Lições Bíblicas CPAD - Jovens e Adultos
4º Trimestre de 2014
Título: Integridade
Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja de hoje
Comentarista: Elienai
Cabral
Lição 9: O prenúncio
do Tempo do Fim
Data: 30 de
Novembro de 2014
TEXTO ÁUREO
“E disse: Eis
que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira; porque ela se
exercerá no determinado tempo do fim” (Dn 8.19).
VERDADE PRÁTICA
O tempo do fim não
é o fim do mundo, mas o tempo de tratamento de Deus com o povo de Israel, prenunciando
a vinda de Cristo.
HINOS SUGERIDOS
304,
334, 469.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Tt 2.13
O aparecimento do grande Deus
Terça - Dn 7.13
Cristo vindo em glória nas nuvens
Quarta - Mc 13.26
Cristo vindo com grande poder
Quinta - Mt 25.31,32
Jesus vindo em glória para julgar as
nações
Sexta - At 1.10,11
Os anjos afirmam que Jesus voltará
Sábado - Mt 16.27
Jesus vindo para julgar a cada um
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
Daniel 8.1,3-11.
1 - No
ano terceiro do reinado do rei Belsazar, apareceu-me uma visão, a mim, Daniel,
depois daquela que me apareceu no princípio.
3 - E
levantei os meus olhos e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual
tinha duas pontas; e as duas pontas eram altas, mas uma era mais alta do que a
outra; e a mais alta subiu por último.
4 - Vi
que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e para o
meio-dia; e nenhuns animais podiam estar diante dele, nem havia quem pudesse
livrar-se da sua mão; e ele fazia conforme a sua vontade e se engrandecia.
5 - E,
estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra,
mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha uma ponta notável entre os olhos;
6 - dirigiu-se
ao carneiro que tinha as duas pontas, ao qual eu tinha visto diante do rio; e
correu contra ele com todo o ímpeto da sua força.
7 - E
o vi chegar perto do carneiro, irritar-se contra ele; e feriu o carneiro e lhe
quebrou as duas pontas, pois não havia força no carneiro para parar diante
dele; e o lançou por terra e o pisou aos pés; não houve quem pudesse livrar o
carneiro da sua mão.
8 - E
o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força,
aquela grande ponta foi quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis,
para os quatro ventos do céu.
9 - E
de uma delas saiu uma ponta mui pequena, a qual cresceu muito para o meio-dia,
e para o oriente, e para a terra formosa.
10 - E se engrandeceu até ao exército dos céus;
e a alguns do exército e das estrelas deitou por terra e os pisou.
11 - E se engrandeceu até ao príncipe do
exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu
santuário foi lançado por terra.
INTERAÇÃO
“O
tempo do fim”. Há pessoas que têm arrepios quando ouvem tal expressão. Mas esta
nada tem com o fim do mundo. Todavia, parece que o tema escatológico do fim do
mundo mexe com os sentimentos das pessoas. Não por acaso, a indústria
cinematográfica americana tem investido bilhões de dólares acerca destes
temários. No meio evangélico não é diferente, pois não poucos autores e
cineastas têm assustado pessoas fazendo com que as profecias pareçam um filme
de Hollywood. Quando ensinamos o oitavo capítulo do livro de Daniel, a nossa
perspectiva de ensino não pode ser a do terror, mas a da esperança.
Apresentando aos nossos alunos o triunfo do Reino de Deus mediante o contexto
profético apresentado no capítulo em estudo.
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
· Conhecer os
símbolos proféticos do carneiro e do bode.
· Identificar a
visão do chifre pequeno.
· Compreender o
período do tempo do fim.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Prezado professor,
após lecionar o primeiro tópico da lição, sugerimos que reproduza o esquema
abaixo. A ideia é reforçar o aprendizado dos alunos. De acordo com o esquema
elaborado e objetivando a assimilação das informações pelos alunos, é salutar
ao professor acrescentar ao esquema proposto figuras do bode, do carneiro e dos
impérios medo-persa e grego — as imagens podem ser identificadas na internet ou
adquiridas nas lojas da CPAD. A exposição oral do assunto conjugado ao esquema
e as figuras dos animais farão com que os alunos tenham sucesso no processo
ensino-aprendizagem. Boa aula!
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Tempo: Período contínuo no qual os eventos se
sucedem.
No capítulo sete,
Daniel tem a visão dos quatro animais, cada um destes representando um império
mundial. No capítulo oito, que estudaremos nesta lição, o profeta tem sua
segunda visão. Ele viu um carneiro lutando contra um bode. Na verdade, este
capítulo repete muito da predição do capítulo dois, e especialmente do capítulo
sete. Todavia, o capítulo oito acrescenta detalhes importantíssimos quanto aos
períodos medo-persa e grego.
I. A VISÃO DO CARNEIRO E DO BODE (Dn 8.3-5)
1.
A visão do carneiro (Dn 8.3,4,20). Esse
carneiro simbolizava o império medo-persa (v.20). Segundo os historiadores, no
caso dos persas, os seus reis sempre levavam como emblema uma cabeça de
carneiro em ouro sobre a cabeça, principalmente quando passavam em revista os
seus exércitos. De acordo com a história, os medos haviam prevalecido na guerra
com a Babilônia. Dario foi o primeiro governante da união entre a Média e a
Pérsia. Porém, logo os persas prevaleceram em força e Ciro tornou-se o rei do
império.
O carneiro
identificado como o império medo-persa venceu e derrotou o império babilônico
quando Belsazar estava no poder. No mesmo dia em que Belsazar zombou de Deus ao
utilizar os utensílios sagrados do templo de Jerusalém, ele caiu nas mãos dos
medo-persas. Nota-se que há uma repetição do predito na visão do capítulo sete
sobre o segundo e o terceiro impérios, porém, Deus de maneira especial mostrou
a Daniel o que estaria fazendo no futuro desses impérios e com o próprio povo
de Israel.
2.
Os chifres do carneiro. Os dois
chifres do carneiro não eram iguais, pois um dos chifres era maior que o outro.
O maior representava Ciro, o persa (v.3) e o menor representava Dario, da
Média. Na cronologia histórica, Ciro sucedeu a Dario. Eventos importantes
aconteceram no período desses dois reis até que o carneiro foi vencido,
surgindo na visão de Daniel a figura de um bode que ataca o carneiro e o vence
(vv.5-7).
3.
A visão do bode (Dn 8.5-8). A figura do
bode, na mitologia do mundo de então, simbolizava o poder e a força. Na visão
de Daniel, o bode arremeteu contra o carneiro com muita força, ferindo-o e
quebrando os seus dois chifres. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal,
“o bode representava a Grécia, e seu grande chifre refere-se a Alexandre, o
Grande (8.21)”. O carneiro foi totalmente dominado e humilhado. Seus dois
chifres foram quebrados e, após isso, ainda foi pisoteado sem compaixão pelo
bode. Foi uma profecia de completa sujeição e derrota do império medo-persa
pelos gregos.
Nos versículos oito
e nove, a “ponta notável” se quebra e surge em seu lugar quatro outras pontas
(ou chifres). Esses quatro chifres menores representam os quatro generais que
assumiram o império grego depois da morte de Alexandre, o Grande.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A
visão do bode e do carneiro refere-se respectivamente aos impérios medo-persa e
grego.
II. O CHIFRE PEQUENO (Dn 8.9)
1.
A visão da ponta pequena. Na visão do
profeta Daniel, surge de uma das quatro pontas notáveis, “uma ponta mui
pequena” (v.9). Daniel percebeu que esta “ponta pequena” cresceu muito,
especialmente direcionada para a “terra formosa”, Israel. Essa “ponta pequena”
refere-se a Antíoco Epifânio que tornou-se um opressor terrível contra os
judeus. Ele surgiu da partilha do império de Alexandre e a ele coube o domínio
da Síria, Ásia Menor e Babilônia.
2.
A ultrajante atividade desse rei contra Israel (Dn 8.10,11). Os versículos dez e onze falam das ações
ultrajantes do “pequeno chifre” contra o povo de Deus, profanando o santuário
de Israel e tentando acabar com o “sacrifício contínuo” que Israel fazia ao
Senhor.
3.
A purificação do santuário (Dn 8.14). Segundo
a história, a purificação do santuário ocorreu três anos e dois meses depois de
o altar do Senhor ter sido removido por Antíoco. Deus é bom e misericordioso.
Mesmo seu povo sendo infiel, Ele iria purificá-los e restaurá-los.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O
chifre pequeno de Daniel 8.9 refere-se à Antíoco Epifânio, um opressor cruel e
terrível contra Israel.
III. ANTÍOCO EPIFÂNIO, O PROTÓTIPO DO ANTICRISTO
1.
Antíoco Epifânio. Por ora basta dizer que este
foi um rei da dinastia Selêucida (Babilônia e Síria) que perseguiu os judeus de
Jerusalém e da Judeia. Trata-se do rei de cara feroz descrito no versículo
vinte e três. Este monarca cometeu tantas atrocidades contra o povo de Deus,
que muitos o veem como um tipo do Anticristo.
2.
A visão do anjo Gabriel (Dn 8.16). O
“Gabriel” mencionado no versículo dezesseis é um anjo que o Senhor enviou com o
propósito de explicar a Daniel a visão. Esse mesmo Gabriel também foi enviado a
Zacarias e, igualmente, a Maria, para anunciar o nascimento de Jesus (Lc
1.1-38). Como veremos, no capítulo nove ele aparece novamente a Daniel.
3.
O tempo do fim (Dn 8.17). Segundo a Bíblia
de Estudo Aplicação Pessoal, “o fim do tempo”, neste caso é uma alusão a
todo o período entre o final do exílio e a segunda vinda de Cristo. Os
governantes e impérios vistos por Daniel no capítulo oito já não existem mais.
Homens como Alexandre e Epifânio morreram e seus impérios chegaram ao fim, pois
os reinos deste mundo são efêmeros. Somente um reino nunca terá fim — o reino
do Messias: “O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o
céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno,
e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (Dn 7.27).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Por
perseguir os judeus em Jerusalém e na Judeia, por cometer tantas atrocidades
contra o povo de Deus, Antíoco Epifânio é considerado por muitos estudiosos um
tipo do Anticristo.
CONCLUSÃO
Deus é soberano e a
história do mundo faz parte dos seus desígnios. Ele conhece toda a história,
começo e fim. O futuro do homem e do mundo está sob o olhar do Altíssimo.
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário
Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2009.
SILVA, Severino Pedro. Daniel Versículo por Versículo: As visões para estes últimos dias. 13ª Edição. RJ: CPAD, 2005.
STAMPS, Donald C. (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. RJ: CPAD, 1995.
SILVA, Severino Pedro. Daniel Versículo por Versículo: As visões para estes últimos dias. 13ª Edição. RJ: CPAD, 2005.
STAMPS, Donald C. (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. RJ: CPAD, 1995.
EXERCÍCIOS
1. Quais
são os dois animais da visão do capítulo oito?
R. O carneiro e o bode.
2. O
carneiro simbolizava qual império?
R. O império medo-persa.
3. O
que representava os dois chifres do carneiro?
R. Ciro, o persa; Dario da média.
4. A
ponta pequena do chifre refere-se a quem?
R. Essa “ponta pequena” refere-se à Antíoco Epifânio que tornou-se um
opressor terrível contra Israel.
5. Alguns
teólogos veem Antíoco como um protótipo de quem?
R. Protótipo do Anticristo.
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Histórico
“MEDOS,
MÉDIA
Em Isaías 13.17,18
e Jeremias 51.11,28, foi predito o papel que os medos iriam desempenhar na
queda da Babilônia, embora nessa época os persas estivessem dominando. Daniel
também atribui aos medos um papel importante na queda da cidade da Babilônia
(Dn 5.30,31). Talvez em 539 a.C. os exércitos de Ciro o Grande fossem dirigidos
por um Dario, o medo, que ‘ocupou o reino, na idade de sessenta e dois’ (v.31).
Entretanto, é difícil identificar esse Dario, o medo. O estudioso J. C.
Whitcomb Jr. acredita que era o Gubaru das Crônicas de Nabonido” (PFEIFFER,
Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe.RJ: CPAD,
2009, pp.1242-43).
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Histórico
“PÉRSIA
Os reis assírios
foram os primeiros a mencionar a Pérsia em seus relatos. Salmanaser III recebeu
tributo dos reis da Parsua em 836 a.C., Tiglate Pilaser III invadiu a Parsua em
737, e Senaqueribe lutou contra eles em Halulina em 681. Aquêmenes (Hakhmanish da
Pérsia) foi o ancestral epônimo que fundou a dinastia persa. Teispes, filho de
Aquêmenes, dois netos, Ariyaramnes e Ciro I, e um bisneto, Cambises, governaram
a terra natal, mas foram subordinados aos seus primos mais poderosos do norte,
os medos. A pátria deste povo de língua indo-europeia era chamada de Parsa, mas
eles a chamavam de Airyana, do sânscrito arya, ‘nobre’, e a partir daí o atual Irã. O país
situava-se a leste de Elão a partir do golfo Pérsico até o Grande Deserto de
Sal. Este povo passou pelo planalto do Irã e ocupou esta região no início do
primeiro milênio a.C.
Depois da queda de
Nínive, em 612 a.C., os medos controlaram todo o norte da Mesopotâmia. O
casamento de Cambises com a filha do rei medo Astíages, resultou no nascimento
de Ciro II. Este líder uniu as tribos persas e juntou forças com Nabu-na’id
(Nabonido) da Babilônia, em uma revolta contra os medos. Em pouco tempo, o
controle da Média caiu nas mãos de Ciro o Grande, em 547 a.C. ele venceu Creso,
o rei de Lídia que governava a Anatólia ocidental.
Ciro não fez uma
mudança radical quando tomou os reinos dos caldeus, mas instituiu reformas.
Colocou o templo da Babilônia sob sua própria administração, mas teve uma
atitude iluminada em relação às religiões que eram diferentes da sua. Os judeus
exilados não foram os únicos a receber liberdade religiosa e voltar para a sua
terra natal” (PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico
Wycliffe. RJ: CPAD, 2009, pp.1515-16).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
O
prenúncio do Tempo do Fim
O oitavo capítulo
de Daniel retrata os impérios Medo-Persa e Grego respectivamente. O carneiro de
dois chifres representa o império Medo-Persa. O Bode é figura do império Grego
e o grande chifre do bode refere-se a Alexandre Magno, o mais célebre conquistador
do Mundo Antigo.
Alexandre humilhou
o império Medo-Persa sem compaixão e piedade. Representado pelo grande chifre
do bode que foi quebrado, o imperador grego morreu prematuramente. A visão de
Daniel apresenta mais quatro chifres que cresceram no seu lugar. Eles
representavam os quatro generais que dividiram o império Grego em quatro
regiões, após a morte de Alexandre, isto é, Macedônia, Ásia Menor,
Síria-Babilônia e Egito. Entretanto, desses quatro chifres cresceu um pequeno
chifre que foi visto na figura de Antíoco Epífanes, o rei da Dinastia Selêucida
que governou a Síria entre 174 e 164 a.C.
Antíoco Epífanes
atacou as quatro regiões e suas respectivas potências militares. A história
confirma também o assassinato do sumo-sacerdote judeu Onias em 170 d.C. e a
profanação do templo de Jerusalém. Daniel teve uma visão extensa e assustadora
ao ponto de lhe tirar a força física para fazer as coisas mais básicas da vida.
Mas era uma visão que devia ser guardada em segredo. Muitos estudiosos
concordam que o capítulo oito de Daniel traz um testemunho de uma profecia
histórica que se cumpriu parcialmente. A história teria testemunhado os
acontecimentos que os santos profetas, sem os conhecerem de antemão,
profetizaram em nome do Senhor. É bem verdade que o nosso Deus zela pela sua
Palavra.
A Bíblia diz que o
espírito do anticristo opera no mundo. De acordo com a crueldade, a ignomínia e
a covardia de Antíoco Epifânio muitos estudiosos o relacionam como um tipo do
Anticristo de que fala o Novo Testamento. Mas enquadrá-lo como Anticristo ainda
passa por especulação. Todavia, o que deve alegrar o crente são as vidas que
abrem os olhos espirituais e percebem por si mesma o benefício de crermos na
graça preciosa e suficiente de Deus, o nosso bendito e eterno Pai.
Aproveite a aula de
hoje para mostrar aos alunos como o nosso Deus relaciona-se com o Seu povo
escolhido. Somos a igreja de Deus, um povo escolhido e chamado por Ele para
anunciar as boas novas da vida eterna. Não permita que o seu aluno deixe a aula
sem este esclarecimento: o de que o Senhor, através do Seu Filho Jesus, e na
força do Espírito Santo, tem cuidado de nós.
SUBSIDIOS
O Prenúncio
do Tempo do Fim
“O tempo do fim não o fim do mundo, mas é o tempo de
tratamento de Deus com o povo de Israel, que serve de sinal da vinda de
Cristo”. Dn 8.1-27.
Se fizermos uma digressão ao conteúdo dos capítulos 2 ao
"***" 7, Daniel apresenta a história e profecia relacionadas
diretamente com as nações gentílicas. Nos capítulos 3 e 6 a história ganha um
sentido especial porque fala da vitória do remanescente judeu contra as
influências pagãs. O capítulo 4 é um testemunho que o Rei Nabucodonosor faz
acerca da sua experiência que o levou a tornar-se insano e agir como um animal
do campo, fruto do juízo da parte de Deus, que por fim o restaurou da sua
insanidade mental. No capítulo 5, temos a queda do Império Babilónico, por
ocasião da festa de Belsazar. Nesta festa, com a profanação dos vãos sagrados
do templo de Jerusalém, Deus intervém na festa e sua mão escreve na parede do
salão de festas a sentença de juízo contra o Império Babilónico. No capítulo 6,
a história de Daniel na cova dos leões é inserida na história que o profeta
quis contar, mas que o fato havia acontecido 60 anos depois, no primeiro ano do
reinado do rei Dario, o medo, aproximadamente no ano 539 a. C. Daniel teve o
propósito de enfatizar a fidelidade em meio a desobediência civil ante leis e
decretos que tinham como objetivo se opor ao Deus de Daniel.
Ao chegar ao capítulo 7, Daniel dava início à segunda parte
do livro. A partir de então, as visões foram específicas a Daniel, tratando do futuro do seu povo (Israel) e das nações
do mundo representadas pelas figuras dos quatro animais com caraterísticas
diferentes que lembram as figuras mitológicas do mundo pagão. Neste capítulo
temos a segunda visão de Daniel. No capítulo 7 aparecem os quatro animais
representativos dos impérios que governaram o mundo de então, mas que
prefiguravam o juízo e o estabelecimento do reino de Deus na terra num tempo
especial. Neste capítulo, Deus revela a Daniel o futuro desses impérios por
meio de sonhos.
Chegamos ao capítulo 8, quando Deus revela o destino desses
impérios por meio de uma visão que tem um caráter particular. Neste capítulo,
Deus mostra a Daniel a queda dos dois últimos Impérios, o Medo-persa e o Grego,
representados pelas figuras de outros animais: um bode e um carneiro. Os mesmos
impérios tratados no capítulo 7 e representados pelo Urso (7.5) e pelo Leopardo
(7.6) ganham um sentido especial e particular no capítulo 8. Os dois outros
animais, com caraterísticas especiais eram um carneiro (8.3,4) e um bode
(8.5-9). Ambos eram animais poderosos, mas foram destruídos, porque ninguém
prevalece contra o Cetro de Deus.
Chama atenção a partir do capítulo 8 a mudança de idioma
utilizado por Daniel. Nos capítulos 2 ao 7, o idioma do texto foi o aramaico
dos gentios, no qual Deus trata diretamente com as nações gentílicas. Nos capítulos
8 ao 12, o idioma foi o hebraico, porque a visão dizia respeito,
essencialmente, ao povo judeu, sob o domínio desses impérios mundiais.
Porém, no capítulo 8, Deus revela a Daniel as caraterísticas
dos dois Impérios, o Medo-persa e o Grego, representados por dois animais, “o
carneiro e o bode”. Os elementos históricos da profecia tiveram seu cumprimento
no passado; porém, algumas caraterísticas desses dois impérios personificam o
futuro de Israel e o que acontecerá no “tempo do fim”(Dn 8.19).
I - ASPECTOS GERAIS DAS VISÕES DE DEUS A DANIEL
Nos tempos antigos a linguagem figurada era utilizada,
especialmente, pelos povos pagãos. A cultura da época ilustrava valores e
aspectos humanos através de componentes da natureza, do mundo animal. Neste
capítulo, o escopo é menos abrangente, mas não menos importante, porque a visão
tem apenas dois animais que surgem poderosos e ultrajantes pelo poder de
violência e destruição que promovem. Nesta visão, Deus mostra a Daniel esses
dois animais que representavam força, energia, autoridade, poder e perspicácia
na invasão das nações e no domínio sobre os reis vencidos.
A visão dada a Daniel (8.1).
O texto literalmente diz: “apareceu-me, a mim, Daniel”.
Daniel estava, de fato, distinguindo as visões dadas a Nabucodonosor nas quais
ele foi apenas o intérprete das visões pessoais que Deus lhe deu. O caráter das
visões concedidas a Daniel era moral e espiritual, enquanto que, as visões
dadas a um rei pagão tinha um caráter material e político. Sonhos e visões são
vias pelas quais Deus revela a sua vontade, mas não são únicas maneiras de Deus
falar.
A data da visão (8.1).
Não há uma data certa, mas aproximada, quando os estudiosos entendem
que o ano primeiro seja 541 a.C., e o ano terceiro teria que ser 539 a.C., que
foi o ano da tomada da Babilônia pelos medos e persas. O texto indica que
Daniel estava em Susã, capital da província de Elão.
O local da visão (8.2).
O texto declara que Daniel se viu junto ao rio Ulai: “vi,
pois, na visão, que eu estava junto ao rio Ulai”. Alguns comentaristas seguem a
ideia de LeonWood que entende que Daniel não esteve fisicamente em Susã, mas
que foi transportado em espírito junto ao rio Ulai para ter essa visão. Não há
necessidade de discutir se esteve realmente em Susã ou não. O que importa é que
Deus estava dando a Daniel uma visão que retratava ascensão e queda dos dois
impérios que aparecem na visão como o carneiro e como o bode. Posteriormente,
esse rio mudou seu curso e se dividiu em dois outros rios, identificados como
os rios Karon e Kerkah.
II - A VISÃO DE DOIS ANIMAIS - O CARNEIRO E O BODE
Deus, em sua infinita sabedoria, utiliza elementos da
cultura que prevalecia nos dias de Daniel, mesmo que ele não precisasse de
figuras mitológicas para entender as verdades divinas. Deus utiliza as figuras
mitológicas do mundo animal para dar a Daniel uma visão ampla sobre dois
impérios que viriam e que fariam parte da estratégia divina para revelar a
Israel a soberania de Deus sobre todas as nações.
A visão do Carneiro (Dn 8.3,4,20).
Na visão, Daniel estava diante do rio Ulai e, de repente,
surge na visão um carneiro doméstico, mas que era audacioso e estava “diante do
rio”. O carneiro era forte e tinha dois chifres, um maior que o outro. Esse
carneiro simbolizava o Império Medo-persa que era o símbolo da aliança imperial
dos medos e dos persas (Dn 8.20).
Os dois chifres “o qual tinha duas pontas; e as duas pontas
eram altas, mas uma era mais alta do que a outra“ (8.3). Na versão ARC, a
expressão fala de duas pontas que são traduzidas em outras versões como dois
chifres. Portanto, o.s dois chifres do carneiro são os dois reis da Média e da
Pérsia. Segundo os historiadores, no caso dos persas, os seus reis sempre
levavam como emblema uma cabeça de carneiro em ouro sobre a cabeça deles,
principalmente quando passavam em revista os seus exércitos. De acordo com a
história, a princípio, os medos haviam prevalecido na guerra contra a Babilônia
e teve Dario como o primeiro governante daquela união entre a Média e a Pérsia.
Porém, logo os persas prevaleceram em força e Ciro tornou-se o rei do império.
O carneiro, com seus dois chifres, representado pela união da Média e da
Pérsia, identificado como o Império Medo-persa venceu e derrotou o Império
Babilónico quando Belsazar estava no poder. No mesmo dia em que Belsazar zombou
dos vasos sagrados da Casa de Deus trazidos do Templo de Jerusalém. Nota-se que
há uma repetição do predito na visão do capítulo 7 sobre o segundo e o terceiro
impérios, porém, Deus, com uma maneira especial de aclarar a mente de Daniel
mostrou a ele o que estaria fazendo no futuro desses impérios e com o próprio
povo de Israel. Os dois chifres do carneiro são destacados, tendo um dos
chifres maior que o outro. O chifre maior (“o mais alto”) representava Ciro, o
persa (8.3) e o chifre menor representava Dario, da Média.
Marradas do Carneiro, “vi que o carneiro dava marradas para
o ocidente e para o norte, e para o meio dia” (8.4) — São três direções
audaciosas do carneiro dando marradas, isto é, dando coices com violência para
se sobrepor. Interpretando o termo “marrada”, no contexto dessa visão, Daniel
percebe que o carneiro com seus dois chifres, representado pelo Império
Medo-persa, quando batalhou contra Nabonido, pai de Belsazar, da Babilônia, foi
um animal violento e dominador. Suas marradas foram fortes e capazes de
suplantar a força militar da Babilônia. As três direções das marradas do
carneiro abrangia todos aqueles países adjacentes que envolviam a Babilônia,
Lídia e o Egito, Palestina e outros mais das cercanias do Oriente Médio. Estas
três regiões lembram e se comparam literalmente à figura das “três costelas” na
boca do urso que Daniel viu em sua visão no capítulo 7.5. As duas visões tratam
das mesmas conquistas dos medos e persas. No capítulo 7, os me- dos-persas são
representados pelo urso e no capítulo 8.4, eles são representados pelo
carneiro. O que Deus queria mostrar a Daniel diferia apenas quanto aos aspectos
político do mundo de então e os aspectos moral e espiritual que envolveria esse
Império.
(8.4) A força do Carneiro — “e nenhuns animais podiam estar
diante dele, nem havia quem pudesse livrar-se da sua mão”.
Na cultura persa, a figura do carneiro era muito popular.
Esse animal é sempre referido ao macho das ovelhas. Simboliza força e bravura
na defesa da sua família. Seus chifres são símbolos do poder de domínio e
autoridade do carneiro para defender seu rebanho. O símbolo mais importante dos
medos-persas era a cabeça de ouro de um carneiro que fazia parte da coroa real,
do peitoral de bronze dos guerreiros nas grandes batalhas. Na cronologia
histórica, Ciro sucedeu a Dario. Eventos importantes aconteceram no período
desses dois reis até que o carneiro é vencido e, surge na visão de Daniel a
figura de um bode que ataca o carneiro e o vence (8.5-7).
A visão do bode.
“eis que um bode vinha do ocidente sobre a terra, mas sem
tocar no chão”
(8.5). A figura do bode, na mitologia do mundo de então
tsignifica- va poder, força e ousadia. Velocidade e mobilidade são
caraterísticas desse animal que lembram a cabra montês que salta em montanhas
de pedra com firmeza e sem resvalar. O bode é um animal que vive em regiões
rochosas e inóspitas. O texto diz que “o bode” tinha uma velocidade que nem
“tocava o chão”. Está se referindo a Alexandre, filho de Felipe da Macedônia,
que surgiu com força incrível e com grande mobilidade para conquistar o mundo,
a partir da conquista do Império Medo-persa que não se conteve diante dele.
Quando surgiu o bode no espaço que o carneiro dominava, lançou-se contra o
carneiro com muita força e domínio, ferindo-o e quebrando, de imediato, os dois
chifres. O poder de Dario e Ciro caiu e foi usurpado pelo poder simbólico do
bode que representava o Império Grego.
“vinha do ocidente sobre toda a terra” (8.5). Esse bode
vinha do Ocidente com tanta velocidade e força que os seus pés não tocavam o
chão. Na realidade, o ocidente é chamado “o poente” da Média e da Pérsia. Em
334 a.C., Alexandre, cruzou um famoso estreito entre os mares Negro e Egeu e
com a força militar que tinha foi avançando até o Oriente e derrotou os exércitos
dos medos e persas. Por uns dois ou três anos seguintes, Alexandre,
definitivamente conquistou o Império Medo-persa por volta de 331 a.C.
III - IDENTIFICAÇÃO DO CHIFRE NOTÁVEL (Dn 8.5-9)
“aquele bode tinha uma ponta notável entre os olhos” (8.5).
Ele tinha um chifre no meio de sua testa. Era o Império Grego através de
Alexandre, o Grande, que, com seus exércitos, suplantavam tudo e agiam com
muita rapidez. O carneiro foi totalmente humilhado. Seus dois chifres foram
quebrados e o carneiro foi pisoteado sem compaixão pelo bode. Foi uma profecia
de completa sujeição e derrota do Império Medo-persa pelos gregos. Daniel vê em
sua visão que “o bode” vinha do Ocidente com muita força e rapidez e
representava o novo Império, o Grego.
Quem era a “ponta notável”? (8.5)
Daniel vê em sua visão que o bode tinha “umaponta notável”,
isto é, o bode tinha “um chifre no meio dos olhos” que chamava a atenção e,
histórica e profeticamente estava se referindo ao líder mundial que ficou
conhecido como, Alexandre, o Grande. Sob seu comando, representado pelo bode,
quando deparou-se com o carneiro, quebrou os dois chifres do carneiro (Média e
Pérsia). Na visão de Daniel, o bode demonstrou ter uma força superior ao do
carneiro. Esse bode era, não só constituído de força e violência, mas tinha uma
mobilidade ímpar. Esse “chifre notável” tornou-se, portanto, o grande
conquistador por um espaço curto de tempo. Ele, Alexandre, era filho de Felipe
da Macedonia, o qual fora educado aos pés do grande sábio grego Aristóteles.
Ele nasceu na Macedonia em 356 a.C. Era de uma inteligência avançada para o seu
tempo. Quando tornou-se o grande comandante das milícias gregas, a começar pela
Macedonia, Alexandre demonstrava perspicácia e tenacidade ante os seus
liderados. Ele era capaz de convencer seus liderados, generais e soldados, a
superarem suas forças para conquistarem terras e mais terras.
(8.6,7) A violência do bode unicórnio. Era um animal
unicórnio por causa do “chifre notável” que tinha sobre a fronte. O texto diz
que esse bode investiu com todas as forças sobre o carneiro e quebrou, de
imediato, os dois chifres do carneiro. Ciro e Dario foram quebrados, e a união
da Média e da Pérsia foi suprimida pela força desse bode, ou seja, o Império
Grego que sucedeu ao medo-persa.
O chifre notável é quebrado repentinamente - “mas, estando
na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada” (8.8) - Quando Alexandre
gozava do maior prestígio que um grande rei podia experimentar, no auge de sua
glória militar e política, o jovem conquistador perdeu a vida de modo
misterioso no ano 323 a.C. A profecia que Deus deu a Daniel uns 200 anos antes
se cumpriu cabalmente na vida de Alexandre, o Grande.
IV-A DIVISÃO DO IMPÉRIO GREGO EM QUATRO PARTES
“e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os
quatro ventos do céu” (8.8). O cenário muda completamente com a morte de Alexandre, o Grande. Seus quatro principais
generais de guerra surgem como “quatro pontas notáveis no lugar da “ponta
(chifre) notável”. Esses quatro chifres menores, porém, notáveis, representam
os quatro generais que assumiram o Império Grego depois da morte de Alexandre,
o Grande. Os quatro chifres que surgem em lugar do chifre notável são
representados pelas quatro cabeças do leopardo de Daniel 7.6. Como já tratamos
no capítulo 7 da identificação dessas quatro divisões do Império Grego, apenas
as citamos pelos generais Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu,
aproximadamente no ano 301 a.C.
Surge mais uma ponta pequena no cenário profético — “E de
uma delas saiu uma ponta (chifre) mui pequena, a qual cresceu...” (8.9). Não
devemos confundir esse “chifre pequeno” com o chifre pequeno de Daniel 7.8,
20,21, 24,26. Note que “o chifre pequeno” da Daniel 7.8 surgiu entre os 10
chifres do “animal terrível e espantoso” que se refere ao Império Romano.
Porém, na visão de Daniel no capítulo 8, “o chifre pequeno” surge de um dos
quatro chifres do bode, e diz respeito a um líder cruel da família de Seleuco,
da Síria. Esse personagem é identificado, histórica e profeticamente, como
Antíoco Epifânio.
Na visão, Daniel o vê surgir como “uma ponta mui pequena”.
Porém, esta “ponta pequena” cresceu muito, especialmente direcionada para a
“terraformosa”que se tratava de Israel.Antíoco Epifânio, da família dos
selêucidas ficou conhecido como Antíoco IV e tornou-se um opressor terrível
contra Israel. Ele surgiu da partilha do império de Alexandre e a ele coube o
domínio da Síria, Ásia Menor e Babilônia, cuja capital era Antioquia.
Outrossim, esse “chifre pequeno” de Dn 8.9 não pode ser
confundido, também, com a “ponta pequena” de Dn 8.5 que refere- se a Alexandre,
o Grande. Já dissemos que “a ponta pequena” do animal terrível e espantoso de
Dn 7.8 não é a mesma do capítulo 8.5,9. Porém, no texto de Dn 8.9 essa “ponta
pequena” de Dn 8.9, refere-se a esse personagem identificado como Antíoco
Epifânio, (175 a 167 a.C.). Ele causou tantos males e destruições na “terra
formosa”(Dn 8.9) que pode ser um tipo do futuro Anticristo, ou a Besta de Ap 13.2. Ele quis exterminar com o
povo judeu e sua religião, chegando ao ponto de proibir o culto dos judeus a
Jeová.
A ultrajante atividade desse Rei contra Israel (Dn 8.10-14).
Os versículos 10 e 11 falam das ações ultrajantes do
“pequeno chifre” contra o povo de Deus, profanando o santuário de Israel e
tentando acabar com o “sacrifício contínuo” que Israel praticava ao Senhor. Ele
teve a audácia de profanar o santuário sacrificando um porco, animal imundo,
para a liturgia judaica, além de assassinar mais de cem mil pessoas de Israel.
Nos desígnios divinos, Israel estava esquecido por Deus, mas tudo isto fazia
parte dos juízos contra as prevaricações de Israel. A seu tempo, Deus
restauraria essa situação. Cada situação obedecia a um tempo predeterminado,
quando Israel experimentaria, não só o juízo divino mas também a sua
misericórdia, conforme declara a sua palavra que “as misericórdias do Senhor
são a causa de não sermos consumidos”(Lm 3.22).
“e ouvi um santo que falava” (8.13). E interessante que
Daniel notou que dois seres angelicais teceram um diálogo entre si. No Antigo
Testamento, a atividade dos anjos de Deus era mais forte para comunicar a
mensagem de Deus aos seus servos. Alguns comentadores, entendem que poderia
ser, um deles, o anjo Gabriel, o mesmo que apareceu a Daniel junto ao rio Ulai
(Dn 8.16). O outro anjo que conversava não é identificado por um nome, mas, do
ponto de vista da angelologia, é perfeitamente aceitável. No diálogo entre os
dois seres angelicais, um deles pergunta: “Até quando dumrá a visão do contínuo
sacrifício e da transgressão assoladora”? Esse sacrilégio contra o Templo de
Israel se cumpriu através desse profano Antíoco Epifa- nio. Sem dúvida, seu
personagem profético lembra a blasfêmia do pequeno chifre de Daniel 7.8,24,25;
9.27; 11.36-45 e 12.11. Todas essas referências proféticas indicam o que vai
acontecer no futuro, no período da Grande Tribulação, provocada pelo
Anticristo.
O tempo de sofrimento de Israel — “Ele me disse: Até duas
mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (8.14). O tempo
de sofrimento de Israel é revelado a Daniel com linguagem especial ao
estabelecer um tempo de “2.300 tardes e manhãs “ que, literalmente, referem-se às atrocidades de
Antíoco Epifânio num período de 171 a 165 a. C. No versículo 14 o Senhor revela
que, depois daquele período de sofrimento, Ele haveria de purificar o
santuário. Essa promessa implica na limpeza da profanação imposta por esse
líder cruel contra a Casa de Deus. Os judeus até hoje fazem a celebração da
purificação, ou seja, a Festa de Hannakah, que lembra a festa da purificação.
V - ANTÍOCO EPIFÂNIO, O PROTÓTIPO DO ANTICRISTO
A visão do anjo Gabriel (Dn 8.15-18).
“E havendo eu, Daniel, visto a visão, busquei entende-la”
(8.15). Essa atitude de Daniel nos estimula a estudar a profecia com cuidado e
desvelo. Buscar entender uma escritura bíblica requer de quem a deseja,
dedicação e respeito ao que o texto quer dizer. Não dá direito de interpretação
aleatória, ou seja, interpretação especulativa.
“se me apresentou diante uma como semelhança de homem”
(8.15). O contexto bíblico não deixa dúvidas de que se tratava de um ser
angelical que tomou a forma de um homem para falar com Daniel. Os anjos são
seres espirituais sem forma qualquer. Por isso, eles podem tomar a forma que
for necessária para comunicar a Palavra de Deus. Subtende-se, mais uma vez, que
podia tratar-se do anjo Gabriel que se manifesta numa forma humana, a de um
homem. Ele se comunica com Daniel e o trata por “filho do homem”. Não devemos
confundir essa aparência angelical com uma teofa- nia (manifestação da divindade
em forma humana). Neste caso em especial se trata apenas de um ser angelical
com forma de homem, para poder comunicar racionalmente com Daniel. O anjo
Gabriel comunicou de forma objetiva ao explicar toda a visão que Daniel tivera,
distinguindo aspectos históricos e aspectos escatológicos.Ele anuncia a Daniel
que a visão se cumpriria no “tempo do fim” (8.19).
Antíoco é o protótipo do Anticristo.
A expressão “tempo do fim” se refere a uma época
escatológica, isto é, aponta para um tempo futuro. Do mesmo modo como a profecia dizia respeito aos impérios
medo-persa e o grego que já passaram (8.20-23), também, esta mensagem tem uma
dupla referência profética. Se Antíoco Epifânio, demonstrou caraterísticas de
crueldade e destruição contra Israel, no futuro, surgirá outro governante
mundial, que promoverá grandes males ao povo de Israel e ao mundo, até que
Jesus Cristo, em sua vinda pessoal, desça para desfazer o poder desse
personagem, o Anticristo.
A visão dada a Daniel concentrou-se essencialmente no
personagem de Antíoco Epifânio, porque na mente de Deus, a visão apontava,
também, para outro personagem que haveria surgir no futuro com as mesmas
caraterísticas de Antíoco Epifânio, e chamaria “homem do pecado”, “Anticristo”,
“a Besta”(2 Ts 2.9; Ap 13.2,3). Esse personagem escatológico aparecerá tão
somente no período da Grande Tribulação quando a Igreja não mais estará na
terra, porque, antes que o Anticristo apareça, a igreja de Cristo será
arrebatada (1 Co 15.51,52).
“E eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias”
(8.27). Quando Daniel teve essa visão já tinha quase 90 anos de idade.
Naturalmente, sua estrutura física e emocional estava enfraquecida. A magnitude
da visão foi tal que Daniel não teve mais forças para suportar tudo aquilo que
Deus estava lhe mostrando. Naturalmente, toda aquela visão requereu dele, um
estado de êxtase espiritual que, quando voltou ao normal, não tinha forças para
ficar em pé. O mesmo aconteceu com João, na Ilha de Patmos.
Nos versículos 26,27 a visão ganha importância porque a
ninguém mais foi revelado o futuro como a Daniel.
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