Seguidores

quarta-feira, 29 de julho de 2015

COMENTÁRIO BÍBLICO - DEUTERONOMIO CAPITULO 4,5,6

ELABORADO PELO EVANGELISTA: NATALINO ALVES DOS ANJOS. MEMBRO DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS DE GUIRATINGA - MATO GROSSO.  COM PESQUISAS EM COMENTÁRIOS E MANUAIS BÍBLICOS.

DEUTERONOMIO CAPITULOS 4

Dt 4:1 Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes; para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR Deus de vossos pais vos dá.
4.1 — O conselho a Israel para ouvir os estatutos do Senhor incluía um encorajamento à obediência (Dt 5.1;6.3,4;9.1;20.3;27.9). A finalidade de o povo ouvir e cumprir os mandamentos divinos, para que vivais, contrasta com o fato de que Moisés morreria, ou seja, não entraria na terra (v. 22). Todavia, os israelitas conseguiram compreender que o presente de Deus, Sua Lei, fora moldado para o bem deles. Obedecendo à Lei, certamente experimentariam uma vida vitoriosa.Para que vivais. A palavra de Deus, é o "pão da vida" e Suas palavras apontam o caminho da vida eterna, cf. 8.3; Mt 19.17; Jo 6.63.
Dt 4:2 Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR vosso Deus, que eu vos mando.
4.2. De acordo com o padrão dos tratados de suserania do Oriente Próximo e dos antigos códigos legais, a aliança não deveria ser alterada de modo algum (Cf. Mt 23:16-26; Mc 7:9-13.). Nada acrescentareis. . . nem diminuireis. As leis de Deus não deviam sofrer emendas ou reduções através de legislação humana (cons. 12: 32; Ap. 22:18 e segs.). Toda a obrigação do homem era obedecer, e os israelitas obedientes receberam a promessa de vida e rica herança.
Dt 4:3 Os vossos olhos têm visto o que o SENHOR fez por causa de Baal-Peor; pois a todo o homem que seguiu a Baal-Peor o SENHOR teu Deus consumiu do meio de ti.
Dt 4:4 Porém vós, que vos achegastes ao SENHOR vosso Deus, hoje todos estais vivos.
4.3,4. Uma ilustração vivida do fato de que a desobediência à lei de Deus traz destruição e morte é agora oferecida. Em Baal-Peor (Bete-Peor, 3: 29) Israel se envolvera com a idolatria do deus Baal de Peor (Nm 25: 1-9). Quando certos homens israelitas se ajuntaram sexualmente a mulheres moabitas, praticaram ritos idólatras e adoraram o deus Baal. O castigo que se seguiu foi entendido como conseqüência de tal culto idólatra. Aqueles que permaneceram fiéis em face da tentação escaparam à praga e estavam vivos ao tempo do discurso de Moisés.
Dt 4:5 Vedes aqui vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o SENHOR meu Deus; para que assim façais no meio da terra a qual ides a herdar.
4.5 No meio da terra. A lei visava primariamente a Israel. Seu cerimonial e regulamentos judiciais eram para ser usados por uma nação na terra, até que fosse feita a revelação posterior, quando Cristo viesse.
Dt 4:6 Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida.
vivos ao tempo do discurso de Moisés.
4.6. A significância deste evento é que por meio dele Israel foi advertido de que o único meio de sobrevivência na nova terra era a absoluta fidelidade à aliança de Javé e obediência aos estatutos e ordenanças de Javé que Moisés lhes dera. Na verdade, a sobrevivência nacional estava em jogo, pois Javé, que trouxera terra em que habitar, poderia destruí- la se ela rejeitasse seu senhorio total.
Dt 4:7 Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o SENHOR nosso Deus, todas as vezes que o invocamos?
Dt 4:8 E que nação há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje ponho perante vós?
4.8 Toda esta lei. A relevância da lei mosaica para o crente pode ser resumida como segue: "Primeiramente", essa lei contém certos elementos transitórios a que não se obrigam os cristãos (4.5n). Em segundo lugar, encerra princípios eternos de santidade, justiça e verdade, incluídos no Decálogo e implícitos em toda a lei, que se impõe a todas as gerações de judeus e cristãos. A estes se refere a frase "está escrito" (Mt 4.10; 5.17; Rm 13.9; 1 Pe 1.16). Em terceiro lugar, como parte da Bíblia inspirada, todo o livro foi escrito para nos instruir (Rm 15.4) e é muito "proveitoso" (2 Tm 3.16). Finalmente , é sabido que Moisés escreveu acerca de Cristo (Jo 5.46; Dt 1815). Cristo, portanto, deve ser procurado nessas páginas, já que toda Lei tem o fim de nos conduzir a Ele (Gl 3.24).
Dt 4:9 Tão-somente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem a tua alma, que não te esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e não se apartem do teu coração todos os dias da tua vida; e as farás saber a teus filhos, e aos filhos de teus filhos.

4.9. As duas ordens guarda-te a ti mesmo e guarda diligentemente a tua alma são introduzidas por uma partícula enfática (raq), tão somente, que normalmente tem um significado restritivo. A frase guarda-te a ti mesmo ocorre em muitos contextos em Deuteronômio. A forma verbal é basicamente reflexiva em seu significado, de modo que a ordem é dirigida a Israel em sentido pessoal. Em várias passagens, como acontece aqui, Israel recebe a ordem de cuidar para não esquecer o que Deus fizera por ele (cf. 6: 12; 8: 11). Em outros lugares a nação é exortada a cuidar em não seguir práticas pagãs (13: 20), não oferecer holocaustos em lugares não-autorizados (12: 13), não negar ao levita ou ao próximo o que lhes é devido (12: 19; 15: 9), etc. Tais quebras da aliança eram uma ofensa ao Senhor e seriam merecedoras de Seu juízo. Os grandes eventos de Horebe deviam ser guardados cuidadosamente para não serem esquecidos. Além do mais, a transmissão fiel da história aos filhos era obrigatória para Israel (cf 6: 20; Êx 13: 8, 14). O apelo a Israel para que se lembre e não se esqueça dos atos salvadores de Deus é repetido diversas vezes em Deuteronòmio, pois eles eram a base da alegação israelita de ser o povo de Deus e a base sobre a qual Deus desafiara Israel a entrar em aliança com Ele. O mesmo princípio se aplica no Novo Testamento, onde os atos de Deus em Cristo são fundamentais para a igreja e formam a base do apelo divino para que os homens adotem um novo relacionamento com Ele. Estes também devem ser ensinados aos filhos dos cristãos.
Dt 4:10 O dia em que estiveste perante o SENHOR teu Deus em Horebe, quando o SENHOR me disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, e aprendê-las-ão, para me temerem todos os dias que na terra viverem, e as ensinarão a seus filhos;
4.10. As palavras aqui mencionadas eram as dez palavras, isto é, os dez madamentos (4: 13; 5: 22). Algo mais que o simples escutar de palavras havia acontecido em Horebe. Os atos salvadores de Deus revelados no êxodo e a declaração subseqüente das estipulações de Sua aliança, tinham como objetivo provocar uma reação de obediência em Israel. A única resposta adequada da parte de Israel era temer a Deus, isto é, reverenciá-lo, reconhecendo Sua soberania. Havia uma conexão íntima entre adoração e vida pois a reverência se expressaria através de adoração e obediência. Por outro lado, o caminho da irreverência diante de Deus era o caminho da morte (30: 15—20). O verbo temer e o substantivo correspondente têm uma conotação rica em Deuteronômio e em todo o Velho Testamento. Tanto o verbo quanto o substantivo podem indicar o medo típico dos escravos e são às vezes usados para descrever aqueles que pecaram (Gn 3: 10; Pv 10: 24; cf. At 24: 25; Hb 10:27,31; Ap 21:8). Com  maior freqüência, porém, a referência é a um medo santo, ou reverência, resultante da percepção que o crente tem do caráter de Deus. O “temor do Senhor” é um dos temas dominantes do Velho Testamento. Deve ser reconhecido como a resposta apropriada do homem a Deus. É concedido por Deus e permite ao homem reverenciar a pessoa de Deus, obedecer os Seus mandamentos e detestar o mal (Jr 32: 40; Hb 5: 7). É o princípio da sabedoria (SI 111: 10), o segredo da retidão (Pv 8: 13), o dever básico do homem (Ec 12: 13). É apresentado como uma das características do Messias (Is 11: 2, 3). Em todas as épocas o povo de Deus foi exortado a cultivar o temor do Senhor e a andar nele (SI 34: 11; Jr 2: 19; At 9: 31; 10: 2; Ef 5: 21; Fp 2: 12). Gentios que aderiam à sinagoga eram chamados “tementes a Deus” (At 10: 2; 13: 16, 26). Em Deuteronômio, particularmente, o verbo ocorre em 4: 10; 5: 29; 6: 2, 13; 8: 6; 10:12,20; 14:23; 17:19; 28:58; 31:12,13, etc.
Dt 4:11 E vós vos chegastes, e vos pusestes ao pé do monte; e o monte ardia em fogo até ao meio dos céus, e havia trevas, e nuvens e escuridão;
4.11. Palavras humanas são inadequadas para descrevera glória e a terrível majestade de Deus. O máximo que podemos fazer é lançar mão de expressões simbólicas. Este versículo poderia ser traduzido A montanha ardia em chamas até o próprio céu, escuro com as mais densas nuvens. A manifestação da presença de Deus geralmente é descrita acompanhada de fogo e escuridão (Ex 19.18). O fogo alude à santidade, à majestade e à transcendência divina, mas também ao julgamento de Deus sobre a perversidade (v. 24) . A escuridão faz referência ao impedimento imposto a nós de aproximarmo-nos da natureza santa do Senhor, a qual não permite que Ele conviva com o pecado, às nossas transgressões e à possibilidade do julgamento iminente.
Dt 4:12 Então o SENHOR vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes figura alguma.
4.12. Quando Javé Se revelou o povo ouviu a voz das palavras mas não viu aparência alguma. Assim, a idolatria foi rejeitada para sempre. Esta era uma característica fundamental da fé israelita em todas as épocas. Israel devia abster-se da idolatria e não devia adorar a obra de mãos humanas – imagem esculpida (vs. 16-18,23; com 5:8) – mas também não devia adorar a obra das mãos de Deus, o exército dos céus (v. 19). A adoração do que era visível e criado era característica das nações gentias as quais Deus abandonara à sua própria e louca perversidade (v. 19b; cons. 29:26 ; Rm. 1:21 e segs.).
Foi, é claro, na Palavra encarnada que Deus falou Sua última palavra (Jo 1:1,14; Hb 1:1,2). Este versículo nos lembra que Deus é espírito (Jo 4.24).
Dt 4:13 Então vos anunciou ele a sua aliança que vos ordenou cumprir, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra.
4.13 Sua aliança. Essa é a primeira das vinte e sete ocorrências desse tema em Deuteronômio. A palavra é aqui usada para indicar o estabelecimento de uma relação, de um vínculo permanente entre os dois lados. Pelo pacto de Horebe, Deus tomou a Israel como Seu povo particular e Israel o tomou como seu Senhor (Êx 19.5, 8), cf. Is 42.6n.
Dt 4:14 Também o SENHOR me ordenou ao mesmo tempo que vos ensinasse estatutos e juízos, para que os cumprísseis na terra a qual passais a possuir.
4.14 — O Senhor me ordenou que vos ensinasse. Moisés entregou a revelação de Deus ao povo. Na condição de “instrutor” dos israelitas, ele aplicou a Lei (Êx 20.19).Em Horebe também Deus ofereceu ao povo a Sua aliança. Há uma identificação parcial, nesta passagem, entre a aliança e o decálogo. A aliança, todavia, é mais ampla que suas estipulações. Por outro lado, entretanto, a aceitação da aliança comprometia Israel a obedecer as suas estipulações. Parte da evidência de que Israel aceitara a aliança era o fato de viver segundo os mandamentos de Javé. Em época bem mais recente, Tiago viria a dizer: “Mostra-me a tua fé sem as obras, e eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé” (Tg 2:18).
Dt 4:15 Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o SENHOR, em Horebe, falou convosco do meio do fogo;
4.15 Aparência nenhuma vistes. Ninguém jamais viu a Deus Pai (Jo 1.18). Deus é espírito (Jo 4.24), e é errado o homem tentar representá-lo materialmente para um auxilio à adoração. Quando o Antigo Testamento se refere a manifestações visíveis de Deus, pode referir-se a um aparecimento do Cristo pré-encarnado. Um estudo cuidadoso de todas as referências do Antigo Testamento ao "anjo do Senhor" parece indicar que assim sucede.
Dt 4:16 Para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher;
Dt 4:17 Figura de algum animal que haja na terra; figura de alguma ave alada que voa pelos céus;
4.16,17 — A fé no Senhor excluía qualquer tipo de idolatria a outros deuses (compare com Dt 12.1-4), conforme a revelação no monte Horebe. Visto que Deus não se manifestou por imagens ou outra forma de representação material de si mesmo, Ele rejeitou todo tipo de adoração que fizesse uso de objetos para reproduzir o que é divino. O Senhor em si deveria ser adorado, e não Suas obras ou coisas criadas pelo homem.
Não havia nenhuma maneira de descrever ou esculpir a presença de Deus no Sinai (Ex 20.18), pois Israel não viu a forma “física” do Senhor. Assim, o povo não poderia elaborar qualquer representação material dela. Embora o ser humano tenha sido criado à imagem e semelhança de Deus, não há figura de macho ou de fêmea, isto é, objeto confeccionado pelo homem que consiga reproduzir Deus (Gn 1.26,27).
Dt 4:18 Figura de algum animal que se arrasta sobre a terra; figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra;
Dt 4:19 Que não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus; e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o SENHOR teu Deus repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus.
4.18, 19 O sol, a lua. Já no tempo de Abraão se erguiam grandiosos templos à lua, em Ur. No Egito, em Om (Heliópolis), prestava-se culto ao sol.Figura de algum animal[...] o sol, e a lua, e as estrelas. Os animais e os corpos celestes foram criados por Deus (Gn 1.20-25). Por serem criações, e não o Criador, não poderiam de forma alguma ser adorados nem servir de representação de Deus (Gn 1.14-19; SI 19.1).
Dt 4:20 Mas o SENHOR vos tomou, e vos tirou da fornalha de ferro do Egito, para que lhe sejais por povo hereditário, como neste dia se vê.
4.20 Povo de herança. Os crentes de hoje também são povo de uma herança (1 Pe 1.4), neste caso eterna.Este versículo revela uma espécie de “slogan da redenção”: o Senhor vos tomou e vos tirou do forno de ferro do Egito. Deus escolheu Israel para ser o Seu povo e estabeleceu uma aliança com ele. Por isso, libertou-o da escravidão egípcia, período aludido nesta passagem pela expressão forno de ferro (Is 48.10; Jr 11.4). O resultado do êxodo e do cumprimento da Lei seria um povo hereditário, visto que a nação de Israel pertencia a Deus e, por isso, teria um glorioso futuro ao Seu lado.
Dt 4:21 Também o SENHOR se indignou contra mim por causa das vossas palavras, e jurou que eu não passaria o Jordão, e que não entraria na boa terra que o SENHOR teu Deus te dará por herança.
Dt 4:22 Porque eu nesta terra morrerei, não passarei o Jordão; porém vós o passareis, e possuireis aquela boa terra.
4.21,22 — Eu morrerei. Quão difíceis devemter sido essas palavras para Moisés! O profeta teve de encorajar o povo a entrar na terra, enquanto a ele mesmo isso não foi permitido.O juízo que caiu sobre Moisés era uma advertência a Israel quanto às conseqüências de qualquer comprometimento de sua lealdadeabsoluta a Javé. Cf. 1:37; 3:26.
Dt 4:23 Guardai-vos e não vos esqueçais da aliança do SENHOR vosso Deus, que tem feito convosco, e não façais para vós escultura alguma, imagem de alguma coisa que o SENHOR vosso Deus vos proibiu.
4.23. Guardai-vos. Profeticamente Moisés advertiu que o gozo prolongado das bênçãos de Canaã, bênçãos que nem ele receberia (vs. 21,22a), poderia provocar o esquecimento do passado (v. 25; cons. v. 9). Que os israelitas, portanto, se lembrassem que o Deus ao qual tinham jurado fidelidade no Sinai, apareceu ali como fogo consumidor (v. 24). Se provocado ao ciúme pela idolatria, Ele desencadearia as maldições da aliança sobre tal loucura. E que maldição poderia ser maior que abandonar aqueles que repudiam a eleição divina à futilidade da idolatria que escolheram e à comunidade dos homens de mentes e destinos igualmente depravados? (vs. 27,28; 28: 64 e segs.)
Dt 4:24 Porque o SENHOR teu Deus é um fogo que consome, um Deus zeloso.
4.24 Deus zeloso. A palavra hebraica qãnã, tanto pode significar "zeloso", como "ciumento" aliás duas idéias que andam intimamente ligadas. O amor de Deus é muitas vezes comparado ao do marido que se dá sem reservas e que espera em troca um amor incondicional.Devido a tal zelo Javé não podia sequer contemplar o compromisso de Israel com qualquer outro deus. Assim, todas as formas de idolatria eram proibidas.
Dt 4:25 Quando, pois, gerardes filhos, e filhos de filhos, e vos envelhecerdes na terra, e vos corromperdes, e fizerdes alguma escultura, semelhança de alguma coisa, e fizerdes o que é mau aos olhos do SENHOR teu Deus, para o provocar à ira;
Dt 4:26 Hoje tomo por testemunhas contra vós o céu e a terra, que certamente logo perecereis da terra, a qual passais o Jordão para a possuir; não prolongareis os vossos dias nela, antes sereis de todo destruídos.
Dt 4:27 E o SENHOR vos espalhará entre os povos, e ficareis poucos em número entre as nações às quais o SENHOR vos conduzirá.
Dt 4:28 E ali servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não vêem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram.
4.25,28 Vos espalhará entre os povos. Israel é avisado que seriam exilados de sua herança como pena pela idolatria. Por isso, havia o perigo de que o desfrute prolongado das bênçãosresultado, depois de muitos anos, Israel se voltasse à idolatria, provocando Javé à ira. Se isso acontecesse, entrariam em operação as maldições da aliança, aqui definidas como morte da nação (26), afastamento da terra (26) e dispersão dos israelitas entre as nações (27). As maldições deste capítulo são semelhantes às do capítulo 28, embora seja a quebra do segundo mandamento a questão tratada, não a violação de toda a lei. Isso, entretanto, seria sintomático da rejeição interior da soberania de Javé. O céu e a terra são invocados como testemunhas da declaração de tais juízos por parte de Javé (30: 19; 31: 28; cf. Mq 6: 1, 2). Se tais juízos viessem de fato a cair sobre Israel e a nação fosse exilada, os israelitas viriam a servir outros deuses em terras estranhas, trocando o Deus vivo, que podia agir em seu benefício, pelas criações sem vida e insensíveis do próprio homem. Na verdade, mais de uma vez na história de Israel partes de seu povo foram levadas para o exílio, notadamente depois da queda de Samaria (2 Rs 17:6) e da queda de Jerusalém (2 Rs 24:14s; 25:10ss.). A advertçncia divina encontrou assim sua realização.
Dt 4:29 Então dali buscarás ao SENHOR teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.
Dt 4:30 Quando estiverdes em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o SENHOR teu Deus, e ouvirás a sua voz.
4.29,30  De lá. Não importando onde estiver, nem suas circunstâncias, qualquer um pode encontrar a Deus se realmente O busca de todo o coração (Jo 4.23, 24).Mesmo no sofrimento do exílio Deus poderia ser buscado e encontrado. Uma característica que distinguia a aliança de Javé dos tratados seculares era o fato de um rebelde poder voltar (“arrepender-se”) para Javé e ser perdoado, tendo assim a perspectiva de começar uma nova vida de obediência. No campo secular a rebelião raramente era tratada com misericórdia, mesmo se houvesse demonstração de arrependimento. A natureza de Javé, entretánto, era muito diferente da dos reis deste mundo. Ele era um Deus misericordioso, sempre consciente de Sua aliança. Depois da loucura de Israel e de seu castigo Deus concederia o arrependimento, de modo que além do cumprimento das maldições jazia a possibilidade de restauração. A expressão nos últimos dias não precisa ser entendida escatologicamente, mas simplesmente com o sentido de “no futuro”. Assim, Javé é um Deus consumidor para o rebelde (24) mas um Deus misericordioso para o penitente.
Dt 4:31 Porquanto o SENHOR teu Deus é Deus misericordioso, e não te desamparará, nem te destruirá, nem se esquecerá da aliança que jurou a teus pais.
4.31 Aliança... teus pais. Embora Israel viesse a sofrer a pena máxima (27) por violar o pacto mosaico, Deus seria gracioso para com Israel, à base do pacto abraâmico anterior. Cf. 30.20; Lv 26.33, 42; Gn 15.O emprego de objetos materiais para adorar a Deus: 1) É incompatível com a natureza espiritual de Deus (15); 2) Conduz à adoração aos próprios objetos (19); 3) Pode levara uma vida corrupta (16); 4) Incorre na ira de Deus (25b-26).
Dt 4:32 Agora, pois, pergunta aos tempos passados, que te precederam desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, desde uma extremidade do céu até à outra, se sucedeu jamais coisa tão grande como esta, ou se jamais se ouviu coisa como esta?
Dt 4:33 Ou se algum povo ouviu a voz de Deus falando do meio do fogo, como tu a ouviste, e ficou vivo?
4.32, 33. Moisés perguntou ao povo se qualquer outra nação além de Israel, desde a criação do mundo, jamais tivera provas tão claras e diretas da existência de seu Deus e sobrevivera. O contato direto com a divindade estava eivado de graves perigos. No entanto, maravilha das maravilhas, o abismo entre a santidade de Deus e a rebeldia e o pecado de Israel foi vencido. Isto seria causa de eterna reverência e admiração em Israel (Gn 32: 30; Êx 3: 6; 19: 21; 20: 19; 33: 20; Jz 6: 22, 23; 13: 22). O fato do povo de Israel ter permanecido como um grupo identificável, apesar de ter vivido espalhado entre as nações por mais de dois mil anos é um dos fenômenos mais notáveis da história.
Dt 4:34 Ou se Deus intentou ir tomar para si um povo do meio de outro povo com provas, com sinais, e com milagres, e com peleja, e com mão forte, e com braço estendido, e com grandes espantos, conforme a tudo quanto o SENHOR vosso Deus vos fez no Egito aos vossos olhos?
4.34. Mais uma vez Javé fez o que nenhum outro deus poderia fazer. Ele libertou Seu povo das mãos de um poderoso soberano terrestre, confrontando- o com vários testes e exibindo diante dele sinais e maravilhas, realizando poderosos atos de salvamento perante seus próprios olhos. Para Israel, a prova da existência e da graça de Deus vinha do que Ele fizera por Seu povo tanto quanto de qualquer declaração do fato feita por um profeta. Os atos redentores e salvadores de Javé eram fundamentais à fé israelita.
Dt 4:35 A ti te foi mostrado para que soubesses que o SENHOR é Deus; nenhum outro há senão ele.
4.35. As frases o Senhor(Javé) é Deus e nenhumoutro há senão Ele dão expressão ao simples fato de que em Israel somente Javé devia ser Soberano(cf versículo 39). Não havia outro poder no universo que pudesse determinar os destinos dos homens sobre a terra. Se tal ponto de vista não é um monoteísmo plenamente desenvolvido, certamente é monoteísmo prático. Não há razão, entretanto, para se duvidar que tal ponto de vista simples e pragmático fosse bem antigo na história de Israel.
Dt 4:36 Desde os céus te fez ouvir a sua voz, para te ensinar, e sobre a terra te mostrou o seu grande fogo, e ouviste as suas palavras do meio do fogo.
Dt 4:37 E, porquanto amou teus pais, e escolheu a sua descendência depois deles, te tirou do Egito diante de si, com a sua grande força,
Dt 4:38 Para lançar fora de diante de ti nações maiores e mais poderosas do que tu, para te introduzir e te dar a sua terra por herança, como neste dia se vê.
Dt 4:39 Por isso hoje saberás, e refletirás no teu coração, que só o SENHOR é Deus, em cima no céu e em baixo na terra; nenhum outro há.
4.36-39. As duas características do amor de Javé por Israel e a eleição dos israelitas são aqui enfatizadas. Elas são reiteradas muitas vezes em Deuteronômio. A capacidade que Javé demonstrou de instruir ou disciplinar o povo (36), de amar a seus antepassados, de escolher seus descendentes
e libertá-los do Egito (37), e de expulsar os habitantes de Canaã para dar sua terra a Israel (38) leva à conclusão de que Ele é Deusdo céu e da terra. Nenhum outro tem tais poderes.
Dt 4:40 E guardarás os seus estatutos e os seus mandamentos, que te ordeno hoje para que te vá bem a ti, e a teus filhos depois de ti, e para que prolongues os dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá para todo o sempre.
4.40. Com base nisso, Israel deveria reconhecer a soberania de Javé e obedecer as estipulações de Sua aliança. O resultado de tal reação seriao desfrute da bênção de Deus sobre aquela geração de Israelitas e todos os seus descendentes. As milagrosas demonstrações de misericórdia no passado e a perspectiva de bênçãos futuras poderiam ser apresentadas enfaticamente como a base de uma avaliação séria da alegação feita por Javé de ser o único soberano sobre toda a terra.
Dt 4:41 Então Moisés separou três cidades além do Jordão, do lado do nascimento do sol;
Dt 4:42 Para que ali se acolhesse o homicida que involuntariamente matasse o seu próximo a quem dantes não tivesse ódio algum; e se acolhesse a uma destas cidades, e vivesse;
Dt 4:43 A Bezer, no deserto, no planalto, para os rubenitas; e a Ramote, em Gileade, para os gaditas; e a Golã, em Basã, para os manassitas.
4.41-43 Pelo fato de Moisés não aparecer falando nesta passagem, mas ser mencionado na terceira pessoa, estes versículos são às vezes considerados como um apêndice. Uma comparação com Números 35: 1-14 sugere que Moisés aparece aqui executando uma ordem divina. Três cidades foram indicadas na Transjordânia, uma em cada um dos setores, sul, centro e norte, para providenciar asilo para o homem que cometesse homicídio involuntário (cf. 19: 1-13). Em sociedades nômades a possibilidade da vingança do sangue agia como um freio sobre os homens. Em sociedades estabelecidas, entretanto havia trâmites legais para o julgamento de tais indivíduos. Até que tais processos fossem estabelecidos, alguma provisão deveria ser feita, semelhante àquela descrita nesta passagem. Parece não haver razão de duvidar que tal prática seja antiga e que seria o tipo de provisão feita por Moisés.
Dt 4:44 Esta é, pois, a lei que Moisés propôs aos filhos de Israel.
Dt 4:45 Estes são os testemunhos, e os estatutos, e os juízos, que Moisés falou aos filhos de Israel, havendo saído do Egito;
4.44, 45. Cada um dos termos lei (tôrâ), testemunhos (‘èdüt), estatutos (hôq), e ordenanças ou decisões judiciais (mispat) tem sua própria conotação, embora um definição detalhada não faça parte do propósito do autor aqui. Lei indica “ensino” num sentido muito geral. Testemunhos denota as estipulações da aliança. Estatutos eram leis escritas ou inscritas em material apropriado. Ordenanças eram as decisões de um juiz.
Dt 4:46 Além do Jordão, no vale defronte de Bete-Peor, na terra de Siom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom, a quem feriu Moisés e os filhos de Israel, havendo eles saído do Egito.
Dt 4:47 E tomaram a sua terra em possessão, como também a terra de Ogue, rei de Basã, dois reis dos amorreus, que estavam além do Jordão, do lado do nascimento do sol.
Dt 4:48 Desde Aroer, que está à margem do ribeiro de Arnom, até ao monte Sião, que é Hermom,
Dt 4:49 E toda a campina além do Jordão, do lado do oriente, até ao mar da campina, abaixo de Asdote-Pisga.
4.46-49 — Na terra de Seom[...] como tambéma terra de Ogue. Israel recentemente conquistara as terras do lado leste do Jordão e agora estava preparando-se para atravessar o rio e entrar em Canaã.




DEUTERONOMIO CAPITULO 5

Dt 5:1 E CHAMOU Moisés a todo o Israel, e disse-lhes: Ouve, ó Israel, os estatutos e juízos que hoje vos falo aos ouvidos; e aprendê-los-eis, e guardá-los-eis, para os cumprir.
5.1. Ouvi . . . aprendais e cuideis em os cumprirdes. Este capítulo começa e termina (vs. 32,33) com um encargo de seguir cuidadosamente as estipulações divinas da aliança que estavam no processo da solenização Ó Israel, ouve (1). Começa Moisés por chamar a atenção do povo, preparando-o para lhes expor a Lei de Jeová. Cf. 5.1; 1.1. A insistência para "ouvir" e obedecer a Palavra do Senhor é freqüente em todo o livro. Cf. 4.30; 8.20; 9.23; 13.4,8; 15.5; 26.14,17; 27.10; 28.1-2,15,45,62; 30.2,8,10,20.
Dt 5:2 O SENHOR nosso Deus fez conosco aliança em Horebe.
5.2 — O Senhor, nosso Deus, fez conosco concerto, em Horebe. Pelo concerto estabelecido entre Deus e o povo por intermédio de Moisés, a graça e as promessas do Senhor foram ministradas aos israelitas. Assim, Deus consagrou a nação de Israel a Ele, revelando as maldições e as bênçãos resultantes do cumprimento ou não da aliança. Como a Lei provinha do Senhor, não é apropriado referir-se a ela como lei mosaica.A lembrança desta localidade tem por fim recordar as responsabilidades e os privilégios inerentes aos acontecimentos nela sucedidos.
Dt 5:3 Não com nossos pais fez o SENHOR esta aliança, mas conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos.
5.3 Não foi com nossos pais. Isto é: não só com os nossos antepassados, mas também conosco.Os "pais" patriarcais (cons. 4: 31, 37 ; 7 : 8, 12 ; 8 : 18) morreram sem receber as promessas. Mas a geração atual, com a qual foi estabelecida a Aliança do Sinai, além da geração anterior que pereceu no deserto (cons. 11:2), teve o privilégio de ver o reino prometido realizado.
Dt 5:4 Face a face o SENHOR falou conosco no monte, do meio do fogo
5.4. A expressão Face a face falou o Senhor convosco (TM; SBB conosco)não significa que Israel tenha visto a Deus (cf. 4: 12; 34: 10), sugerindo antes que a aliança foi feita na área de relacionamento pessoal, e não em termos meramente legalistas. (Cf Êx 33: 11; Nm 14: 14, onde
face a face parece indicar “pessoalmente”, isto e', em contato pessoal e imediato.)
Dt 5:5 (Naquele tempo eu estava em pé entre o SENHOR e vós, para vos notificar a palavra do SENHOR; porque temestes o fogo e não subistes ao monte), dizendo:
5.5. Tanto em Sinai como em várias situações subseqüentes Moisés serviu de mediador entre Deus e Israel. A função de mediador era ainda mais necessária devido ao terror que Israel sentia da flamejante manifestação de Deus (cf 4: 12; Êx 19: 16-25). Algumas passagens sugerem que Israel ouviu a voz de Javé no Sinai, mas talvez isso se referisse à voz de Moisés, o mediador (4:12;Êx 19:9).
Dt 5:6 Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão;
5.6 Eu sou. É a natureza revelada de Deus que determina aquilo que Seus servos devem ser: "Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste", Mt 5.48.A frase Eu soa o Senhor( Javé); teuDeus anuncia o originador da aliança e corresponde ao preâmbulo dos tratados de suserania. O restante do versículo corresponde ao prólogo histórico de tais tratados. Deus não é definido em termos abstratos, e sim em termos dos atos salvadores que realizou em favor de Israel.
Dt 5:7 Não terás outros deuses diante de mim;
5.7 Outros deuses. Na derrota do Faraó e de todos os mágicos do Egito, Deus já revelara plenamente que, embora haja ídolos e crendices numerosos no mundo, esses "deuses" não têm existência real, que se possa revelar pela atuação. Esta demonstração (4.32-35) é a maior autoridade para se exigir obediência aos Mandamentos. Mt 11.28-30; Jo 14.15.O primeiro mandamento é uma declaração límpida de um princípio geral bem amplo. Tal como a maioria dos outros mandamentos é apresentado em forma negativa. Este mandamento dá expressão clara ao princípio de absoluta lealdade a Javé. Quer o povo de Israel, ou mesmo parte dele, admitisse ou não a existência de outros deuses, era-lhes exigido que reconhecessem apenas Javé como seu soberano Senhor. Nesta confissão se encontram as raízes do monoteísmo. Javé não podia tolerar rivais. A frase diante de mim (‘alpãmy), que poderia ser traduzida de diversas maneiras, como “junto a mim”, “ao meu lado”, “contra mim”, “em desafio a mim”, “em meu detrimento”, dá expressão a esse fato. Para Israel, Javé era absolutamente único. O mesmo princípio de soberania divina sobre todas as coisas se encontra aplicado nas leis sobre alimentos (14: 3-21), nas sanções contra a idolatria (capítulo 13), na ordem de destruir os santuários pagãos (7: 5; 12: 3) e nas leis de separação (7:3,4), etc.
Dt 5:8 Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra;
5.8. O segundo mandamento do decálogo é quase idêntico em forma à versão de Êxodo 20: 4-6. Pode ter sido dirigido, originariamente, não tanto aos deuses pagãos como contra a falsa noção de adoração a Javé que pudesse levar Israel a representá-10 por uma imagem, conforme o costume dos pagãos (4: 15-19). Era proibido a Israel fazer imagens de toda e qualquer espécie de criaturas, quer dos céus, da terra ou das águas.O segundo mandamento tende a impedir toda a falsa ou baixa idéia do verdadeiro Deus, porque o Criador não pode ser adorado na forma duma criatura, como o "bezerro de ouro", nem comparado com a forma humana (Sl 50.21). Como poderia o homem alcançar os caminhos de Deus ou atingir a perfeição do Todo-poderoso? (Jó 11.7). É por isso que só O poderemos conhecer pela revelação que fez de Si próprio na Sua Palavra e no Seu Filho Jesus Cristo (Jo 17.3,14). Todos os que guardam este mandamento devem sentir-se envergonhados ao saberem que tantos seres humanos prestam culto às imagens e isso por falta do testemunho da Igreja!
Dt 5:9 Não te encurvarás a elas, nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
5.9 Deus é zeloso (9), não porque receie perder a reputação, mas é o zelo do Seu amor que exige que Lhe dediquemos totalmente todo o nosso amor em resposta. Cf. Êx 20.5. Que a maldade dos pais (9) se ressente nos filhos (as conseqüências mas não a culpa) é um fato que todos podem constatar, verificando-se assim a promessa de misericórdia aos que O amam e guardam os Seus mandamentos (10).
Dt 5:10 E faço misericórdia a milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.
Dt 5:11 Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente ao que tomar o seu nome em vão.
5.11A exposição do significado completo do terceiro mandamento (11) implicaria um estudo profundo do nome de Deus em toda a Bíblia. No pensamento hebraico o "nome" liga-se intimamente à pessoa; umas vezes indica o seu caráter (cf. Êx 3.13 nota; Mt 1.21), outras a posição que ocupa (Êx 23.21 nota). O nome do Senhor é, pois, um nome maravilhoso e cheio de mistério (Is 9.6), santo e reverendo (Sl 111.9; Lc 1.49), glorioso e terrível (Dt 28.58), cuja glória foi revelada por Moisés(Dt 32.3), pelos profetas (Sl 99.3; Is 63.12,14), e finalmente em Cristo e pelos Seus discípulos (Jo 17.6,26). Maravilhas foram operadas pela fé em Seu nome (At 3.16). Os pagãos servem-se em vão desse Nome, explorando o poder divino em beneficio próprio com bruxarias e adivinhações (18.9-14); os estadistas e potentados usam-no para apoiarem e justificarem as suas nem sempre justas pretensões e até os cristãos por vezes o utilizam em vão, como fazem os pagãos (Mt 6.7). A guarda deste mandamento exige também a graça divina, que nos leva a dizer: "Santificado seja o Teu nome". Oramos ainda para ver já neste mundo em pleno exercício a soberania do Senhor: "O Teu reino venha a nós".
Dt 5:12 Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o SENHOR teu Deus.
Dt 5:13 Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho.
Dt 5:14 Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu;
Dt 5:15 Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o SENHOR teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso o SENHOR teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado.
5.12-15. 0 quarto mandamento é expresso de forma positiva, ao contrário dos anteriores. Há diferenças entre a lei aqui formulada e a de Êxodo 20: 8-11. No versículo 12a há a adição das palavras como te ordenou o Senhor teu Deus. No versículo 14, a palavra portas significa “cidades”. Toda a passagem reflete a sociedade israelita típica com suas três camadas, os israelitas nativos, o peregrino ou estrangeiro residente e o escravo (cf. 14:21).A razão apresentada no versículo 15 para a observância do sábado é diferente daquela apresentada em Êxodo 20: 11. Aqui o propósito é a recordação da libertação do Egito. Se Israel recordasse seus próprios dias de servidão, seria estimulado a tratar com misericórdia qualquer homem, mulher ou animal envolvido em serviço diário (cf. 15: 15; 16: 12; 24: 18, 22). Em Êxodo a razão oferecida é que o sábado fora um dia santo desde a criação (Êx 20: 11; cf. Gn 2: 2, 3). Havia assim duas boas razões para a guarda do sábado. Este mandamento tem apresentado muitos problemas para os cristãos. As declarações de Jesus (Mc 2: 27, 28) de que o sábado fora feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado, e que Ele, o Filho do Homem, era Senhor do sábado, removeram para sempre a lei das restrições doentias impostas pelos rabis. A observância do domingo pelo cristão é, obviamente, não a guarda do sétimo mas do primeiro dia, tendo, portanto, a natureza de um novo mandamento baseado numa nova aliança. É, contudo, o “cumprimento” do antigo mandamento. O primeiro dia da semana nos oferece oportunidade de comemorar a ressurreição de Cristo, que nos possibilitou a libertação da servidão ao pecado (cf. versículo 12), e a renovação da vida por meio de
uma nova criação (cf. Êx 20:10,11).
Dt 5:16 Honra a teu pai e a tua mãe, como o SENHOR teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que te dá o SENHOR teu Deus.
5.16 Honra a teu pai e a tua mãe (16). Cf. Êx 20.12 . Este quinto mandamento trata do mais sagrado dever das relações humanas: o amor aos pais. O nome de Pai aplica-se primeiramente a Deus e só depois aqueles a quem dá a graça da paternidade humana. Enquanto os homens podem escolher os seus amigos, os pais são um dom de Deus, chamados a exercer uma espécie de ministério. Merecerão ou não as honras de seus filhos? A promessa da longevidade na Terra da Promissão é igualmente um dom de Deus e um estímulo à obediência. Cf. 4.26 ; Ef 6.2. A honra que se deve ter aos pais é, no entanto, limitada pela que a Deus é devida, como supremo Senhor e Legislador. Ao analisarmos a vida de Cristo, fácil é verificar como estes dois conceitos se harmonizam perfeitamente (Mt 10.37; 19.29; Lc 2.49,51; Jo 19.26-27). As leis de Dt 21.15-21 vêm ilustrar este mandamento.
Dt 5:17 Não matarás.
5.17 Não matarás (17). Cf. Êx 20.13. O sexto mandamento tem por fim defender a santidade da vida humana. Como toda a vida tem princípio em Deus, por que não considerá-la como um dom divino, digno, portanto, de todo o respeito? Assim foi desde o princípio (Gn 9.4-6). Mas nem todo o atentado contra a vida do próximo é pura e simplesmente pecado. Para livrar Israel, Deus submergiu os egípcios no Mar Vermelho, e ordenou a destruição dos cananeus para que a nova geração fosse pura e santa. Pôs ainda a espada da justiça nas mãos dos juizes e dos magistrados. Cf. 17.2-7; 19.12; Rm 13.4. Só por maus instintos se peca, quando se atenta contra a vida do próximo, vida essa que não podemos restituir e que o Criador concedeu para Sua glória apenas. Por isso o sangue do irmão defunto poderá vir "a clamar da terra" (Gn 4.10). Cf. Dt 21.1-9.O assassinato premeditado era a preocupação deste mandamento.
Dt 5:18 Não adulterarás.
5.18 E não adulterarás (18). Cf. Êx 20.14. Defende o sétimo mandamento a santidade do matrimônio, protegendo a pureza de costumes (Dt 21.10-17; Dt 22; Dt 23.1-18; Dt 24.1-5; Dt 25.11-12). Remonta aos princípios da humanidade a instituição do casamento (Gn 1.28; 2.24; Mt 19.4-6), que simboliza o amor de Deus ao Seu povo (Os 2.14-20) e a união entre Cristo e a Sua Igreja (Mt 9.15; Ef 5.32). O adultério é símbolo também da infidelidade de Israel (31.16) e da apostasia cristã (Tg 4.4).
Dt 5:19 Não furtarás.
5.19 E não furtarás (19). Cf. Êx 20.15. Tal como os três precedentes, o oitavo mandamento, considerando sagrados os bens do próximo, era também um dom do Senhor. Cf. Dt 8.17-18; 1Co 4.7. O homem é por isso responsável perante o Criador pelo uso que faz das suas riquezas. Devem respeitar-se as propriedades (19.14), pagar-se os justos salários (24.15), ter pesos e medidas justas (25.13), manifestar a máxima generosidade para com os pobres (15.7-8). O Padrão cristão não é mais baixo. Sejamos fiéis depositários dos bens que nos foram confiados. Cf. Mt 5.42; Rm 1.14.
Dt 5:20 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
5.20 E não dirás falso testemunho (20). Cf. Êx 20.16. Embora negativo na forma, pode o nono mandamento apresentar um conteúdo positivo, levando-nos a não falsear a verdade em todas as afirmações (13.14; 17.4-6) e a sermos justos nos nossos juízos (17.8-13; 19.15-21). Cf. Mt 18.16. Na esteira do Mestre, deve todo o Cristão dar testemunho da verdade (Jo 18.37). E como será isto possível, senão dando testemunho daquele que é a própria Verdade?
Dt 5:21 Não cobiçarás a mulher do teu próximo; e não desejarás a casa do teu próximo, nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
5.21 — Não cobiçarás. Este é o único mandamento com uma proibição expressa referente às emoções e motivações interiores que resultam em atitudes. Desejar o que pertence a outrem representa a busca pela satisfação de um interesse pessoal que pode causar danos a terceiros. Tal comportamento é o oposto da preocupação com o bem-estar do próximo. A Lei pode ser resumida pelo primeiro e pelo último mandamento: amar Deus e as pessoas genuinamente (Mc 12.28-31).Diferente de todos os outros, o décimo mandamento não diz respeito à conduta externa, mas antes a uma qualidade do espírito. Por isso só Deus é testemunha de quando o mandamento porventura é violado. Na sua forma negativa proíbe-nos desejar ilicitamente aquilo que aos outros pertence.Positivamente ensina-nos a contentarmo-nos com o que temos e a não perder a fé (Hb 13.5-6).As pequenas variantes entre a forma que o mandamento apresenta aqui e a que lemos em Êx 20.17 vem lembrar que só após a entrada na Terra de Promissão os campos e até os animais e os criados se tornaram objeto de justificadas invejas.O décimo mandamento não vem mencionado na primeira resposta que Jesus deu ao jovem do Evangelho (Mc 10.19), mas as palavras seguintes (21) podem interpretar-se como aludindo àquele mandamento.
Dt 5:22 Estas palavras falou o SENHOR a toda a vossa congregação no monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridão, com grande voz, e nada acrescentou; e as escreveu em duas tábuas de pedra, e a mim mas deu.
5.22 — E as escreveu em duas tábuas de pedra. Nas duas tábuas de pedra estavam duas cópias completas da Lei. Geralmente, eram feitas duas reproduções dos acordos realizados no antigo Oriente Próximo. Dos dois contratantes, cada um ficava com uma das duas cópias, pois estas serviam como uma espécie de testemunho do pacto. Entretanto, no caso dos Dez Mandamentos, ambas as cópias foram colocadas perante Deus. O Senhor não apenas fez um concerto com os israelitas atuando como uma das partes, mas também foi testemunha da aliança.
Dt 5:23 E sucedeu que, ouvindo a voz do meio das trevas, e vendo o monte ardendo em fogo, vos achegastes a mim, todos os cabeças das vossas tribos, e vossos anciãos;
5.23-31 — Por causa de sua natureza rebelde e pecadora, os israelitas temiam a santa presença de Deus e estavam despreparados para encará-lo. Por isso, pediram a Moisés que servisse de porta voz perante o Senhor, e Deus aprovou o pedido. O profeta se tornou o mediador da aliança entre Deus e o povo. Ele não apenas comunicou aos israelitas a conduta santa que deveriam adotar, mas também suplicou ao Senhor que lhes mostrasse Sua misericórdia.
Dt 5:24 E dissestes: Eis aqui o SENHOR nosso Deus nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje vimos que Deus fala com o homem, e que este permanece vivo.
5.24 — O Senhor, nosso Deus, nos fez ver a sua glória e a sua grandeza. Esta passagem demonstra admiração e respeito notáveis pela presença de Deus. Isso era uma grande glória!
Dt 5:25 Agora, pois, por que morreríamos? Pois este grande fogo nos consumiria; se ainda mais ouvíssemos a voz do SENHOR nosso Deus morreríamos.
Dt 5:26 Porque, quem há de toda a carne, que ouviu a voz do Deus vivente falando do meio do fogo, como nós, e ficou vivo?
5.25,26 — Por que morreríamos? [...] quem há, de toda a carne, que ouviu a voz do Deus vivente? Os israelitas precisavam temer. O povo deveria compreender que o Deus vivo era poderoso, grandioso, e demandava perfeição. Assim, na condição natural de pecadores, os israelitas reconheceriam que necessitavam da misericórdia divina.
Dt 5:27 Chega-te tu, e ouve tudo o que disser o SENHOR nosso Deus; e tu nos dirás tudo o que te disser o SENHOR nosso Deus, e o ouviremos, e o cumpriremos.
Dt 5:28 Ouvindo, pois, o SENHOR as vossas palavras, quando me faláveis, o SENHOR me disse: Eu ouvi as palavras deste povo, que eles te disseram; em tudo falaram bem.
5.27 ,28 — Tudo o que te disser o Senhor, nosso Deus, e o ouviremos e o faremos. A revelação que provocava no povo admiração e respeito a Deus incitou os israelitas a expressar sua obediência voluntária aos comandos divinos. Entretanto, a perseverança deles em cumprir sua promessa seria testada.Continuando a narração do estabelecimento da aliança no Sinai, Moisés fez o povo de Israel se lembrar do seu voto anterior de obedecer à voz de Deus (cons. Êx. 20:18-21). Realmente, tal fora seu temor de Deus na presença de Sua glória, que preferiram, que Moisés recebesse revelações posteriores da voz divina para eles. O povo ouviu o trovão, e só Moisés as palavras. Cf. Jo 12.29; At 9.7. Moisés é, por isso, um mediador entre Deus e o povo; (Gl 3.19) e, nessas condições, um tipo de Cristo.
Dt 5:29 Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre.
5.29 Temessem (29). Cf. 4.10 . Todos os dias... para sempre (29). É eterna a obrigatoriedade dos mandamentos do Senhor. Cf. 4.8
Dt 5:30 Vai, dize-lhes: Tornai-vos às vossas tendas.
5.30 Javé aceita um Mediador . O Senhor aprovou a promessa de Israel de ouvir e obedecer e expressou a esperança de que a reverente devoção inspirada pela teofania do Sinai continuasse sempre como uma característica da atitude de Israel para com Ele. Em guardar os Seus mandamentos estava o bem estar de Israel.
Dt 5:31 Tu, porém, fica-te aqui comigo, para que eu a ti te diga todos os mandamentos, e estatutos, e juízos, que tu lhes hás de ensinar, para que cumpram na terra que eu lhes darei para possuí-la.
5.31. Depois de enviar o povo de volta às suas tendas Moisés permaneceu junto a Deus na montanha e recebeu os mandamentos, os estatutos e os juízos que deveria ensinar ao povo. Tais leis seriam o guia de vida para Israel na terra prometida.Os benefícios de guardar a lei de Deus (5: 32 - 6: 3). A divisão final desta narrativa é uma exortação ao povo para que obedeça à lei de Deus sem desvios. Estes versículos representam comentários horatórios e homiléticos maduros. Todo o Israel formava uma unidade com os antepassados que haviam participado dos eventos no Sinai e tinha a obrigação de cumprir a lei de Javé seu soberano Senhor. Era absolutamente impossível questionar tal obrigação se Israel quisesse continuar desfrutando de um relacionamento apropriado com Javé. Havia, entretanto, benefícios adicionais. Enquanto Javé fosse obedecido, Israel desfrutaria da bênção da própria vida, e além disso sua existência seria feliz, longa e perpetuada em prole generosa (5:33; 6:3).
Dt 5:32 Olhai, pois, que façais como vos mandou o SENHOR vosso Deus; não vos desviareis, nem para a direita nem para a esquerda.
Dt 5:33 Andareis em todo o caminho que vos manda o SENHOR vosso Deus, para que vivais e bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir.
32, 33. A ênfase homilética e horatória é particularmente clara nestes versículos. O elo entre a obediência à aliança de Javé e a bênção nacional e individual é demonstrado claramente pelo uso da expressão“para que”, “com o propósito de”. — Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor. Dentre todas as nações, Deus escolheu Israel para ser instruída por Sua Lei.Mas, a prova da distinção desse povo seria a resposta dele à revelação de Deus. Se os israelitas fizessem exatamente o que o Senhor ordenara,desfrutariam as bênçãos divinas, conforme expressao texto para que vivais, e bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir.Essas promessas, aliadas ao quinto mandamento,honra a teu pai e a tua mãe, como o Senhor, teu Deus,
te ordenou, aplicavam-se a todas as ordenanças.


DEUTERONOMIO CAPITULO 6

Dt 6:1 Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR vosso Deus para ensinar-vos, para que os cumprísseis na terra a que passais a possuir;
6.1 — Os mandamentos fazem referência à instrução de amar a Deus (v. 5), e Moisés era o instrumento usado pelo Senhor para transmitir Suas ordenanças a Israel (Dt 5.22,23), como afirma a passagem estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o Senhor, vosso Deus, para se vos ensinar. Portanto, não era a lei
de Moisés, mas sim a Lei de Deus.
Dt 6:2 Para que temas ao SENHOR teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e que teus dias sejam prolongados.
 6.2 — O temor a Deus inclui a apreensão por causa de Sua santidade e magnificência, o amor a Ele e a submissão à Sua vontade. Inicialmente, pode envolver o medo. Todavia, esse sentimento leva à sensação de admiração, ao comprometimento com a adoração e ao deleite em conhecer Deus. O Todo-poderoso esperava que Seu povo seguisse Seus caminhos por sucessivas gerações, visto que prometera abençoar geração após geração(Gn 17.7,8) todos os dias da sua vida. O Senhor presenteou Israel com bênçãos sobre a terra como um benefício da aliança (Dt4-40;5.29;6.24; 14-23; 18.5;30.15), porém elas estavam condicionadas à lealdade. O propósito de Sua Lei foi levar a plenitude de vida às pessoas mediante Sua graça (Dt 4.1). A desobediência acarretaria a perda do direito à terra e aos privilégios do concerto (Dt 4.26;30.15-19; SI 1.6; 112.10). Desta forma, Deus ensinou aos hebreus que Ele é a vida e que rejeitá- lo é escolher a morte (Dt 30.20; Jo 3.16-20).
Dt 6:3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os guardares, para que bem te suceda, e muito te multipliques, como te disse o SENHOR Deus de teus pais, na terra que mana leite e mel.
6.3 Para que bem te suceda. O usufruto contínuo de Canaã da parte de Israel, bem como o usufruto do jardim do Éden por Adão, dependia da contínua fidelidade ao Senhor. Deus instruiu Seu povo para que ele tivesse uma vida longa e plena, cheia de sentido e paz, na gloriosa presença divina. Isso ocorreria na terra que mana leite e
mel, ou seja, numa terra abastada e abençoada (Dt 11.9;26.9,15;27.3;31.20), infinitamente melhor do que o Egito, para onde os hebreus queriam retornar (Nm 16.12-14).
Dt 6:4 Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.
6.4. O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Israel é convidado a responder a Javé com a mesma plenitude de amor demonstrada por Javé em favor de seu povo.  Esta confissão (da qual diversas traduções são gramaticalmente possíveis) parece ficar mais compreensível quando equivalente às declarações de monoteísmo de 4:35 e 32: 39 (cons. I Cr. 29:1). "Porque, ainda que haja também alguns que se chamam deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai . . . e um só Senhor, Jesus Cristo" (I Co. 8:5,6). Deus é único; a divindadeconfina-se a Ele exclusivamente. Só a Ele o povo de Israel devia se submeter em aliança religiosa, e a Ele deviam servir na totalidade do seu ser, com a intensidade do amor (Dt. 6:5). A exigência divina desta devoção exclusiva e intensa, Jesus chamou de "o primeiro e grande mandamento" (Mt. 22:37, 38; Mc. 12:29, 30; cons. Lc. 10:25-28). É o princípio central de todas as estipulações da aliança.
Dt 6:5 Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.
6.5  Amarás a Javé teu Deus. A obediência de Israel não deveria surgir de um legalismo estéril baseado na necessidade e no dever. Deveria surgir de um relacionamento baseado em amor.O termo bíblico “amar”, entretanto, tem uma conotação muito mais profundi] Osélãs usa o verbo para expressar a afeição de Javé por Israel, fazendo uso de poderosas metáforas, extraídas da vida dotnéstica, do relacionamento entre marido e esposa (Os 3: 1) e do relacionamento entre pai é filho (Os 11:1). A extensão do amor do homem a Deus deveria ser total. Israel deveria amar a Deus com todo o seu ser.Este é o primeiro e o grande mandamento da lei de Deus: que o amemos e que cumpramos cada parte de nosso dever para com Ele, a partir de um princípio de amor. "Dá-me, filho meu, o teu coração". Devemos amar a Deus com todo o nosso coração, com toda a nossa alma, e com todas as nossas forças. Isto é:
1. Com um amor sincero, que não seja somente de palavra, nem de língua, mas interiormente, em verdade.
2. Com um forte amor. AquEle que é tudo para nós deve ser o dono de todo o nosso ser, e ninguém mais além dEle.
3. Com um amor superlativo. Devemos amar a Deus acima de toda a criatura, e não amar algo, a não ser o que amemos por meio dEle.
4. Com um amor inteligente. Amá-lo com todo o nosso coração, e com toda a nossa inteligência requer que vejamos uma boa causa para amá-lo.
5. Com um amor inteiro. Ele é Único, e o nosso coração deve estar unido neste amor. Ó, que este amor de Deus possa ser derramado nos nossos corações!
Dt 6:6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
6.6. A necessidade de ter a lei de Deus no teu coração ao invés deem simples tábuas de pedra é aqui apresentada (cf. 11: 18; Jr 31: 33). A comparação com o Novo Testamento é interessante. O teste do amor de um indivíduo ao Senhor Jesus Cristo é a observância de Seus mandamentos; “aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama” (Jo 14: 21; cf. 1 Jo 5: 2). Tais passagens mostram que a obediência ao mandamento é um sub-produto do amor. À objeção de que o amor não pode ser ordenado (5) mas tem que ser espontâneo, deve-se dar a resposta de que o amor flui da gratidão e da devoção. Amor é uma expressão de lealdade. O homem que ama alegremente ama com todo o seu ser. A presente injunção foi feita para deixar claro a Israel qual era o caráter de seu relacionamento com Javé, seu Senhor. Qualquer coisâ menos que absoluta devoção e lealdade levaria a uma lealdade dividida, que teria sido impossível. A ordem do amor não pode ser interpretada como prova de que o amor seja menos que espontâneo, mas como prova de que apenas um amor que não é dividido pode ser chamado amor em seu sentido mais verdadeiro.
Dt 6:7 E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.
Dt 6:8 Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos.
Dt 6:9 E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.
6.7-9. Quando um homem ama a Deus de maneira total, obedece alegremente
às Suas palavras que estão gravadas no coração. A exigência do
amor a Deus implica em todas as outras, e a disposição de amar a Deus
abrange tanto a disposição de obedecer os Seus mandamentos quanto a
disposição de comunicar tais mandamentos às gerações seguintes, de modo
a preservar uma atitude de amor e obediência entre o povo de Deus em
todas as épocas (7a, 20ss.). O livro de Deuteronômio dá importância especial
à tarefa de ensinar a família (4: 9b; 6: 20-25; 11: 19). As exigências
da aliança de Javé devem ser o assunto da conversa a todo o tempo,
em casa, no caminho, de noite e de dia. Israel deve ensiná-las diligentemente,
falar delas constantemente, atá-las como sinal em várias partes do
corpo, e escrevê-las. O amor de Deus e as exigências de Sua aliança deveriam
ser o interesse central e absorvente de toda a vida do homem.
Dt 6:10 Quando, pois, o SENHOR teu Deus te introduzir na terra que jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, que te daria, com grandes e boas cidades, que tu não edificaste,
Dt 6:11 E casas cheias de todo o bem, que tu não encheste, e poços cavados, que tu não cavaste, vinhas e olivais, que tu não plantaste, e comeres, e te fartares,
Dt 6:12 Guarda-te, que não te esqueças do SENHOR, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão.
Dt 6:13 O SENHOR teu Deus temerás e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás.
6.10-13. Em várias passagens de Deuteronômio enfatiza-se o fato de que uma civilização agrária estabelecida aguardava Israel quando de sua chegada à terra prometida. Tudo aquilo seria seu sem qualquer esforço de sua parte. Numa terra de pouca irrigação natural, com uma longa estação seca, as reservas de água eram essenciais à vida. Israel, entretanto, já encontraria cisternas cavadas, vinhas e olivais florescendo, cidades e casas construídas, tudo esperando apenas que os israelitas viessem tomar posse (cf. 8:7-11; 11: 13-17; 26: 10; 32: 14). Devotar-se a tais tesouros terrenos e esquecer que eram a dádiva do amor de Deus e o cumprimento de Sua promessa aos patriarcas (10) era uma forte tentação para os israelitas. Por isso, Israel não deveria esquecer Javé e seus grandes atos de livramento que haviam resgatado seus antepassados da escravidão do Egito (12). Antes, suas vidas deveriam ser caracterizadas por um santo temor ou reverência — que é a raiz da obediência e a base de atitudes corretas na vida, por um serviço leal surgido dessa reverência, e por fazer de Javé o penhor de sua integridade e honestidade em todas as suas atividades, fazendo votos somente em Seu nome. A história posterior de Israel é cheia de inexemplo, durante os prósperos anos do oitavo século AC, Deus era honrado apenas por cerimônias exteriores; as questões mais importantes de Sua lei eram esquecidas (Am 5:4, 5, 14; 6:1, 4-6; Os 2:5, 8;Is 1:4, 21-23). Numerosos exemplos poderiam ainda ser colhidos na história do povo de Israel e na história da Igreja cristã. Em nossos dias, o nominalismo da igreja na afluente sociedade ocidental dá testemunho eloqüente do fato de que em seus dias de prosperidade a Igreja se esquece de Deus.
Dt 6:14 Não seguireis outros deuses, os deuses dos povos que houver ao redor de vós;
6.14. A tragédia do esquecimento é que Israel viria a se voltar para os deuses das nações vizinhas que, na verdade, nem deuses eram. Eram divindades da natureza e da fertilidade, cujas exigências morais normais nem de longe se podiam comparar com as severas exigências éticas impostas por Javé.
Dt 6:15 Porque o SENHOR teu Deus é um Deus zeloso no meio de ti, para que a ira do SENHOR teu Deus se não acenda contra ti e te destrua de sobre a face da terra.
6.15. Negligenciar deliberadamente a Javé era equivalente a um desafio ao grande e soberano Senhor de toda a vida. No terreno secular um vassalo rebelde era castigado por seu suserano. No terreno em que Javé reinava, “maldições” sobrevinham àquele que quebrava a aliança. Javé, que era um Deus zeloso (cf. 5: 9), visitaria Seu povo em juízo. A presença de Javé entre seu povo era um estímulo à boa conduta e oferecia um forte incentivo a que Israel andasse em Seus caminhos.
Dt 6:16 Não tentareis o SENHOR vosso Deus, como o tentastes em Massá;
6.16. O incidente em Massá (Êx 17:1-7), no qual Israel tentou a Deus é agora recordado como outra advertência. Tentar a Deus é impor condições a Ele e fazer de Sua resposta à exigência do povo na hora da crise a condição para que Israel continuasse a segui-10. No deserto, quando o povo precisou de água, os israelitas propuseram a Moisés que o aparecimento de água fosse um teste para determinar se Javé estava ou não em seu meio (Ex 17: 7). Tal ato, entretanto, é uma impertinência e é oposto à fé, pois recusa os sinais oferecidos por Deus e propõe em seu lugar sinais que sejam aceitáveis aos homens. Ao duvidarem da soberania de Deus na hora da crise ou da necessidade, os israelitas procuraram tomar a iniciativa e obrigar Deus a dar provas de Si próprio diante deles por meio de feitos espetaculares que eles mesmos houvessem proposto (cf. 1: 19- 46). Em seus dias, Jesus recusou-Se a oferecer sinais aos escribas e fariseus (Mt 12:38, 39; 16: 1-4; Mc 8: 11, 12;Lc 11: 16, 29, 30; cf 1 Co 1:22).Não tentarás o Senhor. Cf. Sl 95.8, 9 e Hb 3.15. Israel não devia ser presunçoso ao ponto de submeter Deus a um teste, buscando prova de Sua presença e poder. Devemos confiar na suficiência de Sua Palavra.
Dt 6:17 Diligentemente guardareis os mandamentos do SENHOR vosso Deus, como também os seus testemunhos, e seus estatutos, que te tem mandado.
Dt 6:18 E farás o que é reto e bom aos olhos do SENHOR, para que bem te suceda, e entres, e possuas a boa terra, a qual o SENHOR jurou dar a teus pais.
Dt 6:19 Para que lance fora a todos os teus inimigos de diante de ti, como o SENHOR tem falado.
6.17-19. Mais uma vez Israel é exortado a guardar diligentemente as estipulações da aliança, e a fazer aquilo que é reto aos olhos de Javé (17, 18a). Mais uma vez as bênçãos decorrentes da obediência são mencionadas; prosperidade, posse da terra e expulsão de todos os seus inimigos (18b, 19; cf. Êx 23:27-32).Aqui estão os meios para mantermos e guardarmos a fé em nosso coração e em nosso lugar.
1. Meditar na Palavra de Deus. Devemos colocar a Palavra de Deus em nosso coração, para que os nossos pensamentos estejam diariamente ocupados nela.
2. A educação religiosa das nossas crianças. Devemos repetir os ensinos com freqüência. Sede cuidadosos e precisos no ensino aos vossos filhos. Devemos ensinar estas coisas a todos os que estiverem, de alguma maneira, sob o nosso cuidado.
3. Linguagem piedosa. Devemos falar destes assuntos com a devida reverência e seriedade, para benefício não somente de nossos filhos, mas também dos nossos servos, amigos e colegas. Devemos aproveitar todas as ocasiões para discorrer com os que nos rodeiam, não assuntos duvidosos e discutíveis; porém, a clara verdade e a lei de Deus, e o que corresponde à nossa paz.
4. A leitura freqüente da Palavra de Deus. Deus mandou que o seu povo escrevesse as palavras da lei em suas paredes, e em rolos de pergaminho que deveriam levar pendurados em seus punhos. Esta era uma obrigação que deveria ser cumprida ao pé da letra pelos judeus, assim como é o plano para nós, a saber, que por todos os meios devemos nos familiarizar com a Palavra de Deus, para que a utilizemos em todas as ocasiões, para nos prevenirmos contra o pecado, e sermos guiados em nosso dever. Jamais devemos nos envergonhar de nossa religião, nem de nos reconhecermos como sob o seu controle e governo.
Dt 6:20 Quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos e juízos que o SENHOR nosso Deus vos ordenou?
6.20 Que significam os testemunhos… A Palavra de Deus é válida para cada geração. Nossa responsabilidade é compreender a Sua palavra para que possamos prestar adoração e serviço inteligente, a fim de transmitir a outros essa grande herança.Quando teu filho . . . te perguntar. Importantíssimo ao bem-estar da teocracia seria a educação fiel dos filhos dentro da mensagem das ações e propósitos redentores de Deus para o Seu povo.
Dt 6:21 Então dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó no Egito; porém o SENHOR, com mão forte, nos tirou do Egito;
Dt 6:22 E o SENHOR, aos nossos olhos, fez sinais e maravilhas, grandes e terríveis, contra o Egito, contra Faraó e toda sua casa;
Dt 6:23 E dali nos tirou, para nos levar, e nos dar a terra que jurara a nossos pais.
Dt 6:24 E o SENHOR nos ordenou que cumpríssemos todos estes estatutos, que temêssemos ao SENHOR nosso Deus, para o nosso perpétuo bem, para nos guardar em vida, como no dia de hoje.
6.21-24. A resposta apropriada à pergunta dos filhos seria recitar a narrativa da atividade redentora de Deus na libertação dos antepassados da escravidão no Egito. A crença de Israel em Deus era expressa, assim, não em termos de uma formulação abstrata, mas em termos da atividade dinâmica de Deus. Mesmo as crianças poderiam entender aquela história, pois seu conteúdo era simples: escravidão no Egito (21a), os atos milagrosos de Deus contra Faraó e o Egito, pelos quais Israel foi liberto (21b, 22), a direção cuidadosa e segura de Deus desde o Egito até à terra prometida (23) e finalmente a chegada à terra que Javé jurara dar a seus pais. Este recitativo tem íntima semelhança com outras confissões de fé no Velho Testamento (26: 5-9; Js 24: 2-13).Sem dúvida os freqüentes recitativos dessa narrativa deram origem a uma formulação litúrgica. Foi à luz de tais atos de livramento que Javé pôde convidar Israel a entrar em aliança consigo e a impor sobre a nação, para seu próprio bem, as obrigações da aliança que Israel presentemente observava e que o distinguia de seus vizinhos. Tudo isto seria objeto de inquirição por sucessivas gerações de filhos israelitas. Os mandamentos deveriam ser não um peso a ser carregado mas a provisão graciosa de um guia para uma vida feliz, feita por um Soberano benevolente. Assim Javé preservaria a existência de Israel.
Dt 6:25 E será para nós justiça, quando tivermos cuidado de cumprir todos estes mandamentos perante o SENHOR nosso Deus, como nos tem ordenado.
6.25 Será por nós justiça. A lei desvenda o padrão de conduta que é justiça perante Deus. Justiça, heb tsdhãqâh, é uma das palavras-chaves do Antigo Testamento. Significa tudo aquilo que é reto, justo e verdadeiro, resumindo num "juízo de justiça" (16.18) ou "num peso inteiro e justo" (25.15), cf. Pv 24.15; 25.5n.
1) O tipo de amor que Deus quer (5): 1) Um amor que envolve a todo o nosso ser (coração, alma); 2) Um amor que se entrega inteiramente (todo, toda, tudo); 3) Um amor que é ativo (a tua força).2) Tornando a Palavra de Deus de valor prático: 1) Em nossas vidas pessoais (6); 2) Na instrução de nossos filhos (7a); 3) Em nossa conduta diária (7b).3) Permanecendo fiel a Deus em tempos de prosperidade. 1) O perigo da infidelidade (12; cf. cap. 8, N. Hom.); 2) A evidência da fidelidade (13, 14). Reverência (temerás). Serviço (servirás). Testemunho jurarás). Lealdade (não seguirás outros deuses); 3) O motivo da fidelidade (15). 4) Fazer uma aplicação espiritual da tríplice declaração de 6.23. Justiça (25). A palavra hebraica sedheqh é uma das mais importantes do Velho Testamento e só à luz de Rm 3.21-26 e Fp 3.6-9 poderá ser estudada em conexão com a doutrina da justificação. Significa tudo aquilo que é reto, justo e verdadeiro, resumindo num "juízo de justiça" (16.18) ou "num peso inteiro e justo" (25.15). Como Deus é justo (32.4), "santa é a Sua lei, santo, justo e bom o Seu mandamento" (Rm 7.12).

Nenhum comentário:

Postar um comentário