Lições Bíblicas CPAD - Jovens e Adultos
4º Trimestre de 2014
Título: Integridade
Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja de hoje
Comentarista: Elienai
Cabral
Lição 2: A firmeza do
caráter moral e espiritual de Daniel
Data: 12 de
Outubro de 2014
TEXTO ÁUREO
“E Daniel
assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, [...]
portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar” (Dn
1.8).
VERDADE PRÁTICA
A integridade de caráter
implica uma disposição interior para se manter fiel aos princípios da vida
cristã.
HINOS SUGERIDOS
107,
162, 186.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Dn 1.8 A fidelidade de Daniel
Terça - Lv 11.43-45 A alimentação de Daniel
Quarta - Sl 65.5; 118.8,9; Is 26.4 Daniel e a confiança em Deus
Quinta - Dn 6.10 A firmeza de Daniel
Sexta - Dn 2.30 A humildade de Daniel
Sábado - Ez 14.14,20 Daniel entre os piedosos
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
Daniel 1.1-8,17,20.
1 - No
ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da
Babilônia, a Jerusalém e a sitiou.
2 - E
o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e uma parte dos
utensílios da Casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa
do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus.
3 - E
disse o rei a Aspenaz, chefe dos eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de
Israel, e da linhagem real, e dos nobres.
4 - jovens
em quem não houvesse defeito algum, formosos de aparência, e instruídos em toda
a sabedoria, e sábios em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem
habilidade para viver no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas
letras e na língua dos caldeus.
5 - E
o rei lhes determinou a ração de cada dia, da porção do manjar do rei e do
vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por três anos, para que no fim
deles pudessem estar diante do rei.
6 - E
entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
7 - E
o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de
Beltessazar, e a Hananias, o de Sadraque, e a Misael o de Mesaque, e a Azarias,
o de Abede-Nego.
8 - E
Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei,
nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe
concedesse não se contaminar.
17 - Ora, a esses quatro jovens Deus deu o
conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu
entendimento em toda visão e sonhos.
20 - E em toda matéria de sabedoria e de
inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos
do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o seu reino.
INTERAÇÃO
Esta
lição mostrará o caráter ilibado de Daniel e seus amigos. Mesmo vivendo em uma
sociedade pagã eles não se deixaram contaminar. A fé de Daniel fez com que ele
se tornasse um exemplo de fidelidade para os crentes de todas as épocas. O
profeta compreendia visões e sonhos. Ele e os seus amigos estudaram com afinco
a língua dos caldeus, bem como a sua literatura. Os jovens se aplicaram e Deus
lhes recompensou. Treinados pela academia real, Daniel e seus companheiros
recusaram-se a comer alimentos reais. Eles não eram vegetarianos, mas como
judeus a lei proibia que comessem animais “imundos” (Lv 11; Dt 14). Nas
sociedades pagãs, as carnes em geral também eram dedicadas a alguma divindade.
A decisão de não comer o alimento real era uma forma de dizer não à idolatria e
ao paganismo babilônico.
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
· Fazer uma retrospectiva da situação moral e
política de Israel.
· Explicar a força do caráter de Daniel.
· Analisar as atitudes de Daniel e seus amigos na
corte babilônica.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor, para introduzir
o segundo tópico da lição faça a seguinte pergunta: “Daniel e seus amigos eram
vegetarianos?”. “O que fez eles escolherem uma alimentação diferente,
natural?”. Ouça os alunos e peça que leiam Daniel 1.12. Em seguida explique que
a decisão de Daniel de comer apenas legumes, verduras e água, estava no fato de
que a lei mosaica proibia os judeus de comerem carne de animais “imundos” (Lv
11). A fé e a obediência aos princípios divinos não permitiria que ele comesse
tais alimentos. Diga que outro fato importante que precisamos observar era a
ocorrência da idolatria nas culturas pagãs, pois a maior parte dos alimentos,
em especial a carne e o vinho, eram dedicados a alguma divindade. A decisão de
não comer o alimento real era uma forma de dizer não à idolatria e ao paganismo
babilônico.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Determinação: Na lição é a forte inclinação de Daniel e
seus amigos em não se contaminar com as iguarias do rei.
A lição de hoje
retrata a história de quatro jovens judeus levados cativos para a Babilônia.
Dos quatro rapazes — Daniel, Hananias, Misael e Azarias — a pessoa de Daniel é
quem tem maior ênfase nessa narrativa. A sua fidelidade a Deus e integridade
moral são demonstradas em meio a uma cultura pagã. Fruto da formação moral e
espiritual recebida de seus pais, as atitudes de Daniel fizeram-no desafiar a
ordem do rei da Babilônia, a maior autoridade do mundo de outrora. Estamos no
século 21, um tempo marcado pelo paganismo. Ao lermos a história de Daniel e a
de seus amigos, somos desafiados a ter firmeza de caráter. Adotando uma postura
moral que jamais negue a fé e a ética cristãs no mundo. A integridade moral de
Daniel tem muito a nos ensinar.
I. UMA RESTROSPECTIVA HISTÓRICA
1.
A situação moral e política de Judá. Após
a deposição do seu irmão Jeoacaz, Jeoaquim (Dn 1.1) ascendeu ao trono de Judá
por intermédio de Neco, o faraó do Egito (2Rs 23.34). Perversidades e rebeliões
contra Deus fizeram parte do antecedente histórico do rei de Judá. No ano 606
a.C., Nabucodonosor invadiu e dominou a cidade de Jerusalém levando para a
Babilônia os tesouros do Templo. Mas as pretensões de Nabucodonosor não eram
somente de cunho material, e sim igualmente cultural, pois ele levou os nobres
da casa real versados no conhecimento, dentre os quais estavam Daniel,
Hananias, Misael e Azarias.
2.
A situação espiritual de Judá. Depois
da grande reforma política e religiosa em Judá, promovida pelo rei Josias, os
filhos deste se desviaram do Deus de Israel. Os sacerdotes, a casa real e todo
o povo perverteram-se espiritualmente. O rei Zedequias, por exemplo, “endureceu
a sua cerviz e tanto se obstinou no seu coração, que se não converteu ao
Senhor, Deus de Israel” (2Cr 36.13). Judá permitiu que a casa de Deus fosse
profanada pelas abominações gentílicas. O reino do Sul conseguiu entristecer o
coração do Senhor!
3.
O império babilônico arrasa o reino de Judá. A
sequência do texto do primeiro versículo diz: “veio Nabucodonosor, rei da
Babilônia, a Jerusalém e a sitiou” (v.1). Houve três incursões do rei da
Babilônia contra Judá. Na primeira, o império babilônico levou os tesouros da
casa do Senhor. Isto ocorreu no terceiro ano do reinado de Jeoaquim (ano 606
a.C.). Na segunda incursão, no oitavo ano do reinado de Jeoaquim, Nabucodonosor
deportou os nobres da casa real (ano 597 a.C.). A última incursão deu-se no ano
586 a.C., quando o templo de Jerusalém foi saqueado, destruído e queimado, bem
como os muros da cidade santa, derrubados (2Rs 25.8-21). Nabucodonosor levou os
utensílios da Casa de Deus para o santuário da divindade babilônica, Marduque,
chamado também de Bel, a quem o rei babilônico atribuía todas as conquistas
imperiais.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Judá
se encontrava espiritual e politicamente em uma situação desfavorável, o que
facilitou a invasão e o domínio de Nabucodonosor.
II. A FORÇA DO CARÁTER
1.
A tentativa de aculturamento dos jovens hebreus (1.3,4). Os teóricos da psicologia definem caráter
como “a parte enrijecida da personalidade de uma pessoa”. Os jovens hebreus
tinham um caráter ilibado, mediante a educação e o testemunho observado em seus
pais. Para obter apoio daqueles jovens e usar a inteligência deles ao seu
favor, Nabucodonosor sabia que, obrigatoriamente, teria de moldá-los,
aculturando-os nas ciências dos caldeus. Porém, muito cedo os babilônios
perceberam que a formação cultural e, sobretudo, religiosa dos jovens hebreus,
era forte. Não seria fácil fazê-los esquecer de suas convicções de fé. Por
isso, Nabucodonosor os submeteu a processo de aculturamento. Para esta
finalidade, o imperador caldeu elaborou um programa cultural que fosse eficaz
na extinção da cultura judaica: Os jovens hebreus participariam da mesa do rei
(1.5).
2.
O caráter colocado à prova (1.5-8). Daniel
e os seus amigos foram colocados à prova em uma cultura diferente de uma terra
igualmente estranha. A formação desses jovens chocava-se com a cultura
babilônica. Em outras palavras, eles eram firmes em seu caráter! Em especial,
no caso de Daniel, o seu caráter íntegro tinha a ver com a sua personalidade.
Ele assentara em seu coração não se contaminar com as iguarias do rei que, como
se sabe, eram oferecidas aos deuses de Babilônia. Daniel e os seus
companheiros, apesar de serem bem jovens, demonstraram maturidade suficiente
para reconhecer que o exílio babilônico era fruto do pecado cometido pelo povo
de Judá e seus governantes.
O mundo hoje
oferece um banquete vistoso para contaminar os discípulos de Cristo.
Entretanto, devemos nos ater ao exemplo de Daniel e dos seus amigos. Aprendamos
com eles, pois as suas vidas não consistiam em meras tradições religiosas, mas
em uma profunda comunhão com Deus. Eles eram fiéis ao Deus de Israel e
guardavam a sua Palavra no coração para não pecar contra Ele (Sl 119.11).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Daniel
e seus amigos tinham um caráter imaculado e não se deixaram seduzir pelas
ofertas malignas de Nabucodonosor.
III. A ATITUDE DE DANIEL E DE SEUS AMIGOS
1.
Uma firme resolução: não se contaminar (Dn 1.8). Quando Aspenaz, chefe dos eunucos, recebeu
ordens de Nabucodonosor para preparar os jovens hebreus, ele os reuniu e
deu-lhes ordens quanto à dieta diária (1.5). Em seguida, trocou-lhes os nomes
hebreus por outros babilônicos: Daniel foi chamado “Beltessazar”; Hananias,
“Sadraque”; Misael, “Mesaque” e Azarias, “Abede-Nego”. Porém, cuidadosa e
inteligentemente, Daniel propôs outra dieta a Aspenaz e o convenceu. Como as
iguarias do rei da Babilônia eram oferecidas aos deuses, Daniel e seus amigos
não quiseram se contaminar. Essa corajosa atitude representava muito e tinha um
profundo significado na fé de Daniel e dos seus amigos. Eles sabiam que seriam
protegidos do mal!
2.
Daniel, um modelo de excelência. Mesmo
sendo levado muito jovem para o exílio babilônico, Daniel conhecia
verdadeiramente o Deus do seu povo. Daniel tinha convicção de que alimento
algum, por melhor que fosse, teria mais valor que o relacionamento entre ele e
Deus. A exemplo de outros jovens descritos na Bíblia — Samuel (1Sm 3.1-11),
José (Gn 39.2), Davi (1Sm 16.12) e Timóteo (2Tm 3.15) —, Daniel é um modelo de
excelência para a juventude que busca uma vida de retidão e compromisso com o
Evangelho e a sua ética. A devoção de Daniel é inspiradora para todos que
desejam conciliar a vida cultural, em uma sociedade sem Deus, com uma vida de
oração e de compromisso com o Evangelho (Dn 6.10).
3.
Daniel: modelo de integridade x sociedade corrupta. A imponência dos templos babilônicos, o poder
político do Estado e a classe sacerdotal dos caldeus escondiam o processo de
corrupção sistemática que, mais tarde, culminaria na queda daquele império. Em
meio a toda aquela cultura pagã, o jovem Daniel manteve-se íntegro, crente,
honrando a Deus nas atividades políticas e respeitando as autoridades
superiores. Ele cumpriu os deveres esperados de um bom cidadão babilônico.
Todavia, quando Daniel foi desafiado pelos ministros do império a abandonar a
fé, o profeta não se dobrou, antes, continuou perseverante na fé uma vez dada
aos santos. Mesmo que isto custasse a sua integridade física. Daniel manteve-se
fiel!
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Daniel
estava no exílio, mas seu relacionamento com Deus não foi afetado. Ele
manteve-se fiel ao Senhor e às suas leis.
CONCLUSÃO
Como preservar um
caráter puro em meio a uma sociedade corrompida? Esta pergunta pode ser
respondida à luz da vida de Daniel e seus amigos. Elas estimulam-nos a ver a
vida com o olhar de Deus, o nosso Pai. Fomos chamados por Deus a ser sal da
terra e luz deste mundo. Para isso, precisamos guardar o nosso coração e viver
uma vida de comunhão com Deus. Testemunhando o Evangelho para todos quantos
necessitam desta verdade libertadora.
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
ZUCK, Roy B (Ed). Teologia do
Antigo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013.
EXERCÍCIOS
1. Quem
subiu ao trono de Judá depois da deposição de Jeoacaz?
R. O rei Jeoaquim.
2. Faça
um breve comentário da situação espiritual em que se encontrava Judá.
R. Depois da grande reforma política e religiosa em Judá, promovida pelo
rei Josias, os filhos deste se desviaram do Deus de Israel. Os sacerdotes, a
casa real e todo o povo perverteram-se espiritualmente.
3. Quantas
incursões Nabucodonosor fez a Jerusalém?
R. Houve três incursões do rei da Babilônia contra Judá.
4. Como
os teóricos da psicologia definem caráter?
R. Os teóricos da psicologia definem caráter como “a parte enrijecida da
personalidade de uma pessoa”.
5. Qual
foi a atitude de Daniel e seus amigos diante das iguarias do rei?
R. Daniel e seus amigos não quiseram se contaminar.
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Bibliológico
“Que
tivessem habilidade para viver no palácio do rei
Quando Deus
permitiu a Nabucodonosor a vitória sobre Jeoaquim em 605 a.C., o monarca
babilônico levou alguns vasos do templo e também alguns escolhidos dentre os
príncipes e nobres. Depois da destruição de Nínive, sete anos antes, o império
babilônico começou a crescer tão rapidamente que não dispunha de números
suficientes de babilônios cultos para a cúpula governamental. Por isso,
Nabucodonosor levou para a Babilônia jovens saudáveis de boa aparência e de
alto nível cultural a fim de ensinar-lhes a cultura e a língua dos caldeus e,
assim, torná-los úteis no serviço real. Entre eles estavam Daniel e seus três
amigos” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p.1244).
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Bibliológico
“Jovens
de Caráter (1.6-16)
Os quatro heróis de
Daniel se sobressaíram entre todos os vencedores do rigoroso exame. Esses
pertenciam aos filhos de Judá e tinham a reputação de serem da linhagem de
Davi. Eles eram Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Esses quatro jovens de
Judá, por intermédio dos seus nomes, testemunhavam do único e verdadeiro Deus.
Quaisquer que tivessem sido as limitações do seu ambiente religioso em Judá,
seus pais lhe deram nomes que serviam de testemunho ao Deus que serviam: Daniel
significava: ‘Deus é meu juiz’; Hananias significava: ‘O Senhor tem sido gracioso
ou bondoso’; Misael significava: ‘Ele é alguém que vem de Deus’ e Azarias
declarava: ‘O Senhor é meu Ajudador’. A continuação da história claramente
indica que, embora outros pais em Judá pudessem ter falhado em relação à
educação dos seus filhos, os pais desses meninos tinham dado a eles uma base
sólida em relação às convicções e responsabilidades dignas dos seus nomes. Seu
treinamento piedoso havia cultivado profundas raízes de caráter” (Comentário
Bíblico Beacon. Volume 4. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.503).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
A
firmeza do caráter moral e espiritual de Daniel
Quem era o jovem
Daniel? Quem eram Hananias, Misael e Azarias, seus amigos? O livro de Daniel
inicia a história desses jovens situando-os no processo de deportação de
Jerusalém para a Babilônia de Nabudonosor. A respeito desses quatro jovens, a
Bíblia descreve cinco características importantes: Eram “de linhagem real, dos
nobres”; “sem defeito algum”; “formosos de aparência”; “instruídos em toda a
sabedoria”; “sábios em ciência”.
A identidade dos
quatro jovens
Flávio Josefo,
historiador judeu de linhagem sacerdotal (37-103 d.C), em sua célebre obra,
História dos Hebreus, editada pela CPAD, confirma a linhagem real e nobre de
Daniel e dos seus três amigos: “Dentre todos os filhos da nação judaica,
parentes do rei Zedequias e outros de origem mais ilustre, Nabucodonosor
escolheu os que eram mais perfeitos e competentes”. Outro apontamento de Josefo
chama-nos a atenção: “Dentre os moços que eram parentes de Zedequias, havia
quatro perfeitamente honestos e inteligentes: Daniel, Hananias, Misael e
Azarias”. Tanto pela Bíblia quanto por fonte extra, está claro que esses jovens
pertenciam à realeza e à nobreza de Israel. Ambos eram parentes do rei
Zedequias. Entretanto, as características mais importantes destacadas pela
Bíblia e, igualmente por Josefo, eram a honestidade, firmeza e integridade no
caráter.
Educados na Lei de
Deus, os jovens levavam a sério a ética social da Torá na cultura paganizada da
Babilônia. Prova disso foi a tentativa de Nabudonosor em apagar a identidade
social e religiosa deles. Ele trocou os nomes dos rapazes para nomenclaturas
pagãs: a Daniel deu o nome de Beltessazar; Hananias o chamou Sadraque; a
Misael, Mesaque; a Azarias, Abede-Nego.
A firmeza do
caráter
Frequentemente, o
termo caráter é conceituado como um tipo ou sinal convencionado numa sociedade.
Refere-se à índole, ao temperamento e a forma moral. A família, a escola e a
religião de um grupo social contribuem para formar o caráter de uma pessoa.
Ao impor a troca
dos nomes de Daniel e os seus três amigos o rei Nabucodonosor estava “mudando”
a identidade deles, tanto cultural quanto religiosa, advinda da Lei de Deus.
Mas o que fizeram os jovens rapazes? Resistiram sabiamente, propondo outra
estratégia para viverem no palácio da Babilônia sem desonrar a Deus e
conservando a integridade de caráter herdado do seu povo.
SUBSIDIOS
I – INTRODUÇÃO:
A minha vida tem sido motivo de gargalhadas de Satanás
diante de Deus? Na minha família, no meu trabalho, no meu dia-a-dia, como tem
sido o meu comportamento? Tenho me comportado como um crente lavado pelo sangue
do Cordeiro ou como pessoa mundana, comprometida com o pecado? Nosso
comportamento mostrará ao mundo de quem nós somos e a quem servimos: Ou a Deus
ou a Satanás! (Dn 1 cf At 27:23).
II - DEFINIÇÕES DAS PALAVRAS “CARÁTER” e “COMPORTAMENTO”:
CARÁTER - Este termo significa DISTINTIVO; MARCA. Às vezes,
caráter é entendido como a própria personalidade, o conjunto das qualidades
(boas ou más) de um indivíduo. Vejamos, no caso do cristão (I Pe 2:11-17 cf Mt
5:16).
COMPORTAMENTO – O comportamento do cristão é o conjunto de
ações que identifica o homem com a vontade de Deus e o faz ser reconhecido como
uma pessoa que traz benefícios ao seu próximo (I Cor 10:31-33; Cl 3:12-17).
III - A ÉTICA SEGUNDO O EVANGELHO:
A ética cristã subentende uma acumulação mais qualitativa de
valores porque, além das grandezas morais aí defendidas, encontramos também
virtudes espirituais para aprimorar a nossa conduta. (I Cor 10:31-33)
(1) - A CONDUTA DO CRENTE - É imperioso ao crente manter uma
viva preocupação com o seu modo de viver, esforçando-se por desenvolver uma
conduta irrepreensível e burilada nos princípios éticos da Palavra de Deus (Sl
15:4-5, 8-10; Ef 4:17-24)
(2) - O CULTIVO DE BONS COSTUMES - (I Cor 15:33 cf Apc
22:11) - Os hábitos contraídos por alguém trazem como consequências marcas no
seu caráter. Evidentemente que a prática de hábitos saudáveis vão formar
naquele que os pratica um caráter equilibrado e um modelo de personalidade.
(3) - O CRISTÃO E O PRÓXIMO - (Rm 15:2-5) - O cristão é um
ser social como qualquer outra criatura humana. Logo, ele tem uma vida ligada a
seu semelhante sob muitos aspectos e isto deve impeli-lo de agir com sabedoria,
buscando compreensão, bom relacionamento, sempre objetivando servir ao invés de
ser servido.
IV - O COMPORTAMENTO DO CRISTÃO:
(1) - ANDAR EM INTEGRIDADE - O cristão deve ser íntegro
tanto em suas ações como em suas palavras (Mt 12:33; Rm 6:22) (Hc 8:16; Ef
4:25; Mt 5:37) cf Sl 15:2; 24:4; 140:13
(2) - FAZER JUSTIÇA - Justiça significa a virtude de
conceder a cada um aquilo que lhe pertence, que é seu. Fazer justiça significa
andar em conformidade com o que é direito, com aquilo que é correto (Ef 6:14 cf
Cl 3:12)
(3) - FALAR A VERDADE - De acordo com a Palavra de Deus, o
verdadeiro cidadão dos céus é aquele que fala verazmente, mostrando, dessa
forma, que sendo ele filho de Deus, já não tem parte com a mentira. (Ef 4:25;
Sl 15:2 cf Lc 6:45; Jo 8:42-44)
(4) - APARÊNCIA PESSOAL - (Lv 8:7-13) - Isto era uma
exigência divina. O cristão deve se trajar com decência, elegância e discrição.
Deve apresentar-se bem vestido em todas as ocasiões (sem exagerar em usar
roupas caras e de grande luxo), a fim de evitar expor-se ao ridículo. Deve-se
evitar o uso de cores extravagantes e roupas completamente fora de época. Não
pode descuidar-se com a higiene pessoal. Devemos nos lembrar que o crente na
comunidade onde vive representa a Igreja a qual serve. Portanto, sua aparência
pessoal, de algum modo, refletirá a aparência do povo cristão daquela Igreja da
qual é membro.
(5) - A LINGUAGEM SÃ
- (I Tm 4:12)
(5.1) - A TONALIDADE DA VOZ - O cristão deve moderar sua voz
para que não fale gritando, nem fale tão baixo que seja difícil ouvi-lo. Falar
alto demais pode parecer exaltação ou até mesmo falta de educação.
(5.2) - O VOCABULÁRIO - (Ef 5:3; Sl 34:13; Pv 13:3; 21:23) -
O vocabulário do cristão não deve ser recheado de gírias e palavras obscenas.
Durante uma pregação ou um testemunho, deve-se ter o cuidado de não usar
palavras “pesadas” ou palavras incompreensíveis aos ouvintes. Devemos usar um
vocabulário simples para sermos compreendidos.
(5.3) - TIPO DE CONVERSAÇÃO - (Ef 5:3-4, 19; I Cor 15:33; Pv
17:27; Cl 4:6; Tt 2:8; Tg 3:2) - A Palavra de Deus condena a conversação torpe
e vã. Conversas fúteis, anedotas e piadas constituem perda de tempo e pervertem
os ouvintes. O cristão que se dá ao hábito de contar piadas, fatos de sua vida
espiritual, do seu relacionamento com os outros membros, com o objetivo de
menosprezar os irmãos humildes, perde o respeito e a autoridade
(5.4) - GESTOS - A fala também envolve os gestos e o cristão
deve ter o cuidado para não ser exagerado nos seus gestos ao falar. Gesticular
exageradamente chama muito a atenção das pessoas e, normalmente, se transfere
para o púlpito na hora de pregar ou testemunhar. Nada justifica que o cristão venha fazer
gestos obscenos, mesmo em hora de ira.
(6) - OS COMPROMISSOS - (I Tm 3:8; Mt 5:37) - A mentira
não tem grau. Alguns querem desculpar-se porque disseram uma
“mentirinha” ou então que foi “uma mentira inofensiva”. Toda mentira
desvaloriza a pessoa humana. Logo, o cristão que usa de mentira estará se
depreciando diante do povo de Deus e da sociedade.
(6.1) - O cristão deve ser todo cuidado com seus
compromissos. Ao empenhar sua palavra, ele deve fazer todo o possível para
cumprir o prometido, mesmo com prejuízo. Muitas pessoas se escandalizam ou
rejeitam o Evangelho porque fizeram tratos com os cristãos e depois estes
negaram a cumpri-los (Pv 6:16-17; 19:5; Zc 8:16; II Cor 13:8)
V – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Toda a glória do Evangelho está relacionada com a vida
exemplar do cristão;
O que caracteriza o cristão é o fato de ser o seu
comportamento o resultado de uma vida transformada pelo Espírito Santo;
A vida do crente está toda ela moldada em princípios e
padrões de natureza ética. Portanto, o cristão deve primar por um viver pleno
de virtudes e valores morais, no modelo do profeta Daniel.
FONTES DE PESQUISA E CONSULTA:
Revista Obreiro - Ano XI - N°45 - CPAD - Outubro a Dezembro
de 1988.
Lições Bíblicas Maturidade Cristã - CPAD - 2º Trimestre de
1988 - Comentário: Equipe da DEC/DEPU.
Estudo Panorâmico da Bíblia – Editora Vida – Henrietta C.
Mears.
Comentário Bíblico de Matthew Henry – CPAD.
Curando as Enfermidades da Igreja – Editora Hagnos – Lécio
Dornas.
Mil Esboços Bíblicos – Editora Evangélica Esperança – Georg
Brinke
Firmeza de Caráter ante o Desafio Babilónico
Ter firmeza de
caráter implica a disposição interior para se manter fiel aos princípios que
regem a nossa vida cristã.
Este
primeiro capítulo apresenta os personagens que são os pro- fe tagonistas de
episódios relatados nos capítulos seguintes. Eles ^revelam a capacidade de
serem fieis a Deus mesmo quando as circunstâncias se mostram adversas. E a
história de quatro jovens que não se corromperam, nem antes nem depois de se
tornarem exilados numa outra terra e sob o domínio de um rei pagão.
Os seis
primeiros capítulos do livro são históricos. Neles encontramos a história
verdadeira de quatro jovens judeus, os quais, levados cativos para a Babilônia
foram desafiados na sua fé em Deus. Dos quatro rapazes judeus, Daniel, Ananias,
Misael e Azarias, é o jovem Daniel que ganha espaço nesta história pela
demonstração de sua fé, fidelidade e integridade em meio a uma situação
instável e oposta a tudo que conhecia no meio do seu povo.
Nesta
história destaca-se a firmeza de caráter demonstrada pelos quatro jovens que
deu a eles a capacidade de enfrentar o desafio à sua fé no Deus de Israel. Essa
atitude significava a disposição interior e era fruto da formação moral e
espiritual recebida de seus pais.Tratava-se de uma postura mais firme que
colocava as suas vidas em risco por não obedecer a ordem do Rei que afetava a
sua fé.
Neste início
do século XXI, somos desafiados na nossa integridade como cristãos a termos uma
postura que jamais renegue a nossa fé cristã. Haverá em nossos dias gente
confiável? Para esse tempo de crise de integridade, a história de Daniel serve
de modelo aos cristãos.
I - UMA RESTROSPECTIVA
HISTÓRICA
A situação política do reino de
Judá
“No ano
terceiro do reinado de Jeoaquím” (1.1). Segundo alguns estudiosos da cronologia
histórica que envolve o terceiro ano do reinado de Jeoaquim o tempo mais
próximo foi entre 606 e 605 a.C. Nesse tempo, Nabucodonosor era o filho de
Nabopolasar que era, tão somente, o herdeiro do trono da Babilônia. Porém,
destacou-se quando fez campanhas de conquistas de outras terras em lugar de seu
pai. Sua ascensão ao trono da Babilônia aconteceu em 605 a.C., mediante a
vitória que teve em Carquemis assegurando aos babilônios a dominação sobre a
Síria e a Palestina. Foi depois desta vitória que lhe foi dado o título de Rei
da Babilônia. Foi em 605 a.C., que Nabucodonosor entrou em Judá e Jerusalém e
confiscou utensílios de valor do templo de Jerusalém, levando-os para a
Babilônia. Cum- pria-se, então, a profecia de Isaías ao rei Ezequias muitos
anos antes (Is 39.1-6). Outros profetas profetizaram sobre essa queda de Judá,
através de Hulda, a profetisa (2 Cr 43.22-28), além dos profetas que
profetizaram sobre o exílio de Judá na Babilônia, tais como Miqueias (Mq
4.10),Jeremias (Jr 25.11) e Habacuque (Hc 1.5-11).
“veio
Nabucodonosor, rei da Babilônia a Jerusalém e a sitiou” (1.1). Houve três
incursões do rei babilónico. Na primeira vez este rei levou os tesouros da casa
de Deus no ano terceiro de Jeoaquim em 606 a.C. Na segunda incursão, Nabucodonosor
fez a segunda deportação que foi no ano oitavo de Jeoaquim em 597 a.C. Na
terceira incursão foi no ano 586 a.C., quando o templo foi saqueado, destruído
e queimado, bem como a cidade e os muros de Jerusalém (2 Rs 25.8-21). Os
utensílios do templo de Jerusalém consagrados a Jeová foram levados para a casa
do deus de Nabucodonosor, porque atribuía suas conquistas ao seu deus.
“Jeoaquim,
rei de Judà” (1.1). Os antecedentes históricos desse rei são cheios de maldade
e rebelião contra Deus. Jeoaquim foi colocado no trono de Judá pelo Faraó-Neco,
o rei do Egito (2 Rs 23.34) nos anos 608 a 597 a.C. Jeoaquim foi colocado no
lugar de seu irmão Jeoacaz , que foi deposto pelo rei do Egito. No ano 606
a.C., Nabucodonosor invadiu Jerusalém, dominou a cidade e levou para a
Babilônia os tesouros da casa de Deus (templo). Porém, as pretensões de
Nabucodonosor foram além dos valores materiais de Jerusalém. Ele levou alguns
nobres da casa real que eram versados em ciências e conhecimentos gerais, entre
os quais, quatro jovens chamados Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Em meio
àquela crise espiritual do reino de Judá, esses jovens se mantiveram fiéis aos
princípios ensinados e que foram testados logo.
A situação espiritual em Judá
“E o Senhor
entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei de Judá” (1.2). Nas mãos de quem? Claro,
nas mãos de Nabucodonosor. Esta declaração bíblica revela a soberania divina
sobre os reinos do mundo. Ele tinha poder para tirar e colocar reis sobre as
nações. Neste caso, Deus toma um rei inimigo do povo de Deus e o faz dominar
sobre o rei de Judá e seu povo. Segundo a história, depois que Josias havia
feito a grande reforma política e religiosa em Judá, os anos se passaram e os
filhos de Josias se desviaram da fé de seu pai e foram muito ímpios. Os
sacerdotes, o rei e todo o povo se endureceram espiritualmente. O próprio rei,
Jeoaquim, “endureceu a sua serviz e tanto se obstinou no seu coração, que se
não converteu ao Senhor, Deus de Israel”{2 Cr 36.13). A casa de Deus foi
profanada com as abominações gentílicas e o coração de Deus foi entristecido.
“e uma parte
dos utensílios da Casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar” (1.2). Na
verdade, Nabucodonosor não levou tudo o que havia no templo, apenas parte. Em
outra incursão ele levou o restante, nada deixando em Jerusalém. Na verdade,
ele destruiu a cidade para não ficar lembrança alguma na mente dos exilados (2
Cr 36.18). A terra de Sinar ou Sineat; fica na Mesopotamia, ou seja, na
Babilônia, o mesmo lugar onde foi construída a Torre de Babel.
Esse lugar
era sinônimo de oposição a Deus, onde a perversidade fora marcante. Ao levar os
utensílios do Templo judeu, Nabucodo- nosor desafiava ao Deus de Israel. Mais
tarde, Belsazar profana os utensílios sagrados do templo de Israel no capítulo 5.
II - A FORÇA DO CARÁTER
A história
de Daniel e seus três amigos, entre tantos outros exilados de Judá é um
testemunho vibrante de que em meio à circunstâncias adversas é possível
preservar valores morais e espirituais.
Neste
capítulo, o caráter dos quatro jovens, especialmente, o de Daniel foi uma
demonstração da formação que tiveram no Reino de Judá, a despeito da corrupção
de alguns reis de Judá. Diante das ofertas palacianas e das exigências que
feriam a fé que tinham no seu Deus, Daniel e seus companheiros foram valentes e
corajosos ao rejeitarem as iguarias da mesa de Nabucodonosor.
A tentativa de aculturamento
dos jovens hebreus
“Aspenaz,
chefe dos eunucos”. A palavra “eunuco” vem do hebraico “soris” (1.3) e pode
referir-se a um oficial do palácio, ou homens que fossem castrados sexualmente
para poderem servir na casa das mulheres do rei. Porém, não há nada
absolutamente que prove que Daniel e seus três amigos foram castrados ou
transformados em eunucos. Sabe-se que os quatro jovens eram de linhagem real do
palácio de Judá e, por isso, altamente preparados para serem úteis no palácio.
Esses dois versículos (1.3,4) falam de um “chefe dos eunucos” chamado Aspenaz,
altamente qualificado para educar os jovens exilados levados para o Palácio da
Babilônia. A despeito de eles serem educados em línguas e ciências,
Nabucodonosor queria muito mais. Ele queria educá-los nas ciências dos caldeus
para que tivessem conhecimento de astrologia e adivinhação, além de todo
conhecimento que haviam recebido na sua terra em Judá. Percebendo que o plano
de Aspenaz poderia envolve-los em costumes que afetariam suas vidas em relação
ao seu Deus. Daniel e seus amigos, com sabedoria e respeito pela autoridade de
Aspenaz, procuraram um modo de convencê-lo de que tinham um plano especial, sem
a necessidade de adotarem a dieta alimentar do palácio. Antes de tudo, os
jovens judeus decidiram não se contaminar com as comidas e bebidas da mesa do
Rei, as quais eram oferecidas aos deuses da Babilônia. Então Daniel e seus três
amigos judeus, inteligentemente propuseram a Aspenaz adotarem uma dieta
alimentar de frutas e verduras. Eles tiveram coragem e confiança no seu Deus
porque tinham um caráter irrepreensível. A postura inteligente desses jovens
revelava a força do caráter que tinham mesmo em circunstâncias adversas.
(1.5-7)
Esses versículos demonstram que Nabucodonosor, através de seu servo imediato
Aspenaz, queria o aculturamento babilónicos dos quatro jovens, além de outros
mais de outras nações. Esse aculturamento requeria saúde perfeita e
inteligência para poderem servir no palácio diante do Rei.
Porém, o que
prevaleceu foi a força do caráter desses jovens que convenceu a Aspenaz de que
a proposta de Daniel deveria ser experimentada. Por esse modo, os jovens
superaram a ameaça de contaminação da dieta babilónica. Segundo as definições
da Psicologia, “caráter é a parte enrijecida da personalidade de uma pessoa.
Aqueles jovens hebreus tiveram uma formação de caráter invejável mediante o
testemunho da história. Nabucodonosor sabia que para obter apoio da
inteligência daqueles jovens precisaria que eles fossem aculturados, também,
nas ciências dos caldeus. Aqueles jovens judeus tinham uma formação cultural e
religiosa muito forte. A força da fé dos judeus era algo que aparecia em suas falas
e convicções e não seria fácil fazê-los esquecer, por socialização,
aculturamento e contextualização à cultura babilónica. Para essa finalidade,
Aspenaz preparou, não só um programa cultural de língua e ciência, mas quis
submetê-los a uma dieta alimentar da própria mesa do rei (1.5).
A integridade dos jovens
hebreus colocada à prova (1.5-8)
(1.6,7) Essa prova
começou com a troca de seus nomes hebreus, os quais tinham significados
especiais de louvor ao Deus de Israel. A Daniel, cujo nome significa “Deus é
meu juiz”, deram-lhe o nome de
Beltsazar, nome dedicado ao deus Bei; a Misael que significa: ’’Quem é
como Jeová”?, deram-lhe o nome de Mesaque, homenagem ao deus“Aku”; a Ananias,
cujo nome significa: “misericordioso é Jeová”, chamaram-lhe Sadraque, em homenagem
ao deus Marduc; e Azarias, chamaram-lhe Abede-Nego, “servo de Nego”. Eram nomes
pagãos com o propósito de apagar o nome de Jeová na formação moral e religiosa
desses jovens. Mas não conseguiram. A fé estava plantada no coração deles. Na
verdade, Daniel e seus amigos foram colocados à prova numa terra estranha, com
uma cultura que se chocava frontalmente com aquela que haviam recebido em
Jerusalém. Essa provação não diminuiu a integridade moral e espiritual da vida
desses jovens. Ora, que significa integridade? Pode-se definir integridade como
solidez de caráter. Pode, também, significar o estado de ser inteiro, ser
completo. Na história do livro, Daniel, em especial, a sua integridade
resultava de sua formação de caráter. Ele assentou em seu coração não se
contaminar com as iguarias da mesa do rei, que acima de tudo, eram iguarias
oferecidas aos deuses do rei Nabucodonosor. Daniel e seus companheiros apesar
de serem jovens, ainda bem novos, tinham a consciência de tudo quanto estavam
vivendo naqueles dias, desterrados e humilhados era consequência do pecado do
seu povo e do seu rei e nada tinha a ver com o Deus de Israel. O mundo de hoje
oferece muitas iguarias mundanas para contaminar os servos de Deus, mas devemos
nos exemplificar em Daniel e seus amigos. A fidelidade ao Deus de Israel e a
integridade moral e espiritual desses jovens demonstraram que, a despeito do
pecado do seu rei e do seu povo, eles permaneciam fiéis a Deus. Aprendemos com
Daniel e seus amigos que a vida espiritual deles não consistia em meras
tradições religiosas, mas consistia numa vida de comunhão com Deus. Eles
mantinham a fidelidade ao seu Deus e guardavam a palavra de Deus no coração
para não pecar contra Deus como viram o seu rei pecar (SI 119.11).
Daniel e seus amigos rejeitaram
as ofertas de uma falsa liberdade
A primeira
sensação do exílio deve ter sido a pior possível. Estavam desterrados e
desafiados a viverem um novo estilo de vida
onde não teriam que prestar contas a ninguém, senão ao rei da Babilônia. Por
outro lado, poderia nascer um sentimento de liberdade pessoal. Era, de fato,
uma falsa liberdade que lhes oferecia o direito de fazerem o que quisessem.
Daniel e
seus companheiros foram expostos às seduções de um novo sistema de vida que
lhes daria facilidades e seduções que incitariam os desejos da juventude. A
vida pagã estava à mostra e eles poderiam, se quisessem, adotar em suas vidas.
Mas eles tinham em seus corações uma fé inabalável no seu Deus e não se
deixaram atrair pelas paixões que a vida palaciana oferecia. Mesmo com todas as
vantagens oferecidas no reino babilónico, Daniel não negociou sua fé no Deus de
Israel. Ele não quebrou seu compromisso com Deus. Ele não banalizou sua crença
nos valores morais e espirituais recebidos em Jerusalém. Nada o faria trair seu
Deus, seu povo e sua fé.
III - A ATITUDE RESOLUTA DE
DANIEL
Uma firme resolução de não se
contaminar (1.8)
Quando
Aspenaz, chefe dos eunucos recebeu ordens expressas de Nabucodonosor quanto a
preparação daqueles jovens, não discutiria essa determinação palaciana. Reuniu
os jovens hebreus e deu-lhes a ordem (1.5,6). Além da troca de seus nomes para
apagar de vez com os vínculos religiosos que eles mantinham, Aspenaz lhes deu
novos nomes pelos quais eles seriam identificados (Dn 1.7). Com a força de sua
autoridade palaciana, Aspenaz passou- lhes a ordem direta de Nabucodonosor. Mas
Daniel, apoiado por seus companheiros exilados, com atitude inteligente e
prudente, convenceu a Aspenaz a aceitar a proposta de outra dieta alimentar que
daria o mesmo resultado requerido. Daniel e seus amigos, inteligentemente não
revelaram as razões de sua rejeição à dieta da mesa do Rei, mas, na verdade,
eles propuseram entre si não queriam contaminar-se com as iguarias da mesa do
rei que eram oferecidas aos deuses. Essa atitude corajosa de Daniel e seus
amigos representava toda a fé que tinham no seu Deus a quem serviam e sabiam
que seriam guardados do mal.
Daniel é um exemplo por excelência
aos que servem a Deus
Mesmo tendo
sido levado muito jovem para o exílio babilónico, Daniel conhecia a Deus e não
o trocaria por iguaria alguma que lhe fosse oferecida. E um modelo para os
jovens (Ec 12.1), como também foram outros jovens na história bíblica como
Samuel (1 Sm 3.1-11), José (Gn 39.2), Davi (1 Sm 16.12),Timóteo (2 Tm 3.15).
Durante toda a sua vida, Daniel foi um exemplo de fidelidade e de oração, pois
orava três vezes ao dia, continuamente (Dn 6.10).
Daniel é um modelo de
integridade numa sociedade corrupta
Apesar de
todo o esforço de seus exatores que os trouxeram para uma terra estranha, com
costumes e hábitos, dedicados a outros deuses, Daniel soube, durante toda a sua
vida, manter-se íntegro moral e fisicamente. A tentativa de apagar a força e
neutralizar a força de sua fé, os jovens hebreus permaneceram firmes e
dispostos a não render-se, senão a Deus com suas próprias vidas. A mudança de
nome não os fez esquecerem de sua fé e seu Deus Vivo e Poderoso (Dn 1.6,7). Nas
atividades políticas soube conduzir-se, respeitando as autoridades superiores,
sem trair a sua fé em Deus. Sabia cumprir seus deveres e, quando foi desafiado
na sua fé a deixar de orar, ele não traiu o seu Deus.
A habilidade política de Daniel
para manter seu propósito para com Deus (1.10-16)
(1.11-14)
Daniel é conduzido ao chefe da cozinha que aparece no texto como “despenseiro”
e responsável pela dieta dos príncipes que estavam na casa de Nabucodonosor a
que aceitasse a proposta da dieta alimentar sem prejuízo para o mesmo. Esse
chefe, era chamado no hebraico de melsar, uma palavra que deriva do acadiano
massa- ru, cujo sentido é o de chefe da cozinha, ou seja, o despenseiro da
cozinha do rei. Havia resistência para aceitar a proposta de Daniel, mas a
habilidade com as palavras e sua capacidade persuasiva foram suficientes para
convencer o chefe despenseiro da casa do rei. Ele não precisou mentir, nem usar
de engano para convencer aquele alto funcionário
do palácio. Daniel nos ensina que não precisamos usar de artifícios de engano
para fazer coisas corretas. Precisamos confiar na sabedoria divina para agir
com coerência e habilidade, sem precisar de artifícios mundanos para conseguir
coisas.
(1.14-16)
Nestes dois versículos temos o resultado da experiência proposta por Daniel de
“dez dias” (v. 14). Deus abençoou aos jovens hebreus naqueles dez dias e ao
final quando foram se apresentar diante do Rei, a aparência física deles era
superior aos demais que haviam obedecido a dieta do palácio. Essa autodiscipli-
na dos jovens hebreus tinha a ver a aprovação de Deus, e por esse modo que eles
demonstraram a força de sua fé e do seu caráter fortalecido em situações
difíceis.
IV - A SUPERAÇÃO ANTE 0 DESAFIO
BABILÓNICO (1.17-21)
A superação pela fidelidade a
Deus
(1.17) Neste
versículo a poderosa mão de Deus dirigiu todo o curso dos acontecimentos (vv.2,
9) , bem como, a saúde física, o vigor intelectual e a capacidade de superar
inteligências comuns. O texto diz que “Deus lhes deu” tudo aquilo que os outros
príncipes do palácio não tinham. Deus era a fonte de todo o conhecimento
concedido aos jovens hebreus, além da capacidade de discernir o certo do
errado. Mais que a cultura babilónica era a cultura geral que os jovens hebreus
receberam para saber se conduzir no palácio e gozar da confiança do Rei
Nabucodonosor.
(1.18-20)
Havia um grau de exagero retórico de Nabucodonosor quando referiu-se aos jovens
hebreus como demonstrando habilidades “dez vezes mais doutos que os demais”
(v.20). Na realidade, essa constatação do Rei demonstrou a sua admiração por
esses jovens. Mas havia em tudo isso, o dedo de Deus dirigindo a vida desses
hebreus, de modo a que seu nome fosse glorificado diante da glória efêmera de
Nabucodonosor.
“E Daniel
permaneceu até ao primeiro ano do rei Ciro” (1.21). É interessante notar que
esse capítulo tem um caráter histórico no qual o autor relata os aspectos
principais dessa história. O reinado do rei
Ciro, da Pérsia, conhecido como “o Grande”, é um vislumbre do futuro de 70 anos
depois de Nabucodonosor. Ciro conquistou a Babilônia em 539 a. C. De sua
juventude quando foi exilado para a Babilônia por Nabucodonosor haviam se
passado 70 anos e já tinha aproximadamente 85 anos quando os persas
conquistaram a Babilônia. Os capítulos 5 e 6 do livro retratam esse tempo.
“e Daniel
permaneceu até...” (1.21). Por um desígnio de Deus, Daniel permaneceu como
oficial do império de Nabucodonosor até Ciro da Pérsia durante todos esses anos
do cativeiro de 70 anos dos judeus em terra estrangeira, porque estava predito
em profecias, especialmente, de Jeremias. Nestes 70 anos de cativeiro,
Jerusalém foi invadida e saqueada da sua riqueza. Houve deportação em massa dos
judeus e tudo isso porque “Joaquim, rei de Judá,fez o que era mau aos olhos do
Senhor” (2 Rs 24.8,9).
CONCLUSÃO
A grande
lição que aprendemos com Daniel e seus amigos é que, ao rejeitarem os manjares da
mesa do rei da Babilônia é possível ser feliz no mundo moderno sem se
contaminar. A tentação dos pratos babilónicos não é diferente dos que são
oferecidos em nossos dias. As iguarias do sistema mundano tem feito cair muitos
servos de Deus. Hoje, alguns cristãos modernos, confundem contextualização com
absorção dos manjares modernos que contaminam a vida cristã. Não temos de nos
envergonhar da nossa fé, nem precisamos escondê-la, muito menos engessá-la e
torná-la figura de retórica. Temos que acreditar que a fé verdadeira se torna
uma fonte de energia para nossas forças intimas para enfrentar as adversidades.
Essa experiência de Daniel nos leva a fazer uma analogia dos seus dias com a
realidade do mundo moderno. Por isso, no meio de uma geração corrompida,
guardar o coração para o Senhor é uma vitória.
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