Lições Bíblicas CPAD - Adultos
2º Trimestre de 2015
Título: Jesus, o
Homem Perfeito — O Evangelho de Lucas, o médico amado
Comentarista: José
Gonçalves
Lição 6: Mulheres que ajudaram Jesus
Data: 10 de Maio
de 2015
TEXTO ÁUREO
“E também
algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades [...] e muitas outras que o serviam com suas fazendas” (Lc
8.2,3).
VERDADE PRÁTICA
A mulher sempre
teve um papel importante na expansão do Reino de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda
— Lc 1.35; Gn 3.15
Jesus é da
descendência da mulher e veio para resgatá-las
Terça
— Lc 7.44-47
Jesus valorizou as
mulheres como ninguém jamais o fez no mundo
Quarta
— Lc 8.3
Jesus foi ajudado
por mulheres que possuíam bens materiais
Quinta
— Lc 7.36-48; 8.2,3
Jesus teve entre
seus seguidores muitas mulheres
Sexta
— Lc 13.16
Jesus libertou
muitas mulheres que foram até Ele
Sábado
— Lc 7.50
Jesus salvou as
mulheres e dignificou sua condição social
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas
8.1-3.
1 — E
aconteceu, depois disso, que andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia,
pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele,
2 — e
também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios;
3 — e
Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o
serviam com suas fazendas.
HINOS SUGERIDOS
147,
160, 394 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Mostrar
a importância das mulheres no ministério do Senhor Jesus Cristo e na expansão
do Reino de Deus.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os
objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
· I. Analisar a
participação das mulheres no judaísmo e no ministério de Jesus.
· II. Mostrar a
disposição de Isabel e Maria em obedecer a Deus.
· III. Dissertar acerca
da disposição das mulheres em servir a Jesus.
· IV. Ressaltar a
gererosidade das mulheres em ofertar a favor do ministério de Jesus.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
As
mulheres tiveram uma participação especial no ministério de Jesus. O Mestre foi
para as mulheres judias não somente o Salvador, mas aquEle que resgatou a
dignidade da condição social feminina. Nos dias de Jesus, os rabinos se
recusavam a ensinar as mulheres. Era atribuída a mulher uma condição social
inferior. Jesus não somente as ensinou, mas as teve como amigas (Marta e Maria),
as libertou dos poderes de demônios (Maria Madalena), como também as
evangelizou (a mulher samaritana). Jesus valorizou as mulheres como ninguém
jamais o fez e ainda concedeu a elas o privilégio de poderem contribuir
financeiramente para a expansão do Reino.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Ao longo dos
séculos, em muitos lugares, as mulheres foram tratadas como objetos e estiveram
à margem da sociedade. As mulheres ainda são, em algumas culturas, consideradas
seres inferiores e por isso são discriminadas. Na cultura oriental, a qual
pertenceu Jesus de Nazaré, era assim também que se enxergava as mulheres.
Um dos fatos que
fica logo patente no Evangelho de Lucas é o tratamento que Jesus dispensou às
mulheres. Essas mulheres esquecidas, discriminadas e maltratadas encontraram no
Mestre a manifestação do amor de Deus. A forma que elas encontraram para
retribuir foi segui-lo e servi-lo com seus bens. Um exemplo a todos aqueles que
querem também agradar a Deus.
PONTO CENTRAL
As mulheres desempenharam um papel
relevante no ministério terreno de Jesus.
I.
JESUS, O JUDAÍSMO E AS MULHERES
1.
A presença feminina no ministério de Jesus. O
Novo Testamento dá amplo destaque à presença feminina no ministério de Jesus. O
terceiro Evangelho põe essa realidade em relevo. A lista é extensa: Maria, mãe
de Jesus; Isabel, mãe de João, o Batista; Ana, a profetisa; a viúva de Naim; a
pecadora na casa de Simão; Marta e Maria de Betânia; Maria Madalena; a sogra de
Pedro; a mulher do fluxo de sangue; a mulher encurvada; Joana, a mulher de
Cuza, e Suzana. Algumas dessas mulheres foram curadas, outras libertas de
demônios e ainda outras tornaram-se seguidoras de Jesus juntamente com os Doze.
2.
Jesus valorizou as mulheres. Causa
admiração quando fazemos um contraste entre o tratamento dado às mulheres no
Novo Testamento e aquele que era praticado no judaísmo do tempo de Jesus. No
judaísmo do primeiro século, a mulher não participava da vida pública. Nem
mesmo lhe era permitido aparecer em público descoberta, sendo dessa forma
impossível ver a sua fisionomia. Não tinha voz nem rosto. A mulher era,
portanto, tida como objeto, uma coisa que poderia ser usada e descartada. Ao
contrário de tudo isso, Jesus não tratou as mulheres como coisa ou objeto. Ele
as tratou como gente! Jesus mostrou que a mulher era um ser especial para Deus
e fez com que elas se sentissem assim. Não são poucas as passagens do Novo
Testamento que dão destaque às mulheres, e o Evangelho de Lucas não foge a essa
regra (Lc 1.13,42; 7.48; 8.2,43; 13.12; 16.18; 23.27).
SÍNTESE
DO TÓPICO (I)
No
judaísmo as mulheres não eram valorizadas, mas Jesus veio restaurar sua
condição social.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A participação das
mulheres na excursão missionária revela como era o ministério revolucionário de
Jesus. Nos seus dias os rabinhos se recusavam ensinar as mulheres e lhes
atribuía um lugar inferior. Por exemplo, só os homens tinham permissão de
participar plenamente nos cultos da sinagoga. Mas Jesus trata as mulheres como
pessoas e lhes dá as boas-vindas na comunhão. Elas têm acesso igual à graça e
salvação, e muitas mulheres se tornam suas seguidoras. Entre elas estão as
mulheres com recursos financeiros, que auxiliam Jesus dando de suas possessões
para sustentar a Ele e seus discípulos” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, p.363).
II.
MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA OBEDECER
1.
Maria, a mãe do Salvador. A doutrina
católica acerca da pessoa de Maria se fundamenta na tradição e não conta com
apoio bíblico. Não é fundamentada nos Evangelhos, mas na tradição apócrifa que
começou a circular por volta do segundo século de nossa era. Crenças como a
perpétua virgindade de Maria, imaculada conceição e sua ascensão não fazem
parte do cânon neotestamentário. Esse é um lado da história. O outro é a
rejeição à pessoa de Maria que prevalece entre muitos protestantes por conta do
anticatolicismo. O que a Escritura mostra de fato é que Maria foi uma pessoa
agraciada por Deus para fazer parte diretamente do Plano da Salvação. A sua
disposição em aceitar e crer no plano de Deus está demonstrada em suas
palavras: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra
[...]” (Lc 1.38).
2.
Isabel, a mãe do precursor. Isabel,
esposa do sacerdote Zacarias, aparece na história bíblica como uma pessoa
também agraciada por Deus. Ela foi escolhida para ser a mãe de João Batista, o
último profeta da Antiga Aliança (Lc 1.8-24; 16.16). A revelação do nascimento
de João foi dada a seu marido Zacarias, que inicialmente não creu. O relato de
Lucas, de que Isabel “ficou cheia do Espírito Santo” quando foi visitada por
Maria, deixa claro também a sua disposição em crer e aceitar o plano de Deus
para ela (Lc 1.41-43). Assim como Maria, Isabel foi uma mulher obediente e sua
obediência foi recompensada.
SÍNTESE
DO TÓPICO (II)
Isabel
e Maria eram mulheres de fé, tementes e obedientes ao Senhor.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor,
reproduza o quadro abaixo e utilize-o para mostrar as características de Maria,
a mãe do Salvador, e Isabel, a mãe de João Batista. Ressalte que não devemos
adorar a Maria, porém não podemos deixar de reconhecer seu valor. Dentre
milhares de jovens, Maria foi escolhida para fazer parte diretamente do Plano
da Salvação.
III.
MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA SERVIR
1.
Mulheres servas. Logo após ser curada por Jesus
de uma febre muito alta, a sogra de Pedro se levantou e passou a servi-lo (Lc
4.39). O verbo “servir” é a tradução do vocábulo grego diakoneo. As mulheres aparecem com frequência
no Evangelho de Lucas a serviço do Mestre. Maria Madalena se destacou das
demais. Ela foi a primeira mulher mencionada em Lucas 8.1-3 e aparece de forma
destacada nos Evangelhos de Mateus, Marcos e João. Ela foi uma das mulheres que
mais tarde presenciaram a crucificação (Mt 27.55,56; Mc 15.40; Jo 19.25); viram
onde o corpo de Jesus foi colocado (Mt 27.61; Mc 15.47; Lc 23.55); e saíram no
raiar do domingo para ungir o corpo do Senhor (Mt 28.1; Mc 16.1; Lc 24.10).
Além disso, ela iria ser a primeira pessoa a quem o Cristo ressurreto
apareceria (Jo 20.1-18).
2.
Mulheres abnegadas. O Evangelho de Lucas revela que
Jesus teve em seu ministério a ajuda de mulheres abnegadas (Lc 7.36-50). O
evangelista mostra Jesus sendo ungido por uma mulher tida como pecadora na casa
de Simão, um dos fariseus. Essa mulher, visivelmente emocionada, usou o
unguento que levou em um vaso de alabastro para ungir Jesus enquanto beijava-lhe
os pés. O Evangelho de João mostra um fato semelhante ocorrido com Maria de
Betânia, que não deve ser confundido com o relato de Lucas (Jo 12.1-8). No
texto de João, é destacado que Maria de Betânia também preferiu derramar sobre
os pés de Jesus o perfume do vaso do que usá-lo em benefício próprio. Esse seu
gesto sofreu duras críticas de Judas Iscariotes, que estava de olho nos
trezentos denários que esse unguento poderia render. Ela considerou muito mais
valioso o perdão que o Salvador lhe deu do que os ganhos que esse perfume
poderia lhe trazer.
SÍNTESE
DO TÓPICO (III)
Jesus
contou com a ajuda de mulheres que tinham disposição para servi-lo no Reino de
Deus.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“‘Joana, mulher de
Cuza, procurador de Herodes, e Suzana’ (Lc 3.3). O Herodes mencionado aqui é
Herodes Antipas, governador da Galileia. O registro não diz de que mal Joana
foi curada — se era uma possessão demoníaca ou uma enfermidade física. A sua
posição mostra que as pessoas proeminentes também eram levadas a Cristo.
Supõe-se que nesta época ela fosse viúva. Sobre Suzana não se sabe nada, exceto
seu nome. Apenas três nomes são mencionados — sem dúvida devido à sua
importância. Mas houve muitas mais, constituindo uma grande sequência de
mulheres que o serviam com suas fazendas. Isto talvez signifique que todas eram
mulheres de posses, possivelmente membros da classe alta” (Comentário
Bíblico Beacon. Volume 6. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006, p.402).
IV.
MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA OFERTAR
1.
O trabalho rabínico. Lucas registra que Jesus
“andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o
evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele” (Lc 8.1). A dedicação de
Jesus e seus doze discípulos ao ministério da Palavra era exclusiva. Como se
dava, então, a manutenção desse ministério? Jesus orientou seus discípulos
quando estivessem em missão a que “ficassem na mesma casa, comendo e bebendo do
que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em
casa” (Lc 10.7).
O trabalhador era
digno de seu salário. Um rabino não podia receber pagamento pelo que ensinava,
mas a cultura hebraica considerava uma obrigação e um privilégio sustentar um
rabino. Há um princípio válido aqui — o obreiro não deve ter valores materiais como
a motivação do seu ministério. Por outro lado, aqueles que se beneficiam desse
ministério, devem ajudá-lo em sua manutenção.
2.
Apoio feminino. Na cultura judaica do tempo de
Jesus, a participação das mulheres na vida pública era bem limitada. As mulheres,
por exemplo, não podiam estudar e não podiam ensinar. Mas nem por isso deixaram
de participar do ministério do Mestre. Lucas diz que elas serviam o Senhor com
suas fazendas, isto é, com seus bens (Lc 8.3). Enquanto Jesus e seus doze
apóstolos se dedicavam ao ministério da Palavra, essas mulheres lhes davam
suporte financeiro e material. Por trás de grandes ministérios, sempre há
alguém dando suporte, seja financeiro, seja, espiritual. Não podemos negar que
atualmente as mulheres têm desempenhado um papel importante na obra do Senhor.
Muitas têm se dedicado à oração, ao serviço social, à contribuição, à obra
missionária, etc. Grande parte da obra missionária é feita por mulheres. São
milhares de servas que dedicam suas vidas à seara do Senhor. O serviço de Deus
é para todos que amam ao Senhor, independentemente de gênero.
SÍNTESE
DO TÓPICO (IV)
Jesus
contou com a ajuda de mulheres que tinham disposição para ofertar.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“É importante
reconhecer que quando Deus criou a humanidade, quando fez os seres humanos à
sua imagem, Ele os criou macho e fêmea (Gn 1.27), e não ‘um ou outro’.
Portanto, a imagem de Deus aparece tanto no homem (o macho) quanto na mulher (a
fêmea), e as características peculiares de cada sexo são completamente
necessárias para espelhar a natureza de Deus. A própria palavra ishsha para ‘mulher’ sugere as suas
sensibilidades e dons especiais dados por Deus no campo emocional. Estas
características servem para realçar a humanidade. A mulher possui uma sensibilidade
especial para as necessidades humanas que lhe permitem entender intuitivamente
as situações e os sentimentos das outras pessoas” (Dicionário Bíblico
Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006, p.1312).
CONCLUSÃO
No judaísmo do
tempo de Jesus, conversar com uma mulher era considerado um ato vergonhoso (Jo
4.27). Mas Jesus conversou, ensinou, curou, libertou e valorizou as mulheres
como homem algum jamais o fez. Lucas nos mostra que as mulheres tiveram uma
participação expressiva na implantação do Reino de Deus. Graças a Deus pelo
trabalho das mulheres na Seara do Senhor.
PARA REFLETIR
Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas,
responda:
Como era a situação das mulheres no
judaísmo nos dias de Jesus?
No judaísmo do primeiro século, a mulher
não participava da vida pública. A mulher era tida como um objeto que poderia
ser usado e descartado.
Como a Bíblia fala de Maria a mãe de
Jesus?
A Bíblia mostra que Maria foi uma pessoa
agraciada por Deus para fazer parte diretamente do Plano da Salvação.
De acordo com a lição, qual o nome de
algumas mulheres, citadas por Lucas, que serviram a Jesus?
Lucas cita Maria Madalena, Joana, mulher
de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana.
De que forma as mulheres apoiaram Jesus
em seu ministério?
Elas apoiaram Jesus com seus recursos
financeiros.
Qual a importância da mulher na
expansão do Reino de Deus?
Sua importância é de grande valor.
Muitas mulheres têm se dedicado à oração, ao serviço social, à contribuição,
etc. Grande parte da obra missionária é feita por mulheres.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Mulheres
que ajudaram Jesus
Não há dúvidas que
Jesus Cristo quebrou vários paradigmas em relação às mulheres do seu tempo. Na
Palestina Antiga não havia sacerdotisas, isto é, a hierarquia religiosa judaica
era formada por homens. Logo, toda a concepção de moral, de ética e de costume
em relação à mulher era decidida por intermédio da perspectiva religiosa
masculina. Isso nos faz compreender o porquê de um rabino não se comunicar com
mulheres; a genealogia das muitas mulheres não serem mencionadas na Bíblia;
outras mulheres não entrarem nos livros de genealogias.
Mais interessante
ainda é quando olhamos para a genealogia de Jesus e, lá, encontrarmos uma
mulher como Raabe. Todo estudante da Bíblia sabe que Raabe fora uma prostituta
da cidade de Jericó e que somente sobreviveu ao ataque do povo de Israel porque
escondeu os vigias israelitas. Uma ex-prostituta na genealogia do salvador do
mundo!
E Rute, uma
estrangeira, adoradora de outros deuses, mas que graciosamente foi acolhida na
família de Israel, entrando para a genealogia do Messias desejado das nações.
E Bete-Seba, citada
na genealogia de Mateus (1.6), mãe do rei Salomão. Uma mulher que fora amante
do rei Davi, naturalmente temos de levar em conta todas as circunstâncias
sociais e política da época, agora contemplada como uma das mulheres presentes
na genealogia de Jesus.
E o que falar de
Maria, a mãe do meio nazareno? A bendita entre as mulheres, mui amada pelo
nosso Deus. O seu ventre concebeu e deu à luz o menino Jesus, o nosso Salvador.
E as mulheres que subsidiavam o ministério de Jesus? E a mulher samaritana?
Enfim, o ministério terreno de Jesus foi de encontro com diversas mulheres, que
ao encontrá-lo, sentiram-se acolhidas por Ele.
Em Jesus, o homem não
tem mais uma relação de domínio sobre a mulher, mas de parceria e de ajuda
mútua. Leia o versículo 21 do capítulo 5 de Efésios. Ali, o apóstolo nos diz
que ser “cheios do Espírito”, inevitavelmente, nos levaria a sermos submissos
uns aos outros em amor. Em seguida, o apóstolo escreveu sobre a relação da
esposa com o esposo, e deste para com aquela. Como consequência natural do
versículo 21, não é difícil compreender que tanto a esposa deve se submeter ao
esposo em amor quanto o esposo deve submeter-se a esposa, amando-a como Cristo
amou a Igreja e entregou-se por ela. Em Jesus, a posição da mulher é outra. Ele
a honrou!
SUBSIDIOS
SUBSÍDIOS ELABORADOS PELO EVANGELISTA:
NATALINO ALVES DOS ANJOS - ADMINISTRADOR DO BLOG.
PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR.
COM PESQUISAS EM COMENTÁRIOS BÍBLICOS
E NA BÍBLIA DE ESTUDOS PENTECOSTA
Mulheres que Ajudaram Jesus.
0 Catolicismo
Medieval e as Mulheres!
Embora o debate em tomo da
participação feminina nos contextos social e religioso é bastante atual,
todavia, como observaram os escritores Bonnidell Cluse e Robert G. Bonnidell,
ele não é novo.1 Bonnnidell faz um excelente apanhado histórico sobre a
participação feminina no movimento evangélico através dos séculos. Aqui
sintetizarei essa análise.
No contexto católico romano, por exemplo, as mulheres possuem
atribuições religiosas bastante limitadas. Isso se deve ao fato da analogia que
o catolicismo criou entre o sacerdócio levítico e o sacerdócio católico. Sendo
o sacerdócio católico uma adaptação do sacerdócio levítico, inclusive com sua
função de mediador, somente homens, como era no antigo judaísmo, poderiam
participar do culto. As mulheres estavam excluídas por uma série de razões. Uma
delas é que a Lei considerava uma mulher, no período menstruai, cerimonialmen-
te impura para o culto. Dessa forma o catolicismo medieval entendia que as
mulheres também estavam excluídas para as atividades religiosas pelas mesmas
razões.
Mulheres no
Contexto da Reforma
No contexto evangélico ou
protestante, no que se refere ao papel das mulheres, os debates têm se restringido
à participação ou não das mesmas no ministério pastoral. Em outras palavras, a
questão gira em torno da ordenação ou não de mulheres para o exercício pastoral
ou para a função de liderança. Robert G. Clouse explica como é vista essa
questão nas igrejas protestantes. Na maioria das igrejas, observa ele, a
ordenação para o ministério se entende como a eleição de algumas pessoas que
vão ocupar posições de autoridade dentro da congregação. Isso as qualifica para
pregar, administrar os sacramentos e supervisionar os assuntos da congregação.
Devido a importância da pregação nas igrejas protestantes, o tema da ordenação
está muito relacionado com essa função.
Com o advento da Reforma
Protestante de 1517, a visão bíblica do sacerdócio universal de todos os crentes
foi restaurada dentro do contexto evangélico. Seguindo o ensino
neotestamentário, Lutero ensinou que o cristão era seu próprio sacerdote (1 Pe
2.9). Isso abolia a figura do sacerdote católico e também tornava desnecessária
a figura de um mediador. Apesar de alguns historiadores acharem que Lutero,
graças a sua grande influência, deveria ter olhado com mais atenção para a
função de liderança das mulheres na igreja, ele não o fez. Mas ele acreditava que sob circunstâncias
especiais as mulheres poderiam exercer algumas funções na igreja, como por
exemplo, a da pregação. Essa sua posição mais maleável para com as mulheres
exerceu influência entre luteranos e reformados, seguidores de João Calvino.
Esse ponto -
Os Anabatistas
e as Mulheres
A posição dos anabatistas sobre
a participação das mulheres na liturgia do culto era muito mais maleável do que
a dos reformadores. Os anabatistas radicalizaram mais ainda a Reforma exigindo
o batismo de adultos e a participação de leigos no ministério da igreja. Na verdade
os anabatistas eram totalmente contra toda forma de elitização clerical. Não há
dúvida de que esse posicionamento dos anabatistas fez com que as mulheres
tivessem muito mais espaço entre eles. De fato os batistas do século XVII e os
Quakers, claramente influenciados pelo movimento anabatista de onde surgiram,
permitiram a participação ativa de mulheres em suas liturgias.
As Mulheres e
o Movimento Pietista Alemão
Essas e
outras controvérsias surgidas por conta da Reforma fez com que as igrejas
institucionalizadas procurassem definir seus credos doutrinários de forma muito
mais precisa. A conseqüência natural dessa ortodoxia foi a classificação desses
movimentos como sendo de natureza sectária e herética.
Muitos cristãos não ficaram
satisfeitos com esse enrijecimento doutrinário da igreja institucional e
procuraram um retorno ao fervor bíblico primitivo. Passaram a enfatizar a
conversão, a ansiar por uma vida mais santa e uma vida devocional mais
dinâmica. Esses crentes foram apelidados de “pietistas”. Eles enfatizam a vida
interior e não apenas os rituais exteriores. No movimento pietista as mulheres
voltaram a ter um papel de destaque.
0 Metodismo e
as Mulheres
É com o movimento metodista,
fundado por John Wesley, que as mulheres vão receber a visibilidade que ainda
não possuíam, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos. Wesley acreditava
que as restrições de Paulo quanto à função das mulheres na igreja era uma norma
a ser seguida. Todavia, ele cria que Deus havia chamado a todos para a sublime
missão de pregar o evangelho. Pensando assim, ele permitiu que leigos e
mulheres tivessem participação ativa no seu movimento.
Os Movimentos
de Reavivamento e as Mulheres
Entre os anos
de 1725 e 1770, os Estados Unidos foram abalados pelo que se chama comumente de
“O Grande Avivamento”. Tendo origem nas igrejas reformadas holandesas,
influenciando posteriormente as igrejas congregacionais da Nova Inglaterra,
esse avivamento trouxe conversões em massas e gerou também o famoso pregador
Jonathan Edwards. Nesse avivamento, as mulheres tiveram uma participação
especial. A mais famosa delas foi Sarah Osborn que desenvolveu um ministério
público de pregação. Um outro avivamento, que se seguiu a esse, denominado de
“O Segundo Grande Despertamento”, ocorreu em meados do século XIX. Cerca de
dois terços dos convertidos nesse movimento eram mulheres que em sua grande
maioria estavam na casa dos trinta anos. Esse fato fez com que as mulheres
também tivessem proeminência dentro desse movimento.
Com o advento do
pentecostalismo no início do século XX, o papel da mulher na igreja ganhou
muito mais expressão. Todavia, o mesmo fenômeno que ocorreu dentro de outros
movimentos evangélicos passados se repetiu dentro do pentecostalismo e a
posição de liderança das mulheres ficou outra vez limitada.
Observa-se que embora as
mulheres tenham exercido diferentes funções dentro do movimento protestante, o
protestantismo se manteve sempre conservador ao restringir a função de
liderança eclesiástica ao sexo masculino.
0 Movimento
Feminista e as Mulheres
No contexto
secular o movimento feminista surge com a bandeira que promete acabar com toda
e qualquer discriminação que existe contra a mulher.
De acordo com a Enciclopédia
Barsa, o movimento feminista defende a igualdade de direitos e status entre
homens e mulheres, que devem ter garantida a liberdade de decisão sobre suas
próprias carreiras e padrões de vida.
A origem
desse movimento está associado à revolução francesa de 1789. Durante esse
período de convulsão social o sistema político e social então vigente na França
e no resto do Ocidente foi abalado. Ainda de acordo com a Barsa,
esse movimento “encorajou as mulheres a denunciar a sujeição a que eram
mantidas e que se manifestava em todas as esferas da existência: jurídica,
política, econômica, educacional, etc. ”8
Como se observa, esse movimento
de contestação francês em seu início centrava-se mais na conquista de direitos
civis para as mulheres, situação que viria a mudar radicalmente no século XX. O
movimento feminista contemporâneo acredita que a mulher vive marginalizada e
oprimida pela cultura masculina, descrita por ele como patriarcal e machista.
Pensando nisso, o movimento procura denunciar os supostos mecanismos psicológicos
e psicossociais que favorecem essa marginali- zação ao mesmo tempo em que
oferece recursos que possibilitem à mulher se livrar dessas amarras. Acreditam
que somente assim a mulher se torna livre em seu corpo e em seus desejos!
Fundamentado nessa tese, reivindica a interrupção voluntária da gravidez
(aborto) a radical igualdade nos salários e o acesso a postos de
responsabilidade. Em muitos países esse movimento tem se tornado radical
entrando constantemente em confronto com as autoridades constituídas.
Jesus, o
Judaísmo e as Mulheres
Pois bem,
tendo dado essa visão panorâmica sobre como foi tratado o sexo feminino ao
longo dos séculos, é nosso objetivo agora voltar para a Palestina do primeiro
século a fim de entendermos como Jesus tratou as mulheres.
Tem causado espanto em muitos
pesquisadores o relato dos evangelhos sobre a participação feminina no
ministério público de Jesus. Essa admiração existe em razão da atenção que os
evangelistas, especialmente Lucas, dão às mulheres.
O relato lucano mostra que as
mulheres tiveram participação ativa no ministério de Jesus. “E aconteceu,
depois disso,.que andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e
anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele, e também
algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana,
mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam
com suas fazendas” (Lc 8.1-3).
O escritor José A. Pagola destaca essa atenção especial que
o terceiro evangelho dispensa às mulheres. “Em seu relato aparecem personagens
femininos de uma força extraordinária: Maria mãe de Jesus, Isabel, Ana, a viúva
de Naim, a pecadora na casa de Simão, suas amigas Marta e Maria, Maria de
Magdala, uma mulher anônima que tece elogios à sua mãe... Lucas tem um
interesse especial em apresentar Jesus curando mulheres enfermas —a sogra de
Simão, a mulher que sofria de hemorragia, a anciã encurvada, Maria de Magdala,
da qual liberta “sete demônios” (8.2). Também sublinha sua compaixão e sua
ternura com a mulher pecadora (7.36-50), com a viúva de Naim (7.11-17), com as
que saem chorando ao seu encontro no caminho da cruz (23.27- 31). Pagola destaca ainda que essas “mulheres são
seguidoras de Jesus e acompanham os Doze: Maria Madalena; Joana, mulher de
Cuza; Susana e ‘muitas outras que o serviam com seus bens’ (8.1-3). Quando os
varões abandonaram Jesus, elas permanecem fiéis até o fim junto à cruz (23.49).
São elas as primeiras a anunciar a ressurreição de Jesus, embora os discípulos
não acreditem nelas (24.22). O Evangelho de Lucas nos ajudará a olhar a mulher
como Jesus a olhava, para defender sua dignidade e para fazer com que elas
ocupem em sua comunidade o lugar que lhes corresponde”.
Essa forma de
enxergar a mulher, não a tratando como objeto como fazia, por exemplo, o antigo
judaísmo, era totalmente inusitada na Palestina dos dias de Jesus. Jesus,
portanto, mudou o paradigma que via as mulheres como “coisa” e não como um ser
especial formado por Deus.
Assim como
Pagola, outros teólogos têm procurado também entender o papel desempenhado
pelas mulheres nas comunidades da Palestina dos dias de Jesus. Dentre eles
estão J. Jeremias, John P. Meier, Gerd Theissen e os escritores Ekkehard e
Wolfgang Stegemann. A obra desses autores procura reconstruir a vida cotidiana
das mulheres nos dias bíblicos. John P.
Meier, por exemplo, em sua obra Um Judeu Marginal observa
que embora Lucas não use o substantivo mathetes ou
a sua forma feminina equivalente mathetria para
se referir a uma discípula, todavia o substantivo masculino em sua forma plural
hoi mathetai pode ser
usado em referência tanto para homens como para mulheres.
O que pode ser afirmado, diz
Meier, com razoável probabilidade sobre a existência ou a natureza de
discípulas em torno do Jesus histórico? Para começar, havia seguidoras? E, se
havia mulheres seguindo Jesus em um
sentido literal e físico, eram elas chamadas ou consideradas “discípulas”
durante a vida de Jesus? Tais questões, embora pareçam simples, são
surpreendentemente difíceis de responder. Na verdade, quando várias passagens
do Evangelho falam em geral de grupos de “discípulos” com Jesus, sem maiores
especificações sobre a composição do grupo, é lícito assinalar que o substantivo
masculino plural hoi mathetai pode ser entendido inclusivamente, pois pelo
menos alguns substantivos masculinos plurais em grego eram entendidos assim (p.
ex., o masculino plural hoi goneis para “pai [pai e mãe]”). Ao contrário da
tendência contemporânea do uso no inglês dos Estados Unidos, o masculino plural
em grego admite uma interpretação inclusiva se o contexto não dá outra
indicação. Portanto, a forma gramatical hoi mathetai poderia se referir a
discípulos masculinos e também femininos. Pode-se montar um argumento para
mostrar que Lucas em particular interpreta o plural dessa maneira, embora ele
nunca use clara e diretamente mathetai apenas para um grupo de mulheres.
O fato de um
grupo de mulheres serem citadas como seguidoras de Jesus tem chamado a atenção
dos estudiosos. Isso mostra que a missão do Filho do Homem não se limitou aos
excluídos economicamente, mas também aquelas que haviam sido excluídas
socialmente. É possível observar que essas mulheres, embora discípulas de
Jesus, não se sentiram constrangidas a renunciar os seus bens. Como bem
observou Meier, se assim tivessem feito não poderiam servir de forma contínua a
Jesus e a seus apóstolos (Lc 8.1-3).
O contraste
existente, portanto, entre o tratamento que Jesus deu às mulheres e aquele que
elas recebiam da sociedade de seus dias é de fato enorme. Na verdade, Jesus
promoveu uma verdadeira “inversão” de valores naqueles dias. O objeto passou a
ser sujeito! Os escritores Ekkehard e Wolfgang Stegemann na obra História
Social do Protocris- tianismo, fizeram resgate
histórico sobre a participação feminina nas culturas do mundo mediterrâneo.
Citando o escritor judeu Filo de Alexandria, contemporâneo de Jesus, eles
resumem o pensamento que se tinha sobre as mulheres no judaísmo do primeiro
século.
“Praças, reuniões do conselho,
tribunais, associações, ajuntamentos de grandes massas e o relacionamento
cotidiano a céu aberto, por meio da palavra e da ação, na guerra e na paz, são
apropriados apenas aos homens; o sexo feminino, em contrapartida, deve cuidar
do lar e permanecer em casa; mais exatamente, as virgens devem (ficar) nos
aposentos mais retirados e encarar as
portas de acesso como seu limite; as mulheres casadas, por sua vez, as portas
da casa. Pois há dois tipos de complexos urbanos, casas (oikíai); destes dois,
com base na divisão, os homens têm a direção dos maiores, que constitui a
administração da cidade (politeia), e as mulheres dirigem os menores, as
chamadas economias domésticas (oikonomía). A mulher, portanto, não deve se
preocupar com qualquer coisa que vá além das obrigações da economia doméstica.”
Por outro lado, as culturas
gregas e romanas eram muito mais flexíveis com a participação das mulheres na
vida pública. Mas, de uma forma geral, a cultura oriental era bastante rígida
com a participação feminina na coletividade. Ainda sobre a presença feminina na
vida pública na Palestina nos dias de Jesus, o escritor e historiador J.
Jeremias destaca que as mulheres não podiam sair de casa sem terem seus rostos
cobertos por uma espécie de burca. Dessa forma não era possível nem mesmo
reconhecer seu rosto. E conhecido o caso de um sacerdote que mandou açoitar a
própria mãe porque não a reconheceu por causa da indumentária que ela vestia!
Jeremias destaca que a mulher que saía de casa sem ter a cabeça coberta, que
dizer, sem o véu que ocultava o rosto, faltava de tal modo aos bons costumes
que o marido tinha o direito, até mais, tinha o dever de despedi-la sem ser
obrigado a pagar a quantia que, no caso de divórcio, pertencia à esposa, em virtude
do contrato matrimonial.
As regras do decoro, observa
ainda J. Jeremias, proibiam encontrar-se sozinho com uma mulher, olhar para uma
mulher casada, e até mesmo cumprimentá-la. Seria vergonhoso para um aluno de
escriba falar com uma mulher na rua. Aquela que conversasse com alguém na rua
ou ficasse do lado de fora de sua casa podia ser repudiada sem receber o
pagamento previsto no contrato de casamento Isso nos permite entender outros
textos dos Evangelhos onde Jesus aparece conversando com mulheres! No Evangelho
de Lucas, por exemplo, vemos Jesus dialogando com as irmãs Marta e Maria e no
Evangelho de João a clássica história da samaritana. Até mesmo os apóstolos,
que acompanhavam Jesus de perto, admiraram-se dessa ousadia do Mestre.
Mulheres que tiveram um Encontro
Pessoal com Jesus
Aprecio o esboço feito pela
escritora Wanda de Assumpção sobre as mulheres que tiveram um encontro pessoal
com Jesus. Ela divide em quatro grupos todas as mulheres que de alguma forma se
encontraram com Jesus. No grupo das que tiveram Jesus como seu sustento e
consolo, estão: Ana, a profetisa, a viúva de Naim e a viúva pobre. No grupo das
mulheres que tiveram Jesus como a sua justificação, estão: a pecadora que ungiu
os pés de Jesus e a mulher adúltera. No grupo das que tiveram Jesus como a
cura, estão: a sogra de Pedro, a mulher com hemorragia, a mulher curvada por
enfermidade, a mulher siro-fenícia e Maria Madalena. Por último, no grupo das
mulheres que tiveram Jesus como a água viva que sacia a sede, encontram-se: a
mulher sa- maritana, Marta, Maria de Betânia, a mãe de Tiago e João e Maria, a
mãe de Jesus.
De todas
essas histórias, a narrativa sobre a mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus
se mostra como uma das mais belas e fascinantes. Ela mostra que Jesus valorizou
as mulheres e devolveu-lhes a dignidade perdida.
“E rogou-lhe um dos fariseus
que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa. E eis
que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa
do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento. E, estando por detrás, aos
seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos
com os cabelos da sua cabeça e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o unguento.
Quando isso viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se
este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma
pecadora. E, respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E
ele disse: Dize-a, Mestre. Um certo credor tinha dois devedores; um devia- lhe
quinhentos dinheiros, e outro, cinqüenta. E, não tendo eles com que pagar,
perdoou-lhes a ambos. Dize, pois: qual deles o amará mais? E Simão,
respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe
disse: Julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta
mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me
os pés com lágrimas e mos enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo, mas
esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a
cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento. Por isso, te digo que
os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem
pouco é perdoado pouco ama. E disse a ela: Os teus pecados te são perdoados. E
os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa
pecados? E disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz” (Lc 7.36-50).
Algumas deduções são possíveis a partir desse texto:
1. A mulher
pecadora era “cobiçada” pelos homens, mas não se sentia amada por Deus.
Essa mulher
que ungiu os pés de Jesus, que não deve ser confundida com uma outra mulher
citada no capítulo 12 do evangelho de João, trazia o estigma de ser “pecadora”.
Esse adjetivo significava que ela era uma mulher de vida “livre” ou mais
popularmente uma “prostituta”. Isso a excluía da vida religiosa e da vida em
sociedade. Não há dúvida de que essa mulher, sempre disponível para os homens,
sendo cobiçada por eles, não se sentia uma mulher amada.
É somente quando ela encontra o
Senhor Jesus que ela de fato vai saber o que é se sentir realmente amada. Jesus
fez com que a mulher pecadora se sentisse perdoada por Deus.
2. A mulher
pecadora levava consigo um frasco de perfume, mas não conseguia encobrir o
fedor do seu passado.
O fariseu que
convidou Jesus, ao observar a cena da mulher ungindo o Senhor, pensou: “Se este
fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma
pecadora”. Esse fariseu tinha o olfato refinado para sentir o cheiro do
“pecado”. Pela lei, aquela mulher de fato era uma pecadora! O fariseu e todos
os presentes ali sabiam disso. Parece que aquela mulher fedia a pecado.
Foi somente quando teve o
contado com o Mestre que o seu pecado e conseqüente o seu passado foram
esquecidos diante de Deus. Agora ela não fedia mais a pecado, mas tornara-se o
bom perfume de Cristo (2 Co 2.15).
3. A mulher
pecadora vendia o seu corpo, mas não conseguia comprar a paz.
O que de fato essa mulher procurava
e buscava com intensidade era encontrar a paz! Ela tinha os homens à sua volta,
ganhava dinheiro com seu corpo, mas não conseguia encontrar a paz. Jesus
mostra-lhe que ser amada por Deus e perdoada por Ele é o que importa. A paz vem
quando o perdão de Deus é derramado em seu coração.
4. A mulher pecadora derramou diante de Jesus tudo o que
tinha para que Deus juntasse o que havia sobrado dela. O relato lucano diz que
ela ungia o Senhor. Ela derramou tudo o que possuía de mais precioso sobre o
Senhor. O seu gesto de entrega e de arrependimento possibilitou o Senhor
restaurá-la por completo. A sua vida, que se encontrava fragmentada em retalhos
foi totalmente reconstruída.
5. A mulher
pecadora aprendeu que a Lei condena, mas a graça perdoa!
A Lei puniu aquela mulher, a
graça a perdoou! A Lei a excluía, a graça a abraçou! A Lei foi dada através de
Moisés, a graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo (Jo 1.17).
LUCAS 8:1-3 / Uma das
características espantosas do ministério de Jeus foi a presença de mulheres
como discípulas, como companheiras no meio de seus seguidores. Mulheres que
acompanhassem a Jesus e seus discípulos era algo que contrariava de modo total
os costumes judaicos (v. Tannehill, p. 13739). Nessa breve seção, Lucas
identifica por nome três das mulheres que viajavam pela Galiléia ao lado dos
Doze (v. a nota abaixo). Ele nota ainda que havia muitas outras que lhe
prestavam assistência com os seus bens (v. 3). E provável que Lucas tivesse
três razões para mencionar essas mulheres:
(1) mostrar que as mulheres que haviam testemunhado a
crucificação (Lucas 23:49) e a sepultura vazia (24:10,22,24) haviam estado com Jesus
desde o tempo de seu ministério galileu (o que com efeito satisfaz as qualificações
exigidas para o apostolado em Atos 1:21,22);
(2) mostrar que as mulheres podem ter e exercer, e de fato
exercem papéis de influência na igreja (v. Atos 1:14; 8:12; 16:13-15; 17:4,12;
18:24-26);
(3) demonstrar que a liberalidade em questões de dinheiro e
bens é marca do discipulado real, sendo essencial para a continuidade do
ministério.
LUCAS 8:2 / Maria,
chamada Madalena: E assim chamada por ser da cidade de Magdala (que
possivelmente significa “cidade da torre”). Ela aparece de modo preeminente na
tradição dos evangelhos, de modo particular na crucificação e ressurreição de
Jesus (Mateus 27:56, 61; 28:1; Marcos 15:40, 47; 16:1, [9]; Lucas 24:10; João
19:25; 20:1, 11,16, 18). Só Lucas menciona que saíram sete demônios dessa
mulher (a segunda finalização do evangelho de Marcos repete a declaração de
Lucas [Marcos 16:9], O número de demônios indica a severidade da possessão
demoníaca (Ellis, p. 128; Fitzmyer, p. 698). De acordo com uma tradição
rabínica, o anjo da morte “disse a seu mensageiro: ‘Vá buscar Miriã [Maria], a
cabeleireira de mulheres!’ Ele foi e lhe trouxe Miriã” (b. Hagiga 4b). “Cabeleireira”
é megaddela, que poderia ser um trocadilho com Madalena. O contexto mais amplo
dessa tradição rabínica revela que Madalena foi confundida com Maria, a mãe de
Jesus.
LUCAS 8:3 / Joana,
mulher de Cuza, procurador de Herodes: E referência a Herodes Antipas. Fitzmyer
(p. 698) entende que o marido de Joana poderia ter sido administrador dos bens
de Herodes. O fato de a esposa de tal personagem ser seguidora de Jesus indica
que nem todos os seguidores de Jesus eram de origem humilde e de pequenas
posses. Além desse versículo e de Lucas 24:10, não existem menções a essa
mulher em outras passagens.
Suzana: Além
dessa referência de Lucas, nada se conhece a respeito dessa mulher. E o nome da
bela heroína de uma parte das adições apócrifas de Daniel.
com os seus bens:
Lit.: “de suas próprias posses”. A palavra traduzida por “bens” ocorre com
freqüência em Lucas (11:21; 12:15,33,44; 14:33; 16:1; 19:8; Atos 4:32) e
reflete a preocupação de Lucas com as riquezas e nossa atitude adequada para
com elas.
Essas mulheres, que tinham recebido cura e atendimento
especial da parte de Jesus, honravam-no, contribuindo fielmente para o seu
sustento e dos seus discípulos. O serviço e a devoção delas continuam sendo um
exemplo para toda mulher que nEle crê. As palavras de Jesus em Mt 25.34-40
aplicam-se a nós na proporção em que lhe servimos.
As Mulheres que serviram a Jesus, 8:1-3 (Mt 4:23; 9:35)
(1) A presente seção (especialmente 8:4-21), juntamente com
6:40-49, é uma das coleções de ensinamentos que precedem o corpo principal do
material de ensino no livro (9:51-18:14). Esses três versículos preparam o
leitor para a parábola do semeador que se segue. Sobre pregação veja notas em
1:19; sobre reino, veja notas em 1:33.
(2) Esta seção indica a importância das mulheres
na apresentação do evangelho feita por Lucas (veja notas em 1:5; e cf. Atos
1:14,21). É possível que as mulheres nomeadas especificamente
fossem conhecidas dos leitores de Lucas. Parece estranho que viajassem com este
grupo. Elas proviam ajuda material (também pouco comum), mas suas outras razões
não são dadas. Talvez fosse sua devoção a Jesus, em alguns casos, intensificada
por ele as ter curado. Nã é necessário inferir que todas essas mulheres fizessem
parte do grupo todo o tempo.
Os sete demônios de
Maria podem indicar que sua possessão fosse da mais extrema malignidade. Alguns
a veriam mesmo como indicando uma série de recaídas. Sobre a devoção de Maria a
Jesus veja Marcos 15:40; 16:1; Lucas 23:55-24:11; João 19:25; 20:11-20.
Magdala, uma cidade predominantemente gentia, ficava ao sul da planície de
Genesaré. Não há qualquer indicação de que Jesus tivesse estado ali, apesar de
ter visitado a região (Mt 14:34; Mc 6:53).
(3) Jesus estava
aparentemente disposto a aceitar essa ajuda. Apesar de possuir o poder, ele não
operou milagres para prover o seu sustento físico (mas veja a alimentação dos
cinco mil e dos quatro mil). Suzana não
é mencionada em nenhum outro ponto, e Joana apenas em 24:10. Cuza, marido de
Joana, talvez fosse um administrador doméstico. Herodes era provavelmente
Antipas. A influência de Jesus tinha penetrado até mesmo na corte do
governador.
As
mulheres que serviram a Jesus (8:1-3)
Depois disto Jesus saiu numa viagem de pregação. Não são mencionadas sinagogas,
e é muito possível que a hostilidade cada vez maior da parte da instituição das
sinagogas O levasse a concentrar-Se em pregar e ensinar ao ar livre. Não tinha
falta de auditório, pois há referências repetidas às multidões (cf. 7:11, 24;
8:4, 19, 40, 45). Nesta ocasião, foi acompanhado pelos Doze e por algumas
mulheres as quais curara. Os rabinos recusavam- se a ensinar as mulheres, e
geralmente lhes atribuíam um lugar de grande inferioridade. Jesus, porém,
livremente as admitia à comunhão, como nesta ocasião, e aceitava o serviço delas.
A primeira a ser mencionada é Maria chamada Madalena (o nome de um lugar, que
significa “de Magdala,” i.é, “A Torre”). A imaginação cristã tem feito muita
especulação em tomo de Maria Madalena, e usualmente a vê como uma mulher muito
bela a quem Jesus salvou de uma vida imoral. Absolutamente nada há nas fontes
para indicar tal coisa. Lucas diz que dela saíram sete demônios, o que
demonstra que Jesus a livrara de uma experiência muito angustiante. Não há,
porém, razão alguma para ligar os demônios com a conduta imoral: estão mais
usualmente associados com perturbações mentais.
Joana é mencionada outra vez em 24:10, mas fora disto nada se sabe acerca
dela. O marido dela, Cuza, é mencionado somente aqui. Que era procurador de
Herodes mostra que era um homem de posição, embora não esteja clara a natureza
do seu cargo. A palavra traduzida procurador pode denotar o mordomo das
fazendas de Herodes, ou pode indicar um cargo político. Godet conjetura que
este homem pode ter sido o oficial cujo filho Jesus curou (Jo 4:46 ss.). Se for
assim, explicaria por que Joana era contada entre os seguidores de Jesus, e por
que recebeu licença de acompanhá-Lo nesta viagem. Nada mais se sabe de Suzarn.
Lucas não entra em mais detalhes; havia muitas outras, mas acrescenta apenas
que the prestavam assistência com os seus bens. Esta expressão é valiosa porque
nos dá um dos poucos vislumbres que temos da maneira pela qual as necessidades
de Jesus durante Seu ministério foram supridas. Lemos que o grupo apostólico
tinha uma bolsa em comum, da qual tiravam as despesas para o alimento e as
ofertas para os pobres (Jo 13:29), mas não somos informados como era enchida.
Aqui ficamos sabendo que estas mulheres correspondiam em amor e gratidão aquilo
que Jesus fizera para elas (cf. Mc 15:4041). Parece que não era incomum o caso
de mulheres piedosas ajudarem mestres religiosos, e Jesus fala dalguns fariseus
que evidentemente eram bem rapaces (20:47). Acalenta o coração ao ler sobre
este grupo de mulheres que davam apoio a Jesus. E vale a pena refletir que os Evangelhos
não registram que alguma mulher empreendesse alguma ação contra Ele: Seus
inimigos eram todos homens.
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