frutos do seu iníquo procedimento. Na
lição já estudada, vemos que tais bens são chamados de riquezas apodrecidas e
enferrujadas.
Os servos de Deus devem dar o exemplo, tanto no trato com os
bens materiais quanto no relacionamento com as pessoas e, em especial, com os
mais pobres, que estão a seu serviço.
FONTE DE PESQUISA E CONSULTA:
Lição Bíblica CPAD - 1º Trimestre de 1999 - Comentarista:
Elinaldo Renovato de Lima.
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