Seguidores

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A ULTIMA CEIA - LIÇÃO 11 - COM SUBSIDIOS


Resultado de imagem para capa lição cpad 2015

SUBSIDIO ELABORADO PELO EVANGELISTA: NATALINO ALVES DOS ANJOS. PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR. MEMBRO DA ASSEMBLEIA DE DEUS MISSÃO - CAMPO DE GUIRATINGA - MATO GROSSO

Lições Bíblicas CPAD  - Adultos
 2º Trimestre de 2015

Título: Jesus, o Homem Perfeito — O Evangelho de Lucas, o médico amado
Comentarista: José Gonçalves

Lição 11: A última Ceia
Data: 14 de Junho de 2015

TEXTO ÁUREO
 “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co 5.7).

VERDADE PRÁTICA
 A Páscoa comemorava a libertação do Egito. A Ceia do Senhor celebra a libertação do pecado.

LEITURA DIÁRIA
Segunda — Êx 12.1-28
O real propósito da Páscoa para os judeus
Terça — Lc 22.7-13
A última ceia de Jesus com seus discípulos aqui na terra
Quarta — Lc 22.14-20
O verdadeiro significado da celebração da Ceia
Quinta — Lc 22.19,20
Os elementos que compõem a Santa Ceia do Senhor
Sexta — 1Co 11.26
O real propósito da Ceia do Senhor para a Igreja
Sábado — 1Co 11.27-32
Ouem pode participar da Santa Ceia do Senhor

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
 Lucas 22.7-20.

7 — Chegou, porém, o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava sacrificar a Páscoa.
8 — E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a Páscoa, para que a comamos.
9 — E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos?
10 — E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar.
11 — E direis ao pai de família da casa: O mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?
12 — Então, ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado; aí fazei os preparativos.
13 — E, indo eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a Páscoa.
14 — E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos.
15 — E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça,
16 — porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus.
17 — E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós,
18 — porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o Reino de Deus.
19 — E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim.
20 — Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós.

HINOS SUGERIDOS
 53, 22, 482 da Harpa Cristã
 OBJETIVO GERAL
 Explicar a instituição da Ceia do Senhor como ordenança.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I. Analisar os antecedentes históricos da última ceia de Jesus.
II. Expor a dinâmica da preparação, celebração e a substituição da Páscoa pela celebração da Ceia do Senhor.
III. Elencar os dois elementos da última ceia.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
 Prezado professor, estamos diante de um texto que narra uma das mais importantes celebrações da Igreja Cristã: Lucas 22, a Ceia do Senhor. A aula desta semana deve ser iniciada explicando aos alunos os antecedentes históricos da instituição da Ceia do Senhor. Quando o Senhor Jesus Cristo instituiu a Ceia, na ocasião, Ele estava celebrando a páscoa judaica. Como um marco representativo da liberação do povo de Israel do Egito — pois foi assim que a Páscoa ficou conhecida —, a Ceia do Senhor seria um marco representativo do ato de amor que Jesus Cristo fez em nosso favor, entregando-se à morte, e morte de cruz, por amor. Explicar tão significativa celebração é o objetivo da aula desta semana.

COMENTÁRIO
 INTRODUÇÃO
 Sem dúvida, a Páscoa era uma das festas mais importantes do judaísmo, e a sua celebração era carregada de valor simbólico. O seu ritual era metódico e meticuloso pois lembrava um dos momentos mais importantes da história do povo de Deus da Antiga Aliança — a libertação do cativeiro egípcio! A sua celebração anual mobilizava toda a nação judaica.
Quando instituiu a Santa Ceia, por ocasião da celebração da última Páscoa, Jesus tinha em mente esses fatos. Sabedor de que a Páscoa era apenas um tipo do qual Ele era o antítipo (ou uma figura da qual Ele era o cumprimento), Ele demostrou alegria e satisfação por poder celebrá-la na companhia de seus discípulos. Apenas algumas horas depois, o Filho do Homem estaria libertando o seu povo, não mais de um cativeiro humano, mas do cativeiro do pecado!

 PONTO CENTRAL
 A Ceia do Senhor é uma celebração que o nosso Senhor ordenou à Igreja até a sua vinda.

 I. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA ÚLTIMA CEIA
 1. A instituição da páscoa judaica. A festa da Páscoa era uma das celebrações que ocorria na primavera. A palavra é derivada do verbo hebraico pasah, com o sentido de “passar por cima”. Essa festa tem sua origem nos dias que antecedem o êxodo dos israelitas do Egito, conforme narrado em Êxodo 12. Até esse momento, Faraó relutava em deixar os israelitas partirem conforme a determinação do Senhor. A consequência dessa obstinação do governante egípcio foi o julgamento divino que veio na forma de uma grande mortandade nos lares egípcios. Somente os primogênitos das famílias egípcias seriam atingidos, pois os hebreus estavam protegidos com o sangue do cordeiro pascal (Êx 12.13). O sangue do cordeiro era um tipo do sangue de Cristo, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29; 1Co 5.7).

2. O ritual da páscoa judaica. A páscoa judaica obedecia a um ritual detalhado (Dt 16.1-4). Todavia, de acordo com Êxodo 12.3-12, os preparativos teriam início aos dez do mês com a escolha de um cordeiro, ou cabrito, para cada família. A família, sendo pequena poderia então convidar o vizinho. O cordeiro, que seria guardado até ao décimo quarto dia, deveria ser de um ano e sem defeito. No final do décimo quarto dia era imolado. O sangue era posto sobre as ombreiras e vergas das portas das casas judaicas. O cordeiro deveria ser comido assado e com pães asmos e ervas amargas. O resto que sobrasse deveria ser queimado. Os participantes da Páscoa deveriam ter os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. Era a Páscoa do Senhor.

SÍNTESE DO TÓPICO (I)
 Na perspectiva secular, o dinheiro é apenas um elemento material; na cristã, as dimensões espiritual e material devem coexistir.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
 “A refeição da Páscoa era parte importante da festividade. Exigia o sacrifício e a assadura de um cordeiro, pão sem fermento, ervas amargas e vinho. A pessoa devia comer a refeição da Páscoa na posição reclinada e depois do pôr-do-sol (no início do décimo quinto dia de nisã). Assim, antes que a refeição da Páscoa fosse celebrada, preparações cuidadosas tinham de ser feitas.
Lucas reconta como Jesus se prepara para comer a última refeição da Páscoa com os discípulos antes de sua morte. A expressão ‘o dia da Festa dos Pães Asmos’ se refere provavelmente ao dia antes da refeição, o décimo quarto dia de nisã, quando os judeus retiravam todo o fermento de suas casas em preparação à festa. Jesus instrui Pedro e João a fazerem os arranjos necessários, mas eles não têm ideia de onde Ele quer fazer a comemoração. Pelo fato de Jesus saber que Judas concordou em entregá-lo aos líderes religiosos (vv.21,22), Ele manteve o lugar da refeição em segredo. Durante a refeição da Páscoa, todos os judeus estariam a portas fechadas, e tal oportunidade ofereceria ocasião conveniente para Judas entregar Jesus às autoridades. Mas Jesus será preso na hora em que Ele escolher, e não quando os inimigos escolherem” (ARRINGTON, French L. Lucas. In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.460).

II. A CELEBRAÇÃO DA ÚLTIMA CEIA
 1. A preparação. Ao responder à pergunta dos discípulos sobre onde se daria os preparativos da Páscoa, Jesus encaminha-os a um homem com um cântaro de água (Lc 22.10). Lucas deixa claro que Cristo, como filho de Deus e capacitado pelo Espírito Santo, possuía conhecimento prévio dos fatos. O expositor bíblico Anthony Lee Ash, observa que o homem com um cântaro de água seria facilmente notado, pois esse era um trabalho de mulher. Os hospedeiros costumavam oferecer suas casas durante a festa, em troca das peles de animais e utensílios usados para a refeição. O preparo da Páscoa incluiria a busca de fermento na casa e o preparo dos vários elementos da refeição.

2. A celebração e substituição. Jesus possuía consciência de que a sua morte na cruz se aproximava e que Ele era o Cordeiro de Deus do qual o cordeiro da Páscoa era apenas um tipo (Jo 1.29). Com certeza milhares de cordeiros foram sacrificados em Jerusalém nessa data, mas somente Jesus era o “Cordeiro de Deus que tiraria o pecado do mundo” (Jo 1.29). Se a Páscoa judaica marcou a libertação do sofrimento do cativerio egípcio, agora Jesus, através do seu sofrimento, libertaria a humanidade da escravidão do pecado. Pedro e João fazem os preparativos exigidos sobre a última Páscoa (Lc 22.7-20) e é durante a celebração da última Páscoa que Jesus instituiu a Ceia do Senhor (Lc 22.19,20). No contexto da Nova Aliança a Ceia do Senhor substituiu a Páscoa judaica (1Co 11.20,23).

SÍNTESE DO TÓPICO (II)
 Foi numa Páscoa judaica que nosso Senhor instituiu a Ceia, como uma ordenança para toda a Igreja.

III. OS ELEMENTOS DA ÚLTIMA CEIA
 1. O vinho. O terceiro Evangelho faz referência ao uso do cálice por duas vezes, a primeira delas antes de mencionar o pão (Lc 22.17,20). Mas essa reversão da ordem dos elementos não modifica em nada o significado da Ceia. Nesse particular, a liturgia cristã segue o modelo dos outros evangelistas e de Paulo, onde o uso do vinho é precedido pelo pão (Mc 14.22-26; Mt 26.26-30; 1Co 11.23-25).
Tomando o cálice, Jesus falou: “Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós” (Lc 22.20). O sentido desse texto é que o vinho é um símbolo da Nova Aliança que foi selada com o sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus (Êx 12.6,7,13; 24.8; Zc 9.11; Is 53.12).

2. O pão. Após tomar o pão, dar graças e partir, Jesus disse: “Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim” (Lc 22.19). Jesus usa a expressão: “isto é o meu corpo” com sentido metafórico, da mesma forma que Ele disse: “Eu sou a porta” (Jo 10.9). O pão era um símbolo do corpo de Jesus da mesma forma que o vinho era do seu sangue. A palavra “oferecido” traduz o verbo grego didomi, que também possui o sentido de entregar. Esse mesmo verbo é usado nos textos de Isaías 53.6,10,12, onde há uma clara referência a um sacrifício (cf. Êx 30.14; Lv 22.14). O corpo de Jesus seria oferecido vicariamente em favor dos pecadores.

SÍNTESE DO TÓPICO (III)
 Os elementos da Ceia são o vinho, que simboliza o sangue de Jesus; o pão, que simboliza o corpo partido do Senhor.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
 “Devido, em grande parte, à conotação um tanto mística que acompanha a palavra ‘sacramento’, a maioria dos pentecostais e evangélicos prefere o termo ‘ordenança’ para expressar o seu modo de entender o batismo e a Ceia do Senhor. Já na era da Reforma, alguns levantavam objeções à palavra ‘sacramentos’. Preferiam falar em ‘sinais’ ou ‘selos’ da graça. Tanto Lutero quanto Calvino empregavam o termo ‘sacramento’, mas chamavam atenção para o fato de que o usavam num sentido teológico diferente da implicação original da palavra em latim. O colega de Lutero, Philipp Melanchthon, preferia empregar o termo signis (‘sinal’). Hoje, alguns que não se consideram ‘sacramentalistas’, ou seja, que não acham que a graça salvífica seja transmitida através dos sacramentos, continuam usando os termos ‘sacramento’ e ‘ordenança’ de modo sinônimo. Devemos interpretar cuidadosamente o sentido do termo de acordo com a relevância e implicações atribuídas à cerimônia pelos participantes. As ordenanças, determinadas por Cristo e celebradas por causa do seu mandamento e exemplo, não são vistas pela maioria dos pentecostais e evangélicos como capazes de produzir por si mesmas uma mudança espiritual, mas como símbolos ou formas de proclamação daquilo que Cristo já levou a efeito espiritualmente nas suas vidas” (HORTON, Stanley (Ed). Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.560).



CONCLUSÃO

Participar da Ceia do Senhor é um privilégio do qual todo cristão deve se alegrar. Não se trata de um ritual vazio, mas de uma celebração carregada de significado, porque aponta para o sacrifício do calvário. A Ceia celebra a vitória de Cristo, o Cordeiro de Deus, sobre o pecado e suas consequências.
Ao participarmos da Ceia, devemos manter uma atitude de eterna gratidão ao Senhor por nos haver dado vida quando nos encontrávamos mortos em nossos delitos. Assim como os antigos judeus não deveriam celebrá-la com fermento em seus lares, da mesma forma não devemos comemorar a Ceia com o velho fermento do pecado. Celebremos a Ceia com os asmos da sinceridade.

PARA REFLETIR
 Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas, responda:
 Quando ocorria a festa da Páscoa?
A festa da Páscoa era uma das celebrações que ocorria na primavera.

A palavra Páscoa é derivada de qual verbo hebraico e qual é o seu significado?
A palavra é derivada do verbo hebraico pasah, com o sentido de “passar por cima”.

O que o vinho na Santa Ceia simboliza?
O vinho é um símbolo da Nova Aliança, que foi selada com o sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus.

O que simboliza o pão?
O pão simboliza o corpo de Jesus.

O significa, para você, participar da Santa Ceia?
Resposta livre.

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

A última Ceia
 O ambiente da última Páscoa de Jesus, e a instituição da Ceia do Senhor, é digno de notas extensas. Quem estava na Ceia do Senhor, assentado à mesa? Judas, o traidor; os discípulos que logo após a Ceia do Senhor disputavam sobre quem seria o maior entre eles; estava presente Pedro, que negou Jesus três vezes; no final, todos os discípulos abandonariam o Senhor, exceto o apóstolo João. Esse contexto é significativo quando refletimos sobre a simbologia da ordenança de nosso Senhor.
O ato da Ceia do Senhor demonstra que Ele se entregou em favor de nós, seres humanos imperfeitos, não regenerados e dependentes exclusivamente da graça de Deus. O nosso Senhor estava diante dos seus discípulos, aqueles que os trairia, os negaria, e encontravam-se preocupados acerca de quem é o maior no Reino de Deus. Ele partiu o pão e deu-o para essas pessoas, Ele serviu o suco da vide para essas pessoas. A Ceia do Senhor foi instituída num ambiente onde estavam pessoas com uma natureza absolutamente contrária ao Evangelho. Jesus sabia que seria traído, negado e que pessoas estavam preocupadas com a posição que assumiriam quando o seu reino fosse instaurado. Para esses discípulos, o reino era de perspectiva humana, palaciana e material. Por isso, quando o nosso Senhor foi crucificado e morto, os discípulos dispersaram, pois “Onde estava o reino?”; “Onde estava o Palácio?”; “onde estava o rei?”. Os discípulos simplesmente desanimaram...

Não somos tão diferentes dos discípulos hoje. Talvez, não traímos o Senhor, entregando-o a morte para livrar a nossa pele, por absoluta falta de oportunidade. Quantas vezes quando estamos sob alguma pressão, o nosso pensamento é desistir? Imagine a pressão que o nosso Senhor sentiu e, igualmente, a pressão que o apóstolo João pressentiu ao decidir ficar só, com Maria, a mãe de Jesus e outras mulheres que sofriam o sofrimento do Messias.

Hoje, pela graça de Deus, temos a possibilidade de sentarmo-nos à mesa do Senhor, “comer do seu corpo” e “beber do seu sangue”. Lembrando de tão grande e suficiente sacrifício que o nosso Senhor fez por nós. Celebrando a sua presença conosco, pois Ele está vivo, ressuscitou e habita em nós. Igualmente, tendo a esperança de um dia Ele voltar para nos buscar, pois chegará o dia em que o nosso Senhor beberá de novo, mas agora juntamente conosco, do fruto da vide. Portanto, a Ceia do Senhor nos faz olhar para o passado, viver o presente e ter esperança no futuro. Deus está conosco!


SUBSIDIOS

A ÚLTIMA REFEIÇÃO JUNTOS

Lucas 22:7-23
Uma vez mais Jesus não deixou as coisas até último momento; fez seus planos.
As casas das classes privilegiadas tinham duas habitações. Uma sobre a outra, faziam com que a casa parecesse uma pequena caixa localizada sobre outra maior. Chegava-se ao aposento alto por meio de uma escada exterior. Durante a Páscoa o alojamento em Jerusalém era gratuito. O único pagamento que um anfitrião podia receber por abrigar os peregrinos era a pele do cordeiro que comiam na festa. Um uso muito comum do aposento alto era o de ser o lugar de reunião de um rabino com seus discípulos prediletos para falar com eles e lhes abrir seu coração. Jesus tinha tomado medidas para conseguir tal lugar. Enviou Pedro e João à cidade para que procurassem um homem levando um cântaro com água. Conduzir água era uma tarefa de mulheres. Um homem que levasse um cântaro com água séria tão fácil de distinguir, digamos, como um homem que usasse um guarda-chuva de mulher em um dia de chuva. Este era um sinal combinado de antemão entre Jesus e um amigo.
A festa continuou; e Jesus utilizou os símbolos antigos para lhes dar um novo significado.

(1) Do pão disse: "Isto é o meu corpo." Isto é exatamente o que queremos dizer por sacramento. Um sacramento é algo, quase sempre muito comum, que adquiriu um significado muito além de si mesmo para    aquele que tem olhos para ver e coração para compreender. Não há nada especialmente teológico ou misterioso nele. Em todas as nossas casas há alguma gaveta cheia de coisas que poderiam ser chamados lixo, mas que ninguém tira; não podemos fazê-lo, porque quando tomamos e tocamos, e as olhamos, trazem-nos memórias de tal ou qual ocasião ou de tal ou qual pessoa. São coisas comuns, mas têm um significado além de si mesmos. Isso é um sacramento.

Quando a mãe do Sir James Barrie morreu, e quando estavam tirando seus pertences, encontraram que tinha guardado todos os envelopes nos quais seu famoso filho lhe enviava tão fiel e amorosamente seus cheques. Eram só velhos envelopes, mas significavam muito para ela. Isso é um sacramento.

Quando se enterrou Nelson na Catedral de São Paulo, um grupo de marinheiros levou seu ataúde à tumba. Alguém que viu a cena escreve: "Com reverência, e com eficiência, baixaram à sua tumba o corpo do maior almirante do mundo. Depois, como se respondessem a uma rápida ordem da ponte de comando, tomaram a bandeira britânica que cobria o ataúde e a rasgaram em fragmentos, e cada um tomou essa lembrança do ilustre morto." Durante toda sua vida esse pedaço de tecido colorido lhes falaria do almirante que amavam. Isso é um sacramento.
O pão que comemos durante o sacramento é comum, mas, para aquele que tem um coração que sente e compreende, é o próprio corpo do Cristo.

(2) Do cálice disse: “Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.” É a nova aliança feita ao preço do sangue de Cristo." No sentido bíblico, um pacto é uma relação entre o homem e Deus. Ele se aproxima amavelmente do homem; e este promete obedecer e guardar sua lei. Tudo isto está estabelecido em Êxodo 24:1-8. A continuidade desse pacto depende do homem cumprir sua promessa e obedecer a lei; mas por si mesmo não pode fazê-lo; seu pecado interrompe a relação com Deus. Todo o sistema de sacrifícios judaicos  estava desenhado para restaurar essa relação oferecendo sacrifícios a Deus para expiar o pecado.

O que Jesus disse foi o seguinte: "Com minha vida, e com minha morte, ornei possível uma nova relação entre vocês e Deus. Vocês são pecadores, é certo. Mas porque eu morri por vocês, Deus já não é mais seu inimigo e sim seu amigo." Custou a vida de Cristo restaurar a perdida relação de amizade entre o homem e Deus.

(3) Jesus disse: "Fazei isto em memória de mim." Sabia quão facilmente a mente humana esquece. Os gregos tinham uma frase que usavam para descrever o tempo; diziam: "O tempo apaga todas as coisas", como se a mente do homem fosse um quadro-negro, e o tempo fosse uma esponja que podia limpá-lo. Jesus estava dizendo: "Com a pressa e a pressão das coisas vocês me esquecerão. O homem esquece porque é fraco e não porque queira fazê-lo. Venham à paz e tranqüilidade de meu lar e façam isto com meu povo – e recordarão."

O fato de que nessa mesma mesa estivesse um que era traidor fazia mais dramática a tragédia. Em toda mesa de comunhão Jesus Cristo tem quem o trai, porque se em sua casa nos entregamos a ele e depois em nossa vida o negamos, somos também traidores de sua causa.

A CEIA DO SENHOR

1 Coríntios 11:23-34
Não há em todo o Novo Testamento outra passagem de maior interesse que esta. Por um lado nos dá o aval para o mais sagrado ato de adoração na Igreja, o sacramento da Ceia do Senhor e, pelo outro, como a Carta aos Coríntios é anterior a Marcos, o mais primitivo dos evangelhos, é em realidade o primeiro relato escrito que temos de palavras que Jesus pôde ter pronunciado.

O sacramento nunca pode significar o mesmo para todas as pessoas. Não precisamos compreendê-lo totalmente para recebermos o seu benefício. Como alguém disse: "Não precisamos compreender a química do pão para digeri-lo e ser alimentados por ele." Mas apesar de tudo faremos bem em tentar ao menos compreender algo do que Jesus quis dizer quando falou do pão e do vinho da maneira em que o fez. "Isto é meu corpo", disse sobre o pão. Um só fato nos impede de tomar isto com um cru literalismo. É que quando Jesus disse isto, ainda estava no corpo, e não havia nada tão claro quanto ao momento em que disse essas palavras sua corpo e o pão eram coisas totalmente distintas. Tampouco quis dizer simplesmente: "Isto representa meu corpo." Num sentido isto é certo. O pão partido do sacramento representa o corpo de Cristo, mas significa muito mais; para aquele que toma em suas mãos e o leva à sua boca com fé, amor e ardente devoção, é um meio não só de recordar, mas  também de estar em contato vivo com Jesus Cristo. Para um estranho, para um não crente, para alguém que escarnece não significa nada; para alguém que ama a Cristo é o caminho à sua presença. A declaração de Jesus, “Este cálice é a nova aliança no meu sangue”, pode ser traduzido. "Esta taça é o novo pacto e custou o meu sangue."

A proposição grega em significa usualmente em, mas pode significar e regularmente significa a custo de ou pelo preço de, especialmente quando traduz a preposição hebraica be. Uma aliança é uma relação estabelecida entre duas pessoas. Havia uma velha aliança entre Deus e o homem, uma velha relação. Estava baseada na lei. Por meio dessa relação Deus escolheu o povo de Israel e se aproximou dele, convertendo-se em um sentido muito especial em seu Deus; mas havia uma condição e esta consistia em que, para sua relação ser duradoura, o povo de Israel devia guardar a lei de Deus (ver Êxodo 24:1-8). A continuidade da aliança dependia de que se guardasse a lei. Mas com Jesus o homem encontra-se perante uma nova relação, que não depende da lei, mas sim do amor. Não depende da habilidade que o homem tenha em guardar a lei — visto que ninguém pode fazê-lo — mas na graça livre do amor de Deus que se oferece a todos os homens. Isto muda toda a relação de Deus com o homem. Sob a velha aliança o homem não podia fazer mais que temer a Deus, pois se encontrava sempre em falta, já que não podia guardar a lei perfeitamente; sob a nova aliança o homem se aproxima de Deus como um filho a seu pai e não como um criminoso perante um juiz. E — seja qual for a forma em que olhemos as coisas — custou a vida de Jesus fazer com que esta nova relação fosse possível. "O sangue é a vida" diz a lei (Deuteronômio 12:23): custou a vida de Jesus — seu sangre, como diria um judeu — fazer com que esta relação fosse possível. De modo que o vinho escarlate do sacramento significa a própria vida e sangue de Cristo sem a qual a nova aliança, a nova relação do homem com Deus jamais teria sido possível.
Esta passagem continua falando a respeito de "comer e beber este pão e este vinho indignamente".

O que significa isto?
A indignidade consistia no fato de que o homem que o fazia "não discernia o corpo do Senhor". Isto pode significar duas coisas, e ambas são reais e importantes; em realidade ambas são tão reais e importantes que é muito provável que a frase se refira às duas.

(1) Pode significar que aquele que come e bebe indignamente não se dá conta do que representam e significam os símbolos sagrados. Pode referir-se também a que não percebe o grandioso significado do que está fazendo nem aprecia a santidade do que realiza. Pode ser que se refira ao que come e bebe sem reverência, sem perceber o amor que estes símbolos representam, nem a obrigação que recai sobre ele.

(2) Mas há outro significado possível. A frase o corpo de Cristo várias vezes representa a Igreja; isto acontece, como veremos, no capítulo 12. Paulo acabava de reprovar àqueles que com suas divisões e distinções de classe dividiam a Igreja; de modo que isto pode significar que o homem que come e bebe indignamente é aquele que nunca se deu conta de que toda a Igreja é o corpo de Cristo, e que se encontra em discórdia com seu irmão, que olhe a seu próximo com desprezo, e que, por qualquer outra razão, não é um com seus irmãos. O ritual da Igreja Escocesa para o sacramento convida à mesa àqueles que se encontram em uma relação de "amor e caridade" para com seu próximo. Todo homem em cujo coração haja ódio, amargura e desprezo contra seu irmão come e bebe indignamente se chegar com esse espírito à mesa de nosso Senhor. De modo que comer e beber indignamente é fazê-lo sem sentido de reverência e sem perceber a grandeza do que estamos fazendo, e fazê-lo quando estamos em discórdia com o irmão pelo qual Cristo morreu, como morreu por nós.

Paulo continua dizendo que as desgraças que têm caído sobre a Igreja de Corinto pode ser que tenham sua origem nada mais que no fato de que se aproximam da sacramento estando divididos entre si; mas estas desgraças não foram enviadas para destruí-los, mas para discipliná-los e trazê-los novamente ao caminho correto.

Devemos ter bem claro um fato. A frase que proíbe que o homem coma e beba indignamente não deixa fora o pecador que é consciente de sê-lo.
Um ancião pastor das altas montanhas escocesas ao ver que uma anciã duvidava antes de receber a taça, a alcançou, dizendo: "Toma-a mulher, é para pecadores; é para ti."
Se a Mesa de Cristo fosse só para gente perfeita ninguém jamais se poderia aproximar dela Nunca está fechada para o pecador penitente. Para o homem que ama a Deus e a seu próximo o caminho está sempre aberto, e seus pecados, embora sejam como escarlate ficarão brancos como a neve.

A última ceia de Páscoa e a instituição da santa ceia – Lc 22.7-38

O relato sobre a ceia de Páscoa é mais completo em Lucas que em Mateus e Marcos. Ele menciona algumas circunstâncias que seus dois antecessores sinóticos não relatam. O presente evangelista cita o nome dos dois apóstolos que foram incumbidos por Jesus da preparação da ceia (Lc 22.8). Ele também informa o discurso do Senhor no começo da ceia (Lc 22.15-18). Depois da  refeição Lucas menciona a crítica aos discípulos quanto à sua disputa pela preferência (Lc 22.24-30). A profecia ligada a ela, acerca da negação de Pedro (Lc 22.31-38), é mencionada por Lucas em um contexto diferente do que em Mateus e Marcos. A alusão ao traidor (Lc 22.21-23), trazida por Lucas apenas após a instituição da santa ceia, está formulada de maneira mais sucinta que em Mateus e Marcos. Os detalhes dos acontecimentos na ceia de Páscoa não estão em ordem cronológica, mas temática. Primeiramente é descrita a ceia de Páscoa com a instituição da santa ceia, e depois são trazidos os diálogos com os discípulos.


Os preparativos da última ceia de Páscoa – Lc 22.7-13
7 – Chegou o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava comemorar a Páscoa. 7-13; Mt 26.17-29; Mc 14.12-25;Êx 12.18-20
8 – Jesus, pois, enviou Pedro e João, dizendo: Ide preparar-nos a Páscoa para que a comamos!
9 – Eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos?
10 – Então, lhes explicou Jesus: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem com um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar!
11 – e dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde é o aposento no qual hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?
12 – Ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobilado; ali fazei os preparativos!
13 – E, indo, tudo encontraram como Jesus lhes dissera e prepararam a Páscoa.

Na noite que iniciava o 14º dia de Nisã Jesus celebrou a Páscoa com seus discípulos e instituiu a santa ceia (Lc 22.14-23). No final dessa celebração ele se dirigiu com seus discípulos ao Monte das Oliveiras, ou Getsêmani (Lc 22.39ss). Ali ele foi aprisionado (Lc 22.47ss) e conduzido ao sumo sacerdote Caifás, em cuja casa se haviam reunido os sumo sacerdotes e anciãos (Lc 22.54). Aqui Jesus foi interrogado e declarado culpado. Na manhã do dia seguinte Jesus foi entregue ao governador Pilatos e condenado à morte na cruz (Lc 23.1ss). Imediatamente depois Jesus foi ridicularizado pelos soldados, conduzido à crucificação e pregado à cruz (Lc 23.25ss). Em poucas horas o Senhor estava morto (Lc 23.46). De acordo com o relato dos três sinóticos Jesus foi crucificado no 14o dia de Nisã, e morreu e foi sepultado no mesmo dia. Esse dia era o da preparação (Mt 27.62). Marcos explica essa expressão para os leitores gregos como a “véspera do sábado” (Mc 15.42) e Lucas elucida: “Era o dia da preparação, e começava o sábado” (Lc 23.54). Conforme esses relatos Jesus morreu na sexta-feira à tarde e foi deitado na sepultura ao entardecer, antes do começo do sábado.

Os relatos sinóticos de que Jesus realizou a ceia da Páscoa com seus discípulos no 14o dia de Nisã à noite, no horário prescrito, também está em harmonia com as anotações de João (Jo 19.14,31). O “dia da preparação da Páscoa” designa a sexta-feira como preparação do sábado que ocorre durante a festa da Páscoa. Foi nesse dia da preparação, i. é, antes de irromper o sábado, que os corpos dos crucificados foram retirados da cruz, conforme Jo 19.41. Logo os quatro evangelhos concordam sobre a última ceia de Páscoa e o dia da morte de Jesus.

Na manhã do dia 13 de Nisã Jesus encarregou Pedro e João da preparação da ceia da Páscoa, enviando-os adiante dele para a cidade. Por volta das 18 horas desse dia começou o dia 14 de Nisã, quando também se iniciava o abate dos cordeiros (Êx 12.6; Dt 16.6). Conforme os relatos de Mateus e Marcos os discípulos começam a falar com o Senhor sobre a refeição da Páscoa. O relato de Lucas pode muito bem ser combinado com os dois outros sinóticos, de que Jesus, diante da pergunta preliminar dos discípulos pelo “onde”, dá a Pedro e João a instrução de que saíssem para providenciar a Páscoa.

Os discípulos recebem uma instrução enigmática quanto ao homem com o cântaro de água, algo sobre o que Lucas não dá mais detalhes. Essa ordem não pode ser considerada como algo arranjado. A passagem de um homem com o cântaro pela rua não pode ser combinada nem determinada previamente. Somente sua pré-ciência profética permitiu que Jesus fosse capaz de indicar a pessoa certa aos discípulos. Os discípulos deviam seguir esse homem até em casa, solicitando ao proprietário uma sala em que o Senhor pudesse comer a refeição com seus amigos. O Senhor lhes declara que o dono da casa lhes indicaria uma sala superior, equipada com estofados. Pedro e João constataram tudo exatamente da forma como o Senhor havia prenunciado.

A celebração da última ceia de Páscoa – Lc 22.14-18
14 – Chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos.
15 – E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento.
16 – Pois vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus.
17 – E, tomando um cálice, havendo dado graças, disse: Recebei e reparti entre vós!
18 – Pois vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus.
Uma comparação do relato de Lucas sobre a Páscoa e a celebração da santa ceia com os relatos dos demais evangelistas confirma que todos comunicam a mesma ceia solene e a mesma revelação do traidor. Contudo é igualmente flagrante que Lucas não mantém a seqüência cronológica. Para obter uma visão completa, precisamos preencher seu relato a partir dos outros evangelhos. Aqui não se impõe a ordem dos diversos momentos durante a ceia festiva. Na descrição de Lucas, pelo contrário, está em primeiro plano o forte contraste entre o ânimo dos discípulos e as palavras do Senhor.

A hora em que Jesus se deitou à mesa com os apóstolos era o momento prescrito pela lei para a celebração da Páscoa. Mateus e Marcos mencionam que foi à noite. De acordo com a lei a prescrição original era celebrar a Páscoa em pé, com o cajado na mão (cf. Êx 12.11). Mais tarde tornou-se costume deitar-se à mesa, apoiado com o braço esquerdo sobre o divã. Um dito rabínico explica: “É costume dos escravos comer em pé, agora porém eles comem reclinados, para que se reconheça que foram conduzidos da escravidão para a liberdade.” Acerca da ordem na comunhão de mesa, só poucas coisas podem ser determinadas com exatidão. De acordo com Jo 13.23 João recebeu o primeiro lugar ao lado do Senhor. Pedro deve ter ficado próximo dele, porque não falou com João, limitando-se a acenar para ele (Jo 13.24). O lugar do dono da casa, que preside a celebração da Páscoa, foi ocupado pelo próprio Senhor. Lucas apresenta o momento em que Jesus deu início à celebração (Lc 22.15s).

A comunhão de mesa de uma ceia de Páscoa não podia ser constituída por menos de dez pessoas (Josefo, Guerra VI, 9.3). Precisava ser uma família completa. A ordem da festa era determinada pela seqüência dos cálices, cheios de vinho tinto. O dono da casa proferia as ações de graças ou a bênção sobre o vinho e a festa, tomando o primeiro cálice. Depois eram consumidas ervas amargas, molhadas com vinagre ou salmoura, como recordação das amarguras que os antepassados suportaram no Egito. Traziam-se os pratos da Páscoa, a sopa temperada, os pães asmos, as oferendas da festa e o cordeiro. Todas as partes da festa eram explicadas. Cantava-se a primeira parte do grande Aleluia (Sl 113-114) e bebia-se do segundo cálice. Agora começava a ceia propriamente dita, para a qual as pessoas se recostavam. O dono da casa tomava dois pães, partia um deles, colocando-o sobre o inteiro, abençoava o pão, enrolava-o com ervas amargas, mergulhava-o e realizava a distribuição com as palavras: “Esse é o pão da penúria, comido por nossos pais no Egito.” Na seqüência abençoava-se o cordeiro da Páscoa, comia-se dele, e as oferendas da festa eram consumidas com o pão, mergulhado em pasta, e por fim consumia-se o cordeiro da Páscoa. Em seguida eram proferidos louvor e agradecimento pela refeição, bem como se abençoava e bebia o terceiro cálice. Depois se cantava a segunda parte do grande Aleluia (Sl 115-118) e se bebia o quarto cálice. Eventualmente se acrescentava um quinto cálice mediante a recitação dos Salmos 120 a 137.

O primeiro cálice era dedicado ao anúncio da festa. De acordo com o relato de Lucas foi no momento de beber este cálice que Jesus declarou que ele esperara ansiosamente por comer esse cordeiro da Páscoa com os discípulos, antes que tivesse de padecer. O Senhor lhes anunciou que seria a última celebração que ele realizava na vida terrena, mas que celebraria uma nova festa no reino de Deus. O cordeiro da Páscoa atingirá sua plena concretização na consumação do reino de Deus. Assim como a Páscoa era uma celebração alegre da grata recordação da redenção do Egito (Êx 12.14,24-27), assim ela também será celebrada na consumação do reino de Deus, como grata recordação, na conclusão da redenção da igreja de Cristo.

Ao consumir o cordeiro assado da Páscoa bebia-se vinho, distribuído pelo dono da casa. Vários copos, cheios de vinho, eram oferecidos aos participantes da festa. De acordo com esse costume festivo Jesus recebeu um cálice e, após uma oração de graças, pasou-o aos discípulos, dizendo: “Tomem-no e o distribuam entre vocês mesmos!” Ele afirma que de agora em diante não mais beberá do fruto da videira até que o reino de Deus tenha chegado. Alguns comentaristas concluem dessas palavras que o próprio Jesus não teria bebido desse vinho. Essa afirmação carece de qualquer comprovação. Beber o vinho fazia parte do costume da ceia da Páscoa. Não há necessidade de mencionar especialmente que Jesus, o dono da casa, bebera desse cálice. A circunstância de que o vinho é símbolo da alegria não depõe absolutamente contra o fato de que Jesus estava tomado de pesar naquela hora e que não obstante foi o primeiro a beber. Ao lado de seus sentimentos de dor, também a alegria tinha espaço em seu coração, porque afinal vislumbrava o cumprimento de seu mais ardente desejo.

A perspectiva de sua paixão, por meio da qual sua obra redentora chegava à consumação, era capaz de deixar seu coração alegre, ainda que sentisse a mais profunda dor. Nessa condição de espírito ele era capaz de usufruir a bebida.
Jesus tornou o consumo do vinho um componente essencial da ceia da Páscoa, que ele pretendia celebrar com os discípulos ainda antes de padecer. Isso não ocorreu primordialmente para preparar a si e aos discípulos para o sofrimento iminente, mas para transformar a ceia de Páscoa, celebração da memória da antiga aliança, em festa memorial da nova aliança, fundada por ele através de sua morte. Vinho e pão asmo constituem os símbolos da santa ceia.

A instituição da santa ceia e a caracterização do traidor – Lc 22.19-23
19 – E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim!
20 – Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.
21 – todavia, a mão do traidor está comigo à mesa!
22 – Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído!
23 – Então, começaram a indagar entre si quem seria, dentre eles, o que estava para fazer isto.
A instituição da santa ceia é, nos três evangelhos, o centro do relato. Uma comparação da descrição de Lucas com os dois primeiros sinóticos mostra que Mateus e Marcos trazem a descoberta do traidor antes da celebração da ceia, enquanto Lucas traz este comunicado após a santa ceia. Uma comparação cuidadosa de todos os relatos evangélicos mostra a seguinte seqüência dos respectivos momentos na sala da Páscoa: 1) abertura da refeição (Lc 22.15-18); 2) competição entre os discípulos (Lc 22.24-27; cf. Jo 13.1-11); 3) outros diálogos do Senhor (Jo 13.18-20; Lc 22.28-30); 4) a descoberta do traidor (Mt 26.21-25; Mc 14.18-21; Lc 22.21-23; Jo 13.21-30); 5) Intercalação do trecho de Jo 13.34s depois da saída do traidor. Do relato literal de Lucas poderia ser inferido que Judas ainda estava presente por ocasião da instituição da santa ceia, mas a comparação de todos os demais relatos deixa claro o contrário.

A instituição da santa ceia acontece imediatamente após a refeição da Páscoa. Ela aconteceu ainda antes do terceiro cálice, que foi consagrado como cálice da nova aliança. O Senhor tomou um pão que sobrara, partiu-o, deu-o aos discípulos e proferiu as palavras da instituição. Na fórmula “Isso é meu corpo” a palavra “é” não foi proferida por Jesus, porque conforme no aramaico bastava que ele dissesse “Isso meu corpo”. Porventura trata-se de algo essencial ou de uma metáfora? Apesar de todas as objeções de Lutero, o segundo sentido provavelmente é o correto. Todas as vezes em que a Escritura apresenta um “é”, trata-se de uma metáfora (cf. Sl 23.1). Aqui naturalmente se trata de um significado simbólico. Na descrição das palavras da instituição Lucas diverge de Mateus e Marcos, ao deixar de fora as palavras “tomai, comei” e complementar “meu corpo” com “que é oferecido por vós” e “fazei isso em minha memória!” O teor dessa fórmula de instituição é o que coincide mais com as palavras da instituição citadas por Paulo (1Co 11.24) e corresponde na última parte à prescrição acerca da celebração da Páscoa (cf. Êx 12.14; 13.9; Dt 16.3). A Páscoa tornou-se uma mera reminiscência do ato clemente da remissão do Egito; o cordeiro que sofrera a morte para poupar Israel era comido como memorial dessa ação clemente. Os discípulos devem comer o pão como recordação de que o Senhor entregou seu corpo à morte para consumar a redenção.

Após o término da ceia era costume fazer circular o terceiro cálice, que era chamado cálice da bênção (cf. 1Co 10.16). Isso não significa que a ceia da Páscoa tenha chegado ao fim, porque ainda  faziam parte dela um quarto ou até quinto cálices e o cântico do louvor (Mt 26.30). A instituição da santa ceia constitui um ato especial no transcurso da celebração da Páscoa.

Dos relatos de Lucas e Paulo depreende-se particularmente que Jesus ordenou aqui uma refeição permanente de recordação para os que o confessam ao longo de todos os milênios.

A referência de Jesus ao traidor foi acrescentada como um contraponto ao anterior. O interesse de Lucas não é comunicar detalhadamente esse episódio. Assim como ele relata somente o começo da celebração da Páscoa, assim ele também agora situa em primeiro plano a descoberta do traidor.
As palavras do Senhor “todavia, eis a mão do traidor está comigo à mesa” designam uma comunhão de mesa das mais íntimas. A circunstância de que dentro do círculo de discípulos de Jesus surgiu um que o entregaria a seus inimigos mortais forma um terrível contraste com a comunhão de vida que Jesus visa fundar com seus discípulos através da instituição da santa ceia. As duas palavras “todavia, eis” enfatizam sumamente esse contraste. As palavras ditas aqui por Jesus são as mesmas que podem ser lidas de forma mais livre em Mt 26.21; Mc 14.18; Jo 13.21. O Senhor não diz “cuja mão está conosco”, mas “cuja mão está comigo à mesa”. Ele separa o traidor dos discípulos fiéis, de modo que somente ele o tem por inimigo.

O Senhor justifica por que volta a falar de um “oferecido” (cf. Mt 26.2). O Filho do Homem caminha conforme está determinado, ou como relatam Mateus e Marcos: “como está escrito”. O Filho do Homem precisa morrer segundo o desígnio de Deus, como foi previamente proclamado nos escritos proféticos. Esse fato não anula, porém, a responsabilidade daquele que concretiza o plano. Para Judas o ai de Jesus sobre o traidor ainda representa uma palavra de advertência que visa abrir-lhe os olhos antes do passo decisivo à beira do abismo. As palavras do Senhor transmitem compaixão e lamento acerca daquilo que espera pelo traidor, e daquilo que ele planeja. Jesus está ciente de que nenhuma maldade se iguala a essa traição. Nesse ponto perde sustentação a doutrina da reconciliação universal, porque o adendo “seria melhor para essa pessoa que não tivesse nascido” (Mt 26.24; Mc 14.21) seria uma formulação forte demais se Jesus tivesse vislumbrado o menor raio de luz na noite da tragédia eterna sobre Judas. A exclamação do ai sobre Judas caracteriza um caso e uma maldição das mais graves conseqüências.

A afirmação do Senhor acerca do traidor perturbou tanto os discípulos que eles perguntaram entre si quem deles seria capaz de cometer um crime desses. Lucas não finaliza, como os demais evangelistas, essa cena trágica (cf. Mt 26. 22; Mc 14.19; Jo 13.22-25). Quando o Senhor disse “um de vocês há de me delatar” ele não estava indicando expressamente a Judas. Todos os doze ficaram tomados de temor, a fim de não privar o “um de vocês” do último impulso para arrepender-se. O “um de vocês” perfuraria o coração daquele “um” a quem ele se referia. Na realidade causou medo e pavor nos demais discípulos. Aqui somos brindados com uma percepção do coração dos discípulos. Eles tremem na consciência plena de sua própria fraqueza. Na realidade confiavam inteiramente nele, porém não em si mesmos. Eles ficaram entristecidos em sua inocência, Judas não se assustou em sua maldade.

Cristo guardou as ordenanças da lei, particularmente a da páscoa, para ensiná-los a observar as instruções do Evangelho e, acima de tudo, a da ceia do Senhor. Aqueles que andam de conformidade com a  Palavra de Cristo não devem temer desilusões. Segundo as instruções que lhes deu, todos os discípulos se prepararam para a páscoa.

Jesus expressa a sua alegria por celebrar esta páscoa. Ele a desejava, ainda sabendo que logo viriam os seus sofrimentos, porque tinha como objetivo a glória de seu Pai e a redenção do homem. Despede-se de todas as páscoas, o que significava que todas as ordenanças da lei cerimonial estavam terminadas, da qual a páscoa era uma das primeiras e a principal. Aquilo que tipificava foi deixado de lado, porque agora chegara a essência do reino de Deus.

A ceia do Senhor é um sinal ou comemoração de Cristo que já veio, que nos libertou ao morrer por nós. A sua morte é colocada diante de nós de maneira especial nesta ordenança, pelo que a recordamos. Aqui, o partir do pão nos recorda o quebrantamento do corpo de Cristo em sacrifício por nós. Nada pode ser um alimento melhor e mais satisfatório para a alma, do que a doutrina da expiação do pecado que foi feita por Cristo, e a segurança de ter parte nesta expiação. Portanto, fazemos isto em memória daquilo que Ele fez por nós, quando morreu por nós. E como uma lembrança de que o fazemos, ao unirmo-nos a Ele no pacto eterno. o derramamento do sangue de Cristo, pelo qual a expiação é feita, é representado pelo vinho no cálice, e o seu corpo, ferido e morto por nós, é representado pelo pão.

I - O cordeiro necessário ( êxodo 11)
"Mais uma praga!" Acabara-se a paciência de Deus e estava para acontecer seu julgamento final — a morte dos primogénitos. Observe que todos morreriam (11:5-6; 12:12- 13), a menos que fossem protegidos pelo sangue do cordeiro. "Todos pecaram" (Rm 3:23), e "o salário do pecado é a morte" (Rm 6:23). Deus especifica que o "primogénito" morrerá, e isso expressa a rejeição de Deus ao nosso primeiro nascimento. Todas as pessoas que não "nasceram de novo" são "primogénitas".

"O que nasce da carne é carne [...]. E necessário que vocês nasçam de novo" (Jo 3:6-7, NVI). As pessoas não podem salvar a si mesmas da pena de morte; elas precisam de Cristo, o Cordeiro de Deus. Durante anos, os judeus foram escravos dos egípcios sem receber pagamento; portanto, agora Deus permite que peçam seu salário de direito (não que "se apropriem" dele). Veja a promessa de Deus  em Génesis 15:14, e Êxodo 3:21 e 12:35ss. Do ponto de vista do homem, não há diferença entre o primogênito do Egito e o de Israel. A diferença está na aplicação do sangue (v. 7). Todos são pecadores, contudo os que confiam em Cristo estão "sob o sangue" e são salvos. Essa é a diferença mais importante no mundo!

II - O cordeiro escolhido (EXODO 12:1-5)
Os judeus têm um calendário religioso e outro civil, e a Páscoa marca o início do ano religioso deles. A morte do cordeiro traz um novo início, assim como a morte de Cristo traz um novo início para o crente pecador.

A. Escolhido antes de ser morto
Separava-se o cordeiro no 10° dia e ele era morto na noite do 14° para o 15o dia. Portanto, Cristo era o Cordeiro predestinado antes da criação do mundo (1 Pe 1:20).

B. Imaculado
O cordeiro devia ser macho e sem defeitos, um retrato do perfeito Cordeiro
de Deus, sem mácula e sem defeito (1 Pe 1:19).

C. Testado
As pessoas, do 10e ao 14Q dia, vigiavam os cordeiros a fim de certificarem- se de que eram satisfatórios; Cristo, da mesma forma, foi testado  e vigiado durante seu ministério terreno, principalmente na última semana antes de ser crucificado. Observe a evolução: "um cordeiro" (v. 3), "o cordeiro" (v. 4) e "cordeiro" (v. 5, NV1). Isso faz paralelo com "o Salvador" (Lc2:11), "o Salvador" (Jo 4.42) e "meu Salvador" (Lc 1:47). Não é suficiente chamar Cristo de "Salvador" (um entre muitos) ou de "o Salvador" (para outra pessoa). Cada um de nós deve dizer: "Ele é meu Salvador!".

III O cordeiro morto (EXODO 12:6-7)
Um cordeiro vivo é algo adorável, mas não pode salvar! Não somos salvos pelo exemplo de Cristo ou por sua vida; somos salvos pela morte dele. Leia Hebreus 9:22 e Levítico 17:11 para ver a importância do derramamento do sangue deCristo. É claro que, para os doutos egípcios, parecia tolice matar um cordeiro, mas essa era a forma de   salvação de Deus (1 Co 1:18-23).

Deviam marcar a porta das casas com o sangue do cordeiro (12:21-28). Em 12:22, a palavra "verga" pode significar "soleira", portanto marcavam o espaço vazio
na soleira da porta com o sangue do cordeiro. Depois, aplicava-se o sangue na verga de cima da porta e nos batentes laterais. Ninguém que saísse da casa pisaria sobre o sangue (veja Hb 10:29). Cristo foi morto no 14° dia-do mês, no exato momento em que ofereciam o cordeiro da Páscoa. Observe que Deus fala que Israel o matou (o cordeiro), e não os matou (cordeiros), pois para Deus há apenas um Cordeiro — Jesus Cristo. Isaque perguntou: "Onde está o cordeiro?" (Gn 22:7), e, em João 1:29, João Batista respondeu: "Eis o Cordeiro de Deus". Todos no céu dizem: "Digno é o Cordeiro" (Ap 5:12).

IV. O cordeiro deve ser comido (EXODO 12:8-20,43-51)
Com frequência, negligenciamos essa parte importante da Páscoa, a Festa dos Pães Asmos. Na Bíblia, levedura (fermento) retrata o pecado: ele trabalha em silêncio, ele corrompe e cresce e só pode ser removido com fogo. Na época da Páscoa, osjudeus têm de tirar todo fermento de casa e não podem comer pão com fermento durante sete dias. Paulo aplica isso aos cristãos em 1 Coríntios 5; leia o capítulo com atenção. O sangue do cordeiro é suficiente para salvar da morte, mas as pessoas devem se alimentar com o cordeiro a fim de se fortalecerem para a peregrinação. A salvação é apenas o início. Temos de nos alimentar de Cristo a fim de termos forças para segui-lo. Os cristãos são peregrinos (v. 11), sempre prontos a
se mover quando o Senhor ordena. Eles deviam assar o cordeiro no fogo, o que fala do sofrimento de Cristo na  cruz. Não devem deixar nada para comer depois. As sobras não satisfazem o crente, pois precisamos do Cristo inteiro. Precisamos da obra completa da cruz. Além disso, as sobras estragam, e isso desonra o tipo, pois Cristo não vê corrupção (SI 16:10). Infelizmente, muitas pessoas recebem o Cordeiro como salvação da morte, mas não se alimentam diariamente dele. Os versículos 43-51 dão instruções adicionais a respeito da festa. Nenhum estrangeiro, ou servo assalariado, ou homem não-circuncidado pode participar da festa. Esse regulamento lembra-nos que a salvação é o nascimento na família de Deus — não há estrangeiros nela. Esse nascimento é pela graça, ninguém se torna merecedor dele. E isso acontece por intermédio da cruz — pois a circuncisão aponta para nossa verdadeira circuncisão espiritual em Cristo (Cl 2:11-12). Não se deve comer o banquete do lado exterior da casa (v. 46), pois o banquete não pode se separar do
sangue derramado. Enganam a si mesmos os modernistas que querem se alimentar de Cristo à parte de seu sangue derramado.

V. O cordeiro da confiança (EXODO 12:21-42)
Foi necessário ter fé para libertar-se naquela noite! Os egípcios pensavam que todas essas coisas eram tolices, mas a Palavra de Deus falou  e isso era suficiente para Moisés e seu povo. Por favor, lembre-se de que o povo foi salvo pelo sangue e garantido pela Palavra (v. 12). Sem dúvida, muitos judeus salvos pelo sangue não "se sentiam seguros", exatamente como hoje temos santos que duvidam da Palavra de Deus e preocupam-se em perder a salvação. Deus fez exatamente o que dissera que faria. E os egípcios apressavam os judeus para que deixassem a terra,
exatamente como Deus dissera que fariam (11:1-3). Deus não se atrasou nem um dia. Ele manteve sua Palavra.

VI. O cordeiro consagrado (EXODO 13)
O cordeiro morrera pelo primogénito; agora, o primogénito pertencia a Deus. Os judeus eram um povo comprado, exatamente como nós somos o povo comprado de Deus(1 Co 6:18-20). A nação consagraria para sempre o Cordeiro ao dar o primogénito — o melhor — para o Senhor. Deveriam dar as mãos, os olhos e a boca para o serviço do Senhor (v. 9). Deus guiou seu povo não pelo caminho mais próximo, mas pelo caminho que era melhor para ele (vv. 1 7-18), exatamente como faz hoje. A coluna de nuvem durante o dia e a coluna de fogo à noite. Deus sempre deixa sua vontade clara para os que querem segui-lo  (Jo 7:17). Ele salva-nos, alimenta- nos, guia-nos e protege-nos — e ainda fazemos tão pouco por ele! José sabia em que acreditava e a que lugar pertencia. Seu túmulo  no Egito era um lembrete para os judeus de que Deus os libertaria um dia. A respeito dos ossos de José, veja Génesis 50:24-26; Josué 24:32 e Hebreus 11:22.

EXODO  12.2 O PRIMEIRO DOS MESES DO ANO. O cap. 12 descreve a Festa da Páscoa (vv. 1-14; 21-28) e a Festa dos Pães Asmos (vv. 15-20). Essas festas sagradas tinham por base os eventos históricos da primeira Páscoa, por ocasião do êxodo (caps. 12-14). Pelo fato de a Páscoa assinalar um novo começo para Israel, o mês em que ela ocorreu (março/abril em nosso calendário) tornou-se o primeiro dos meses de um ano novo para a nação. O propósito, aqui, foi relembrar ao povo que sua própria existência como povo de Deus resultou do seu livramento do Egito,
mediante os poderosos atos redentores de Deus.

EXODO  12.7 TOMARÃO DO SANGUE. O cordeiro da Páscoa e seu sangue prenunciam Jesus Cristo e seu sangue derramado, como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29,36; Is 53.7; At 8.32-35; 1 Co 5.7; Ap 13.8).

EXODO 12.8 PÃES ASMOS; COM ERVAS AMARGOSAS. Para o simbolismo dos pães asmos. As ervas amargosas trariam à lembrança os tempos amargos da escravidão no Egito (Rm 6.21)

EXODO 12.11 OS VOSSOS LOMBOS CINGIDOS, OS VOSSOS SAPATOS NOS PÉS. Esta linguagem figurativa indica a necessidade de obediência irrestrita e imediata da parte do povo de Deus.

EXODO 12.14 ESTATUTO PERPÉTUO. A festa da Páscoa devia ser observada anualmente. A participação regular da Ceia do Senhor para o cristão do NT é a continuação da mensagem profética da Páscoa (ver 1 Co 11.24,25 nota; cf.5.7,8).

EXODO 12.15 AQUELA ALMA SERÁ CORTADA. A rejeição intencional e deliberada dos preceitos de Deus resultava em julgamento divino (v. 19). O culpado era excluído do povo do concerto, ou pela morte (31.14), ou pela expulsão. Semelhantemente,sob o novo concerto, quem pertence ao povo de Deus e rejeita o senhorio de Cristo, escolhendo deleitar-se no fermento do pecado, está
excluído da graça e salvação em Cristo.

EXODO 12.17 A FESTA DOS PÃES ASMOS. Os versículos 15-20 descrevem a Festa dos Pães Asmos, que Israel devia continuar a observar após entrar em Canaã. Essa festa representava a consagração do povo de Deus, tendo em vista a sua redenção do Egito. Nesse contexto, fermento ou levedura, um agente que causa fermentação, simboliza o pecado, e os pães asmos (sem fermento) simbolizam o arrependimento, o repúdio do pecado e a dedicação a Deus (ver 13.7 nota). (1) Todo fermento (i.e., a corrupção e o pecado) tinha de ser removido das casas dos israelitas. Isso subentendia que suas vidas e seus lares, como crentes, deviam ser consagrados a Deus (vv. 15,16), pelo que Ele fizera em prol deles (13.8,9). O NT estabelece um vínculo entre essa Festa e o ato de o crente em Jesus expurgar a maldade e malícia e viver em sinceridade e verdade (1 Co 5.6-8). (2) Persistir no pecado, desprezando a fé em Deus, resultava em julgamento divino, i.e.,
em ser eliminado do concerto com Deus, das promessas e da salvação (ver a nota anterior). (3) A refeição da Páscoa assinalava o início da Festa dos Pães Asmos (vv. 6,18), que prenunciava a importância da fé no Cordeiro sacrificial e a obediência a Ele. Os fiéis deviam sinceramente arrepender-se do pecado e viver para Deus, em humilde gratidão.


A PÁSCOA

 Êx 12.11 “Assim, pois, o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor.”

CONTEXTO HISTÓRICO.
Desde que Israel partiu do Egito em cerca de 1445 a.C., o povo hebreu (posteriormente chamado “judeus”) celebra a Páscoa todos os anos, na primavera (em data aproximada da sexta-feira santa). Depois de os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó passarem mais de quatrocentos anos de servidão no Egito, Deus decidiu libertá-los da escravidão. Suscitou Moisés e o designou como o líder do êxodo (3 — 4). Em obediência ao chamado de Deus, Moisés compareceu perante Faraó e lhe transmitiu a ordem divina: “Deixa ir o meu povo.” Para conscientizar Faraó da seriedade dessa mensagem da parte do Senhor, Moisés, mediante o poder de Deus, invocou pragas como julgamentos contra o Egito. No decorrer de várias dessas pragas, Faraó concordava em deixar o povo ir, mas, a seguir, voltava atrás, uma vez a praga sustada. Soou a hora da décima e derradeira praga, aquela que não deixaria aos egípcios nenhuma outra alternativa senão a de lançar fora osisraelitas. Deus mandou um anjo destruidor através da terra do Egito para eliminar “todo primogênito... desde os homens até aos animais” (12.12). Visto que os israelitas também habitavam no Egito, como poderiam escapar do anjo destruidor? O Senhor emitiu uma ordem específica ao seu povo; a obediência a essa ordem traria a proteção divina a cada família dos hebreus, com seus respectivos primogênitos. Cada família tinha de tomar um cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito e sacrificá-lo ao entardecer do dia quatorze do mês de Abibe; famílias menores podiam repartir um único cordeiro entre si (12.4). Parte do sangue do cordeiro sacrificado, os israelitas deviam aspergir nas duas ombreiras e na verga da porta de cada casa. Quando o destruidor passasse por aquela terra, ele passaria por cima daquelas casas que tivessem o sangue aspergido sobre elas (daí o termo Páscoa, do hb. pesah, que significa “pular além da marca”, “passar por cima”, ou “poupar”). Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram protegidos da condenação à morte executada contra todos os primogênitos egípcios. Deus ordenou o sinal do sangue, não porque Ele não tivesse outra forma de distingüir os israelitas dos egípcios, mas porque queria ensinar ao seu povo a importância da obediência e da redenção pelo sangue, preparando-o para o advento do “Cordeiro de Deus,” que séculos mais tarde tiraria o pecado do mundo (Jo 1.29).Naquela noite específica, os israelitas deviam estar vestidos e preparados para viajar (12.11). A ordem recebida era para assar o cordeiro e não fervê-lo, e preparar ervas amargas e pães sem fermento. Ao anoitecer, portanto, estariam prontos para a refeição ordenada e para partir apressadamente, momento em que os egípcios iam se aproximar e rogar que deixassem o país. Tudo aconteceu conforme o Senhor dissera (12.29-36).

A PÁSCOA NA HISTÓRIA ISRAELITA.
A  partir daquele momento da história, o povo de Deus ia celebrar a Páscoa toda primavera, obedecendo as instruções divinas de que aquela celabração seria “estatuto perpétuo” (12.14). Era, porém, um sacrifício comemorativo, exceto osacrifício inicial no Egito, que foi um sacrifício eficaz. Antes da construção do templo, em cada Páscoa os israelitas reuniam-se segundo suas famílias, sacrificavam um cordeiro, retiravam todo fermento de suas casas e comiam ervas amargas. Mais importante: recontavam a história de como seus ancestrais experimentaram o êxodo milagroso na terra do Egito e sua libertação da escravidão ao Faraó. Assim, de geração em geração, o povo hebreu relembrava a redenção divina e seu livramento do Egito (ver 12.26). Uma vez construído o templo, Deus ordenou que a celebração da Páscoa e o sacrifício do cordeiro fossem realizados em Jerusalém (Dt 16.1-6). O AT registra várias ocasiões em que uma Páscoa especialmente relevante foi celebrada na cidade santa (2Cr 30.1-20; 35.1-19; 2Rs 23.21-23; Ed 6.19-22). Nos tempos do NT, os judeus observavam a Páscoa da mesma maneira. O único incidente na vida de Jesus como menino, que as Escrituras registram, foi quando seus pais o levaram a Jerusalém, aos doze anos de idade, para a celebração da Páscoa (Lc 2.41-50). Posteriormente, Jesus ia cada ano a Jerusalém para participar da Páscoa (Jo 2.13). A última Ceia de que Jesus participou com os seus discípulos em Jerusalém, pouco antes da cruz, foi uma refeição da Páscoa (Mt 26.1, 2, 17-29). O próprio Jesus foi crucificado na Páscoa, como o Cordeiro pascoal (cf. 1Co 5.7) que liberta do pecado e da morte todos aqueles que nEle crêem. Os judeus hoje continuam celebrando a Páscoa,embora seu modo de celebrá-la tenha mudado um pouco. Posto que já não há em Jerusalém um templo para se sacrificar o cordeiro em obediência a Dt 16.1-6, a festa judaica contemporânea (chamada Seder) já não é celebrada com o cordeiro assado. Mas as famílias ainda se reunem para a solenidade. Retiram-se cerimonialmente das casas judaicas, e o pai da família narra toda a história do êxodo.

A PÁSCOA E JESUS CRISTO.
Para os cristãos, a Páscoa contém rico simbolismo profético a falar de Jesus Cristo. O NT ensina explicitamente que as festas judaicas “são sombras das coisas futuras” (Cl 2.16,17; Hb 10.1), i.e., a redenção pelo sangue de Jesus Cristo. Note os seguintes itens em Êxodo 12, que nos fazem lembrar do nosso Salvador e do seu propósito
para conosco.

(1) O âmago do evento da Páscoa era a graça salvadora de Deus. Deus tirou os israelitas do Egito, não porque eles eram um povo merecedor, mas porque Ele os amou e porque Ele era fiel ao seu concerto (Dt 7.7-10). Semelhantemente, a salvação que recebemos de Cristo nos vem através da maravilhosa graça de Deus (Ef 2.8-10; Tt 3.4,5).

(2) O propósito do sangue aplicado às vergas das portas era salvar da morte o filho primogênito de cada família; esse fato prenuncia o derramamento do sangue de Cristo na cruz a fim de nos salvar da morte e da ira de Deus contra o pecado (12.13,
23, 27; Hb 9.22).

(3) O cordeiro pascoal era um “sacrifício” (12.27) a servir de substituto do primogênito; isto prenuncia a morte de Cristo em substituição à morte do crente (ver Rm 3.25 nota). Paulo expressamente chama Cristo nosso Cordeiro da Páscoa, que foi sacrificado por nós (1Co 5.7).

(4) O cordeiro macho separado para morte tinha de ser “sem mácula” (12.5); esse fato prefigura a impecabilidade de Cristo, o perfeito Filho de Deus (Jo 8.46; Hb 4.15).

(5) Alimentar-se do cordeiro representava a identificação da comunidade israelita com a morte do cordeiro, morte esta que os salvou da morte física (1Co 10.16,17; 11.24-26). Assim como no caso da Páscoa, somente o sacrifício inicial, a morte dEle na cruz, foi um sacrifício eficaz. Realizamos em continuação a Ceia do Senhor como um memorial, “em memória” dEle (1Co 11.24).

(6) A aspersão do sangue nas vergas das portas era efetuada com fé obediente (12.28; Hb 11.28); essa obediência pela fé resultou, então, em redenção mediante o sangue (12.7, 13). A salvação mediante o sangue de Cristo se obtém somente através da “obediência da fé” (Rm 1.5; 16.26).

(7) O cordeiro da Páscoa devia ser comido juntamente com pães asmos (12.8). Uma vez que na Bíblia o fermento normalmente simboliza o pecado e a corrupção (ver 13.7 nota; Mt 16.6 ; Mc 8.15), esses pães asmos representavam a separação entre os israelitas redimidos e o Egito, i.e., o mundo e o pecado (ver 12.15). Semelhantemente, o povo redimido por Deus é chamado para separar-se do mundo pecaminoso e dedicar-se exclusivamente a Deus.

1CORINTIOS 11.20 A CEIA DO SENHOR. A Ceia do Senhor é descrita em quatro trechos bíblicos: Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22.15-20; 1 Co 11.23-32. Sua importância relaciona-se com o passado, o presente e o futuro.

(1) Sua importância no passado. (a) É um memorial (gr. anamnesis; vv. 24-26; Lc 22.19) da morte de Cristo no Calvário, para redimir os crentes do pecado e da condenação.
Através da Ceia do Senhor, vemos mais uma vez diante de nós a morte salvífica de Cristo e seu significado redentor para nossa vida. A morte de Cristo é nossa motivação maior para não cairmos em pecado e para nos abstermos de toda a aparência do mal (1 Ts 5.22). (b) É um ato de ação de graças (gr. eucharistia) pelas bênçãos e salvação da parte de Deus, provenientes do sacrifício de Jesus Cristo na cruz por nós (v. 24; Mt 26.27,28; Mc 14.23; Lc 22.19). (2) Sua importância no presente.

(a) A Ceia do Senhor é um ato de comunhão (gr. koinonia) com Cristo e de participação nos benefícios da sua morte sacrificial e, ao mesmo tempo, comunhão com os demais membros do corpo de Cristo (10.16,17). Nessa ceia com o Senhor ressurreto, Ele, como o anfitrião, faz-se presente de modo especial (cf. Mt 18-20; Lc 24.35).

(b) É o reconhecimento e a proclamação da Nova Aliança (gr. kaine diatheke) mediante a qual os crentes reafirmam o senhorio de Cristo e nosso compromisso de fazer a sua vontade, de permanecer leais, de resistir o pecado e de identificar-nos com a missão de Cristo (v. 25; Mt 26.28; Mc 14.24; Lc 22.20).

(3) Sua importância no fuuro. (a) A Ceia do Senhor é um antegozo do reino futuro de Deus e do banquete messiânico futuro, quando então, todos os crentes estarão
presentes com o Senhor (Mt 8.11; 22.1-14; Mc 14.25; Lc 13.29; 22.17,18,30). (b) Antevê a volta iminente de Cristo para buscar o seu povo (v. 26) e encena a oração: "Venha o teu Reino" (Mt 6.10; cf. Ap 22.20). Na Ceia do Senhor, toda essa importância acima mencionada, só passa a ter significado se chegarmos diante do Senhor com fé genuína, oração sincera e obediência à Palavra de
Deus e à sua vontade

1CORINTIOS 11.21 OUTRO EMBRIAGA-SE. "Um tem fome, e outro embriaga-se", pode ser traduzido: "Um tem fome e outro come demais". Esta tradução é preferida, pelas seguintes razões:
(1) A palavra "embriagar-se" (gr. methuo) tem dois sentidos. Pode referir-se a:
(a) ficar bêbado, ou

 (b) ficar farto ou satisfeito, sem qualquer referência à embriaguez (ver Jo 2.10, nota sobre o uso dessa palavra no tocante às bodas de Caná). (2) O contexto deste versículo relaciona-se claramente com refeição em geral. Quando os coríntios se reuniam para suas refeições de confraternização, antes da Ceia do Senhor (cf. 2 Pe 2.13; Jd v.12), alguns se -reuniam em grupos pequenos e tomavam suas refeições à parte (vv. 18,19). Os pobres, que não podiam trazer refeição, eram desconsiderados e deixados com fome. Paulo não se referia à embriaguez, senão ele certamente a teria condenado tão severamente quanto a condenou noutras partes dessa epístola (cf. 6.10). Ele considerava a embriaguez, não apenas como mera questão de desconsideração com os demais, mas como algo tão grave que exclui a pessoa do Reino de Deus (6.10; Gl 5.21).

1CORINTIOS  11.24,25 MEU CORPO... MEU SANGUE. Estas palavras se referem ao corpo de Cristo, ofertado mediante sua morte, bem como seu sangue derramado como sacrifício na cruz. Cristo, ao falar do pão, "isto é o meu corpo", quis dizer que o pão representava o seu corpo. O "cálice" representava o seu sangue derramado no Calvário para a ratificação do "Novo Testamento" (v. 25). Comer o
pão e beber o cálice significam proclamar e aceitar os benefícios da morte sacrificial de Cristo (v. 26).

1CORINTIOS 11.27 COMER... BEBER... INDIGNAMENTE. Comer indignamente é participar da mesa do Senhor com um espírito indiferente, egocêntrico e irreverente, sem qualquer intenção ou desejo de abandonar os pecados conhecidos e de aceitar o concerto da graça com todas as suas promessas e deveres. Quem participa assim indignamente, peca terrivelmente contra o Senhor. É culpado de crucificar de novo a Cristo e torna-se imediatamente sujeito a juízo e retribuição específicos (vv. 29-32). Ser "culpado do corpo e do sangue do Senhor" significa ser considerado responsável pela sua morte.

1CORINTIOS 11.32 SOMOS REPREENDIDOS PELO SENHOR. O propósito do julgamento e castigo pelo Senhor (cf. v. 30) é para que não sejamos condenados eternamente com o mundo. Esse propósito misericordioso de Deus é válido para todos quantos se arrependem dos seus pecados e se julgam a si mesmos devidamente (v. 31).

SUBSIDIO ELABORADO PELO EVANGELISTA:
NATALINO ALVES DOS ANJOS
PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR
MEMBRO DA ASSEMBLEIA DE DEUS - MISSÃO
GUIRATINGA - MATO GROSSO

FONTES DE PESQUISA: 
Comentário Bíblico William Barclay
Comentário Bíblico Esperança
Comentário Bíblico Matew Henry
Comentário Bíblico – Wiersbe  - Antigo Testamento










Nenhum comentário:

Postar um comentário