Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
4º Trimestre de 2014
Título: Integridade
Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja hoje
Comentarista: Elienai
Cabral
Lição 1: Daniel, Nosso
“Contemporâneo”
Data: 05 de
Outubro de 2014
TEXTO ÁUREO
“Quando, pois,
virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no
lugar santo (quem lê, que entenda)” (Mt 24.15).
VERDADE PRÁTICA
Daniel é um exemplo
de perseverança na fidelidade a Deus e de integridade moral, estimulando-nos a
confiar no projeto divino.
HINOS SUGERIDOS
58,
61, 84.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 3.15
A primeira profecia escatológica
Terça - Gn 22.18; 26.4; 28.14; 49.10
A promessa para Abraão
Quarta - Is 7.14; 9.6; 42.1-4; 52.13-15
A predição da vinda do Rei e Redentor
Quinta - Dn 2.44,45; 7.13,14
A predição do reino vindouro
Sexta - Jr 23.3; Is 11.11; Ez 37.1-11
A promessa de restauração de Israel
Sábado - Mt 24.15
Jesus cita Daniel
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
Daniel 1.1,2; 7.1; 12.4.
Daniel 1
1 - No
ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de
Babilônia, a Jerusalém e a sitiou.
2 - E
o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e uma parte dos
utensílios da Casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa
do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus.
Daniel 7
1 - No
primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel, na sua cama, um sonho
e visões da sua cabeça; escreveu logo o sonho e relatou a suma das coisas.
Daniel 12
4 - E
tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos
correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará.
INTERAÇÃO
Prezado
professor, neste trimestre estudaremos o livro do profeta Daniel. Este livro é
um dos preferidos das pessoas que gostam de estudar a escatologia bíblica.
Aprendemos com Daniel não somente acerca de assuntos escatológicos, pois o seu
testemunho é um exemplo de fidelidade a Deus e de integridade moral. Daniel
viveu grande parte dos seus anos como exilado em uma sociedade idólatra,
servindo a reis ímpios, todavia não se contaminou. O comentarista do trimestre
é o pastor Elienai Cabral — conferencista e autor de várias obras publicadas pela
CPAD, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e também da Casa de
Letras Emílio Conde. Que Deus abençoe a sua vida e a de seus alunos. Bons
estudos!
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
· Conhecer panoramicamente
o livro de Daniel.
· Explicar a
autoria e a história por trás do livro de Daniel.
· Compreender os
fatos que propiciaram o exílio na Babilônia.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor, a fim de
introduzir a primeira lição do trimestre, reproduza o esquema abaixo para os alunos.
Utilizando o quadro, faça uma exposição panorâmica do livro de Daniel,
explicando o propósito e suas principais divisões. Enfatize os personagens
centrais, os acontecimentos mais importantes e as principais profecias. Que
você possa extrair importantes lições deste grande livro do Antigo Testamento.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Providência: Ação pela qual Deus conduz os
acontecimentos e as criaturas para o fim que lhes for destinado.
Dada a importância
do livro de Daniel, nós o estudaremos sob a perspectiva da escatologia bíblica.
Indiscutivelmente, Daniel é um profeta bíblico que não ficou restrito ao
passado. Ele é contemporâneo! O seu nome, a sua vida e obra são um exemplo de
perseverança em Deus. Embora vivendo em circunstâncias adversas e numa cultura
pagã, Daniel não perdeu a fé no Deus Altíssimo e o vínculo com o seu povo.
O capítulo 24 do
Evangelho de Mateus revela um dos mais importantes discursos proféticos de
Jesus. Ali, o Mestre de Nazaré cita o profeta Daniel (v.15). Conquanto as
profecias de Jesus nos remetam ao contexto de Israel, as evidências proféticas
descritas em Mateus 24 não se aplicam apenas à história do povo judeu, mas
igualmente à todas as etapas da história humana como descrita no livro de
Daniel.
I. A HISTÓRIA POR TRÁS DO LIVRO DE DANIEL
1.
A formação histórica de Israel. A
história do povo judeu começa com Abraão e Sara (Gn 12.1-3). Eles tiveram um
filho chamado Isaque, o filho da promessa de Deus (Gn 15.4; 17.18; 21.1-3).
Isaque, por sua vez, gerou dois filhos, Esaú e Jacó. Do segundo filho, Jacó,
surgiu um clã de 12 filhos. O clã cresceu e multiplicou-se e, posteriormente
mudou-se para o Egito. Ali a família de Jacó aumentou em número, tornando-se um
povo altamente abundante em terra estrangeira. A partir de então, formou-se
Israel, a futura nação projetada por Deus. Mas com o passar do tempo a família
judaica perdeu as benesses que desfrutava nos anos do rei egípcio que
respeitava a liderança e a história de José no Egito. Entretanto, através de uma
intervenção divina, e sob a liderança de Moisés, os israelitas saíram do Egito
e peregrinaram pelo deserto até a terra de Canaã por quarenta anos. A partir da
libertação egípcia, Israel viveu sob a égide de um governo teocrático, isto é,
governado diretamente por Deus e através de homens chamados por Ele para esta
função.
2.
O governo teocrático. Moisés morreu e o seu
substituto foi Josué. Sob o seu comando, Israel conquistou a terra de Canaã e
instituiu um governo em que a autoridade governamental vinha de Deus — a
teocracia. Esse período perdurou aproximadamente trezentos anos, incluindo o
período dos juízes. Foi um tempo difícil porque Israel afastou-se da direção
divina e “cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25).
3.
O governo monárquico. O reino de Israel esteve sob a
liderança de Saul, Davi e Salomão por cento e vinte anos. O rei Salomão morreu
em 931 a.C. marcando assim a decadência política, moral e religiosa da
monarquia. Roboão, o seu filho, assumiu o reino, mas acabou dividindo-o em
dois: o do Norte e o do Sul.
O reino do Norte
constituía-se de dez tribos. O do Sul, de apenas duas tribos, Judá e Benjamim.
No ano de 722 a.C. o Império Assírio dominou o reino do Norte e subjugou o seu
rei, os príncipes e todo o povo.
O reino do Sul teve
momentos de glória, mas igualmente de calamidades. Constituído por alguns reis
piedosos e outros ímpios, acabou por ser invadido pelo Império da Babilônia.
Entre os anos 606 a.C. e 587 a.C., Nabucodonosor levou em cativeiro os nobres
de Jerusalém: príncipes, intelectuais e homens de guerra, etc., deixando em
Judá apenas os pobres e os deficientes. Toda esta história propiciou a
intervenção divina na vida de Israel para preservação do projeto original de
Deus.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Deus
chamou Abraão e a partir dele deu início à história do povo judeu.
II. OS FATOS QUE PROPICIARAM O EXÍLIO NA BABILÔNIA
1.
O contexto político do reino de Judá. Em
606 a.C. Nabucodonosor invadiu Jerusalém e, além da nobreza, tomou da cidade
todos os utensílios do Templo: ouro, prata e pedras preciosas. Jeoaquim, rei de
Judá, não resistiu e tornou-se tributário da Babilônia, perdendo o domínio do
seu reino e também a confiança dos seus valentes. Entre os cativos expatriados
para Babilônia estava o profeta Ezequiel (Ez 1.1-3). O exército de
Nabucodonosor destruiu o Templo, saqueou Jerusalém e arrasou política, moral e
espiritualmente o reino de Judá. Babilônia se impôs como império por mais de
quatro décadas. Israel foi humilhado, passando de nação próspera à tributária
da Babilônia!
2.
Israel no exílio babilônico. Quando
uma liderança perde a intimidade com Deus e, por consequência, a credibilidade
entre os homens, como aconteceu com os últimos reis de Israel e de Judá, a
tragédia espiritual e moral é inevitável. O cativeiro de 70 anos na Babilônia,
profetizado por Jeremias, foi cabalmente cumprido (2Cr 36.21). Por outro lado,
Deus nos ensina a conhecer os seus desígnios. Foi no exílio babilônico que
Israel aprendeu a conhecer a Deus e não aceitar outro deus em seu lugar. O
cativeiro propiciou a volta do povo de Deus à comunhão com o Altíssimo.
A partir desse
panorama histórico compreenderemos o livro do profeta Daniel. Para isto,
precisamos igualmente conhecer os aspectos gerais e a importância do livro e da
pessoa do chamado “profeta do cativeiro”.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O
povo de Deus se rebelou contra o Senhor e como não se arrependeu, sofreu com o
exílio na Babilônia.
III. DANIEL, O AUTOR E O LIVRO
1.
O homem Daniel. Há pouca informação histórica
sobre a família de Daniel, senão a de que ele era da linhagem real de Israel
(Dn 1.3). Levado para a Babilônia ainda muito jovem, Daniel destacava-se como
um judeu inteligente e bem instruído. Ele possuía firmes convicções no Deus de
Israel e era contemporâneo de dois importantes profetas da nação israelita:
Jeremias e Ezequiel. Certamente esses profetas deixaram seus exemplos como
legados para a vida do jovem Daniel. Em 597 a.C., Ezequiel havia sido levado
para a Babilônia (Ez 43.6,7). Ali esse experiente profeta chega a citá-lo em
seu livro, descrevendo Daniel como um homem de sabedoria e de justiça (Ez
14.14).
2.
A importância do livro. O livro de
Daniel possui dois conteúdos: o histórico e o profético. No plano geral da
revelação divina, o livro de Daniel ocupa um lugar de suma importância. Do
capítulo 1 ao 6 o conteúdo é histórico, e do 7 ao 12, profético.
O conteúdo
histórico do livro contém experiências que revelam a soberania e o cuidado de
Deus para com aqueles que lhe são fiéis. Já o conteúdo profético traz predições
escatológicas, em sua maioria, ainda não cumpridas. Por este último conteúdo
cremos na “contemporaneidade” de Daniel.
3.
A autoria e as características do livro. Indiscutivelmente,
foi o próprio Daniel quem escreveu o livro entre os anos 606 e 536 a.C. Ele
iniciou sua obra escrevendo na Babilônia e, posteriormente, encerrou-a no
palácio de Susã (Dn 8.2). O livro contém doze capítulos, majoritariamente
escrito em hebraico, excetuando a seção 2.4 até 7.28, que foi escrita em dialeto
aramaico.
Além de histórico,
o livro de Daniel contém revelações proféticas cumpridas e outras que ainda vão
se cumprir no futuro. São revelações concernentes ao povo de Israel e aos
gentios. Deus revelou a Daniel o futuro das nações através da linguagem
alegórica. Portanto, pode-se classificar o livro de Daniel como gênero
apocalíptico porque desvenda o futuro do mundo trazendo esperança para o povo
de Deus, pois ali, Israel é o ponto convergente dos fatos futuros.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Umas
das razões da importância do livro de Daniel está no fato de que, em sua
maioria, as predições escatológicas ainda não se cumpriram.
CONCLUSÃO
O livro de Daniel
nos mostra o compromisso de um homem que se dispõe a servir a Deus, mantendo a
sua integridade moral e espiritual sem fazer concessões ao sistema idólatra e
opressor da Babilônia. Aprendemos igualmente que a história humana não é casual,
mas dirigida pelo Deus soberano, que faz todas as coisas contribuírem para o
bem daqueles que amam ao Senhor.
VOCABULÁRIO
Acurácia: Precisão de uma determinado processo de
informação.
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
ZUCK, Roy (Ed). Teologia do
Antigo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013
EXERCÍCIOS
1. Com
quem tem início a história do povo judeu?
R. A história do povo judeu começa com Abraão e Sara (Gn 12.1-3).
2. Quantas
tribos constituíam os reinos do Norte e do Sul?
R. O reino do Norte constituía-se de dez tribos. O do Sul, de apenas duas
tribos, Judá e Benjamim.
3. Quanto
tempo durou o cativeiro de Israel?
R. Setenta anos.
4. Daniel
era contemporâneo de quais profetas?
R. De Jeremias e Ezequiel.
5. Quais
são os dois conteúdos distintos do livro de Daniel?
R. O livro de Daniel possui dois conteúdos: o histórico e o profético.
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Hermenêutico
“Uma correta
interpretação de Daniel esclarece a revelação de que Deus tem um futuro para
Israel. Um raciocínio crítico acerca da mensagem profética de Daniel cria uma
concepção fictícia da importância do livro. Tamanho erro na interpretação
exclui o significado das profecias e torna o livro de Daniel em um conto de
fadas.
O livro de Daniel é
a chave de todas as profecias bíblicas. Sem ele, remotas revelações
escatológicas e seu escopo profético são inexplicáveis. As grandes profecias do
Senhor, no discurso do monte das Oliveiras (Mt 24,25; Mc 13; Lc 21), bem como 2
Tessalonicenses 2 e o livro de Apocalipse (ambos mencionam o Anticristo de
Daniel 11), só podem ser compreendidas com a ajuda das profecias de Daniel”
(LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª
Edição. RJ: CPAD, 2013, p.175).
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Hermenêutico
“Uma
correta interpretação do livro de Daniel
A fim de
interpretar corretamente Daniel, duas premissas são relevantes: (1) O livro é
genuíno e foi escrito pelo profeta Daniel no século VI a.C. Muitos críticos
afirmam que o livro de Daniel faz parte daquilo que conhecemos como literatura
apocalíptica, que veio a surgir já no período helenístico. Eles sustentam que
fraudes de autoria e data são comuns neste gênero literário. Tais suposições
racionalistas são, contudo, inaceitáveis. A interpretação de qualquer livro
considerado apocalíptico não exige uma hermenêutica específica ou sistemas
interpretativos especiais. Mudar sua hermenêutica é separar a profecia bíblica
de seu cumprimento histórico. É uma tentativa liberal de se considerar a
profecia como mito ou fantasia. (2) Uma interpretação precisa depende do fato
de a profecia não ser apenas possível, mas também do fundamento dos verdadeiros
e genuínos escritos bíblicos apocalípticos. As profecias levaram muitos
supostos estudiosos a rejeitarem a genuinidade das visões de Daniel. Muitos
críticos rejeitaram de forma cabal o que é claramente uma profecia predita. A
única forma de explicarem a meticulosidade e a acurácia das profecias de Daniel
é relegando-as a uma época posterior e a um outro autor” (LAHAYE, Tim. Enciclopédia
Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.175)
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
Daniel,
nosso contemporâneo
O livro de Daniel
foi (e talvez ainda seja) objeto de algumas controvérsias entre os teólogos.
Não por acaso, um crente batista, Willian Miller (ou Guilherme Miller), no ano
de 1831, através de uma série de cálculos, popularizou a interpretação de
Daniel 8.14 cujo resultado previa a volta de Jesus em 22 de Outubro de 1844.
Miller errou na interpretação e até hoje o nosso Senhor não veio!
Anteriores a
Willian Miller, outros intérpretes chegaram às conclusões semelhantes: o
Jesuíta Manuel Lacunza (1731-1801); o jurista mexicano, Gutierry de Rozas (1835);
Adam Burwell, missionário canadense da sociedade para propagação do Evangelho
(1835); R. Scott, padre anglicano e, em seguida, pastor Batista (1834); o
missionário inglês, Joseph Wolff (1829). Por que um livro bíblico, a Palavra de
Deus, traria tantas discrepâncias?
O problema não está
na Bíblia, mas em quem a interpreta. Por isso, devemos considerar algumas
informações ao iniciar o nosso estudo em Daniel:
Um
relato histórico. O conceito conversador e
tradicional de que o livro de Daniel é histórico e remonta os próprios dias do
profeta era unânime até aparecer a crítica moderna da Bíblia. Ainda assim, não
temos razões para mudar este conceito hoje.
O
livro. O texto foi escrito em
hebraico, entretanto, os capítulos da seção 2.4 a 7.28 foram redigidos em aramaico.
Derivado da Caldeia, o aramaico era um idioma popular das relações
internacionais do período imperial babilônico.
O
Esboço. Este nos ajuda a compreender a
unidade literária do livro de Daniel. A estrutura da obra bíblica consta assim:
(I) História [1-6] e (II) Profecia [7-12].
(I)
História: Daniel na Babilônia [1]; as
duas imagens — o sonho e a estátua de Nabucodonosor [2 e 3]; Dois reis sob
disciplina — o orgulho de Nabudonosor e a profanação de Belsazar [4 e 5]; O
decreto de Dario [6].
(II)
Profecia: As duas visões dos
animais-impérios — os quatro animais / o bode e o carneiro [7 e 8]; A
explicação das duas profecias — os 70 anos de Jeremias e os acontecimentos dos
últimos tempos [9-12].
Propósito. Revelar o escape de Deus para o Seu povo, apesar
das injustiças promovidas pelos impérios pagãos. O profeta Daniel mostra que o
Senhor julgará os poderes políticos do mundo que institucionalizam a injustiça.
Quando entendemos a unidade literária de Daniel os símbolos e as figuras
apresentadas no livro tornam-se complementos do assunto central: a Soberania de
Deus.
SUBSIDIOS
Daniel,
nosso “Contemporâneo”
A história de Daniel é uma história de fidelidade a Deus, de
integridade moral e de confiança no projeto divino.
Daniel é um personagem do Antigo Testamento que os estudiosos
o identificam, antes de tudo, como um estadista na corte de impérios pagãos da
Babilônia e da Pérsia. Na sua história de judeu criado e formado no palácio do
reino de Judá, Daniel não exercia nenhuma atividade religiosa, pois não era da
família sacerdotal, nem era um profeta. Entretanto, sua fidelidade a Deus e o
seu temor demonstrado, deu-lhe o privilégio de ser alguém que Deus revelaria
coisas profundas acerca do futuro do seu povo exilado na Babilônia.
Quando os livros do Antigo Testamento foram organizados, o
livro de Daniel não constava na lista dos livros canonizados na primeira
reunião de livros sagrados. O livro de Daniel só veio aparecer na terceira
reunião de livros (o kethubhim), quando foram reunidos os livros proféticos
denominados “os Escritos”. Uma das razões estava no fato de o livro de Daniel
ter sido escrito muito tempo depois da maioria dos livros proféticos. O
reconhecimento de que seu livro tinha um caráter profético tem o testemunho de
Cristo que confirmou a historicidade de Daniel, o qual se referiu a ele como um
profeta (Mt 24.15). Os biblicistas e teólogos reconhecem, ao longo da história,
que Daniel foi um dos mais importantes profetas de Israel à semelhança de I saí
as, Jeremias e Ezequiel. Suas profecias falam de um tempo específico do
tratamento de Deus com o seu povo. São
profecias relativas ao “fim do tempo”, um período especial no mundo, em que
Deus trataria especialmente com Israel e com todas as nações que se levantariam
contra o povo de Deus naquele tempo. Suas profecias não são isoladas do
restante das profecias bíblicas quanto ao futuro. Fatos e personagens, mesmo que
demonstrados numa linguagem figurada, são identificados com outras profecias no
Antigo e no Novo Testamento.
A vida e o ministério de Daniel, o profeta e estadista,
desenvolveram-se em meio a grandes mudanças e transformações sociais,
religiosas e políticas do mundo de então. Com o desaparecimento do Império
Assírio em 606 a.C., entra no cenário o poderoso Nabucodonosor que se tornou um
dos mais famosos reis de todo o “Fértil Crescente”, cujo reinado durou 43 anos.
Nesse período, Nabucodonosor foi um imperador tenaz e conquistador, além de ter
restaurado cidades e templos em ruínas, ele construiu canais, represas e
portos, contribuindo com a civilização daquela época. Foi ele que conquistou
nações e, entre as quais, o reino de Judá e seus príncipes e sábios.
Daniel, Ananias, Misael e Azarias foram os jovens levados
cativos, dos filhos de Judá, para o Palácio da Babilônia. A estes quatro
jovens, Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e, a
Daniel, deu entendimento em toda a visão e sonhos (Dn 1.17). A
contemporaneidade de Daniel diz respeito ao fato de que as visões e revelações
concedidas por Deus a ele têm uma abrangência profética aos nossos tempos.
Desde o período do cativeiro babilónico, passaram-se
aproximadamente 2.500 anos (550 a.C. — 2.014 d.C.) e o profeta Daniel é,
indiscutivelmente, um profeta que não ficou restrito ao passado. Daniel é um
profeta para nossos tempos; é um profeta contemporâneo. O nome, a vida e a obra
do profeta Daniel são um exemplo de um homem que, mesmo estando em
circunstâncias adversas, em meio a uma cultura pagã, não perdeu o vínculo com o
seu povo e com a sua fé em Deus. No Evangelho de Mateus temos um dos mais
importantes discursos proféticos de Jesus no qual Ele cita o profeta Daniel (Mt
24.15). As profecias de Jesus tinham um caráter especial porque se referiam
essencialmente ao povo de Israel. Entretanto, podemos perceber que as
evidências proféticas não se restringiam apenas a Israel, mas tinham e têm um
alcance e abrangência à toda a humanidade. A preocupação de Jesus era responder
a algumas questões que os judeus faziam quanto à vinda do Messias para
estabelecer o seu Reino na terra.
Alguns biblicistas e pesquisadores da história bíblica, ao
analisarem o livro de Daniel do ponto de vista histórica-crítica, criaram
dificuldades para aceitar o conteúdo profético e teológico do livro de Daniel.
Porém, o cumprimento de algumas das profecias na história de Israel, não só
deram credibilidade ao livro, como serve de base para o cumprimento do restante
da profecia para o “fim do tempo” (Dn 8.17). Portanto, o livro de Daniel não
pode ser relegado a um papel secundário no cânon das Escrituras. A igreja de
Cristo reconhece o valor da história e da profecia desse livro e proclama a Fé
no Deus Todo-Poderoso que controla e domina a história.
Para entendermos o livro de Daniel em termos de história e
profecia, precisamos conhecer alguns elementos que dão consistência ao seu
estudo.
I. O CONTEXTO HISTÓRICO DO LIVRO DE DANIEL
Ao estudar o livro de Daniel e para entendê-lo precisamos
saber que esse livro não é ficção, mas está intimamente relacionado com todos
os acontecimentos deste mundo em relação ao tempo, à geografia e à história. E
um livro que tem data e foi escrito em determinada ocasião. Por isso, as
profecias, mediante as visões e revelações de Deus dadas ao seu servo Daniel
tem respaldo histórico. Os eventos proféticos nos levam a entender o plano
divino para Israel e o resto do mundo.
A revelação do projeto de Deus com Israel
Existem fatos na história da humanidade que os historiadores
e pesquisadores não conseguem explicar. São os fatos que envolvem a presciência
divina. Deus, em sua presciência escolheu um
homem do meio da humanidade existente para ser o protótipo de um projeto
que o colocaria na história.
Esse projeto começou com um dos personagens mais
extraordinários da Bíblia Sagrada chamado Abraão. Ele e sua mulher Sara (Gn
12.1-3) seriam o ponto de partida para o cumprimento desse projeto. De Abraão
sairia uma família, uma raça, uma etnia especial que representaria os
interesses de Deus na terra. Abraão e Sara, na sua velhice, geraram um filho
especial chamado Isaque, o filho da promessa (Gn 15.4; 17.18; 21.1-3). Isaque
se casa com Rebeca e gera dois filhos, os gêmeos Esaú e Jacó. Do segundo filho
Jacó, com uma prole de 12 filhos foi formada uma nação, a nação projetada por
Deus. A família de 12 filhos cresceu e, por esse modo, os desígnios de Deus
para a semente de Abraão se cumpriam historicamente. Obedecendo ao propósito
divino, esta família mudou-se, posteriormente, para o Egito. Naquela terra, a
família aumentou em número tornando-se um povo gigantesco. Com a morte do
antigo Faraó e morto, também, José, a família proliferou-se na terra do Egito,
mas perdeu as benesses do tempo de José e passaram a viver como escravos por
quatrocentos anos, até que Deus os tirou do Egito com mão forte e poderosa. Os
filhos de Jacó tornaram- se conhecidos como os filhos de Israel. Saíram do
Egito, por uma intervenção divina e viveram no deserto por quarenta anos sob a
liderança de Moisés. A partir de então, esse povo viveu sob a égide de um
governo diretamente de Deus, um governo teocrático, através de homens chamados
para esse mister.
Deus estabelece um governo teocrático para Israel
Durante o período que Israel caminhou pelo deserto, o povo
aprendeu a depender de Deus sob uma liderança teocrática através de Moisés.
Quando Moisés morreu, Deus levantou Josué para substituí-lo e, sob o seu
comando, Israel conquista a terra de Canaã. O período seguinte corresponde o
dos juizes que dura aproximadamente trezentos anos, quando o governo teocrático
continua. O período dos Juizes foi um período difícil porque Israel afastou-se
da direção divina preferindo a Monarquia.
Deus permite a Israel um governo monárquico
Por cento e vinte anos o Reino de Israel esteve sob a
liderança dos reis Saul, Davi e Salomão. Em 931 a.C., Salomão morre e inicia-se
um período de decadência política, moral e religiosa. Seu filho Roboão assume a
coroa, mas o reino acabou dividido em dois, o do Norte e o do Sul. O Reino do
Norte, com dez tribos e o Reino do Sul com duas tribos. Em 722 a.C., a Assíria
entrou nas terras de Israel e subjugou o Reino do Norte com todos os seus
príncipes e líderes do povo, inclusive o rei. O Reino do Sul não foi por menos.
O reino teve momentos de glória e de calamidade. Seus reis, alguns piedosos e
outros ímpios deixaram o temor do Senhor e seus líderes religiosos perderam o
respeito do povo e se corromperam. A Babilônia, através de Nabucodonosor entre
587 e 606 a.C, invadiu as terras do reino do Sul, quando reinava em Jerusalém o
rei Jeoaquim, o qual estava sob o domínio do faraó do Egito chamado Neco (2 Rs
23.34). Nabucodonosor dominou Jerusalém e levou cativo os seus príncipes de
Israel, entre os quais, Daniel. Toda essa história propiciou a intervenção
divina na vida de Israel para preservação do projeto original.
A divisão política do Reino de Israel
Depois do reino de Salomão houve divisão em Israel. Dez
tribos formaram o reino de Israel e duas outras tribos (Judá e Benjamim)
formaram o reino de Judá. O reino de Israel, com as tribos do norte, foi tomado
pela Assíria no ano 722 a.C., e o reino do sul ( de Judá) foi tomado pela
Babilônia em 586 a.C. Em 605 a.C., Nabucodonosor fez mais que dominar a terra
de israel. No ano 605 a.C.,esse rei invadiu Jerusalém e levou cativos os nobres
e todos os utensílios de valor, de ouro, prata e pedras preciosas. O rei
Jeoaquim, rei de Judá não resistiu e tornou-se tributário da Babilônia,
perdendo o domínio do seu reino e perdendo, também, os homens de confiança.
Entre os cativos estava o profeta Ezequiel (2 Rs 24.8). O exército de
Nabucodonosor destruiu o templo e saqueou a cidade de Jerusalém. Judá ficou
arrasada política, moral e
espiritualmente. A Babilônia se impôs com seu império por mais de quatro
décadas. O povo de Israel foi humilhado, saqueado de seus pertences e tornou-se
tributário da Babilônia.
O exílio inevitável na Babilônia
Quando uma liderança má perde sua relação com Deus como
aconteceu com os últimos reis de Israel e de Judá, a tragédia espiritual, moral
e material torna-se inevitável. O cativeiro profetizado por Jeremias de 70 anos
na Babilônia teve o seu cumprimento ( 2 Cr 36.21). Por outro lado, Deus nos
ensina a conhecer o traçado de seu caminho para que cumpramos seus desígnios,
porque foi no exílio babilónico que Israel aprendeu a conhecer que Deus não
aceita outro deus no seu lugar, como fez o rei Manassés adotando a idolatria no
seu reino (2 Rs 21.11). A dispersão favoreceu a volta do seu povo à renovação
da comunhão com o Deus de israel.Toda esta situação política propiciou a
revelação de um projeto especial de Deus para com Israel. Para entendermos esta
história precisamos conhecer aspectos gerais da importância do livro e da
pessoa do profeta Daniel.
II. HISTÓRIA E PROFECIA DO LIVRO DE DANIEL
O livro de Daniel foi organizado de forma a distinguir duas
partes distintas: a histórica e a profética. O Espírito Santo, sem dúvida,
dirigiu a mente do autor a organizar seus escritos de forma a facilitar a
compreensão dos leitores.
A parte histórica do livro
Nos seis primeiros capítulos do livro de Daniel temos o
registro de algumas importantes experiências de Daniel e seus três amigos
Ananias, Misael e Azarias.
Nos capítulos 2 e 4, Daniel interpreta dois sonhos de
Nabucodonosor.
No capítulo 3, Daniel conta a experiência prodigiosa do
salvamento de seus três amigos na “fornalha ardente”, porque se negaram a se
inclinar perante a estátua do Rei.
No capítulo 4, Daniel interpretou o segundo sonho de
Nabucodonosor e já haviam se passado alguns anos e Daniel já não era um jovem,
porque o sonho trazia a revelação dos anos de loucura de Nabucodonosor que
aconteceram no final de seu reinado, e ele reinou por 43 anos (605 — 562 a.C.).
No capítulo 5, Daniel já era um idoso, talvez com 80 anos de
idade aproximadamente. Foi quando Deus escreveu a escritura na parede, um pouco
antes da queda da Babilônia para a Pérsia em 539 a.C.
No capítulo 6, quando Daniel tinha mais de 80 anos de idade,
por inveja de outros príncipes do novo Império dos medos-persas, foi, então,
armado um engodo político contra Daniel para tirar- lhe a liderança e a
confiança que gozava da parte do Rei Dario. Esse fato culminou com uma punição
injusta contra Daniel ao ser lançado na cova dos leões. Deus enviou o seu anjo
que fechou a boca dos leões e Daniel foi milagrosamente salvo. Portanto, a
parte histórica do livro dá testemunho da soberania de Deus sobre todas as
nações, capaz de intervir quando lhe for conveniente no cumprimento de seus
desígnios.
A parte profética do livro
No plano geral da revelação divina o livro de Daniel ocupa
um lugar de suma importância. Sua parte histórica é cheia de experiências
marcantes que revelam a soberania de Deus e o seu cuidado com aqueles que lhe
são fieis. A parte profética contém predições escatológicas cujo cumprimento
ainda não tem chegado.
Essa parte ocupa os últimos seis capítulos os quais trazem o
registro de quatro visões proféticas dada especialmente a Daniel. Essas visões
apresentam figuras simbólicas dos reinos gentílicos envolvendo tempos distintos
nos quais Deus fará valer sua soberania no mundo, especialmente, com as nações
que unirão para massacrar a Israel no tempo do Fim. Algumas dessas profecias já
tiveram seu cumprimento na história e outras que se cumprirão no tempo que Deus
estabeleceu para se cumprirem. Ao longo do estudo dessas profecias
constataremos essas predições. As visões, portanto, se estendem para o futuro.
LUGAR, DATA E AUTORIA DO LIVRO DE DANIEL Lugar e Data
Não há o que contestar o fato de que Daniel escreveu suas
experiências e revelações enquanto estava no exílio na Babilônia, para onde
fora levado ainda bastante jovem (Dn 1.3,4). Provavelmente, foi no exílio que
ele veio a morrer, depois de presenciar a queda do Império Babilónico e a
ascensão do Império Medo-per- sa. Nesse tempo, Daniel passou por vários reis e
se manteve fiel a Deus. O cativeiro dos judeus durou 70 anos, ou seja, dos anos
605 a 536 a.C., e foi nesse tempo que Daniel reuniu suas memórias, porque as
revelações proféticas cessaram logo após o cativeiro.
A autoria do Livro
Indiscutivelmente, foi o próprio Daniel quem escreveu o
livro entre os anos 606 a 536 a. C. E interessante que Daniel quando escreve a
parte histórica usa a 3a pessoa, mas quando narra as quatro visões a partir do
capítulo 7 até ao 12, Daniel sempre escreve na primeira pessoa e se identifica
com a expressão: “Eu, Daniel”. Deduz-se, portanto, que ele iniciou escrevendo
na Babilônia e o restante no palácio de Susã (Dn 8.2). O conteúdo do livro de
12 capítulos, 357 versículos foi escrito em hebraico e parte do texto a partir
do capítulo 2.4 até o capítulo 7.28 foi escrito em aramaico. Dos capítulos 1 a
6 temos a parte histórica e nos capítulos 7 a 12 temos a parte escatológica,
isto é, profética.
Quanto à pessoa de Daniel, há pouca informação da família de
Daniel senão a de que ele era um nobre da linhagem real de Israel (Dn 1.3).
Levado para a Babilônia ainda muito jovem destacava-se como sendo inteligente e
instruído. Em sua vida religiosa Daniel possuía convicções firmes em Jeová, o
Deus de Israel e foi contemporâneo de dois importantes profetas, Jeremias e
Ezequiel, porque os mesmos exerciam seus ministérios em Jerusalém. Certamente,
esses profetas deixaram profundas impressões na vida do jovem Daniel. Em 597
a.C., Ezequiel havia sido levado para a Babilônia e Jeremias para o Egito (Ez
43.6,7). O profeta Ezequiel foi marcado por
uma profunda impressão de Daniel, citando-o no seu livro, como um homem de
sabedoria e de justiça, colocando-o no mesmo nível de Noé e de Jó (Ez 14.14).
III. CARATERÍSTICAS DO LIVRO DE DANIEL
Na formação do cânon das Escrituras, alguns críticos
literários da Bíblia, especialmente quando surgiu o liberalismo teológico, não
reconheciam o livro de Daniel como autêntico, nem como inspirado. Entretanto, o
livro de Daniel encontra-se na Bíblia hebraica entre “os Escritos” e não entre
os “livros proféticos”. Posteriormente, outros estudiosos reconheceram a
autenticidade do livro de Daniel como livro, não apenas histórico, mas como
“profético”. Principalmente, a segunda parte do livro contém revelações
proféticas que tratavam de fatos que já cumpriram, mas com revelações futuras,
tanto em relação ao próprio povo de Israel, como em relação aos gentios. Em
relação aos gentios, Deus revelou a Daniel o quadro futuro dos tempos dos
gentios representado por figuras alegóricas. Portanto, o livro de Daniel pode
ser classificado como apocalíptico porque desvenda o futuro do mundo, tendo o
povo de Israel como ponto convergente para os fatos futuros.
CONCLUSÃO
Os ensinamentos práticos deste capítulo nos mostram a
relação entre o homem Daniel que se dispõe a servir a Deus e manter sua
integridade moral e espiritual sem fazer concessões ao sistema que servia a
outros deuses. Aprendemos, também, que a história não é casual, mas tem a
direção do Deus soberano para que todas as coisas contribuam para a sua glória
e para a felicidade dos servos de Deus.
SUBSIDIOS
I - INTRODUÇÃO:
Neste trimestre, estudaremos Daniel, livro maravilhoso,
cheio de revelações sobre "as coisas que estão por vir". Nesta
primeira lição, veremos como ele está estruturado, e aprenderemos a respeito da
pessoa de seu autor.
II - O LIVRO DE DANIEL:
(1) - Estrutura do livro - Este livro contém 12 capítulos e
357 versículos. Ele pode ser dividido em duas partes:
(a) - Parte histórica, que compreende os capítulos l a 6,
registra acontecimentos presenciados por Daniel na Babilônia, inicialmente, sob
o reinado de Nabucodonosor (cap. l a 4), depois, no governo de Belsazar
(cap.5), e, finalmente, seu milagroso livramento nos dias de Dario, o medo
(cap.6).
(B) - Parte profética, que compreende os capítulos 7 a 12,
registra as visões que Daniel recebeu de Deus acerca da elevação e queda dos
governos humanos, sobre o destino do povo de Israel, em relação à dominação das
nações gentílicas, e o futuro dos judeus no plano de Deus. "O Altíssimo
tem domínio sobre os reinos dos homens, e os dá a quem quer" (Dn 4.32b).
O livro de Daniel é chamado de o "Apocalipse do Antigo
Testamento".
Esta divisão é meramente didática, uma vez que, na chamada
parte histórica, estão registrados episódios nos quais Daniel interpreta sonhos
e visões de conteúdo eminentemente profético.
(2) - Autoria do livro - O autor do livro é o profeta
Daniel. A moderna crítica teológica rejeita unanimemente esta autoria, apesar
da informação contida no próprio texto (Dn 7.1; 8.2; 9.2), e da informação de
Jesus, sem dúvida, o maior teólogo de todos os tempos. Ele citou em seu sermão
escatológico o profeta Daniel (Mt 24.15).
Esta "moderna" teologia, que não acredita na
existência da revelação profética pelo Espírito Santo, atribui a autoria do
livro a um autor desconhecido que teria vivido por volta de 163 a.C.
O espaço não nos permite analisar detalhadamente todos os
argumentos que estes teólogos apresentam, e ficamos com o testemunho do próprio
livro e com a sanção do Senhor Jesus, de que o profeta Daniel é o autor deste
livro.
O livro foi escrito na Babilônia, durante o período da
vigência do cativeiro babilônico.
III - DANIEL, O AUTOR DO LIVRO:
(1) - Quem foi Daniel? - Sobre o autor do livro, o profeta
Daniel, sabe-se apenas aquilo que está relatado no livro por ele escrito. A
Bíblia não registra o nome de seus pais, mas diz que pertencia à nobreza, era
da linhagem real (Dn 1.3). Ele e seus três amigos, Hananias, Misael e Azarias,
eram jovens de boa aparência, instruídos, bem educados (Dn 1.4), mas,
sobretudo, servos de Deus, com profundas convicções (Dn 1.8).
Daniel foi contemporâneo dos profetas Jeremias e Ezequiel.
(2) - O cativeiro babilônico - No ano de 605 a.C., no
terceiro ano do reinado de Jeoiaquim sobre Judá, Nabucodonosor, rei da
Babilônia, fez o seu primeiro ataque a Jerusalém. Sitiou a cidade e levou para
a Babilônia vasos sagrados da casa do Senhor (Dn l.1,2; 2 Cr 36.4-7). Nessa
ocasião, levou alguns judeus cativos, entre os quais, Daniel e seus três amigos
(Dn 1.3). Estes foram, por ordem do soberano, escolhidos, para viverem no
palácio, a fim de que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus, para
que, posteriormente, pudessem estar diante do rei, a seu serviço (Dn 1.4,5).
Posteriormente, Nabucodonosor atacou Judá mais duas vezes.
(3) - A cidade de Babilônia - Foi propósito do rei
Nabucodonosor fazer da cidade um monumento de beleza. Ficaram famosos os seus
jardins suspensos. Ao admirar o esplendor de sua cidade, um dia, Nabucodonosor
exclamou: "Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa
real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência?" (Dn
4.30). E, por causa de sua soberba. foi castigado por Deus.
Babilônia era um grande centro de idolatria. Havia na cidade
mais de 2000 deuses. O principal era Merodaque, contra o qual profetizou
Jeremias (Jr 50.2). Havia na cidade 55 templos dedicados a este deus. Neste
ambiente idolátrico, longe de sua pátria, os judeus, chorando de saudade de
Sião, penduraram nos salgueiros as suas harpas (Sl 137.l,2).
Veremos, a seguir, como Daniel conseguiu manter-se fiel a
Deus.
IV - DANIEL, EXEMPLO PARA OS CRISTÃOS:
O maior de todos os exemplos é o de Jesus, a expressa imagem
da pessoa de Deus (Hb l.3), que viveu entre nós uma vida modelo, cujo modelo
devemos seguir. Ele mesmo disse: "Porque eu vos dei o exemplo, para que
como eu vos fiz, façais vós também" (Jo 13.15). Ver, ainda, l Pedro 2.21;
l João 2.6.
Paulo escreveu: "Sede meus imitadores, como também eu
de Cristo" (l Co 11.1).
Ao escrever a Timóteo, Paulo diz que aquilo o qual lhe havia
sucedido, tinha acontecido para exemplo dos que haviam de crer em Jesus, para o
vida eterna (l Tm 1.16).
Também Daniel viveu uma vida exemplar, digna de ser imitada.
Veremos isso em três diferentes contextos.
(2) - Daniel, um exemplo para os jovens - A Bíblia nada
informa sobre quando e como se deu a conversão de Daniel. Mas quando, muito
jovem, foi levado cativo para a Babilônia, era já um crente maduro.
(A) - Daniel é um exemplo, por ter buscado a Deus muito cedo
na vida - Ec 12.1 - Quem se entrega a Jesus na sua juventude, ganha a salvação,
mas também o privilégio de viver toda a sua vida para Cristo! Jovem, faça de
Daniel o seu ideal! Entregue a sua vida a Jesus cedo!
Outros exemplos de pessoas que começaram cedo a servir a
Deus são Samuel (l Sm 3.l-11), José (Gn 39.2), Davi (l Sm 16.12), e Timóteo, o
cooperador de Paulo (2 Tm 3.15).
(B) - Daniel é um exemplo, por ter cultivado uma vida de
oração - Isto deu-lhe condições de conservar a sua identidade de servo de Deus,
mesmo em uma sociedade pagã. O segredo da vitória de Daniel era o hábito de
orar todos os dias três vezes (Dn 6.10), e, assim, quando influências e
costumes idolátricos queriam agir para envolvê-lo, tinha poder para reagir e
manter-se vitorioso.
Jovem, faça o mesmo! O segredo da vitória para todos nós é
permanecermos aos pés daquele que nos amou! (Rm 8.37)
(C) - Daniel é um exemplo, por ter mantido firme o propósito
de em tudo obedecer à Palavra de Deus - Quando entrou na escola palaciana, e
viu que o cardápio, determinado para ele, entrava em colisão com os preceitos
da Lei de Deus, "Daniel assentou em seu coração não se contaminar com a
porção do manjar do rei" (Dn 1.8). Com a ajuda de Deus, conseguiu
alimentar-se de acordo com a sua consciência. E Jeová o recompensou por sua
fidelidade, ao dar-lhe conhecimento e inteligência, em todas as letras; e
sabedoria e entendimento, em toda visão e sonhos (Dn 1.17). E, por causa da
diferenciada capacidade que Deus lhe deu, Daniel permaneceu diante do rei, para
servi-lo (Dn 1.19).
(3) - Daniel, um exemplo para todos os obreiros - Daniel
ocupou um elevado cargo, tanto no reino da Babilônia (Dn 2.49; 5.29) como no
império persa (Dn 6.1-3). Meu caro irmão, que ocupa uma função de
responsabilidade na sociedade, seja em um cargo público, ou em uma empresa
privada, tome Daniel como exemplo pessoal.
O que caracterizou Daniel enquanto era alto funcionário?
(A) - Daniel era FIEL - Dn 6.4 - A fidelidade é um adorno
que dignifica qualquer servidor, seja em que posição for. O crente deve ser
fiel a seus superiores, estejam eles presentes ou ausentes. O cristão precisa
ser sincero a seus colegas, e também a seus subordinados. Necessita cumprir os
deveres assumidos, e ter firmeza em suas palavras, que devem ser sim, sim, e não,
não (Mt 5.37).
(B) - Daniel não tinha VÍCIO - Dn 6.4 - O vício mais comum é
a prática da mentira. O crente não pode mentir (Is. 63.8; Ef 4.25). A Bíblia
diz que os mentirosos não serão salvos (Ap 21.27).
Outro vício é a desonestidade. O crente deve ser honesto a
toda prova (Rm 12.17; I Ts 4.12).
Neemias foi governador em Jerusalém algum tempo. Ele disse
que os seus antecessores haviam-se beneficiado a si mesmos, mas ele podia
dizer: "eu assim não fiz, por causa do temor de Deus" (Ne 5.15).
(4) - Daniel, um exemplo para os idosos - Mesmo em idade
avançada, Daniel deu bom exemplo. Tinha mais de 80 anos, quando foi convocado
para interpretar a escrita na parede do palácio, e estava em condições
espirituais de fazê-lo (Dn 5.13). Pouco tempo depois, no reinado de Dario,
orava três vezes ao dia (Dn 6.10).
V - CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A maior bênção na velhice é receber a mensagem que Daniel
obteve no final de seus dias: "Vai até o fim, porque repousarás, e estarás
na tua sorte no fim dos dias" (Dn 12.13).
No envelhecimento, estaremos mais perto de alcançar o alvo
de todo crente: ESTAR PARA SEMPRE COM O SENHOR (l Ts 4.17). E isto é uma
CONSOLAÇÃO (l Ts4.18).
FONTE DE PESQUISA E CONSULTA:
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre de 1995 – Comentarista:
Eurico Bergsten
Estive a ver e ler algumas coisas, não li muito, porque espero voltar mais algumas vezes,mas deu para ver a sua dedicação e sempre a prendemos ao ler blogs como o seu. Se me der a honra de visitar e ler algumas coisas no Peregrino e servo ficarei radiante, e se desejar deixe o seu parecer. Abraço fraterno. António.
ResponderExcluir