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quarta-feira, 15 de abril de 2015

A INFANCIA DE JESUS - LIÇÃO 03 COM SUBSIDIOS



Lições Bíblicas CPAD   -   Adultos
 2º Trimestre de 2015

Título: Jesus, o Homem Perfeito — O Evangelho de Lucas, o médico amado
Comentarista: José Gonçalves

Lição 3: A infância de Jesus
Data: 19 de Abril de 2015

TEXTO ÁUREO

E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.52).

VERDADE PRÁTICA

Crescer de forma integral e uniforme, como Jesus cresceu, deve ser o alvo de todo cristão.

LEITURA DIÁRIA

Segunda — Lc 2.40,52; Mc 6.31,32
Jesus ensina a respeito do cuidado com o corpo
 Terça — Lc 2.51
Jesus e o seu proceder familiar impecável
 Quarta — Lc 4.16
Jesus Cristo e a cultura do seu tempo
Quinta — Lc 12.50
Jesus e o desenvolvimento da personalidade
 Sexta — Lc 20.19-26
Jesus e o controle emocional diante das dificuldades
 Sábado — Lc 2.46-49
Jesus e o fortalecimento do espírito

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
 Lucas 2.46-49; 3.21,22.
 Lucas 2
46 — E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.
47 — E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.
48 — E, quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu, ansiosos, te procurávamos.
49 — E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?

Lucas 3
21 — E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu,
22 — e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és meu Filho amado; em ti me tenho comprazido.

HINOS SUGERIDOS

179, 184, 190 da Harpa Cristã

OBJETIVO GERAL
 Apresentar a infância de Jesus Cristo segundo o Evangelho de Lucas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I. Mostrar que Jesus cresceu fisicamente.
II. Conhecer como se deu o crescimento social de Jesus.
III. Saber como se deu o desenvolvimento cognitivo de Jesus.
IV. Aprender como se deu o desenvolvimento espiritual de Jesus.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

Não temos muitas informações a respeito da infância de Jesus. Os Evangelhos são nossas únicas fontes confiáveis a respeito dessa fase da vida do Mestre. O Evangelho de Lucas nos mostra que, como Homem Perfeito, Ele experimentou um desenvolvimento saudável, como de qualquer criança de sua idade. A única diferença entre Jesus e os meninos de sua época era o fato de que Ele não tinha pecado.
Lucas também registra um incidente da infância do menino Jesus. Por meio desse incidente, podemos ver que, aos doze anos, Jesus já tinha plena consciência de sua relação com o Pai e acerca de sua chamada.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

As Escrituras revelam que Jesus era plenamente Deus e plenamente homem! Ao dizerem que Jesus é cem por cento Deus e cem por cento homem, teólogos cristãos estão afirmando essa mesma verdade de uma outra forma. Deus se humanizou em Cristo (2Co 5.19) e isso é conhecido na teologia cristã como o grande mistério da encarnação.
Conhecer o Jesus divino é maravilhoso e bíblico, mas conhecer o Jesus humano o é da mesma forma. Aqui, vamos aprender que Jesus cresceu como qualquer ser humano. Ele cresceu física, social, psicológica e espiritualmente. Em cada uma dessas dimensões, Ele deixou ricos aprendizados para todos nós.

PONTO CENTRAL

Jesus, como ser humano, desenvolveu-se normalmente.
 I. JESUS CRESCEU FISICAMENTE
 1. A dimensão corpórea de Jesus. A Bíblia nos ensina que Jesus nasceu e cresceu como qualquer ser humano (Lc 2.40,52). Jesus em tudo era, semelhante a nós, mas sem, pecado (Fp 2.6,7; Hb 4.15). Como todo ser humano, Ele possuía um corpo físico que era limitado pelo tempo e pelo espaço. A palavra grega helikia, traduzida em português como estatura, no versículo 52, ocorre oito vezes no texto grego do Novo Testamento, com o sentido de tamanho ou idade. É a mesma palavra usada por Lucas quando se refere à pequena estatura de Zaqueu, o publicano (Lc 19.3) e, também, a mesma palavra usada pelo apóstolo João para se referir à idade do cego a quem Jesus curou (Jo 9.21,23). A Escritura, de forma alguma, nega a dimensão corpórea e física de Jesus como fazem as heresias.

2. O cuidado com o corpo. Como todo ser humano que possui um corpo físico, Jesus também viveu os limites dessa dimensão corpórea. Ele também se cansava (Jo 4.6). Jesus sabia a importância que tem o corpo humano e, para isso, tratava de dar o devido cuidado ao seu corpo. Para recuperar suas energias físicas, por exemplo, Marcos relata que Ele procurou o descanso necessário (Mc 6.31,32). A palavra grega anapauo, traduzida como repousar, significa “parar com todo movimento a fim de que se recupere as energias”. Se o Mestre deu os devidos cuidados ao seu corpo, não deveríamos nós fazer o mesmo?



SÍNTESE DO TÓPICO (I)
 Jesus teve um crescimento físico normal, igual às crianças de sua idade.


SUBSÍDIO TEOLÓGICO
 “A humanidade de Jesus. Teólogos têm se mostrado confusos quanto à precisão do relacionamento entre a humanidade de Jesus e sua divindade. Tudo o que podemos dizer, com certeza, é que Jesus é tanto Deus quanto homem. Como ser humano, descendente de Adão, nasceu e viveu uma vida humana normal. Teve fome e exaustão física. Conheceu a rejeição e o sofrimento. Gostava das celebrações nupciais e das festas. Sentiu pena do desamparado, frustração da apatia de seus seguidores e ira pela indiferença dos líderes religiosos diante do sofrimento humano. Era um ser verdadeiramente humano no melhor e ideal sentido da palavra. Por tudo isso, é um exemplo para nós” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.653).


 CONHEÇA MAIS
 Os pais e irmãos de Jesus
 “Não sabemos muito sobre a família de Jesus; entretanto, fica claro, conforme o relato dos Evangelhos, que os pais, irmãos e irmãs de Jesus eram muito conhecidos na cidade de Nazaré (Mt 13.54-56). Os primeiros anos da vida de Jesus foram tão normais que as pessoas que o viram crescer ficaram surpresas com o fato de que Ele pudesse ensinar com autoridade sobre Deus e fazer grandes milagres — achavam que era apenas um carpinteiro como José”. Guia Cristão de Leitura da Bíblia, CPAD, p.28.


 II. JESUS CRESCEU SOCIALMENTE
 1. Jesus e a família. No antigo Israel do tempo de Jesus, havia uma estrutura familiar consolidada. Os estudiosos observam que a família hebraica obedecia a seguinte estrutura social: endógama — casam-se com parentes; patri linear — descendência pai-filho; patriarcal — poder do pai; pátrio local — a mulher vai para a casa do marido; ampliada — reúne os parentes próximos todos no grupo, e polígena — tem muitas pessoas.
A Bíblia fala da família de Jesus dentro desse contexto. Como homem perfeito, Jesus aprendeu a viver em família (Lc 2.51). Como membro da família, Ele viveu em obediência a seus pais. Isso mostra que os papeis sociais dentro da família precisam ser respeitados. Somente dessa forma, a família continua sendo um instrumento importante na formação do caráter.

2. Jesus e a cultura local. A Bíblia afirma que o “Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). O vocábulo habitar traduz o verbo grego skenoo e tem o sentido de “fazer a sua tenda”. Deus se humanizou e fez a sua tenda ou morada entre nós. Como homem perfeito, Jesus viveu no meio da cultura dos seus dias. Fazia parte dessa cultura, qual seja, o povo, o espaço geográfico, a língua e a família. Jesus foi criado em Nazaré da Galileia e, como nazareno, Ele possivelmente espelhava a cultura desse lugar. Jesus aprendeu a ler as Escrituras (Lc 4.16); aprendeu uma profissão (Mc 6.3) e até mesmo aprendeu a maneira de falar que era peculiar dos habitantes dessa região (Mt 26.73. Mc 14.70). Todavia, um fato fica em evidência — Jesus estava pronto a confrontar a cultura quando esta contrariava os princípios da Palavra de Deus (Lc 11.38,39).



SÍNTESE DO TÓPICO (II)
 Jesus, enquanto criança, teve um desenvolvimento social saudável.


 SUBSÍDIO TEOLÓGICO
 “Os primeiros anos de vida de Jesus foram tão normais que as pessoas que o viram crescer ficaram surpresas com o fato de que Ele pudesse ensinar com autoridade sobre Deus (Lc 2.46,47) e fazer grandes milagres — achavam que era apenas um carpinteiro como José o fora antes dEle. Em meados do século II d.C., histórias imaginativas começaram a ser escritas sobre o início da vida de Jesus, afirmando que tinha poderes sobre-humanos. Por exemplo, na Infância de Cristo segundo Tomé, Ele forma passarinhos de barro e os traz à vida!” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.28).


 III. JESUS CRESCEU PSICOLOGICAMENTE
 1. A dimensão psicológica de Jesus. O texto de Lucas 2.52 informa que Jesus crescia em “sabedoria”. Crescer em sabedoria é crescer em conhecimento. É desenvolver-se intelectual e mentalmente. É o desenvolver da psique humana. Como homem perfeito, Jesus também possuía uma dimensão psicológica. Ele, por exemplo, angustiou-se em sua alma (Lc 12.50; Mt 26.37; Jo 12.27). Lucas ainda diz que Jesus “enchia-se de sabedoria” (Lc 2.40). Esse crescimento mental e intelectual vem pela assimilação dos conhecimentos da vivência humana do dia a dia. É o acúmulo cultural que se forma ao longo dos anos. Como todo menino judeu de sua época, Jesus tinha o seu intelecto treinado pelo estudo das Sagradas Letras (2Tm 3.15).

2. Jesus e as emoções. A Escritura mostra que Jesus, como homem perfeito, possuía domínio completo sobre suas emoções. Ele não sofria de nenhum distúrbio mental, nem tampouco era desajustado emocionalmente. Quando pressionado, não cedia à pressão do grupo (Jo 8.1-11). Seus próprios algozes reconheceram que Ele agia movido por suas convicções internas e não pelo que os outros achavam (Lc 20.19-26). Sua presença revelava serenidade e paz (Jo 14.27; Lc 7.50). É evidente que essa paz era uma consequência natural da íntima comunhão com Deus que Ele cultivava. Jesus passava horas em oração, às vezes, até mesmo noites inteiras em oração (Lc 6.12), um claro exemplo para todos os seus seguidores.


 SÍNTESE DO TÓPICO (III)
 O menino Jesus teve um desenvolvimento cognitivo saudável, compatível com cada fase da vida.


 SUBSÍDIO DIDÁTICO
 Professor, antes de iniciar o tópico, faça a seguinte indagação: “Jesus tinha consciência de que era Filho de Deus?” Ouça os alunos com atenção. Em seguida, peça que leiam Lucas 2.41-52. Explique o fato de o texto bíblico mostrar que, aos doze anos, Jesus já tinha clareza de seu relacionamento com Deus e da sua missão. Ele afirmou sua filiação única. Diga que Jesus é completamente Deus e completamente humano. Como homem, experimentou todas as etapas do desenvolvimento humano.


 IV. JESUS CRESCEU ESPIRITUALMENTE
 1. Crescendo na graça e fortalecendo o espírito. Nos dois textos bíblicos citados por Lucas para se referir ao crescimento de Jesus Cristo, o homem perfeito, a palavra “graça” se destaca (Lc 2.40,52). A palavra grega traduzida como graça écharis. Graça é um favor de Deus. Jesus cresceu na graça quando viveu a vida como ela é. Ele aprendeu a viver com as limitações que uma família pobre possuía na Palestina do primeiro século. Graça é ter consciência de que, em meio a tudo isso, a vocação e chamada tiveram origem em Deus. Graça é saber que Deus está em nosso crescimento enquanto vivemos em comunidade, enquanto o adoramos, meditamos, contemplamos e, também, quando vivemos a vida, mesmo quando ela se mostra dura em sua rotina.

2. Jesus e sua maioridade. Lucas mostra o desenvolvimento espiritual em duas outras passagens do seu Evangelho (Lc 2.46-49). Na situação do Templo, Jesus se mostra como alguém que já tem consciência da sua missão. Ele veio para cuidar dos negócios de seu Pai, Deus. Por outro lado, Lucas mostra no relato do batismo de Jesus como Ele se identifica com o povo e recebe a capacitação divina para o exercício do seu ministério (Lc 3.21-23).
Até os trinta anos, Jesus permaneceu na cidade de Nazaré e trabalhou como carpinteiro. O Salvador esperou pacientemente até o momento determinado pelo Pai para exercer seu ministério. Vivemos em uma sociedade imediatista; por isso, atualmente, as pessoas não querem esperar o tempo de Deus em suas vidas e ministério. O tempo do Senhor é perfeito. Temos que esperar o seu agir.


 SÍNTESE DO TÓPICO (IV)
 Enquanto criança, Jesus também teve um desenvolvimento espiritual saudável.


 SUBSÍDIO TEOLÓGICO
 “Com a idade de 12 anos, um menino judeu se torna ‘filho da lei’. Nesse momento, ele aceita os deveres e obrigações religiosas aos quais os pais o entregaram pelo rito da circuncisão. Para Jesus, isto acontece quando seus pais sobem a Jerusalém para celebrar a Páscoa. O Antigo Testamento ordenava que a pessoa do sexo masculino comparecesse em Jerusalém para três festas: a Páscoa, o Pentecostes e os Tabernáculos (Êx 23.14-17). A dispersão dos judeus pelo mundo tornou impossível que todos fizessem isto nos dias de José e Maria. Apesar da distância, os judeus devotos faziam a jornada pelo menos uma vez por ano para a Páscoa. Não era exigido que as mulheres comparecessem, contudo, muitas iam” (Comentário Bíblico Pentecostal. 1ª Edição. Volume 1. RJ: CPAD, 2009, p.331).



CONCLUSÃO

Ao escrever a sua segunda carta, o apóstolo Pedro exortou os cristãos a desejarem o crescimento: “Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja dada a glória, assim agora como no dia da eternidade. Amém!” (2Pe 3.18). O alvo do crente é o crescimento. Mas esse crescimento não acontece de qualquer forma; antes, ocorre nas esferas da graça e do conhecimento do Senhor. Crescimento sem conhecimento é uma deformação, assim como o é, também, o crescimento sem a graça.
O cristão deve atentar para o fato de que onde se privilegia apenas o conhecimento intelectual, sem a adição da graça, o levará a uma vida árida. Da mesma forma, esse mesmo crescimento, onde se privilegia apenas a revelação e menospreza a razão, o conduzirá ao fanatismo. O crente deve, a exemplo do seu Senhor, crescer de forma integral.

PARA REFLETIR

Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas, responda:
 De que forma a lição mostra a dimensão corpórea de Jesus?
A lição mostra que Jesus cresceu como qualquer ser humano e, como tal, Jesus viveu os limites dessa dimensão corpórea.

De que forma era estruturada a família nos dias de Jesus?
Os estudiosos observam que a família hebraica obedecia à seguinte estrutura social: endógama — casam-se com parentes; patrilinear — descendência pai-filho; patriarcal — poder do pai; patriolocal — a mulher vai para a casa do marido; ampliada — reúne os parentes próximos todos no grupo, e polígena — tem muitas pessoas.

Como as Escrituras demonstram o equilíbrio psicológico de Jesus?
As Escrituras mostram que Jesus tinha total domínio sobre suas emoções. Ele não sofria de nenhum distúrbio mental ou emocional.

De que forma a lição ilustra o crescimento de Jesus?
Ilustra como um crescimento saudável, perfeito.

Para você, o que é crescer de forma integral?
Apesar de a resposta ser pessoal, havendo entendido a lição é necessário que o aluno responda, mais ou menos, nestes termos: É crescer de forma completa — corpo, alma, espírito.

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

A infância de Jesus
 Nesta lição, devemos informar aos alunos que não existe nenhuma narrativa extensa sobre a infância de Jesus na Bíblia. E se não está na Bíblia, principalmente nos Evangelhos, não há outra fonte digna de confiança e merecedora de crédito quanto à narrativa da infância de Jesus Cristo narrada nas Sagradas Escrituras. Com essa afirmação queremos dizer que não há informação digna de confiança porque os documentos extras bíblicos, que reclamam tal status, e tentam dar conta desse lapso de tempo da infância de Jesus, são bem posteriores aos Evangelhos, e foram influenciados pelo gnosticismo, uma heresia combatida pela Igreja do primeiro século, fundamentalmente por intermédio das cartas apostólicas.
Em segundo lugar, por falta de material sobre a infância de Jesus, muitas são as especulações sobre ela, não contribuindo em nada para o nosso conhecimento sobre o Senhor e a sua história como menino.

É importante ressaltar na ministração da lição, a intenção do evangelista em destacar a infância de Jesus. Ao analisarmos o contexto das passagens que envolvem a infância e a adolescência do nosso Senhor, vemos que Lucas não tem o objetivo de descrever a infância de Jesus numa perspectiva biográfica. Embora haja dados biográficos no conteúdo, os Evangelhos não são relatos preponderantemente biográficos. E não apresenta uma preocupação cronológica com a estruturação das narrativas, embora o escrito lucano seja considerado, entre os Evangelhos, o mais cronológico.

O Evangelho de Lucas narra tudo o que sabemos sobre a infância e a adolescência de Jesus. O objetivo de o evangelista narrá-lo é o de apresentar a paternidade divina de nosso Senhor, pois Ele foi concebido no ventre de Maria pelo Espírito Santo. Nessa narrativa está presente “o anúncio do anjo Gabriel a Maria sobre o nascimento de Jesus” (Lc 1.26-38); “a história do nascimento de Jesus e a presença de anjos juntamente com os pastores de Belém” (Lc 2.1-20). Nosso Senhor foi uma criança comum, crescendo e desenvolvendo-se como qualquer criança da Antiga Palestina. Assim o texto lucano destaca a humanidade do nosso Senhor desde a tenra infância: “a apresentação do menino ao Senhor no Templo” (Lc 2.21-40); “e a única história do texto bíblico sobre Jesus na adolescência” (Lc 2.41-52). Portanto, a narrativa do nascimento de Jesus Cristo está alocada no Evangelho de Lucas como uma introdução de quem é a pessoa do meigo nazareno, destacando sua paternidade divina e a sua característica humana.


SUBSIDIOS.

O Crescimento de Jesus.

Os Anos Perdidos de Jesus
Há algum tempo encontrava-me manuseando um livro em uma livraria em Curitiba (PR), quando um senhor se aproximou de mim. Após se identificar como um teólogo tomou a iniciativa na construção de um diálogo. Através de sua fala tomei conhecimento que possuía uma sólida formação acadêmica, visto ter se formado em um conceituado Seminário evangélico brasileiro. Contou-me que a sua fé estava sofrendo uma reviravolta porque, segundo disse, estava convencido de que o ministério de Jesus não havia se limitado às terras bíblicas, porque, de acordo com suas leituras, Jesus não teria se limitado a ficar na palestina mas teria ido até a índia. Ali teria estudado com os monges e trabalhado a sua espiritualidade! Perplexo, perguntei-lhe em que se baseava para fazer uma afirmação tão ousada! Procurando ali mesmo nas prateleiras daquela livraria ele encontrou o livro que o havia convencido a mudar de ideia. O livro falava algo tipo: Os Anos Perdidos de Jesus.1
A busca pelos supostos “anos perdidos de Jesus” tem sido objeto de estudo de milhares de escritores em todo o mundo. Católicos, protestantes, espíritas, ateus, agnósticos, artistas e cineastas tem feito um esforço enorme para recontar a história de Jesus de Nazaré.2 Alguns se atêm ao registro neotestamentário, mas outros vão muito além daquilo que a Bíblia diz sobre o carpinteiro da Galileia. Para estes o registro bíblico é insuficiente, visto que a igreja institucional teria conspirado excluindo aqueles livros que continham relatos discordantes dos textos canônicos. Fundamentados, portanto, em textos não canônicos, escritos na sua maioria entre os séculos II e IV d.C., tentam descrever detalhes da infância, adolescência e idade adulta de Jesus. Procuram dar voz àquilo    que a Bíblia silencia. Dessa forma seus argumentos não se fundamentam no que a Bíblia diz, mas naquilo que ela não diz. Um exemplo clássico de um autor que foi até as últimas conseqüências a esse respeito é Dan Brown, autor de O Código da Vinci, um dos livros mais lidos do mundo e que foi adaptado para o cinema. A tese de Brown, diga-se sem nenhum fundamento bíblico e histórico, é que Jesus não é o Filho de Deus, casou-se com Maria Madalena e a prole de ambos deu início a uma linhagem sagrada.

“Jesus” fora da Bíblia
Pois bem, é possível encontrarmos ainda nos primeiros anos do cristianismo muitos outros autores tentando produzir uma biografia de Jesus com contornos bem diferentes daquele encontrado nos evangelhos si- nóticos. Na verdade esses textos, denominados de apócrifos, como já foi sublinhado, procuram falar daquilo que o Novo Testamento silencia — os fatos relacionados com a infância de Jesus e seu crescimento até a maturidade (mais especificamente o período que vai dos 12 aos 30 anos do Salvador). Como teria sido, então, a infância de Jesus e o seu crescimento até chegar à idade adulta? Nos registros apócrifos é possível encontrar vários relatos descrevendo as diferentes fases da vida de Jesus, que vão desde a infância até a sua maioridade.

Vejamos um deles:
“Quando o Senhor havia completado o seu sétimo ano, ele brincava um dia com outras crianças de sua idade; para divertir-se, eles faziam com terra molhada diversas imagens de animais, de lobos, de asnos, de pássaros, e cada um elogiando seu próprio trabalho, esforçando-se para que fosse o melhor que o de seus companheiros. Então o Senhor Jesus disse para as crianças: “Ordenarei às figuras que eu fiz que andem e elas andarão”. E as crianças lhe perguntaram se ele era o filho do Criador, e o Senhor Jesus ordenou às imagens que andassem e elas imediatamente andaram. Quando ele mandava voltar, elas voltavam. Ele havia feito figuras de pássaros que voavam quando ele ordenava que voassem e que paravam quando ele dizia para parar, e quando ele lhes dava bebida e comida, eles comiam e bebiam. Quando as crianças foram embora e contaram aos seus pais o que haviam visto, eles disseram: “Fugi, daqui em diante, de sua companhia, pois ele é um feiticeiro, deixai de brincar com ele.”

Há muitos outros relatos semelhantes a este e que estão registrados nos textos apócrifos denominados Evangelhos da Infância. Relatos assim, além do seu aparente aspecto piedoso, acabam por esconder uma verdade bíblica fundamental — a humanidade do Salvador. A tentativa de mostrar o divino acabou por esconder o humano. Nesses “evangelhos da infância”, o lado humano de Jesus é totalmente ofuscado. Ele não viveu como um menino normal visto que até mesmo a sua vida lúdica era marcada por manifestações sobrenaturais. A propósito, a negação de que Jesus era humano foi uma das primeiras heresias a surgir no seio da igreja cristã. Aspectos desse evangelho gnóstico foi duramente combatido pelo apóstolo João: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo” (1 Jo 4.1-3). Evidentemente que essas lendas e fábulas surgiram por conta do hiato existente entre os 12 e 30 anos da vida do Salvador. Por um período de dezoito anos, Jesus se manteve em total anonimato! Pouco ou quase nada é dito sobre esses “anos perdidos” da vida de Jesus. Lucas, por exemplo, limita-se a dizer que: “o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.40) e que: “crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.52).

Jesus na sua Dimensão Humana
Ao contrário da literatura apócrifa, os textos canônicos, mesmo sendo breves em seus relatos, revelam muito sobre o lado humano de Jesus. Jesus nasceu e cresceu como qualquer outro menino da sua idade da Palestina dos seus dias.
Os teólogos e educadores Eulálio Figueira e Sérgio Junqueira ao descreverem a educação no antigo Israel no tempo de Jesus, fizeram uma excelente exposição sobre essa dimensão humana de Jesus. Eles observam que Jesus era semelhante a nós em tudo, menos no pecado (Hb 4.15), e que viveu o mesmo processo de crescimento comum a todos os homens. Como todos os homens ele cresceu nas dimensões bio-psico-social.

Lucas destaca que ele cresceu em sabedoria, tamanho e graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2.52). Enquanto viveu em Nazaré, um vilarejo da Galileia, Jesus “crescia e ficava forte, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2.40). Mesmo durante o seu ministério público, fazendo discípulos, Jesus ia crescendo em contato com o povo.5 Cada ser humano que nasce neste mundo, destacam esses expositores bíblicos, pertence a um determinado lugar, a uma determinada família e a um determinado povo. Nasce, portanto, sujeito a vários condicionamentos. Com Jesus também foi assim. Não há como negar que fatores culturais, tais como o ambiente familiar, a língua e o lugar onde nascemos marcam a vida de cada um de nós de forma profunda. Esses fatores são independentes da nossa vontade. No entanto, fazem parte de nossa existência, sendo, portanto, o ponto de partida para tudo aquilo que queremos realizar. Elas fazem parte da realidade de cada um. Ao viver a nossa realidade, Jesus viveu a encarnação. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14).

Destaca ainda esses autores que Jesus “assumiu estes condicionamentos lá onde pesam mais, isto é, no meio dos pobres (2 Co 8.9; Mt 13.55; Fp 2.6,7; Hb 4.15; 5.8). Ele se formou “crescendo em sabedoria, tamanho e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52). Estes três aspectos do crescimento em sabedoria, tamanho e graça se misturam entre si. Crescer em sabedoria é assimilar os conhecimentos da experiência humana diária, acumulada ao longo dos séculos nas tradições e costumes do povo. Isso se aprende convivendo na comunidade natural do povoado. Crescer em tamanho é nascer pequeno, crescer aos poucos e tornar-se adulto. E o processo de todo ser humano, com suas alegrias e tristezas, amores e raivas, descobertas e frustrações. Isto se aprende convivendo na família com os pais, os avós, os irmãos e as irmãs, com os tios e tias, sobrinhos e sobrinhas. Crescer em graça é descobrir a presença de Deus na vida, a sua ação em tudo que acontece, o seu chamado ao longo dos anos da vida, a vocação, a semente de Deus na raiz do próprio ser. Isto se aprende na comunidade de fé, nas celebrações, na família, no silêncio, na contemplação, na oração, na luta de cada dia, nas contradições da vida e, em tantas outras oportunidades”.

Kenosis — o Milagre da Encarnação.
Os diferentes aspectos desses condicionamentos da vida de Jesus, inclu- sive o seu crescimento, como bem observaram Figueira e Junqueira, só se tornaram possíveis devido a sua identificação plena com a raça humana. Em outras palavras, para alcançar a humanidade, Jesus, o Filho de Deus, se fez homem como os demais. Ele nasceu e cresceu à semelhança dos demais humanos! Todavia ao assim fazer, Ele não deixou de ser Deus, nem tampouco perdeu os seus atributos. Ele, portanto, abriu mão daqueles privilégios que lhes pertenciam por ser Filho de Deus. A teologia cristã denomina essa importante doutrina bíblica de kenosis.7

Paulo, o apóstolo, lançou luz sobre essa importante verdade em sua carta aos Filipenses:
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.5-11).

Ao analisar este texto, o teólogo Heber Carlos de Campos comenta:
“Quando dizemos que ele se ‘esvaziou’ não podemos dizer que ele deixou de ser o que era — Deus — mas que se colocou numa posição de alguém que ficou, por algum tempo, sem a honra devida neste mundo. Ele foi tratado entre os homens como alguém que não era visto no fulgor da glória divina. Embora ele tivesse, mesmo aqui neste mundo, todos os atributos próprios de sua divindade, sua divindade não foi manifestada de modo que todos os seus atributos fossem vistos pelos homens de maneira inequívoca.”

Esse esvaziamento humilhante na vida de Jesus, observa Campos, não foi algo fictício, mas real. Jesus não representou nada quando se humilhou perante Deus e os homens. Ele de fato tomou a condição de servo e dessa forma viveu, Foi como servo que ele foi reconhecido em figura humana, pois somente os homens podem assumir a natureza de servo.
Concluindo, diz ainda Heber Campos, “Paulo usa duas expressões que são hebraísmos: ‘tornando-se semelhança de homens’ e ‘reconhecido em figura humana’. Essas duas expressões apontam para o fato de o Redentor ser real e verdadeiramente homem. Embora a natureza humana tenha sido honrada pelos privilégios de estar unida à divindade do Redentor, a condição em que o Verbo assumiu a nossa humanidade era de humilhação. Ele a assumiu com todas as características resultantes da nossa pecaminosidade. O seu sofrimento e as suas dores não foram fictícios, mas reais, porque a sua humanidade era real. Ainda que, segundo a sua divindade, o Redentor não pudesse ser contido pelo universo, pois a sua divindade é semelhante à daquele que está acima e além do universo, não obstante, quando ele encarnou, passou a fazer parte da criação, sendo um homem como todos nós, tendo todas as propriedades que nós temos, inclusive tomando a nossa forma física. Eie não era um fantasma, com apenas uma aparência de homem, mas era de fato um ser humano com todos os outros que vieram da família de Adão, embora não tivesse sido contado como culpado.”
Entendendo o estado de esvaziamento e humilhação de Jesus passamos a compreender os condicionamentos que ele assumiu quando aqui viveu.10 Jesus, por exemplo, aprendeu a viver nos limites de suas dimensões: corporal; social-, psicológica e espiritual.

A Dimensão Corporal e Social de Jesus
Como todos os seres humanos, Jesus também possuía uma dimensão corporal. Ele aprendeu a viver nos limites dessa dimensão como, por exemplo, quando se cansava e procurava o descanso necessário (Mt 8.24; Mc 6.31; Lc 23.56). “Jesus possuía um corpo humano igual ao nosso. O sangue corria nas suas veias enquanto um coração bombeava, sustentando assim a vida humana em seu corpo. Hebreus 2.1-18 claramente indica este fato. Nessa poderosa passagem, temos que a existência do corpo de Jesus na Terra possibilitou recebermos a expiação. Por ser Ele carne e sangue, sua morte poderia derrotar a morte e nos levar a Deus. O corpo de Jesus, na encarnação, era exatamente como o de cada um de nós. Seu corpo humano foi colocado num túmulo depois da sua morte (Mc 15.43-4?).”
Tudo o que vivemos na vida, suas alegrias como as suas tristezas, seus acertos como também seus erros, seu presente como seu passado, só são possíveis devido à existência de nossa dimensão corporal. Possuímos um corpo que está sujeito às limitações do espaço e do tempo. Aqui debaixo do sol não deveríamos esquecer que nosso corpo possui essa dimensão temporal. Por isso o que seremos amanhã depende muito do que fazemos com o nosso corpo agora.
Pus em destaque em um outro livro de minha autoria, que a Escritura não vê nosso corpo como sendo algo mau ou ruim. Não, pelo contrário, a Bíblia mostra que a nossa dimensão temporal é tão importante quanto a espiritual (1 Co 6.19,20). Jesus soube cuidar bem do seu corpo. Devemos, pois cuidar do nosso corpo e fazer uso dele para a glória de Deus.

A real importância da dimensão corporal do homem não tem sido bem entendida na nossa cultura ocidental. Isso se deve à influência da cultura grega que herdamos. Para os gregos, que se valiam de métodos metafísicos nas suas análises antropológicas, a parte mais importante do homem era a sua alma e não o seu corpo. Para eles a alma seria a mais perfeita, portanto, a causa da existência e não o corpo que seria o seu efeito. Todavia os judeus, tendo em Filo de Alexandria o seu expoente maior, e o cristianismo paulino já viam o homem nas dimensões: somática (corpo); psíquica (alma) e espiritual (espírito).

O filósofo Battista Mondin mostra a importância da nossa dimensão corporal, pois sem um corpo: Não podemos nos alimentar; não podemos nos reproduzir; não podemos aprender; não podemos nos comunicar e não podemos nos divertir. Ainda de acordo com esse filósofo italiano, é mediante o corpo que o homem é um ser social. Os fantasmas nos assustam porque não tem corpo. E mediante o corpo que o homem é um ser no mundo.13
Acrescenta-se a essa dimensão corporal, uma outra — a social. Jesus, com um homem, também aprendeu a viver nos limites dessa dimensão social. Como galileu e residente em Nazaré, ele aprendeu a conviver com o povo dali. Possui até mesmo o sotaque dos galileus. “Nazaré era um povoado pequeno, destaca Sérgio Junqueira, onde todo mundo conhecia todo mundo. O povo de lá conhecia Jesus e a sua família (Mc 6.3). Jesus conhecia o povo (cf. Jo 2.24,25). Nessa convivência de trinta anos, aprendeu as inúmeras coisas que todos nós aprendemos, como que naturalmente, ao longo dos anos da vida: as tradições, os costumes, as festas, os cânticos, os  tabus, as histórias, os medos, os poderes, as doenças, os remédios. Quando Jesus, a partir da sua experiência de Deus como Pai, começou a agir e a falar diferente do que sempre havia sido ensinado, o povo de Nazaré estranhou, não gostou nem acreditou (Mc 6.4-6). E quando, numa reunião da comunidade, Jesus começou a ligar a Bíblia com a vida deles (Lc 4.21), a briga foi tanta que quiseram mata-lo” (Lc 4.23-30).

As Dimensões Psíquica e Espiritual de Jesus
Por fim Jesus também possuía as dimensões psíquica e espiritual. David Nichols sublinha que foi Jesus mesmo quem reconheceu sua dimensão psicológica quando empregou a palavra grega psichê (alma) para descrever o que ocorria no seu interior quando agonizava no Getsêmani. Jesus, portanto, teve consciência de suas emoções quando externou em diferentes momentos de sua vida sentimentos de alegria e tristeza. “Então, chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26.36-38).15
Por outro lado, observa Nichols, Jesus também tinha consciência de sua dimensão espiritual. Lucas nos informa que Jesus mesmo usou o termo grego pneuma, traduzido em português como espírito, quando expirou na cruz do calvário (Lc 23.46). Nichols destaca que no contexto do evangelho de Lucas, a palavra “espírito” (pneuma) sem sombra de dúvidas indica a dimensão da existência humana que continuará na eternidade depois da morte. Esse é um fato relevante porque demonstra que foi como um ser humano, de carne e osso, que Jesus morreu.

Capacitado pelo Espírito
Desde o primeiro capítulo deste livro chamo a atenção para a teologia carismática de Lucas. Jesus foi capacitado pelo Espírito Santo para realizar as obras de Deus. Talvez em nenhum outro ponto ela é mais clara quanto no contexto da kenosis de nosso Senhor. Jesus como homem, vivendo as limitações que a encarnação lhe proporcionou, dependeu durante todo o seu ministério da ação do Espírito Santo. Esse é um fato observado por todos os manuais de teologia sistemática.
Heber Campos, por exemplo, destaca que o Filho, em si mesmo, não precisava de suporte ou da ajuda do Espírito Santo, mas quando

o Verbo se fez carne, assumindo a nossa humanidade, ele se colocou na condição de Servo necessitando do socorro do Espírito Santo para exercer o seu ministério. Por essa razão, citando a passagem de Isaías 61, Jesus diz de si mesmo: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos” (Lc 4.18). Jesus precisou, por causa de sua humanidade, do suporte do Espírito Santo para realizar o seu ministério. Deus não quebra as suas leis nem mesmo com o seu Filho. Ao encarnar, Ele se tornou como um de nós, carente da ação do Alto para poder realizar sua missão entre os homens.


E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.52).

2.52 CRESCIA JESUS EM SABEDORIA. Entre 2.52 e 3.1, passaram-se cerca de 18 anos da vida de Jesus, sem haver menção deles. Como foi a sua vida durante esses anos? Mt 13.55 e Mc 6.3 nos deixam ver que Jesus cresceu em uma família numerosa, que seu pai era carpinteiro e que Ele aprendera aquele ofício. É provável que José tenha morrido antes de Jesus começar seu ministério público, e que Jesus tenha sustentado sua mãe e seus irmãos e irmãs mais novos. O ofício de carpinteiro incluía os consertos domésticos, a fabricação de móveis e a construção de implementos agrícolas, tais como arados e jugos. Durante todos esses anos, Ele crescia e se desenvolvia tanto física como espiritualmente, de conformidade com a vontade de Deus, plenamente consciente de que Deus era seu Pai (v. 49).
Jesus ensina a respeito do cuidado com o corpo - Lc 2.40,52; Mc 6.31,32

LUCAS  2.40 O MENINO CRESCIA. Como verdadeiro homem, Jesus experimentou o crescimento físico e mental. Crescia em sabedoria, conforme a graça de Deus. Era perfeito quanto à natureza  humana, prosseguindo para a maturidade, segundo a vontade de Deus.

FILIPENSES  2.6 SENDO EM FORMA DE DEUS. Jesus sempre foi Deus pela sua própria natureza e igual ao Pai antes, durante e depois da sua permanência na terra (ver Jo 1.1; 8.58; 17.24; Cl 1.15,17; ver Mc 1.11; Jo 20.28). Cristo, no entanto, não se apegou aos seus direitos divinos, mas abriu mão dos seus privilégios e glória no céu, a fim de que nós, na terra, fôssemos salvos.

FILIPENSES 2.7 ANIQUILOU-SE A SI MESMO. O texto grego do qual foi traduzida esta frase, diz literalmente, que ele "se esvaziou", i.e., deixou de lado sua glória celestial (Jo 17.4), posição (Jo 5.30; Hb 5.8), riquezas (2 Co 8.9), direitos (Lc 22.27; Mt 20.28) e o uso de prerrogativas divinas (Jo 5.19; 8.28; 14.10). Esse "esvaziar-se" importava não somente em restrição voluntária dos seus atributos e privilégios divinos, mas também na aceitação do sofrimento, da incompreensão, dos maus tratos, do ódio e, finalmente, da morte de maldição na cruz (vv. 7,8).

FILIPENSES 2.7 A FORMA DE SERVO... SEMELHANTE AOS HOMENS. Para trechos na Bíblia que tratam de Cristo assumindo a forma de servo, ver Mc 13.32; Lc 2.40-52; Rm 8.3; 2 Co 8.9; Hb 2.7,14. Embora permanecesse em tudo divino, Cristo tomou sobre si uma natureza humana com suas tentações, humilhações e fraquezas, porém sem pecado (vv. 7,8; Hb 4.15).

JOÃO  1.14 E O VERBO SE FEZ CARNE. Cristo, o Deus eterno, tornou-se humano (Fp 2.5-9). NEle se uniram a humanidade e a divindade. De modo humilde, Ele entrou na vida e no meio-ambiente humanos com todas as limitações das experiências humanas (cf. 3.17; 6.38-42; 7.29; 9.5; 10.36).







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