PROVERBIOS CAPITULO 1
Pv 1:1 Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de
Israel;
Pv 1:2 Para se conhecer a sabedoria e a instrução;
para se entenderem, as palavras da prudência.
1.2,3 — Os versículos 2 a 6 explicam o objetivo do livro de Provérbios. Os verbos conhecer, entenderem e receber referem-se
às formas de adquirir sabedoria. A palavra sabedoria se refere à capacidade, o que
pode ser adquirida em sua vida quando se põe
em prática os ensinamentos dados por Deus. O termo instrução
também pode ser traduzido como disciplina [NVI]; refere-se ao processo de recepção de conhecimento e posterior
aplicação à sua vida diária.
Pv 1:3 Para se receber a instrução do entendimento,
a justiça, o juízo e a eqüidade;
1.3 — A expressão traduzida como instrução do entendimento, assim como a sabedoria, denota uma habilidade em
prática, tal como a de um artesão ou músico. Ou seja, a sabedoria afeta a vida
como a habilidade dos artistas afeta a prática de sua arte. As palavras
justiça, juízo e equidade dão um contexto moral à sabedoria, instrução e
palavras que dão entendimento. A sabedoria bíblica permeia a vida inteira;
exige uma mudança de comportamento e comprometimento com a justiça.
Pv 1:4 Para dar aos simples, prudência, e aos
moços, conhecimento e bom siso;
1.4 — Os simples ou ingénuos são os jovens inexperientes, com tendência ao erro. Os termos prudência e bom siso
incluem os fatos mais duros da vida. O sábio já aprendeu com a experiência a distinguir
o que é verdadeiro, louvável e bom do que é falso, vergonhoso e ruim (Rm
12.1,2).
Pv 1:5 O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e
o entendido adquirirá sábios conselhos;
Pv 1:6 Para entender os provérbios e sua
interpretação; as palavras dos sábios e as suas proposições.
1.5,6 — A expressão crescer em sabedoria vem destacar que o homem que adquiriu alguma compreensão deve continuar
desenvolvendo-se em discernimento; sempre há mais o que aprender. O versículo 6
fala das lições que a pessoa mais madura obtém por meio do estudo de provérbios,
interpretação, palavras dos sábios e adivinhações.
Pv 1:7 O temor do SENHOR é o princípio do
conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.
1.7 — O temor do Senhor é o ingrediente mais básico da sabedoria, uma virtude que só pode ser alcançada quando se conhece Deus e submete-se
à Sua vontade. Ter conhecimento sobre algo e nenhum de Deus aniquila o valor de
possuir esse conhecimento. Só os loucos rejeitaram o temor ao Senhor. O verbo
desprezar tem uma forte carga negativa e dá mais peso ao fato de que não temer
a Deus equivale a rejeitar toda sabedoria (Dn 11.32; Jo 17.3).
Pv 1:8 Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e
não deixes o ensinamento de tua mãe,
Pv 1:9 Porque serão como diadema gracioso em tua
cabeça, e colares ao teu pescoço.
1.8,9 — As palavras de abertura deste trecho bíblico soam como o apelo de um pai ao seu filho, um tema que está
presente em todo o resto do livro. O versículo 8 destaca a responsabilidade de instruir
tanto do pai como da mãe.
Pv 1:10 Filho meu, se os pecadores procuram te
atrair com agrados, não aceites.
Pv 1:11 Se disserem: Vem conosco a tocaias de
sangue; embosquemos o inocente sem motivo;
Pv 1:12 Traguemo-los vivos, como a sepultura; e
inteiros, como os que descem à cova;
Pv 1:13 Acharemos toda sorte de bens preciosos;
encheremos as nossas casas de despojos;
Pv 1:14 Lança a tua sorte conosco; teremos todos
uma só bolsa!
1.10-14 — Aqui está a primeira passagem de advertência. Neste trecho bíblico, o autor alerta que não devemos
misturar-nos com os criminosos. Isto espelha uma situação desregrada da
sociedade atual em que é comum ver jovens fracos se deixarem envolver pela rede
de violência.
Pv 1:15 Filho meu, não te ponhas a caminho com
eles; desvia o teu pé das suas veredas;
Pv 1:16 Porque os seus pés correm para o mal, e se
apressam a derramar sangue.
Pv 1:17 Na verdade é inútil estender-se a rede ante
os olhos de qualquer ave.
Pv 1:18 No entanto estes armam ciladas contra o seu
próprio sangue; e espreitam suas próprias vidas.
1.15-18 — Nestes versículos, o autor aconselha cautela. Ele destaca que cada passo no caminho perigoso é um passo em
direção à destruição ao ilustrar com o ato de estender uma rede para capturar
uma ave. Neste caso seria uma tarefa inútil, pois a ave, espiando a armadilha
sendo preparada, desvia-se dela. Só que existe o louco, que é mais tolo do que
o pássaro; ele vê a armadilha ser montada e ainda assim cai nela.
Pv 1:19 São assim as veredas de todo aquele que usa
de cobiça: ela põe a perder a alma dos que a possuem.
1.19 — Perder a alma. Estas palavras concluem a
advertência do autor aos jovens e apresentam um tema que os trechos seguintes
abordarão: o estudo da sabedoria é uma questão de vida ou morte.
Pv 1:20 A sabedoria clama lá fora; pelas ruas
levanta a sua voz.
1:20 A Sabedoria se posiciona em lugares estratégicos, como
na rua e nas praças, e levanta a voz a fim de que todos possam ouvir sua mensagem.
Pv 1:21 Nas esquinas movimentadas ela brada; nas
entradas das portas e nas cidades profere as suas palavras:
1:21 Também fica no alto dos muros, na entrada das portas
e nas cidades. De modo semelhante, o Senhor Jesus está a chamar os seres
humanos em todos os lugares.
Pv 1:22 Até quando, ó simples, amareis a
simplicidade? E vós escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós insensatos,
odiareis o conhecimento?
1:22 A sabedoria clama aos néscios, aos escamecedores e aos loucos. Os néscios são os ingênuos, pessoas impressionáveis que vão
atrás de todo tipo de influência, boa ou má. Aqui o texto indica que a
inconstância dessas pessoas as conduz na direção errada. Os escamecedores são
aqueles que desprezam os conselhos sábios; para estes, nada é sagrado ou
fundamental. Os loucos são aqueles que se recusam a aprender; são
presunçosos e se orgulham de sua ignorância.
Pv 1:23 Atentai para a minha repreensão; pois eis
que vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei saber as minhas
palavras.
1:23 Esse versículo pode ser entendido de duas formas. Primeiro, pode significar: “Visto que não estais dispostos a
ouvir meus conselhos, então atentai para a minha repreensão; eis que derramarei
copiosamente para vós outros o meu espírito de juízo e vos direi o que
acontecerá convosco”. De acordo com essa interpretação, os versículos
24-27 narram o destino que os aguarda. A segunda interpretação seria a seguinte: “Atentai e arrependei-vos quando eu vos
repreender. Se fizerdes isso, então derramarei copiosamente para vós outros
o meu espírito de bênçãos e vos farei saber as minhas palavras de sabedoria”. Nesse caso, a palavra “espírito”
provavelmente significa “pensamentos” ou “mente”. Embora seja verdade que
Cristo derrama o Espírito Santo sobre aqueles que aceitam seu convite, essa
verdade não aparece
de modo tão claro no AT quanto no NT.
Pv 1:24 Entretanto, porque eu clamei e recusastes;
e estendi a minha mão e não houve quem desse atenção,
1:24 Uma das grandes tragédias da vida é rejeitar as
súplicas da sabedoria. Nesse verso, a sabedoria lamenta as oportunidades
desperdiçadas pelas pessoas, dizendo: “Estendi a mão, mas vocês me recusaram”.
Pv 1:25 Antes rejeitastes todo o meu conselho, e
não quisestes a minha repreensão,
1:25 A sabedoria se entristece com as pessoas que rejeitam todo o seu conselho e suas críticas construtivas. A
irracionalidade da teimosia do ser humano está no fato de que os mandamentos e
repreensões de Deus são para o bem do indivíduo, não do próprio Deus.
Pv 1:26 Também de minha parte eu me rirei na vossa
perdição e zombarei, em vindo o vosso temor.
1:26 Se o homem persistir em não ouvir, essa recusa sem
dúvida acabará em desastre e ruína. Quando isso acontecer, “também eu me rirei
na vossa desventura”, diz a sabedoria, “e, em vindo o vosso terror, eu
zombarei”. O texto pode estar se referindo à seguinte ideia: o homem ri dos
mandamentos da sabedoria ou vive como se não existissem; contudo, quando afinal
colher os frutos de sua insensatez, perceberá que eles existem e são verdadeiros.
Assim, do ponto de vista do escamecedor, a sabedoria de Deus lhe parecerá como
se estivesse rindo, uma risada de justiça poética.
Pv 1:27 Vindo o vosso temor como a assolação, e
vindo a vossa perdição como uma tormenta, sobrevirá a vós aperto e angústia.
1:27 0 dia do juízo final virá com certeza. Nesse momento, o temor cairá sobre os homens como uma tempestade, que os
varrerá semelhantemente a um furacão. Os seres humanos serão tomados de
angústia e desespero.
Pv 1:28 Então clamarão a mim, mas eu não
responderei; de madrugada me buscarão, porém não me acharão.
1:28 Então, os homens invocarão a sabedoria, mas não a encontrarão. Desesperados, procurarão em toda parte, mas será
inútil. Perceberão, tarde demais, que a rejeição traz conseqüências. Não
quiseram ver, por isso agora não podem ver. 0 Espírito Santo não agirá para sempre
no homem (Gn 6:3).
Pv 1:29 Porquanto odiaram o conhecimento; e não
preferiram o temor do SENHOR:
1:29 Os escamecedores são condenados porque aborreceram a sabedoria e se recusaram a adorar Jeová. Provavelmente,
zombaram do evangelho, considerando-o adequado a mulheres e crianças, mas não
para eles. “Inculcando-se por sábios, tomaramse loucos” (Rm 1:22). João 3:16-21
também trata do ódio à sabedoria.
Pv 1:30 Não aceitaram o meu conselho, e desprezaram
toda a minha repreensão.
1:30 Essas pessoas não tinham o temor do Senhor. Pelo contrário, recusaram o conselho da Palavra de Deus e escarneceram
da repreensão da Escritura, uma vez que esta condena o comportamento e as obras
más dos perversos.
Pv 1:31 Portanto comerão do fruto do seu caminho, e
fartar-se-ão dos seus próprios conselhos.
Pv 1:32 Porque o erro dos simples os matará, e o
desvario dos insensatos os destruirá.
1:31,32 0 ser humano é livre para escolher seu caminho, porém não é livre para
selecionar as conseqüências de suas decisões. Deus estabeleceu princípios
morais no universo, e eles determinam as conseqüências de cada escolha. Não há
como separar aquilo que o Senhor uniu.
Pv 1:33 Mas o que me der ouvidos habitará em
segurança, e estará livre do temor do mal.
1:33 Em contrapartida, o indivíduo que presta atenção à
sabedoria viverá em segurança e sem temor. Os discípulos da sabedoria desfrutam
uma vida boa e evitam muitos sofrimentos, tristezas e vergonhas que acometem os
obstinados e os perversos.
PROVERBIOS CAPITULO 2
Pv 2:1 Filho meu, se aceitares as minhas palavras,
e esconderes contigo os meus mandamentos,
2:1 Em primeiro lugar, o filho é incentivado a meditar nos ensinamentos do pai e a guardar esses mandamentos em seu
coração. Os provérbios foram escritos a fim de poderem ser assimilados ou
memorizados.
Pv 2:2 Para fazeres o teu ouvido atento à
sabedoria; e inclinares o teu coração ao entendimento;
2:2 E preciso disposição para ouvir e ter o coração e a mente abertos para o entendimento. Em outras palavras, o
filho deve ouvir mais e falar menos, o oposto de uma sessão de terapia, na qual
as pessoas são estimuladas a falar sobre seus problemas. Em vez disso, o rapaz
deve ouvir os conselhos dos sábios.
Pv 2:3 Se clamares por conhecimento, e por
inteligência alçares a tua voz,
Pv 2:4 Se como a prata a buscares e como a tesouros
escondidos a procurares,
2:3-4 Se o filho de fato estiver disposto a alcançar a sabedoria, basta pedir inteligência e apelar ao entendimento. Intenção
e propósito são condições essenciais nessa empreitada. Brota-se de uma lei da natureza: quem procura, acha. A atitude com
relação à sabedoria deve ser a mesma dos mineradores à procura de prata ou
daqueles que buscam tesouros escondidos. A grande tragédia da vida é ver
pessoas empregando mais esforços e entusiasmo para adquirir bens materiais do
que riquezas espirituais.
Pv 2:5 Então entenderás o temor do SENHOR, e
acharás o conhecimento de Deus.
2:5 0 indivíduo que busca a sabedoria sem dúvida a encontrará. Todo aquele que desejar conhecer Deus e se
relacionar com ele nunca ficará decepcionado. Esse fato motivou um dos pais da
igreja primitiva a afirmar que o homem que procura Deus, na verdade, já o
encontrou. Cristo revela o Pai a todos aqueles que acreditam nele. Conhecer
Cristo é conhecer Deus.
Pv 2:6 Porque o SENHOR dá a sabedoria; da sua boca
é que vem o conhecimento e o entendimento.
2:6 Após ser salvo por meio da fé em Cristo, o indivíduo está em condições de aprender a sabedoria divina com o
Senhor. Deus nos ensina a pensar corretamente, a avaliar o certo e o errado, a
distinguir um do outro e também a
desenvolver discernimento espiritual.
Pv 2:7 Ele reserva a verdadeira sabedoria para os
retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade,
2:7 Deus concede a verdadeira sabedoria para o s retos
e protege, como um es cudo, aqueles que caminham em integridade.
Pv 2:8 Para que guardem as veredas do juízo. Ele
preservará o caminho dos seus santos.
2:8 Além disso, o Senhor guarda as veredas dos que vivem uma vida de moralidade e justiça; seus santos não são
afligidos pela dor e amargura causadas pelo pecado. “Os amigos de Deus vão e
vêm sãos e salvos” (Knox).
Pv 2:9 Então entenderás a justiça, o juízo, a
eqüidade e todas as boas veredas.
2:9 Essa passagem é paralela ao versículo 5. Ambos começam com a palavra “então” e, em seguida, apresentam os
benefícios da busca sincera pelo conhecimento de Deus. 0 indivíduo que deseja conhecer e fazer a
vontade do Senhor aprenderá a agir com honestidade e a se comportar corretamente;
em outras palavras* aprenderá a escolher o bom caminho e a andar pelas boas
veredas.
Pv 2:10 Pois quando a sabedoria entrar no teu
coração, e o conhecimento for agradável à tua alma,
2:10 Ele será capaz de agir dessa maneira porque a sabedoria assumiu o controle de seu coração, de modo que o conhecimento
das coisas boas se tomou agradável. Para o cristão, os mandamentos de Deus não
são cansativos, pois o jugo de Cristo é suave, e seu fardo é leve (cf. Mt 11:30).
Pv 2:11 O bom siso te guardará e a inteligência te
conservará;
2 :1 1 O bom siso , isto é, a capacidade de tomar decisões
sensatas, nos protege de muitas experiências ruins, e o uso da inteligência
impede de nos envolvermos com pessoas perversas. Nenhum cristão é capaz de
compreender de quantos perigos espirituais, morais e físicos a sabedoria de
Deus o tem preservado diariamente. Libertados da corrupção e da lascívia do
mundo, os cristãos desfrutam uma vida protegida.
Pv 2:12 Para te afastar do mau caminho, e do homem
que fala coisas perversas;
2:12 Em primeiro lugar, somos salvos da companhia dos homens perversos (v. 12-15), ou seja, dos ímpios que distorcem os
fatos e a verdade com seus discursos falsos. Depois, somos livrados das
mulheres adúlteras (v. 16-19).
Pv 2:13 Dos que deixam as veredas da retidão, para
andarem pelos caminhos escusos;
Pv 2:14 Que se alegram de fazer mal, e folgam com
as perversidades dos maus,
Pv 2:15 Cujas veredas são tortuosas e que se
desviam nos seus caminhos;
2:13-15 0 texto fala de pessoas que deixam as ruas iluminadas da retidão para andar pelos becos escuros do crime e
da perversão. São indivíduos que se alegram em fazer o m al e amam deturpar a
ordem natural das coisas por meio de seus pecados. Têm prazer em andar por
caminhos tortuosos e em praticar perversidades.
Pv 2:16 Para te afastar da mulher estranha, sim da
estranha que lisonjeia com suas palavras;
2:16 A sabedoria protege não só da companhia dos homens perversos, mas também das garras da mulher adúltera. Podemos
interpretar essa mulher como uma prostituta de fato, como uma ilustração das
falsas religiões ou como uma referência ao mundo incrédulo. A mulher adúltera
utiliza o método da lisonja: “Você não recebe todo o amor e carinho que merece.
Venha, eu posso lhe dar todas essas coisas”.
Pv 2:17 Que deixa o guia da sua mocidade e se
esquece da aliança do seu Deus;
2:17 A adúltera abandonou o amigo da sua mocidade, ou
seja, seu marido, e esqueceu a aliança do
seu Deus, os votos de casamento que pronunciou diante do Senhor. A expressão “a
aliança do seu Deus” também pode se referir aos Dez Mandamentos e, de
modo específico, ao sétimo, que proíbe o adultério.
Pv 2:18 Porque a sua casa se inclina para a morte,
e as suas veredas para os mortos.
2:18 A primeira oração do versículo 18 pode ser traduzida por: “porque a sua casa se inclina para a morte” ou “a mulher
imoral se dirige para a morte, que é a sua casa” (NVI). A segunda oração do versículo
é paralela e parece apoiar a tradução da
RA. Juntas, as duas se referem à seguinte ideia: a casa da prostituta se
inclina para a morte. Por isso, todos os homens que entram ah escorregam para a
sepultura. As veredas da adúltera conduzem à morte, isto é, os homens que vão
atrás dela em breve partirão para o reino dos mortos. Considerando que todos
nós morreremos algum dia, o significado da palavra “morte” aqui deve ser mais
profundo que a morte física: provavelmente, se refere à morte moral, que
culmina na morte eterna.
Pv 2:19 Todos os que se dirigem a ela não voltarão
e não atinarão com as veredas da vida.
2:19 Após cair na armadilha da adúltera, é quase impossível escapar. Na verdade, o versículo parece excluir qualquer
possibilidade de salvação. Entretanto, muitas declarações bíblicas devem ser
entendidas como regra geral, ou seja, pode haver exceções. Essa é a ideia do
versículo aqui: após experimentar o caminho sedutor da adúltera, é muito
difícil abandoná-lo.
Pv 2:20 Para andares pelos caminhos dos bons, e te
conservares nas veredas dos justos.
2:20 Observe a ligação desse versículo com o 11. A sabedoria
não só nos protege do homem perverso e da mulher adúltera, como também estimula
a comunhão com pessoas justas e honestas.
Pv 2:21 Porque os retos habitarão a terra, e os
íntegros permanecerão nela.
Pv 2:22 Mas os ímpios serão arrancados da terra, e
os aleivosos serão dela exterminados.
2:21-22 Sob a lei de Moisés, os íntegros e retos eram
recompensados com habitações seguras na terra de Canaã. No NT, essas bênçãos
materiais terrenas foram substituídas pelas bênçãos espirituais celestes. Contudo,
ainda permanece o fato de que a retidão e a
decência são recompensadas tanto nesta vida como no porvir. Além
disso, é igualmente verdade que os perversos serão eliminados da terra de
bênçãos, pois Deus não deixou herança para os que praticam a iniqüidade.
PROVERBIOS CAPITULO 3
Pv 3:1 Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o
teu coração guarde os meus mandamentos.
Pv 3:2 Porque eles aumentarão os teus dias e te
acrescentarão anos de vida e paz.
3.1,2 — Lei e mandamentos são palavras que, como no Provérbio
1.8, chamam a atenção para a ligação entre a sabedoria e a Lei mosaica. Os provérbios
são a Lei aplicada.
Pv 3:3 Não te desamparem a benignidade e a
fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração.
Pv 3:4 E acharás graça e bom entendimento aos olhos
de Deus e do homem.
3.3,4 — Benignidade e fidelidade são duas palavras de peso dentro da Bíblia, pois descrevem o caráter de Deus (Sl
100.5) e os valores que Ele exige de Seu povo. O apóstolo João empregou o equivalente
grego destas palavras, graça e verdade, para descrever o caráter de Jesus (João
1.14).
Pv 3:5 Confia no SENHOR de todo o teu coração, e
não te estribes no teu próprio entendimento.
Pv 3:6 Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele
endireitará as tuas veredas.
3.5,6 — As palavras confia no Senhor ecoam a ordem de Deuteronômio 6.5 para amar Deus com todo o nosso ser. O verbo
confiar é complementado pelo verbo estribar-se (sustentar-se). Confiar em Deus
é depender conscientemente dele, da mesma forma que é preciso apoiar os pés no
estribo para não perder o equilíbrio ao andar a cavalo. A ideia é reforçada com
a exortação para reconhecê-lo em todos os teus caminhos, o que significa
observá-lo e conhecê-lo enquanto se vive. Ao fazê-lo, a pessoa perceberá que,
cada vez mais, Deus facilita os seus caminhos.
Pv 3:7 Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme
ao SENHOR e aparta-te do mal.
Pv 3:8 Isto será saúde para o teu âmago, e medula
para os teus ossos.
Pv 3:9 Honra ao SENHOR com os teus bens, e com a
primeira parte de todos os teus ganhos;
Pv 3:10 E se encherão os teus celeiros, e
transbordarão de vinho os teus lagares.
3.7-10 — As promessas destes versículos tratam de
padrões genéricos, e não de regras sem exceções. São os resultados típicos de
quem assume um compromisso com Deus. A ordem para louvar ao Senhor com a tua
fazenda [recursos, na NVI] e dar-lhe as primícias de toda a tua renda é uma
parte do significado de adorar ao Senhor. Sendo assim, da mesma forma que no
pacto de Deus com Israel, Ele prometeu, entre tantas coisas, manter seus
celeiros e lagares cheios.
Pv 3:11 Filho meu, não rejeites a correção do
SENHOR, nem te enojes da sua repreensão.
Pv 3:12 Porque o SENHOR repreende aquele a quem ama,
assim como o pai ao filho a quem quer bem.
3.11,12 — A correção do Senhor é o outro lado da Sua
graça. Devemos apreciar a correção de Deus
em nossas vidas, porque Ele só disciplina aqueles a quem ama (Hb 12.7-10).
Pv 3:13 Bem-aventurado o homem que acha sabedoria,
e o homem que adquire conhecimento;
Pv 3:14 Porque é melhor a sua mercadoria do que
artigos de prata, e maior o seu lucro que o ouro mais fino.
Pv 3:15 Mais preciosa é do que os rubis, e tudo o
que mais possas desejar não se pode comparar a ela.
Pv 3:16 Vida longa de dias está na sua mão direita;
e na esquerda, riquezas e honra.
Pv 3:17 Os seus caminhos são caminhos de delícias,
e todas as suas veredas de paz.
Pv 3:18 É árvore de vida para os que dela tomam, e
são bem-aventurados todos os que a retêm.
3.13-18 — Confira as bem-aventuranças proferidas por Jesus no Sermão da Montanha (Mi 5.2-12). O termo hebraico traduzido
como bem aventurado [feliz, na NVI] possui uma ideia explosiva de múltipla
felicidade (Sl 1.1). Fica implícito, então, que Deus fica muito contente ao ver
Seus filhos seguindo os princípios da sabedoria. A pessoa que encontra
sabedoria descobre um tesouro incalculável. Adão e Eva foram expulsos do jardim
do Éden e proibidos de tocar na árvore da vida (Gn 3.22-24), mas a sabedoria é
outra árvore da vida, que começará a restaurar a felicidade perdida no Paraíso.
Pv 3:19 O SENHOR, com sabedoria fundou a terra; com
entendimento preparou os céus.
Pv 3:20 Pelo seu conhecimento se fenderam os
abismos, e as nuvens destilam o orvalho.
3.19,20 — A expressão com sabedoria, fundou a terra revela
um dos temas centrais de Provérbios, que é a associação de sabedoria e criação.
O capítulo 8 é dedicado a este assunto.
Pv 3:21 Filho meu, não se apartem estas coisas dos
teus olhos: guarda a verdadeira sabedoria e o bom siso;
3.21 — Este versículo estimula a conservar tanto a fé como a sabedoria. O intuito é semelhante ao de Shemá Israel
[Ouça Israel] (ver comentário em Dt 4.39; 6.4). Também se assemelha as ideias
basicas do Salmo 91 (compare o v. 26 com o Sl 91.10-13). E um imenso privilégio
receber instrução da mesma sabedoria que criou o universo e o sustenta. Portanto,
não devemos perder de vista a verdadeira sabedoria e o bom siso.
Pv 3:22 Porque serão vida para a tua alma, e adorno
ao teu pescoço.
Pv 3:23 Então andarás confiante pelo teu caminho, e
o teu pé não tropeçará.
Pv 3:24 Quando te deitares, não temerás; ao
contrário, o teu sono será suave ao te deitares.
3:22-24 A sabedoria e o bom siso produzem vitalidade interior (vida para a tua alma) e beleza exterior(adorno ao
teu pescoço), nos capacitam a andar em segurança pelo caminho, evitando os
perigos que levam a tropeçar ou escorregar, além de garantir uma
boa noite de sono, sem culpa e sem medo.
Pv 3:25 Não temas o pavor repentino, nem a
investida dos perversos quando vier.
3:25 Também protegem o indivíduo do pavor repentino que
acomete os perversos. Quem inveja a aparente prosperidade dos ímpios ainda não
percebeu os perigos envolvidos nesse tipo de vida: extorsão, roubo, vingança,
chantagem, seqüestro e assassinato.
Pv 3:26 Porque o SENHOR será a tua esperança;
guardará os teus pés de serem capturados.
3 :26 0 Senhor protege aqueles que andam em seus caminhos
e não permitirá que nossos pés fiquem presos em armadilhas. De modo geral, é
possível perceber claramente as intervenções milagrosas de Deus em nossa vida,
porém estas são uma pequena amostra. Um dia, conheceremos todas as intervenções
do Senhor em nossa vida e saberemos quantas vezes nos livrou de perigos que
nunca imaginamos.
Pv 3:27 Não deixes de fazer bem a quem o merece,
estando em tuas mãos a capacidade de fazê-lo.
Pv 3:28 Não digas ao teu próximo: Vai, e volta amanhã
que to darei, se já o tens contigo.
Pv 3:29 Não maquines o mal contra o teu próximo,
pois que habita contigo confiadamente.
Pv 3:30 Não contendas com alguém sem causa, se não
te fez nenhum mal.
3.27-30 — Este trecho bíblico se refere ao tratamento respeitoso
para com o nosso próximo, um dos principais ensinamentos de Jesus (Lc
10.25-37). Da mesma forma, não se deve evitar fazer o bem ao nosso próximo
quando se tem o poder de fazê-lo (Pv 3.27). E falta de caráter poder pagar uma
dívida e não fazê-lo (v. 28), e não há piedade
para tramóias interesseiras (v. 29) ou palavras de intriga
(v. 30) contra companheiros pacíficos.
Pv 3:31 Não tenhas inveja do homem violento, nem
escolhas nenhum dos seus caminhos.
Pv 3:32 Porque o perverso é abominável ao SENHOR,
mas com os sinceros ele tem intimidade.
Pv 3:33 A maldição do SENHOR habita na casa do
ímpio, mas a habitação dos justos abençoará.
Pv 3:34 Certamente ele escarnecerá dos
escarnecedores, mas dará graça aos mansos.
Pv 3:35 Os sábios herdarão honra, mas os loucos
tomam sobre si vergonha.
3.31-35 — De nada vale a pena ter inveja do homem
violento, porque Deus abomina a perversidade. Só um tolo desejaria ser
detestável aos olhos do Senhor! Este trecho bíblico termina com um contraste da
bênção de Deus para os justos com Sua maldição sobre os ímpios (Gn 12.3).
Nenhum comentário:
Postar um comentário