GENESIS CAPITULO 3
Gn 3:1 Ora, a serpente era mais astuta que todas as
alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É
assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?
3.1 — A serpente surge de repente no paraíso. Esta é a primeira dica de coisas e seres que já existiam além
do lugar onde se encontravam Adão e Eva. A serpente simboliza algo
tanto sedutor quanto repugnante. Ainda assim, nem Adão nem Eva conseguiram
enxergar o perigo encarnado na serpente. 1b.
Deus realmente disse ... Satanás
polidamente manobra Eva para o que pudesse parecer uma discussão teológica
sincera, porém subverte a obediência e distorce a perspectiva ao enfatizar a
proibição de Deus, não sua provisão, reduzindo a ordem divina a uma questão:
pondo em dúvida sua sinceridade, difamando seus motivos e negando a
fidedignidade de sua ameaça.
Gn 3:2 E disse a mulher à serpente: Do fruto das
árvores do jardim comeremos,
3.2 — Do fruto das árvores do jardim comeremos. Eva repetiu as palavras positivas de Deus (Gn 2.16).
Gn 3:3 Mas do fruto da árvore que está no meio do
jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais.
3.3 — Eva sabia que havia uma árvore que estava
fora dos limites os quais lhes era permitido chegar. Esta se encontrava no meio
do jardim. As palavras de Eva demonstravam que ela e Adão conheciam plenamente
a ordem de Deus; estavam cientes da instrução que haviam recebido [e, portanto,
estariam pecando, caso desobedecessem a ela].
Gn 3:4 Então a serpente disse à mulher: Certamente
não morrereis.
3.4 — Pela primeira vez, vemos a mentira de Satanás, quando ele usa a serpente para dizer a Eva que, se
ela e o homem desobedecessem a Deus, certamente não morreriam. Mentir foi a postura
de Satanás desde o início (Jo 8.44). A serpente negou abertamente a verdade que
Deus havia dito. Agindo assim, ela chamou Deus de mentiroso. Certamente morrerão. Tentando remover os temores de
Eva, a serpente contradiz a palavra de Deus (2.17).
Gn 3:5 Porque Deus sabe que no dia em que dele
comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.
3.5 — Usando o argumento de que Deus tinha um
motivo oculto [impedir que o ser humano fosse igual a Ele] para ordenar que o
homem e a mulher não comessem do fruto proibido, a serpente apelou para a
cobiça de Eva, prometendo: É certo que não morrereis. A completude e a sabedoria de Deus eram apenas
duas das muitas razões de Sua superioridade e distinção em relação às Suas
criaturas, inclusive o ser humano. A serpente sabia disto, contudo associou
todo o conhecimento de Deus à ingestão de um fruto, em uma apelação audaciosa à
vaidade de Eva.
Gn 3:6 E viu a mulher que aquela árvore era boa
para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento;
tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
3.6 — Note o paralelo com Génesis 2.9. Esta árvore era
como as outras árvores. Era boa para se comer e atraente aos olhos. Estas
palavras sugerem que esta foi a primeira vez que Eva considerou um motivo para
desobedecer à ordem de Deus. Não havia nada na árvore que parecesse venenoso ou
prejudicial, e ela ainda era desejável. A_ questão era: continuar obedecendo ou
desobedecer ao comando de Deus. Eva tomou do seu fruto, e comeu. Uma vez que
ela desobedeceu a Deus, tudo mudou. Note, entretanto, que Paulo, em Romanos 5.12,
fala do pecado como sendo de Adão, e não de Eva. Isto porque ela deu também a
seu marido, e ele comeu com ela. Adão pecou deliberadamente, sem ter sido ludibriado
pela serpente. Ele sequer titubeou ou fez qualquer pergunta, embora soubesse tão
bem quanto a mulher que aquele fruto era proibido. Assim, Adão e Eva
demonstraram falta de confiança no Senhor, pecaram e infligiram essa marca em
todos os seus descendentes. ele
comeu. O homem
decide obedecer à sua esposa, não a Deus(ver 3.17). Então, o mundo mudou.
Gn 3:7 Então foram abertos os olhos de ambos, e
conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si
aventais.
3.7 — Esta é a pior realidade sobre um habilidoso enganador: sua mentira costuma vir misturada com a verdade.
Em certo sentido, a serpente estava certa; o homem e a mulher, após comerem do
fruto proibido, conheceriam o bem e o mal (v. 5). Então, foram abertos os olhos
de ambos, e conheceram que estavam nus. Ironicamente, seus olhos se abriram
trazendo-lhes vergonha.
Gn 3:8 E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava
no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do
SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.
3.8. O SENHOR Deus que andava
pelo jardim. O
Jardineiro não abandonou seu jardim. A prova de amor é a indisposição de
abandonar o objeto do amor, mesmo quando o amor falha em preencher seu desejado
fim. soprava a brisa do dia. Literalmente equivale a “vento” ou
“espírito” do dia. O vento/espírito é o símbolo da presença de Deus (ver 1.2). esconderam-se.
Suas ações são uma implícita admissão de culpa.
Gn 3:9 E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe:
Onde estás?
3.9-13. Onde? ... Quem? ... O
quê? Deus modela
a justiça. O Rei justo não impetrará a sentença sem cuidadosa investigação (cf.
4.9, 10; 18.21). Embora seja onisciente, Deus lhes interroga, induzindo-os a
confessar sua culpa. Deus, por Sua grande misericórdia, não os destruiu. Ele
os chamou para conversar com eles (v. 10-12). A misericórdia divina vai muito além
do que podemos imaginar. Caso contrário, o homem e a mulher teriam sido
exterminados imediatamente.
Gn 3:10 E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim,
e temi, porque estava nu, e escondi-me.
3 .10 — [A resposta de Adão à pergunta de Deus onde estão? foi: ] Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque
estava nu, e escondi-me. Eles não só não tinham se tornado como Deus, mas
também haviam se afastado dele. fiquei
com medo. Ações
motivadas pelo medo não são motivadas pela fé e por isso não agradam a Deus.
Gn 3:11 E Deus disse: Quem te mostrou que estavas
nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?
3.11 — E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu?
Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses 0 Senhor levou o
interrogatório até o final e fazendo pergunta após pergunta.
Gn 3:12 Então disse Adão: A mulher que me deste por
companheira, ela me deu da árvore, e comi.
3.12 — A mulher que me deste por companheira, ela
me deu da árvore, e comi. A primeira coisa que o homem culpado faz para se
defender é acusar. Adão acusou sua mulher de induzi-lo a comer o fruto proibido
e ainda culpou Deus por tê-la criado e dado a ele como companheira. (Em
contrapartida, veja a resposta de Davi a Natã em 2 S amuel 12.13. Em outras
palavras, Davi diz: “Eu pequei contra o Senhor. Eu sou o culpado, e mais ninguém”.)
Gn 3:13 E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que
fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
3.13 — [Quando Deus interroga Eva, ela, seguindo a linha
de defesa de Adão, alega:] A serpente me
enganou, e eu comi. Esta afirmação é verdadeira. O casal revela sua aliança
com Satanás distorcendo a verdade e acusando um ao outro e, por fim, a Deus
(ver Tg 1.13). Estão preocupados com o “Eu”.
Gn 3:14 Então o SENHOR Deus disse à serpente:
Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os
animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua
vida.
3.14. à serpente. Satanás, que instigou a esse
mal, não é interrogado nem tem oportunidade de explicar-se. O juízo se refere a
ambos, a serpente e Satanás. Isso não significa que Deus tenha desculpado a
mulher, porque esta foi enganada, mas que Ele proferiu a maldição mais árdua
sobre Satanás disfarçado de serpente. A palavra traduzida como maldita [hb. ‘arar]
é usada somente para amaldiçoar a serpente e a terra (v. 17). A mulher e o
homem encarariam outra nova e dura realidade, mas eles não seriam amaldiçoados.
(Deus já os tinha abençoado em
Génesis 1.28). pó. Na Bíblia, isto simboliza
humilhação abjeta (Sl 44.25; 72.9) e derrota total (Is 25.12; Mq 7.17).
Gn 3:15 E porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás
o calcanhar.
3.15 Nesse versículo vemos que haveria luta entre
duas descendências: a do Messias e a da serpente. [Em João 8.37-47, Jesus
também faz menção à discórdia entre os filhos do diabo e os filhos de Abraão, o
pai da fé, a quem fora prometido um Descendente em quem seriam benditas todas
as famílias da terra (Gn 12.3).] Génesis 3.15 é chamado por alguns teólogos de
proto evangelho, porque neste texto, mesmo de forma indireta, Deus promete o
vindouro Salvador, o nosso Senhor Jesus Cristo, que destituiria Satanás de seu
poder e desfaria sua má obra, assim como um homem ao esmagar a cabeça de uma
serpente debaixo de seus pés. O Senhor estava mostrando
misericórdia mesmo quando Ele julgava (Gn 4.15). Ao ser crucificado e morrer,
Jesus foi ferido em Seu “calcanhar”, em Sua humanidade. Ele sofreu uma
terrível, mas temporária injúria (Jo 12—31; Cl 2.15). Contudo, foi fiel ao Pai
até o fim, ressuscitou em glória e derrotou nosso inimigo.
Desde então, Satanás foi oficialmente derrotado por Aquele
que é o primogénito da nova criação; um prenúncio da vitória que todos os
cristãos terão (Rm 16.20).
Gn 3:16 E à mulher disse: Multiplicarei grandemente
a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será
para o teu marido, e ele te dominará.
3.16 Essas palavras significam que a mulher sentiria
muitas dores na gestação e no parto (Gn 1.2; 4-12; 9.2; SI 9.2). Assim, o prazer
da mulher em conceber e dar à luz um filho seria um pouco ofuscado pela dor.
Gn 3:17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à
voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás
dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da
tua vida.
3.17.
a Adão. Como se dá com os outros, o castigo de Deus se ajusta ao delito.
Em resposta ao pecado de Adão de comer, o discurso de Deus para Adão faz menção
de “comer” não menos de cinco vezes (3.17-19). solo. A relação natural
do homem com o solo – o dominará – é revertido; em vez de submeter-se a ele, o
resistirá e eventualmente o deglutirá (ver Gn 2.7; Rm 8.20-22). A ecologia da
terra em parte depende da moralidade humana (Gn 4.12; 6.7; Lv 26; Dt 11.13-17;
28; Jl 1 e 2).
Gn 3:18 Espinhos, e cardos também, te produzirá; e
comerás a erva do campo.
3.18. espinhos e ervas daninhas. O desenvolvimento do que não é
comestível rouba a terra de plantas vitais de que as pessoas necessitam para
sua subsistência. A criação hostil que deve ser vencida pelo trabalho serve
como parábola para a hostilidade espiritual que deve ser vencida
pela
sabedoria celestial (ver Pv 24.30-34).
Gn 3:19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até
que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te
tornarás.
3.19.
ao pó voltará.
Ironicamente, transgredir as fronteiras divinamente ordenadas não traz ao homem
e à mulher a vida elevada que esperaram, mas, em vez disso, lhes traz o caos e
a morte. A morte física é tanto ruína quanto favor. Ela torna toda atividade
vã, porém livra os
mortais da eterna consignação à maldição e abre
caminho à salvação eterna que sobrepuja ao túmulo.
Gn 3:20 E chamou Adão o nome de sua mulher Eva;
porquanto era a mãe de todos os viventes.
3.20 — O nome Eva (hb. hawwâ) está relacionado com o
significado do verbo viver. Assim, Eva é a mãe de todos os viventes, de toda a
humanidade, assim como Adão é o pai.
Gn 3:21 E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher
túnicas de peles, e os vestiu.
3.21.
roupas. A “cobertura”
de Adão e Eva de 3.7 cobria apenas parte do corpo, inadequada para cobrir sua
vergonha. Agora, com o “sacrifício” de um animal, Deus confecciona para eles
túnicas que descem até os joelhos ou até
os tornozelos. Brueggemann explica: “Com a sentença proferida, Deus faz (3.21)
para o casal o que não podem fazer por si mesmos (3.7). Não podem resolver sua
vergonha. Deus, porém, pode, quer e faz.” com elas vestiu. Isto descreve
a imagem do terno cuidado de Deus pelo casal. Através de seu sacrifício, ele
restaura o casal alienado à
comunhão com ele e entre si. Com isso todos os sacrifícios que aparecem no Antigo
Testamento já apontavam para o fato de que um dia haveria o maior sacrifício de
todos: a morte vicária de Jesus, para o perdão de todos os nossos pecados e a
nossa libertação do jugo de Satanás.
Gn 3:22 Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem
é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e
tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente,
22.
um de nós. A melhor explicação da primeira pessoa
plural é que Deus está se referindo à corte celestial. Concernente ao
conhecimento do bem e do mal, Adão e Eva são agora como os demais seres
celestiais. Parece improvável que Deus esteja se referindo só a si próprio (2Sm
14.17). e viva para sempre. Em seu fracasso, a humanidade não
participaria da imortalidade. A morte é tanto juízo quanto livramento. Eles se
fizeram culpados para com o Senhor por causa de sua desobediência. Assim, o
conhecimento de Adão e Eva do bem e do mal não os fez sábios,
mas tolos.
Gn 3:23 O SENHOR Deus, pois, o lançou fora do
jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.
3.23 — O homem tinha sido criado por Deus, sendo colocado
dentro do jardim do Éden (Gn 2.5-8, 15), com a tarefa de lavrá-lo e protegê-lo.
Após pecar, o homem é mandado embora de lá e enviado a cultivar o solo do qual
fora tirado (Gn 2.5; 3.17-19). Assim Deus purifica seu templo-jardim (cf. Jo
2.12- 17; Ap 21.27).
Gn 3:24 E havendo lançado fora o homem, pôs
querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao
redor, para guardar o caminho da árvore da vida.
3.24. querubim. Como o querubim angélico em Ezequiel 28.14, cuja tarefa
possivelmente fosse bloquear a ascensão de alguém ao cimo do trono (cf. Is
14.13), esses seres chamejantes exercem o papel admoestatório de impedir que os
pecadores se assenhoreiem da imortalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário