SUBSIDIO ELABORADO PELO EVANGELISTA: NATALINO ALVES DOS ANJOS. PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR. MEMBRO DA ASSEMBLEIA DE DEUS MISSÃO - CAMPO DE GUIRATINGA - MATO GROSSO
Lições Bíblicas CPAD
- Adultos
3º Trimestre de 2015
Título: A Igreja e o
seu Testemunho — As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 1: Uma mensagem à Igreja Local e à Liderança
Data: 5 de Julho de 2015
TEXTO ÁUREO
“Ninguém despreze a
tua mocidade; as sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no
espírito, na fé, na pureza” (1Tm 4.12).
VERDADE PRÁTICA
As cartas pastorais
reúnem orientações à liderança cristã e aos membros em geral para que vivam
conforme a vontade de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — 1Tm 1.2
O cuidado paternal pelo jovem obreiro
Terça — Ef 6.17
A Palavra de Deus é a “Espada do Espírito”
Quarta — Gl 4.9-11
O pastor deve ter cuidado com o legalismo
Quinta — At 15.19,20
De que os crentes gentios devem se abster
Sexta — 1Co 5.7a
Paulo alerta a respeito do cuidado com o “fermento velho”
Sábado — 2Tm 2.15
Preparado para manejar a Palavra da verdade
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Timóteo 1.1,2; Tito
1.1-4.
1 Timóteo
1 — Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de
Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa,
2 — a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça,
misericórdia e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso
Senhor.
Tito 1
1 — Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo
a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade,
2 — em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode
mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos,
3 — mas, a seu tempo, manifestou a sua palavra pela pregação
que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador,
4 — a Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: graça,
misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, nosso
Salvador.
HINOS SUGERIDOS
210, 225 e 515 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Apresentar um
panorama geral das epístolas paulinas de Timóteo e Tito.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos
específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por
exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Introduzir as epístolas pastorais de Timóteo e Tito.
II. Conhecer os propósitos das epístolas de Timóteo e Tito.
III. Conscientizar a respeito da atualidade das epístolas
pastorais.
IV. Explicar o conteúdo da mensagem de Paulo para a
liderança.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado professor,
neste terceiro trimestre do ano, estudaremos a respeito das epístolas de
Timóteo e Tito. O autor destas cartas é o apóstolo Paulo. Ele as escreveu com o
objetivo de orientar e confortar dois jovens pastores, Timóteo e Tito. A cada
lição estudada, você verá que os conteúdos destas epístolas são repletos de
bons conselhos que podem ajudar líderes e liderados a viverem conforme a
vontade de Deus.
O comentarista é o pastor Elinaldo Renovato de Lima — autor
de diversos livros, líder da Assembleia de Deus em Parnamirim, RN.
O enriquecimento espiritual que advirá do estudo de cada
lição será sentido na liderança e em cada membro da Igreja de Cristo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste trimestre
teremos a oportunidade ímpar de estudar as Epístolas de 1 e 2 Timóteo e Tito.
Estas cartas, em geral, são consideradas um conjunto, já que foram dirigidas a
dois jovens pastores que cuidavam do rebanho do Senhor juntamente com Paulo. O
conteúdo delas está repleto de conselhos úteis sobre a estrutura da vida na
igreja. Estes conselhos fazem destas cartas verdadeiros manuais eclesiásticos
para a liderança das Igrejas de hoje.
PONTO CENTRAL
As epístolas de
Timóteo e Tito apresentam orientações aos líderes e membros quanto à vida
pessoal e cristã.
I. AS EPÍSTOLAS
PASTORAIS
1. Cartas pastorais.
As três epístolas que estudaremos são chamadas de cartas pastorais, e isso se
deve ao fato de terem sido elas endereçadas a dois jovens pastores: Timóteo e
Tito. Foram escritas por Paulo, um líder itinerante, que estava preocupado com
os jovens pastores. Ele os instrui de modo cuidadoso a respeito do trato com a
Igreja e com seus ministérios.
2. Datas em que foram escritas. A Primeira Epístola de
Timóteo foi escrita por volta de 64 d.C., entre a primeira e a segunda prisão
de Paulo, e enviada de Roma ou da Macedônia (talvez Filipos). Em seguida, por
volta de 65 d.C., foi escrita a Carta a Tito. Já a Segunda Epístola de Timóteo
foi escrita em tomo de 67 d.C., quando do segundo encarceramento do apóstolo, e
antes de sua morte. Faz parte das “cartas da prisão”, ao lado de Filipenses,
Efésios, Colossenses e Filemom.
3. Conteúdo. Estas epístolas formam um conjunto literário,
devocional e doutrinário, em que se observam o mesmo vocabulário, o mesmo
estilo e os mesmos propósitos para qual foram escritas. A estrutura foi
elaborada com o intuito de alcançar seus destinatários com solenes ensinos e
advertências da parte de Deus. O conteúdo pode ser resumido da seguinte
maneira:
a) Saudação. Nas saudações aos destinatários, Paulo
demonstra o seu cuidado para com os jovens obreiros (1Tm 1.2; Tt 1.1-4; 2Tm
1.1,2);
b) Qualificações ministeriais. Paulo demonstra que para ser
Ministro do Evangelho, há requisitos a serem respeitados (1Tm 3.1-13; Tt
1.5-9);
c) Alerta contra os falsos mestres e as falsas doutrinas
(1Tm 4.1-5; Tt 1.10-16). Falsos mestres e falsas doutrinas já existiam nas
igrejas e infelizmente ainda existem em muitos lugares;
d) O cuidado com a “sã doutrina” (1Tm 1.10; 6.3; 2Tm 1.13;
4.3; Tt 2.1); a falta desse cuidado contribui para a disseminação das heresias
e desvios de toda a espécie;
e) Comportamento e conselhos a diversos grupos (1Tm 5.1-25;
Tt 2.1-10). Paulo fala a respeito dos servos, senhores, pais, filhos, jovens e
outros grupos.
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
As epístolas
pastorais receberam esta designação pelo fato de terem sido escritas e enviadas
a dois pastores.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“O centro do ensino
de Paulo a Timóteo concentra-se no modo de vida que é apropriado dentro da
igreja. As suas lições falam de oração (2.1-8), mulheres (2.9-15), a escolha de
‘bispos’ (3.1-7) e ‘diáconos’ (3.8-13) e concluem com uma liturgia de louvor
(3.14-16). Estas lições têm o objetivo de ajudar Timóteo a saber ‘como convém
andar na igreja do Deus vivo’.
A seguir, Paulo passa a falar do próprio Timóteo. É aparente
que, embora Paulo amasse muito Timóteo, e o enviasse em importantes missões.
Timóteo, por natureza, era tímido e hesitante. Por isto as palavras de Paulo
parecem, às vezes, ir além do incentivo e da exortação. Paulo lembra Timóteo de
que ele pode esperar falsos ensinos infectando as igrejas, e que o seu dever é
‘propor’ a verdade aos irmãos (4.1-10). Mas Timóteo deve fazer ainda mais. Ele
deve ‘mandar e ensinar’ a verdade, e não permitir que alguém ‘despreze’ sua
‘mocidade’. E as exortações prosseguem: Timóteo deve ‘meditar nestas coisas’,
‘ocupar-se nelas’ e ‘perseverar nelas’ (4.10-16)” (RICHARDS, Lawrence O.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007, p.
467).
II. PROPÓSITO E MENSAGEM
As cartas pastorais
de 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito tinham em comum os seguintes propósitos:
1. Orientar os líderes quanto à vida pessoal. Paulo exorta o
jovem pastor Timóteo dizendo que ele deveria servir como exemplo em tudo (1Tm
4.12,16). Para estar na liderança de uma igreja local é imprescindível ter uma
vida exemplar. Também é necessário e importante que o líder saiba cuidar bem de
sua vida familiar (1Tm 3.1-13), a fim de que sua esposa e filhos tenham uma boa
conduta.
2. Combater as heresias. Paulo sabia das diversas heresias
que ameaçavam as igrejas locais. O apóstolo estava preocupado com os crentes
que já haviam sido seduzidos pelo judaísmo. O judaísmo exigia o cumprimento de
vários rituais e liturgias, contudo Jesus nos ensinou uma nova maneira de
cumprir a Lei e de viver. Jesus fez uma Nova Aliança com a humanidade mediante
seu sacrifício na cruz. Naquele tempo havia também o perigo do gnosticismo, ou
seja, uma filosofia herética, que defendia o dualismo, segundo o qual a matéria
é má e o espírito é bom. Por isso, negava a encarnação de Cristo, pois o corpo,
sendo matéria, contaminaria seu espírito. Paulo deixou Timóteo em Éfeso para
amenizar os estragos dessa heresia, que se infiltrou no meio dos crentes, sob
influência de Himeneu e Alexandre (1Tm 1.19,20).
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
As epístolas de
Timóteo e Tito tinham como propósitos orientar os líderes quanto à vida pessoal
e no combate as heresias.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“A responsabilidade
imediata de Timóteo era esta: ‘Para advertires a alguns que não ensinem outra
doutrina’. O apóstolo não nos informa a quem ele se referia quando emitiu esta
ordem; Timóteo provavelmente já sabia muito bem quem eram os envolvidos. Paulo
usa termos vagos para descrever a natureza destas heresias: Fábulas ou...
genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de
Deus, que consiste na fé.
Mesmo que seja impossível concluir com plena certeza quais
eram esses ensinos que o apóstolo percebia que estavam minando a fé dos
cristãos efésios, não é forçar a interpretação sugerir que se tratava de um
começo de gnosticismo. A heresia conhecida por gnosticismo, que no século II se
tornou ameaça séria à integridade do ensino cristão, tinha raízes judaicas e
gentias. Houve três fases sucessivas da influência judaica na igreja primitiva.
A segunda era a fase judaizante que Paulo combateu com tanta eficácia na
Epístola aos Gálatas. É sobre a terceira fase, em que havia ‘revelações
fingidas sobre nomes e genealogias de anjos’, que o apóstolo procura avisar
Timóteo” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007, p. 452).
III. UMA MENSAGEM PARA A IGREJA LOCAL E A LIDERANÇA DA
ATUALIDADE
Estamos vivendo os
tempos trabalhosos que Paulo falou em 1 Timóteo 4.1,2. Precisamos estar
atentos, por isso, vamos estudar duas heresias da atualidade. Estas precisam
ser confrontadas com a Palavra de Deus.
1. O “evangelho” da prosperidade. Um dos mais eminentes
defensores, desta falsa doutrina ensinou que “você é tanto uma encarnação de
Deus quanto Jesus Cristo o foi. Você não tem um deus dentro de você. Você é um
deus”. Se o crente é “deus” pode tudo; tudo o que disser tornar-se-á realidade
(confissão positiva); e terá o mundo e as riquezas que desejar, sem pobreza nem
enfermidades. À luz da Palavra de Deus, tal ensinamento equivale a orgulho,
presunção e soberba. Sabemos que Deus abomina toda altivez (Pv 6.16-19) e que
tal ensino é contrário as Escrituras Sagradas. Somos criaturas, temos falhas e
sem Deus nada somos e nada podemos. O poder e a majestade são dEle.
2. Apostasia dos últimos dias. Paulo adverte aos crentes
quanto ao que está acontecendo nos dias atuais, onde muitos estão abandonando a
fé em Cristo. Em Tito, ele faz advertência semelhante sobre falsos líderes,
contradizentes e de torpe ganância (Tt 1.9-13). Precisamos estar atentos para
que os ensinos heréticos e a apostasia não alcancem a Igreja do Senhor. O líder
tem a responsabilidade de zelar pela sã doutrina.
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Embora tenha sido
escrita em um tempo distinto do nosso, podemos encontrar nas cartas pastorais,
ensinos preciosos para a liderança local e para a igreja dos dias atuais.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“O Espírito Santo
revelou explicitamente que haverá, nos últimos tempos, uma rebeldia organizada
contra a fé pessoal em Jesus Cristo. Aparecerão na igreja pastores de grande
capacidade e poderosamente ungidos por Deus. Alguns realizarão grandes coisas
por Deus, e pregarão a verdade do evangelho de modo eficaz, mas se afastarão da
fé e paulatinamente se voltarão para espíritos enganadores e falsas doutrinas.
Por causa da unção e zelo por Deus que tinham antes, desviarão muitas pessoas.
Muitos crentes se desviarão da fé porque deixarão de amar a
verdade (2Ts 2.10) e de resistir às tendências pecaminosas dos últimos dias.
Por isso, o evangelho liberal dos ministros e educadores modernistas encontrará
pouca resistência em muitas igrejas” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.
1870).
IV. MENSAGEM PARA A LIDERANÇA
1. Administração
eclesiástica. Em 1 Timóteo 3.1-12 e em Tito 1.5-9, vemos um conjunto de
qualificações que aqueles que desejam liderar uma igreja necessitam ter.
Infelizmente, em muitas igrejas, nem sempre estas recomendações são observadas.
Porém, a liderança exige esforço. É necessário que o pastor tenha uma vida
santa e irrepreensível. É preciso esforço e disciplina. Observe com atenção,
algumas das qualificações necessárias ao líder: Irrepreensível, marido de uma
só mulher, que tenha filhos fiéis, não soberbo, não iracundo, não dado ao
vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, dado à hospitalidade,
amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante, retendo firme a Palavra,
capaz de admoestar com a sã doutrina, etc.
2. Ética ministerial. Na Segunda Epístola a Timóteo, Paulo
diz que o ministro deve apresentar-se a Deus “aprovado, como obreiro que não
tem de que se envergonhar; que maneja bem a palavra da verdade” (2.15). A
verdadeira liderança se estabelece pelo exemplo, pelo testemunho, muito mais do
que pela eloquência, pela oratória ou pela retórica. Não são os diplomas de um
pastor que o qualificam como líder cristão, mas seu exemplo, sua ética, diante
de Deus e da igreja local. Paulo tinha condições de ensinar liderança e ética,
pois sua vida era exemplo para a igreja e para os de fora (Fp 3.17; 1Co 11.1).O líder cristão não é o que “manda”, mas o que serve. Não é
o maior, e sim o menor (Mt 20.24-28).
SÍNTESE DO TÓPICO (IV)
As epístolas de
Timóteo e Tito apresentam um conjunto de qualificações que aqueles que desejam
a liderança devem ter.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A liderança é
essencial à vida e missão da igreja. Sem ela, a igreja tropeça e cai num curso
incerto em sua peregrinação rumo a um lugar melhor. Sem liderança, a igreja não
é capaz de cumprir seus propósitos de ministrar eficazmente aos de dentro e
alcançar os de fora, nem pode render a Deus a glória que Ele merece.
O pastor é a pessoa chamada para prover a liderança final da
igreja, não importando o sistema administrativo dela. O sucesso da igreja
depende em grande parte de sua capacidade de liderança.
Liderança é bíblica. A ideia de alguém liderando outros está
fundamentada nas Escrituras. Assumir papel de líder na igreja de Deus e esperar
que outros sigam seu exemplo não é egoísmo, autoritarismo, condescendência nem
pecado. Temos certeza disso porque as Escrituras deitam as bases e os
princípios da liderança cristã” (MACARTHUR, John. Ministério Pastoral:
Alcançando a excelência no ministério cristão. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012,
pp.294-5).
CONCLUSÃO
As cartas pastorais
contêm doutrinas e exortações quanto a assuntos práticos, mas também diretrizes
gerais sobre liderança, designação de obreiros, suas qualificações, as
responsabilidades espirituais e morais do ministério; do relacionamento com
Deus, com os líderes e das relações interpessoais. São riquíssimas fontes de
ensino para edificação das igrejas locais nos tempos presentes.
PARA REFLETIR
A respeito das Cartas
Pastorais:
Quais as epístolas
estudaremos neste trimestre?
1 e 2 Timóteo e Tito.
Quem escreveu as cartas a Timóteo e Tito?
Elas foram escritas por Paulo.
Em que data, aproximadamente, foi escrita a Primeira
Epístola de Timóteo?
Foi escrita no ano de 64 d.C. (aproximadamente).
Quais eram os propósitos de 1 e 2 Timóteo e Tito?
Orientar os líderes quanto à vida pessoal e combater as
heresias.
De acordo com a lição, o líder é quem manda ou quem serve?
O líder cristão não é o que “manda”, mas o que serve. Não é
o maior, e sim o menor.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Uma mensagem à Igreja Local e à Liderança
Entre os anos 50 e 65 d.C., a Igreja era uma comunidade
incipiente. Historicamente, há pouco havia acabado de nascer. Nesse período, as
cidades de Éfeso e de Creta foram evangelizadas pelo apóstolo Paulo. Ali, numa
região de domínio romano, mas também de predominância cultural grega, o
Evangelho “explodiu”. Uma incipiente comunidade de cristãos em Éfeso e Creta
não poderia ficar sem a referência apostólica, por isso, o apóstolo dos gentios
viu-se obrigado a escrever três cartas, cujos estudiosos classificam como
pastorais: 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito.
Basicamente, as cartas contêm conselhos práticos de
encorajamento sobre a vida e o ministério dos jovens pastores Timóteo e Tito. O
apóstolo os instruiu sobre as normas necessárias, o combate imperioso contra as
heresias e fábulas da época, entretanto, colocando a eclesiologia das
comunidades em destaque: a organização da igreja; o cuidado competente e
encorajador do pastor aos grupos específicos da igreja local, tais como aos
jovens, aos adultos, aos anciões e aos oficiais da igreja.
O apóstolo Paulo era um missionário atarefado e, por isso,
não poderia estar frequentemente nas comunidades fundadas por ele. Todavia, as
igrejas cristãs não poderiam ficar sem o ensino de Cristo. Assim, percebemos a
preocupação e a urgência que Paulo demonstrou sobre o estabelecimento de
diáconos e presbíteros, logo nos primeiros capítulos de 1 Timóteo e de Tito. Em
linhas gerais, podemos dizer que o objetivo principal das cartas era instruir
os jovens pastores sobre como separar e estabelecer bons obreiros para a seara
do mestre. De antemão, a tarefa do oficial cristão não é nada fácil, pois o
tempo é difícil e trabalhoso. Os obreiros do Senhor, em primeiro lugar,
deveriam ser provados e aprovados por Deus (2Tm 2.15), como pessoas aptas ao
ensino do Evangelho, manejando bem a palavra da verdade. Esta predisposição era
essencial a todo o vocacionado pelo Senhor a administrar a obra de Deus.
A partir dessa orientação pastoral, segundo as cartas de
Paulo, veremos a administração das primeiras comunidades cristãs locais,
organizando-se em um conselho de presbíteros, que subdividiriam-se em
administradores e ensinadores (1Tm 5.17), e o estabelecimento dos diáconos (At
6). Portanto, a igreja do primeiro século era organizada, observava a Palavra,
assistia e acolhia pessoas. Esta obra não podia acabar!
SUBSIDIOS
1Tm 1.1-2
1 – Paulo, apóstolo
de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa
esperança,
2 – a Timóteo,
verdadeiro filho na fé, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de
Cristo Jesus, nosso Senhor.
1. Remetente e
destinatário – 1Tm 1.1-2a
1 Paulo entende sua vida e atuação como incumbência. Seu
sentimento de envio é consciência apostólica que ele recebe integral e
constantemente de Jesus Cristo, seu Senhor. Um apóstolo também pode ser enviado
e incumbido por seres humanos, assim como Epafrodito é apóstolo dos filipenses,
que o incumbiram de ir até Paulo. Muitos apóstolos na acepção mais genérica do
termo são “emissários de igrejas”.
Paulo, porém, não é apóstolo nem por autorização humana, nem foi instalado como
apóstolo por um ser humano, nem há uma resolução pessoal no começo de sua
vocação. Separado pelo próprio Deus e chamado como os profetas, autorizado pelo
Messias Jesus e enviado como os Doze , Paulo se denomina apóstolo do Messias
Jesus segundo a incumbência de Deus.
Não foi um poderoso deste mundo, que decreta suas ordens,
mas o Rei dos reis e o Senhor dos senhores que deu incumbência a seu apóstolo.
Desde o começo até o fim de sua atuação Paulo está ciente dessa vocação e envio
divinos; para ele isto representa impulso e autorização para o serviço.
Na consciência da vocação única e extraordinária, porém, ele
sabe com a mesma clareza que todos os cristãos são co-vocacionados. É preciso
abrir-lhes os olhos, para que reconheçam a esperança dessa vocação, vivam
dignos dela e cooperem com o evangelho da paz, de modo que se tornem sucessores
dos apóstolos, que vão na frente como pioneiros. Por mais intensamente que
esteja imbuído da peculiaridade de sua incumbência, Paulo não deixa de convocar
todos à imitação e ao discipulado. Nisso deve ser vista a essência do sentido
bíblico da sucessão apostólica. De forma análoga Jesus deriva o parentesco com
ele não de carne e sangue, não de laços e tradição humanos, mas do
direcionamento idêntico da vontade na obediência ao Pai.
Diversas vezes Paulo lembra Timóteo de sua vocação,
dirigindo-se com isso também a nós. Deixando de lado todas as causas e
instâncias secundárias, precisamos conscientizar-nos repetidamente daquele que
nos chamou, que é o autor e consumador de nossa vida. Somente na consciência de
sermos chamados somos libertos para um serviço certo.
Deus, nosso Libertador. Originalmente “libertador” era um
título honorífico para homens meritórios e magistrados de alto escalão. Mais tarde,
especialmente nos cultos de mistérios, esse título é usado para enaltecer
divindades e, na seqüência, sobretudo os imperadores romanos.
As epístolas anteriores designam somente Cristo como
Libertador, como também as past em algumas passagens, contudo com particular
freqüência e ênfase aparece nelas o próprio Deus como Libertador, provavelmente
por uma contraposição consciente ao culto a César. Honra suprema e última deve
ser dada ao Rei eterno, em contraposição a poderosos transitórios; ele é o
único Deus, ao contrário dos muitos reis que disputam o poder entre si; ele é o
Rei de todos os reis e o Senhor de todos os poderosos.
Por um lado, Soter, Redentor, ocorre nas past nitidamente na
relação com o entorno grego, mas por outro lado a origem desse nome para Deus
deve ser localizada no Antigo Testamento. Como Redentor de seu povo Deus envia
pessoas, porque ele mesmo, como causa de toda a salvação, é o eterno
Deus-Redentor. Por decorrência, também o NT vê Jesus como Redentor totalmente
na acepção do AT. Ele há de redimir seu povo de sua maior desgraça, seus
pecados.
Deus, nosso Redentor; Cristo, nossa esperança. Libertação
(salvação) e esperança estão indissoluvelmente conectadas, originam-se de Deus.
É verdade que também nesse caso há relatos do contexto helenista que associam
salvação e esperança, porém vale novamente que não se deve esquecer o forte
pano de fundo do Antigo Testamento: “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de
Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor, seu Deus.” Também em outras
cartas de Paulo salvação e esperanças aparecem juntas.
Cristo é fundamento e alvo de toda a esperança. Trata-se de
uma “esperança pela glória”, que ultrapassa em muito as concepções terrenas de
uma vida pessoal e feliz ou de uma era dourada. O apóstolo que envelhece e está
ameaçado por prisão e morte frisa em todas as três aberturas de cartas das past
a perspectiva, repleta de certeza, do futuro de Deus. No passado Cristo
instalou Paulo como apóstolo, agora na atualidade ele é o Senhor, concedendo
graça, misericórdia, paz de Deus. No futuro “Cristo, nossa esperança”
inaugurará o reino de Deus com glória. Portanto, já o primeiro versículo da
presente carta está direcionado para a consumação escatológica em Cristo Jesus.
2a A Timóteo, meu autêntico filho na fé. O apóstolo, que se
apresentou com poucas, mas enfáticas palavras, dirige-se agora ao destinatário.
À mera menção do nome, usada costumeiramente, ele acrescenta uma expressão de
relação pessoal e cordial. No NT a vida espiritual muitas vezes é apresentada
em comparação com a geração, o nascimento e o crescimento. Quem de fato crê em
Jesus o acolhe e se torna um filho de Deus. Não foi gerado por carne e sangue,
não pela vontade de um ser humano, mas de Deus. Somente o nascimento pelo
Espírito abre o caminho para entrar no reino de Deus. Os que aceitaram a fé são
como crianças recém-nascidas, que pedem leite para seu crescimento.
É predominantemente em Paulo que se acumulam as metáforas
dessa área de conceitos: os cristãos em Corinto são seus “filhos amados”,
também Timóteo é chamado na primeira carta aos Coríntios de “meu filho amado e
fiel”. Ele não é seu disciplinador, mas seu pai; gerou-o em Cristo Jesus por
intermédio do evangelho. Para os gálatas ele é como uma mãe que torna a sofrer
dores de parto até que a imagem de Cristo chegue à plena estatura neles. À
igreja dos tessalonicenses Paulo, Silvano e Timóteo buscaram de forma paternal
e maternal, apresentaram-se afetuosamente como uma mãe que amamenta, que abraça
seus filhos, e exortaram e encorajaram a cada um como um pai faz com os filhos.
Paulo compreende-se como pai não apenas diante de
congregações inteiras, mas como no caso de Timóteo, Tito, Onesíforo ele designa
também colaboradores individuais de seus filhos. O relacionamento
mestre/discípulo com freqüência era descrito no mundo contemporâneo com as
palavras pai/filho. Em Paulo, porém, esse relacionamento adquire um novo
significado, porque a relação pai/filho está alicerçada sobre a fé “conjunta”
em Jesus Cristo. Logo Cristo é fundador e garantidor desse relacionamento
inter-humano.
Jesus impede que seus discípulos se deixem chamar de rabbi,
pai ou mestre, porque em sua pessoa e em sua doutrina surgiu algo completamente
novo para todos os relacionamentos humanos: em Jesus se manifesta o que realmente
significa a relação pai/filho, filho/pai. “Essa linguagem originalmente não se
dirige contra a vaidade dos eruditos judaicos, mas regulamentava a questão da
autoridade doutrinária na igreja dos seguidores de Jesus: por princípio não
passa de Jesus para seus discípulos; pelo contrário, os mestres cristãos
precisam transmitir toda a doutrina válida permanentemente como doutrina de
Jesus.” Essas observações do testemunho dos sinóticos será de imensa relevância
para a compreensão das past e de sua visão da “doutrina” (“as palavras de nosso
Senhor Jesus Cristo”), porque a autoridade da doutrina de Jesus faz parte de
sua transmissão.
Timóteo vê em Paulo aquele que pela graça de Deus se tornou
para ele mediador da fé em Jesus Cristo.
Assim como a fé é inteiramente presente de Deus, assim Deus
confiou a fé para ser transmitida de pessoa a pessoa. Somente sendo dádiva
autêntica a fé consegue capacitar, chamar e convocar a pessoa para uma resposta
genuína.
Timóteo demonstra a autenticidade de sua “origem” de Paulo pela
confiabilidade e pelo desprendimento de seu ministério. O filho tinha
verdadeiramente o mesmo pensamento que seu pai espiritual. Como um filho serve
ao pai ele serviu ao evangelho desde a primeira viagem missionária ao lado de
Paulo.
Fé e serviço comum uniu os dois com laços de “parentesco”
mais fortes que afeição humana baseada em semelhança de caráter ou atitudes
comuns. Apesar disso o relacionamento dos dois apresenta a marca da amizade
humana no mais belo sentido, ainda que seja a de uma pessoa mais idosa com
outra mais jovem. Na realidade também Tito e Onésimo e muitos outros são
autênticos filhos da fé, mas somente Timóteo é seu “amado e fiel filho no
Senhor”. O elemento vital em que surge e persiste esse relacionamento humano e
cordial é a fé, o olhar de esperança para o Cristo, que lhes concede a vida
eterna, e o amor “no Senhor”, na qual não contam as diferenças exteriores (QI
30).
Merece reflexão que Paulo arregimente seus colaboradores
dentre as fileiras daqueles que são seus próprios e autênticos filhos da fé.
Como os colaboradores são conseguidos hoje?
2. Saudação – 1Tm
1.2b
2b Graça, misericórdia, paz. A saudação em três partes
ocorre somente nas duas cartas a Timóteo, enquanto Paulo normalmente saúda o
com “graça e paz de Deus”. A saudação em três elementos era costumeira nas
igrejas da Ásia Menor. O motivo especial por que Paulo acrescenta misericórdia
pode ser visto no próprio apóstolo, mas também no destinatário da carta: Paulo
está no fim de sua longa vida e reconhece o quanto a misericórdia de Deus
esteve com ele desde o começo, ao conquistar a ele, o maior rebelde, e
colocá-lo no serviço. Contudo ele também conta com o fim iminente, no qual
dependerá integralmente da misericórdia de seu Senhor. Timóteo, porém, em breve
ficará sozinho, sem seu amigo paternal. Adoentado como é, apegado a seu pai
espiritual, exposto a tentações, resistências e lutas especiais como mestre do
evangelho, Paulo lhe diz: Deus te conceda misericórdia, assim como eu a
experimentei desde o começo até a hora atual em todas as aflições.
Graça em sua rica abundância, radiante como um diamante,
significa tanto amabilidade, beleza, como também favor, mercê, afeto; em
seguida, representa a livre condescendência que um súdito experimenta ao se
aproximar de seu rei, disso resultando a dádiva, o presente, propiciado a
partir de uma intenção de graça, e finalmente a gratidão pela dádiva recebida.
É nessa graça divina que Timóteo deve ser fortalecido,
vivendo de sua fonte inesgotável.
Sob a luz dessa graça a misericórdia aparece como a
paciência e o favor de Deus, que perdoa e que suporta com inaudita
longanimidade, que conhece nossa fraqueza e fragilidade e que purifica o
pecador de suas transgressões.
No judaísmo “misericórdia” fazia parte de uma fórmula de
saudação, como podemos depreender também de Gl 6.16, onde misericórdia e paz
também aparecem juntas.
Paz, igualmente uma saudação judaica, tem o sentido original
de “ser completo, não-danificado”, da qual se derivam felicidade, saúde,
prosperidade, bem-estar. No NT a paz se transforma naquele silêncio interior do
ser humano que excede a todo o entendimento, em todas as capacidades e
limitações psíquicas do íntimo da pessoa reconciliada com Deus através de Jesus
Cristo. O cristianismo primitivo confessa: “Ele é a nossa paz!”
Graça, misericórdia, paz estejam contigo! Essa saudação não
é uma fórmula costumeira, um mero desejo devoto. Pelo contrário, são as
verdadeiras dádivas anunciadas ao destinatário a partir de Deus. Não se
originam dos desejos e das intenções de Paulo: sua fonte está em Deus, o Pai, e
seu Mediador está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Nele, tanto o Pai como o
Filho, Paulo e Timóteo e todos aqueles a quem Timóteo dirigirá a palavra com
base na presente carta, estão interligados. Por isso ele escreve três vezes:
Deus, nosso Redentor, Cristo, nossa esperança, Jesus, nosso Senhor.
Paulo adotou os proêmios usuais de sua época e os modificou
para anunciar bênção a seus destinatários, transformando-os em oração no mais
verdadeiro sentido da palavra.
PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
Autor: Paulo
Tema: A Sã Doutrina e as Boas Obras
Data: Cerca de 65/66
d.C.
Considerações
Preliminares
1 e 2 Timóteo e Tito — comumente chamadas “epístolas
pastorais” — são cartas escritas por Paulo (1.1; 2 Tm 1.1; Tt 1.1) a Timóteo
(em Éfeso) e Tito (em Creta) concernente ao cuidado pastoral das igrejas.
Alguns críticos questionam a autoria destas cartas por
Paulo, mas a igreja primitiva corroborava sua autoria paulina. Embora haja
diferenças de estilo e de vocabulário nas epístolas pastorais ao compará-las
com as outras cartas de Paulo, estas diferenças podem decorrer da avançada
idade de Paulo e sua solicitude pessoal com os ministérios de Timóteo e de
Tito.
Paulo escreveu 1 Timóteo depois dos eventos relatados no fim
de Atos a primeira prisão de Paulo em Roma (At 28) terminou, segundo parece,
com a sua libertação (2 Tm 4.16,17). Posteriormente, segundo Clemente de Roma
(cerca de 96 d.C.) e o Cânon Muratoriano (cerca de 190 d.C.), Paulo viajou de
Roma, dirigindo-se para o oeste, até a Espanha, e ministrou a Palavra de Deus
ali, como era seu desejo há longo tempo (cf. Rm 15.23,24,28). Conforme relatam
as Epístolas Pastorais, Paulo, a seguir, voltou à região do mar Egeu
(especialmente Creta, Macedônia e Grécia) e aí continuou seu ministério.
Durante esse período (cerca de 64,65 d.C.), Paulo comissionou Timóteo como seu
representante apostólico para ministrar em Éfeso, e Tito para fazer o mesmo em
Creta. Da Macedônia, Paulo escreveu sua primeira carta a Timóteo, e, pouco mais
tarde, escreveu a Tito. Posteriormente, Paulo foi preso de novo em Roma, quando
então escreveu uma segunda carta a Timóteo pouco antes do seu martírio em 67/68
(ver 2 Tm 4.6-8; ver também introdução a
2 Timóteo).
Propósito
Paulo teve um tríplice propósito ao escrever 1 Tm: (1)
exortar o próprio Timóteo a respeito do seu ministério e da sua vida pessoal;
(2) exortar Timóteo a defender a pureza do evangelho e seus santos padrões da
corrupção causada por falsos mestres; e (3) dar a Timóteo
instruções a respeito de vários assuntos e problemas de Éfeso.
Visão Panorâmica
Um dos cuidados principais que Paulo transmite ao seu jovem
auxiliar é que Timóteo lute com denodo pela fé e refute os falsos ensinos que
estavam comprometendo o poder salvífico do evangelho (1.3-7; 4.1-8;
6.3-5,20,21). Paulo também instrui Timóteo a respeito das qualificações
espirituais e pessoais dos dirigentes da igreja, e oferece um quadro geral das
qualidades de um obreiro candidato a futuro pastor de igreja (ver a lista
detalhada das qualidades de ministros e diáconos no esboço supra).
Entre outras coisas, Paulo ensina a Timóteo sobre o
relacionamento pastoral com os vários grupos dentro da igreja, como as mulheres
em geral (2.9-15; 5.2), as viúvas (5.3-16), os homens mais idosos e os mais
jovens (5.1), os presbíteros (5.17-25), os escravos (6.1,2), os falsos mestres
(6.3-6) e os ricos (6.7-10,17-19). Paulo confia a Timóteo cinco tarefas
distintas para ele cumprir (1.18-20; 3.14-16; 4.11-16; 5.21-25; 6.20-21). Nesta
epístola, Paulo exprime sua afeição a Timóteo como seu convertido e filho na
fé, e estabelece um elevado padrão de piedade para a vida dele e da igreja.
Características
Especiais
Quatro características se projetam nesta epístola.
(1) É dirigida diretamente a Timóteo como representante de
Paulo na igreja de Éfeso, daí a carta ser muito pessoal e escrita com profunda
emoção e sentimento.
(2) Juntamente com 2 Tm, ressalta mais do que qualquer outra
epístola do NT a responsabilidade pastoral de manter o evangelho puro e livre
de falsos ensinos que enfraqueçam o seu poder salvífico.
(3) Enfatiza o valor supremo do evangelho, a influência
demoníaca corrutora do evangelho, a santa vocação da igreja e as altas
qualificações que Deus requer para os seus obreiros. (4) Fornece a orientação
mais específica do NT sobre o correto relacionamento do pastor com os grupos
sociais da igreja segundo a idade e sexo deles.
SEGUNDA EPÍSTOLA DE
PAULO A TIMÓTEO
Autor: Paulo
Tema: Perseverança Inabalável na Fé
Data: Cerca de 67 d.C.
Considerações Preliminares
Esta é a última carta de Paulo. Ela foi escrita quando o
imperador Nero procurava impedir a expansão da fé cristã em Roma, perseguindo
severamente os crentes. E Paulo voltara a ser prisioneiro do imperador em Roma
(1.16,17). Estava sofrendo privações como se fosse um criminoso comum (2.9),
abandonado pela maioria dos seus amigos (1.15), e tinha consciência de que o
seu ministério chegara ao fim, e que sua morte se aproximava (4.6-8,18).
Paulo escreve a Timóteo como “amado filho” (1.2) e fiel
cooperador (cf. Rm 16.21). Sua intimidade com Timóteo e sua confiança nele
percebe-se no fato de o apóstolo mencioná-lo como seu cooperador na escrita de
seis epístolas, de Timóteo haver permanecido consigo durante sua primeira
prisão (Fp 1.1; Cl 1.1; Fm 1), e de lhe haver escrito duas cartas pessoais.
Ante sua execução iminente, Paulo pede duas vezes a Timóteo que venha estar
novamente com ele em Roma (4.9,21). Timóteo ainda residia em Éfeso quando Paulo
lhe enviou esta segunda epistola (1 Tm 1.3; 2 Tm 1.18). Nesta epístola, o
apóstolo envia saudações a Onesíforo que residia em Éfeso (1.16), e igualmente
para o casal Áquila e Priscila (4.19).
Propósito
Sabendo Paulo que Timóteo era tímido e enfrentava
adversidades no ministério, e divisando a sombria perspectiva de forte
perseguição vinda de fora, contra a igreja, e da atividade nociva dos falsos
mestres dentro dela, ele exorta Timóteo a defender o evangelho, a pregar a
Palavra, a perseverar na tribulação e a cumprir sua missão.
Visão Panorâmica
No capítulo 1, Paulo assegura a Timóteo o seu incessante
amor e orações, e exorta-o a nunca transigir na fidelidade ao evangelho, a
guardar com diligência a verdade e a seguir o seu exemplo.
No capítulo 2, Paulo incumbe seu filho espiritual a
preservar a fé, transmitindo suas verdades a homens fiéis que, por sua vez,
ensinarão a outros (2.2). Admoesta o jovem pastor a sofrer as aflições como bom
soldado (2.3), a servir a Deus com diligência e a manejar corretamente a
palavra da verdade (2.15), a separar-se daqueles que se desviam da verdade
apostólica (2.18-21), a manter-se puro (2.22) e a trabalhar com paciência como
mestre (2.23-26).No capítulo seguinte, Paulo declara a Timóteo que o mal e a
apostasia aumentarão (3.1-9), porém, ele precisa permanecer sempre, e em tudo,
leal às Escrituras (3.10-17).
No capítulo final, Paulo incumbe Timóteo de pregar a Palavra
e de cumprir todos os deveres do seu ministério (4.1-5). Termina, informando a
Timóteo quanto aos seus assuntos pessoais, quando ele já encarava a morte, e
instando com o jovem pastor a vir logo ao seu encontro (4.6-21).
Características
Especiais
Há cinco características principais nesta epístola.
(1) Contém as últimas palavras escritas por Paulo antes da
sua execução por ordem de Nero, em Roma, uns 35 anos depois da sua conversão a
Cristo, na estrada de Damasco.
(2) Contém uma das declarações mais claras, na Bíblia, a
respeito da inspiração divina das Escrituras e do seu propósito (3.16,17);
Paulo reafirma que as Escrituras devem ser interpretadas com exatidão pelos
ministros da Palavra (2.15) e insiste que a Palavra de Deus seja confiada a
homens fiéis que, por sua vez, possam ensinar a outros (2.2).
(3) Do começo ao fim da carta aparecem exortações sucintas,
e.g., “despertes o dom de Deus” (1.6), “não te envergonhes” (1.8), sofre pelo
evangelho (1.8), “conserva o modelo das sãs palavras” (1.13), guarda a verdade
(1.14), “fortifica-te na graça” (2.1), passa adiante a mensagem (2.2), sofre as
aflições (2.3), sê diligente na Palavra (2.15), “evita os falatórios profanos”
(2.16), “foge dos desejos da mocidade e segue a justiça” (2.22), acautela-te da
apostasia que há de vir (3.1-9), permanece na verdade (3.14), “pregues a
palavra” (4.2), “faze a obra de um evangelista” (4.5) e “cumpre o teu ministério”
(4.5).
(4) Os temas iterativos destas muitas exortações são: manter
firme a fé (em Jesus Cristo e no evangelho apostólico original), guardá-la da
distorção e da corrupção, opor-se aos falsos mestres e pregar o evangelho com
perseverança inabalável.
(5) O testemunho de despedida de Paulo é um exemplo
comovedor de coragem e esperança diante do martírio sentenciado (4.6-8).
EPÍSTOLA DE PAULO A
TITO
Autor: Paulo
Tema: A Sã Doutrina e as Boas Obras
Data: Cerca de 65/66 d.C.
Considerações Preliminares
Tito, como 1 e 2 Timóteo, é uma carta pessoal de Paulo a um
dos seus auxiliares mais jovens. É chamada de “epístola pastoral” porque trata
de assuntos relacionados com a ordem e o ministério na igreja. Tito, um gentio
convertido (Gl 2.3), tornou-se íntimo companheiro de Paulo no ministério
apostólico. Embora não mencionado nominalmente em Atos (por ser, talvez, irmão
de Lucas), o grande relacionamento entre Tito e o apóstolo Paulo vê-se
(1) nas
treze referências a Tito nas epístolas de Paulo,
(2) no fato de ele ser um dos
convertidos e fruto do ministério de Paulo (1.4; como Timóteo), e um cooperador
de confiança (2 Co 8.23),
(3) pela sua missão de representante de Paulo em pelo
menos uma missão importante a Corinto durante a terceira viagem missionária do
apóstolo (2 Co 2.12,13; 7.6-15; 8.6, 16-24), e,
(4) pelo seu trabalho como
cooperador de Paulo em Creta (1.5).
Paulo e Tito trabalharam juntos por um breve período na ilha
de Creta (a sudoeste da Ásia Menor, no Mar Mediterrâneo), no período entre a
primeira e a segunda prisão de Paulo em Roma (ver introdução a 1 Timóteo).
Paulo deixou Tito em Creta cuidando da igreja ali (1.5), enquanto ele (Paulo)
seguia adiante para a Macedônia (cf. 1 Tm 1.3). Algum tempo depois, Paulo
escreveu esta carta a Tito, incumbindo-o de completar a tarefa em Creta que os
dois haviam começado juntos. É provável que Paulo tivesse mandado a carta pelas
mãos de Zenas e Apolos, que passaram por Creta, em viagem (3.13).
Nesta carta, Paulo informa sobre seus planos para enviar
Ártemas ou Tíquico para substituir Tito dentro em breve. E nessa ocasião Tito
devia encontrar-se com Paulo em Nicópolis (Grécia), onde o apóstolo planejava
passar o inverno (3.12). Sabemos que isto aconteceu, já que na ocasião
posterior, Paulo designara Tito para a Dalmácia, no litoral oriental do mar
Adriático (na ex-Iugoslávia), em cuja região ficava Nicópolis, na Grécia (3.12).
Propósito
Paulo escreveu primeiramente para instruir Tito na sua
tarefa de
(1) pôr em ordem o que ele (Paulo) deixara inacabado nas igrejas de
Creta, inclusive a instituição de presbíteros nessas igrejas (1.5);
(2) ajudar
as
igrejas a crescerem na fé, no conhecimento da verdade e em
santidade (1.1);
(3) silenciar falsos mestres (1.11); e,
(4) vir até Paulo, uma
vez substituído por Ártemas ou Tíquico (3.12).
Visão Panorâmica
Nesta epístola, Paulo examina quatro assuntos principais.
(1) Ensina Tito a respeito do caráter e das qualificações espirituais
necessárias a todos os que são separados para o ministério na igreja. Os
presbíteros devem ser homens piedosos, de caráter cristão comprovado, e bem
sucedidos na direção da sua família (1.5-9).
(2) Paulo manda Tito ensinar a sã
doutrina, repreender e silenciar falsos mestres (1.10—2.1). No decurso da
carta, Paulo apresenta dois breves resumos da sã doutrina (2.11-14; 3.4-7).
(3)
Paulo descreve para Tito (cf. 1 Tm 5.1—6.2) o devido papel dos anciãos (2.1, 2),
das mulheres idosas (2.3,4), das mulheres jovens (2.4,5), dos homens jovens
(2.6-8) e dos servos (2.9,10).
(4) Finalmente, Paulo enfatiza que as boas obras
e uma vida de retidão são o devido fruto da fé genuína (1.16; 2.7,14; 3.1, 8,
14; cf. Tg 2.14-26).
Características
Especiais
Três características principais temos nesta epístola.
(1)
Dois breves resumos da verdadeira natureza da salvação em Jesus Cristo
(2.11-14; 3.4-7).
(2) A igreja e o seu ministério devem estar edificados sobre
firmes alicerces espirituais, teológicos e éticos.
(3) Contém uma das duas
listas no NT enumerando as qualificações necessárias à direção da igreja
(1.5-9; cf. 1 Tm 3.1-13).
FONTES DE PESQUISA:
Comentário Bíblico Esperança - Novo Testamento
Comentário Bíblico Willian Baclay - Novo Testamento
Bíblia de Estudo Pentecostal
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