Seguidores

terça-feira, 7 de julho de 2015

O EVANGELHO DA GRAÇA - LIÇÃO 02 COM SUBSIDIO


Resultado de imagem para capa lição cpad 2015

SUBSIDIO ELABORADO PELO EVANGELISTA: NATALINO ALVES DOS ANJOS. PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR. MEMBRO DA ASSEMBLEIA DE DEUS MISSÃO - CAMPO DE GUIRATINGA - MATO GROSSO


Lições Bíblicas CPAD  -  Adultos
3º Trimestre de 2015

Título: A Igreja e o seu Testemunho — As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima

Lição 2: O Evangelho da Graça
Data: 12 de Julho de 2015

TEXTO ÁUREO
 “[...] contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20.24).

VERDADE PRÁTICA
 O evangelho da graça de Deus é por excelência o evangelho da libertação do homem através do sacrifício salvífico de Jesus Cristo.

LEITURA DIÁRIA
Segunda — 1Tm 1.7
Falsos doutores da lei que não compreendiam o que ensinavam
Terça — 1Tm 1.9,10
A Lei não foi feita para os justos, mas para os injustos
Quarta — 1Tm 1.17
A Deus honra e glória para sempre
Quinta — 1Tm 1.20
Entregues a Satanás para que aprendam a não blasfemar
Sexta — 2Tm 4.7
Combatendo o bom combate da fé cristã
Sábado — Gl 1.15
Paulo foi chamado pela graça de Deus

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
 1 Timóteo 1.3-10.

3 — Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina,
4 — nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora.
5 — Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.
6 — Do que desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas,
7 — querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.
8 — Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente,
9 — sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas,
10 — para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina.

HINOS SUGERIDOS

27, 156, 464 da Harpa Cristã

OBJETIVO GERAL
 Explicar o que é o evangelho da graça de Deus.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I. Mostrar porque as falsas doutrinas corrompem o evangelho da graça.
II. Conscientizar-se de que a graça superabundou com a fé e o amor.
III. Compreender o significado do bom combate.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
 Paulo foi escolhido e enviado pelo Senhor para anunciar e ensinar o verdadeiro significado da graça. No Antigo Testamento apenas Israel era o povo eleito de Deus. Porém, como prova do seu amor altruísta, Deus enviou seu filho Jesus Cristo para morrer na cruz por toda a humanidade. Jesus veio trazer salvação a todos. Em Cristo não há judeu, gentio, servo, livre, homem ou mulher (Gl 3.28). O evangelho da graça, diferente do judaísmo, não exclui ninguém. Todos são alvos do favor de Deus. Somos salvos não pelas obras da Lei, nem pelas obras que realizamos, mas recebemos o presente da salvação unicamente pela graça. Que você, juntamente com seus alunos, louvem a Deus por sua infinita e abundante graça.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO
 Ao se despedir dos anciãos de Éfeso, Paulo expressou seu sentimento de preocupação com o rebanho de Deus, pois tinha receio de que na sua ausência as ovelhas do Senhor fossem atacadas (At 20.29,30). Sem dúvida, foi um sentimento dado pelo Senhor, pois sete anos depois, Paulo estava deixando Timóteo em Éfeso, para combater os “lobos cruéis”, que queriam “devorar” o rebanho sob seus cuidados pastorais. Nos dias de hoje, há igrejas que abrigam falsos obreiros, que pervertem a sã doutrina matando ou dispersando as ovelhas.


PONTO CENTRAL
 Os falsos ensinos corrompem o Evangelho da graça de Deus.

I. AS FALSAS DOUTRINAS CORROMPEM O EVANGELHO DA GRAÇA
1. O evangelho da graça. É o Evangelho libertador que Cristo trouxe ao mundo, por bondade de Deus, independente das obras humanas (Ef 2.8,9). Paulo se referiu a esse Evangelho de maneira muito eloquente (At 20.24). Ele conhecia esse Evangelho, não apenas na teoria, mas por experiência própria. De modo inexplicável, o blasfemo e perseguidor dos cristãos, foi escolhido para ser um dos maiores pregadores do Evangelho de Cristo (1Tm 1.12-14). Será que daríamos oportunidade a um indivíduo com tal histórico?

2. As falsas doutrinas (v.3). Os falsos mestres seriam presbíteros, a quem cabia a tarefa de ministrar o ensino à igreja (1Tm 5.17; 3.2). As falsas doutrinas eram apresentadas como “fábulas ou genealogias intermináveis” (1.4). As “fábulas” (gr. mythoi) eram narrativas imaginárias, lendas, ficção. Na literatura, têm seu lugar. Mas, na Igreja, não deve haver espaço para fábulas ou mitos. No texto, não fica claro qual o conteúdo das “genealogias”, mas, ao lado das fábulas, eram ensinos que traziam especulações e controvérsias inúteis que não edificavam os irmãos em nada. Timóteo foi o mensageiro, enviado por Paulo, para enfrentar e combater tais ensinos. Há igrejas evangélicas que aceitam esse tipo de ensino e permitem que o emocionalismo tome lugar do verdadeiro avivamento espiritual.

3. O “fim do mandamento” e a finalidade da Lei. Paulo chamou a atenção de Timóteo, seu enviado a Éfeso, para a doutrina de Deus e de Cristo, a que ele resumiu no “mandamento”, e sua finalidade (1Tm 1.5,6). Em seguida, Paulo ensina acerca do objetivo da Lei, e para quem ela se destinava, discriminando, no texto, uma longa lista de tipos de pessoas ímpias que eram alvo dos preceitos legais (1Tm 1.9-11).

SÍNTESE DO TÓPICO (I)
 Paulo alerta a respeito das falsas doutrinas, pois elas acabam corrompendo o evangelho da graça.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
 “Sete anos antes de Paulo escrever esta epístola, advertira os presbíteros de Éfeso de que os falsos mestres procurariam distorcer a verdadeira mensagem de Cristo. Agora que isso já estava acontecendo, Paulo exorta Timóteo a confrontá-los com coragem. Este jovem pastor não devia transigir com esses falsos ensinos que corrompiam tanto a lei quanto o evangelho. Ele deveria travar contra eles o bom combate mediante a proclamação da fé original, conforme o ensino de Cristo e dos apóstolos (2Tm 1.13,14). A expressão ‘outra doutrina’ vem do grego heteros e significa ‘estranha’, ‘falsificada’, ‘diferente’” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1864).

II. A GRAÇA SUPERABUNDOU COM A FÉ E O AMOR
 1. Gratidão a Deus. Uma das características marcantes do caráter de Paulo é o ser grato a Deus (Rm 7.25; 1Co 1.4; 14.18; 2Tm 1.3). Nesta parte da Epístola, ele expressa sua gratidão a Cristo por tê-lo escolhido e posto no ministério apostólico e pastoral, apesar de ter sido um terrível opositor do Evangelho de Jesus (1Tm 1.12,13). É mais uma demonstração do que o “evangelho da graça de Deus” pode fazer na vida de um homem. Deus tem seus santos caminhos. O evangelho é a expressão do amor de Deus, em Cristo Jesus, que alcança um homem no mais baixo nível de pecado e o faz uma “nova criatura” (2Co 5.17), e mais, ainda, o faz parte da “família de Deus” (Ef 2.19). Paulo reconhece que “[...] a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo” (1 Tm 1.14). Foi Jesus quem o salvou e o transformou mediante sua graça.

2. Humildade. Paulo não era mais um novo convertido ou neófito quando escreveu suas cartas a Timóteo. Ele não estava usando de falsa modéstia quando declarou ser o principal pecador que Jesus veio salvar (1Tm 1.15). Paulo tinha convicção de que fora salvo pela graça, e não por seus méritos. Mesmo na condição de salvo, o crente deve saber que não merecíamos o dom (presente) da salvação.
Como salvos em Jesus Cristo, não temos mais prazer no pecado. Aquele que ainda tem prazer no pecado, não experimentou o novo nascimento: “Qualquer que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1Jo 3.9).

SÍNTESE DO TÓPICO (II)
 Paulo reconhece que a graça de Jesus superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
 “Não obtemos por boas obras (a essência da religião legalista) o direito à libertação do pecado e da morte. Jamais! Graça significa que tudo começa e termina com Deus. A salvação é, então, um presente de nosso Criador. Nós criamos a nossa própria ruína, mas nele reside nosso socorro. O Criador restaura com as próprias mãos sua obra-prima arruinada. Enquanto a graça é a origem ou fonte da nossa salvação, a fé é o seu meio ou instrumento. A fé não faz reivindicações, para que não seja dito que foi por ‘mérito’ ou ‘obra’” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. Volume 9. RJ: CPAD, 2006, p.136).

III. UM CONVITE A COMBATER O BOM COMBATE (vv.18-20)

1. A boa milícia. Depois de orientar Timóteo sobre a difícil missão de combater as heresias, na igreja de Éfeso, Paulo dá uma palavra de ânimo, encorajamento e incentivo ao jovem pastor. Como um verdadeiro “pai na fé”, o apóstolo diz: “Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia” (1Tm 1.18). Paulo lembra a Timóteo que seu ministério foi confirmado por profecia. Deduz-se, do texto, que as profecias eram tão consistentes, que Timóteo deveria militar “a boa milícia”, ou o bom combate, com base naquilo que Deus lhe havia falado (1Tm 1.18).

2. A rejeição da fé e suas consequências (1Tm 1.5). Quem rejeita “a fé não fingida” e a “boa consciência” cristã colhe os resultados de sua má escolha. O resultado é o “naufrágio na fé”. Paulo toma como exemplo Himeneu e Alexandre, obreiros que entraram por esse caminho. Quanto a Himeneu, sua postura é tão terrível que ele é citado em 2 Timóteo 2.17. Seu nome deriva de Himen, “deus do casamento”, na mitologia grega. Não se sabe ao certo qual “doutrina” falsa ele semeava. Estudiosos dizem que ambos eram representantes do gnosticismo no meio da igreja de Éfeso. Com relação a Alexandre, aliado de Himeneu na semeadura das falsas doutrinas, era tão pernicioso, que Paulo o considera desviado ou “naufragado” na fé. Sua influência era tão maliciosa que Paulo os entregou “a Satanás, para que aprendam a não blasfemar” (1Tm 1.20). Que o Senhor livre sua Igreja dos falsos mestres.


 SÍNTESE DO TÓPICO (III)
 Paulo convida Timóteo a combater o bom combate, mesmo diante das dificuldades.

 SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
 “Conforme Timóteo 1.18, houve profecias concernentes à vontade de Deus para o ministério de Timóteo na igreja (1Co 14.29). Paulo exorta a Timóteo a permanecer fiel àquela vontade revelada para sua vida. Como pastor e dirigente da igreja, Timóteo devia permanecer leal à verdadeira fé apostólica e combater as falsas doutrinas que estavam penetrando insidiosamente na igreja.
Paulo adverte Timóteo várias vezes a respeito da terrível possibilidade da apostasia e abandono da fé” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1865).


 CONCLUSÃO
 O cristianismo nasceu debaixo de perseguição e confronto com heresias e ensinos desvirtuados. Na consolidação de igrejas abertas em suas viagens missionárias, Paulo teve que oferecer resistência e ação decidida contra os “lobos vorazes”, que haveriam de surgir, até mesmo no seio das igrejas, como no caso da igreja de Éfeso. Com a graça de Deus e o apoio de homens fiéis, como Timóteo e Tito, o apóstolo Paulo fez frente aos falsos mestres que se levantaram para prejudicar o trabalho iniciado e desenvolvido em muitas igrejas cristãs.

PARA REFLETIR

A respeito das Cartas Pastorais:

Segundo a lição, o que é o evangelho da graça?
É o evangelho libertador de Cristo.

Como eram apresentadas as falsas doutrinas?
Eram apresentadas como fábulas ou genealogias.

De acordo com a lição, cite uma característica marcante do caráter de Paulo?
Sua gratidão a Cristo.

O ministério de Timóteo havia sido confirmado mediante o quê?
Havia sido confirmado por profecia.

Segundo a lição, qual o resultado da rejeição à fé?
O resultado é o naufrágio na fé.

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
 O Evangelho da Graça
 Professor, iniciando a aula, leia o seguinte versículo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). Faça uma reflexão com os alunos mostrando que se hoje estamos firmes com Cristo é porque um dia nós fomos alcançados pela maravilhosa Graça de Deus. Além de nos salvar pelo ato da sua graça, Deus nos preparou as boas obras para que andássemos por elas. Explique que as boas obras não salvam, mas dá um poderoso testemunho diante da sociedade sobre o quanto fomos alcançados pela graça divina.
A doutrina da Graça de Deus é uma das verdades mais gloriosas das Sagradas Escrituras. A convicção de que não há nada na pessoa humana capaz de preencher o vazio da alma, isto é, o restabelecimento da nossa ligação com Deus e o significado do sentido último da vida, e saber que só Deus é capaz de fazer esse milagre em nós, mostra-nos o quão miserável nós somos e quão misericordioso Deus é.

A doutrina da Graça apresenta-nos o misericordioso Deus, que em Jesus Cristo estava reconciliando o mundo consigo mesmo (2Co 5.19), operando em nós para o reconhecermos Pai amoroso. Por isso, apresentar a doutrina da Graça ao pecador é conceder-lhe libertação da prisão do pecado, a autonomia da fé em Cristo e o privilégio em sabermos que não há nada que pode separar-nos do amor de Deus (Rm 8.33-39).

Caro professor, quando falamos da Graça de Deus, inevitavelmente, chegaremos ao tema da eleição divina. Como a graça de Deus nos alcançou? A graça de Deus é arbitrária sem levar em conta a responsabilidade humana? Qualquer estudo sobre a eleição divina tem de partir obrigatoriamente da Pessoa de Jesus. Em Jesus não achamos qualquer particularidade divina em eleger alguns e deixar outros de fora, resultado de uma escolha divina arbitrária e individualizada antes da fundação do mundo. A escolha de Deus se deu em Jesus (Ef 1.4; Rm 8.29). Nele, a salvação é oferecida a todos (2Pe 3.9; cf. Mt 11.28), e, pela sua presciência, o nosso Senhor sabe quem há de ser salvo ou não. A eleição de Deus leva em conta a volição humana, pois é um dom dEle mesmo à humanidade. Assim, quando levamos em conta a volição humana não esvaziamos a soberania de Deus e da sua Graça. Pelo contrário, afirmamos a sua soberania, pois Deus escolheu fazer um homem autônomo. Afirmamos também que a graça de Deus opera, restaurando a capacidade do homem de se arrepender e crer no Evangelho (1Tm 4.1,2; Mt 12.31,32).



SUBSIDIOS

1 Timóteo 1.3-10.
 3 — Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina,
4 — nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora.
5 — Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.
6 — Do que desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas,
7 — querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.
8 — Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente,
9 — sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas,
10 — para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina.


Os riscos da igreja
1. O erro dos mestres da lei – 1Tm 1.3-7
V 3 Sem o costumeiro intróito Paulo aborda diretamente o tema: a igreja de Deus está ameaçada por falsas doutrinas. A frase que começou a ditar não foi concluída por ele, como também é típico em suas demais epístolas. É preciso completar a frase aproximadamente como segue: assim como naquela época solicitei oralmente de ti, torno a fazê-lo também agora por escrito. Paulo pede insistentemente a seu melhor colaborador que não se furte à difícil tarefa em Éfeso, mas que persevere firme ali e realize sua incumbência.

Paulo está a caminho da Macedônia e solicita a Timóteo que permaneça em Éfeso – uma situação similar à de Tito. A afirmação não pressupõe que o próprio Paulo esteja em Éfeso (QI 28). Na realidade At 19 descreve como, após longa permanência em Éfeso, Paulo parte para a Macedônia. Naquela ocasião Timóteo estava com ele na viagem.; agora, porém, (v. 3) ele deve expressamente permanecer em Éfeso.

A igreja corre perigo, influenciada por heresias. A solicitação de perseverar fielmente em Éfeso leva a presumir que a atitude do colaborador tenha sido reticente, ou que tenha demonstrado um   intenso desejo de viajar com Paulo. Contudo Timóteo não apenas deve perseverar, mas concretizar aquilo para o que foi chamado. Deve opor-se de forma enérgica àqueles que disseminam outras doutrinas.

V 4 Essas pessoas ensinam um evangelho diferente. Isto não precisa significar necessariamente que ensinam contra o evangelho! Anunciam algo diferente do evangelho, e o anunciam de modo diferente. As fábulas e as genealogias não são o evangelho. A forma como essas doutrinas ensinam a lei é diferente do que o evangelho requer. Nenhuma das duas é forma de proclamação condizente com o evangelho. Essas doutrinas levam a errar o alvo, conduzem para longe. Não edificam, não promovem, mas destroem. Isso pode, durante muito tempo, passar despercebido tanto aos iniciantes como aos ouvintes e adeptos. O efeito destrutivo é secreto e sorrateiro, expandindo-se lentamente como uma infecção cancerosa. Por isso é preciso enfrentá-las abertamente e com a autoridade do Senhor.
Os hereges ainda estão no seio das igrejas, e os rudimentos das doutrinas estranhas ainda não evoluíram para o que mais tarde será abrangido pelo nome “gnosticismo” e reconhecido e combatido como uma das mais graves ameaças para o cristianismo.
Todas as heresias têm fundamentalmente em comum o fato de que provocam e multiplicam vãs discussões e discórdias em torno de palavras, assim tornando a fé insegura porque desviam do objetivo principal. Os hereges são administradores infiéis, porque não promovem a administração de Deus na fé. Por um lado a expressão significa o plano de salvação de Deus, seu agir divino na história humana; por outro lado tem-se em mente o serviço de administradores confiado a seus servos, representando com essa amplitude um pensamento central de Paulo.

Essa vontade salvadora de Deus não se concretiza em especulações inócuas, mas somente pela fé pessoal. O alvo final, porém, do mandamento (entendido como agir redentor divino, proclamação humana e procedimento decidido contra heresias) é o amor. Timóteo não deve perder de vista esse alvo para sua própria vida, para não se deixar arrastar para discórdias, e deve incutir esse alvo do amor a “certas pessoas” e a seus adeptos, bem como à igreja toda. Todo ensinar, saber e crer que não se orienta pelo amor como um alvo claro leva a descaminhos. Com isso situamo-nos bem no “centro” da mensagem de Paulo. O amor não é um sentimento difuso ou uma sensação positiva passageira, mas é uma mentalidade que leva à ação, uma orientação da natureza que leva à obediência, é a realidade da vida a partir de Deus que transforma o ser humano.

V 5 Ele se configura no ser humano de coração puro, boa consciência e fé sincera. “Cria em mim, ó Deus, um coração puro” é a súplica insistente do fiel no AT. Jesus promete àqueles que têm coração puro que eles contemplarão a Deus.

No AT o sentido original da pureza de coração se refere ao direcionamento individido da natureza e da vontade do ser humano para Deus. O ser humano purificado pelo pecado é aquele que está voltado para Deus sem ressalvas. O próprio Deus deve sondar e direcionar na profundeza as correntezas do coração desconhecidas ao ser humano, porque “o coração” abarca também os desejos e temores inconscientes dos humanos. Por meio da obediência para com a verdade o íntimo é purificado, tornando-se capaz de amar ardentemente de coração puro. No amor genuíno o calor do sentimento autêntico está associado à pureza de motivos, i. é, das “causas que movem”. Amor hipócrita não é casto nem puro, porque é intencional: “pelo amor” visa-se obter algo. Trata-se de amor como pretexto. Assim, pois, o amor fingido também é capaz de gerar somente “calor” falso. Por essa razão não é viável uma comunhão edificante do amor sem que os mal-entendidos, as ressalvas, as faltas de escrúpulos e os pecados sejam constantemente aclarados, confessados e perdoados mutuamente. O fato de Paulo arrolar a boa consciência como parte da tríplice fonte do verdadeiro amor não acrescenta nenhuma nova doutrina.

A consciência só conseguirá julgar corretamente quando estiver iluminada pela fé. Poderá ser pura somente quando for purificada pela fé da consciência do pecado. A consciência é purificada por meio da fé, e a fé só pode ser conservada mediante uma boa consciência. As obras más, com as quais uma pessoa nega a Deus, são conseqüência de uma consciência manchada, e essa resulta de uma mentalidade contaminada. Nesse estado a fé já não é sem hipocrisia. Enquanto a pessoa alega com o testemunho dos lábios que conhece a Deus, nega-o pela conduta prática.

Os adjetivos puro, bom e não-fingido na realidade podem ser intercambiados, porque se referem à mesma coisa: à mentalidade límpida e pura do ser humano como um todo em pensamentos, palavras e ações. Ao criar um coração novo Deus visa recriar, por meio de seu Espírito, essa mentalidade pura  e direcioná-la para a plenitude e o alvo final de toda a vida: amor a partir da verdade de Deus, amor à verdade por intermédio do novo ser humano (QI 31g), como fundamento a fé, como alvo o amor.

V 6 Ao descrever o amor a partir de sua fonte tríplice, Paulo ao mesmo tempo define com precisão a natureza dos hereges e desmascara o princípio de seus descaminhos. Por terem se desviado desse alvo, no começo presumivelmente sem perceber e de modo gradativo, perderam a base e realidade da fé no amor e caíram em palavrório vazio, desviando-se finalmente de modo consciente da benéfica doutrina.

V 7 Por não atingir o alvo que Deus lhes colocou pela fé, os desviados direcionaram sua vontade para um alvo novo e próprio: visam ser importantes como mestres da lei, que se apóiam em seus estudos e com sua erudição reconquistam a autoridade perdida (QI 25d). Discursam muito, sem de fato captar o que está em jogo. Não sabem que conseqüências têm suas doutrinas e especulações, i. é, “não entendem o que falam e afirmam”.

2. A verdade sobre lei e evangelho – 1Tm 1.8-11
V 8  O que os mestres da lei não entendem sabe-o aquele que foi iluminado pelo evangelho. Sabemos, porém, que a lei é boa quando é usada de acordo com a lei.
“Sabemos” é uma expressão típica de Paulo. Em Rm 7.14,16 ele escreve: “Sabemos que a lei é espiritual e boa.” Para seus mandamentos humanos os professores da lei se referiam à lei do AT, derivando dela novas proibições e mandamentos, os quais, porém, não podem ter mais validade para cristãos.

No entanto a lei deve ser empregada de acordo com a lei, i. é, de conformidade com seu sentido; só é considerado um mestre aprovado aquele que apresenta corretamente a palavra da verdade; que distingue bem para quê e como ela visa ser utilizada.

V 9  Paulo destaca o significado primordial da lei, também reconhecido em geral no mundo helenista: existe para combater o avanço do pecado.
A lei não é destinada para justos, mas para pessoas sem lei. O alvo final do mandamento é o amor, de modo que o amor é a soma, o cumprimento e o fim da lei. Quem ama cumpriu a lei. Quem ama é pessoa justa, e quem obedece ao Espírito de Deus e se deixa conduzir por ele não está sob a lei. Onde amadurecem os frutos do Espírito, a lei não pode condenar obras da carne. A lei não existe para uma pessoa justa. De modo geral o justo deve ser visto como oposto de transgressores do direito e agitadores. Rejeitam qualquer lei, independentemente se ela provém de pessoas ou de Deus.

O justo como justificado, da forma como Paulo o apresenta na carta aos Romanos, também é mencionado no nexo textual. Para tanto Paulo forneceu uma clara síntese no v. 5: o amor de coração puro e boa consciência só pode resultar da fé não-fingida que tem Cristo, e não da lei, por fundamento. Essa visão dupla também está contida na carta aos Romanos. Nela se fala primeiramente de leis estatais, depois dos Dez Mandamentos. Os transgressores do direito e agitadores violam as leis do estado, enquanto ímpios e pecadores são pessoas em rebelião contra a própria autoridade divina. “O pendor da carne é revolta contra Deus, ela não se submete à lei de Deus, nem sequer o pode [TEB].” O justo é aquele que Deus colocou no relacionamento correto consigo, enquanto o injusto se rebela contra o direito de Deus. Ímpios e profanos: a rebeldia interior leva ao agir e comportamento perverso e que arrasa todos os limites. Os três pares de palavras citadas até aqui podem ser vistos como dirigidos contra Deus, conforme estão classificadas na primeira parte dos Dez Mandamentos (de acordo com a chamada contagem “reformada” dos Dez Mandamentos, como era usual no judaísmo na época de Jesus). Os parricidas e matricidas estão relacionados ao quinto mandamento, os homicidas, ao sexto, os impuros e sodomitas, ao sétimo; os pederastas, ao oitavo mandamento. Mercadores de escravos eram sentenciados à morte tanto pela lei de Moisés quanto pela legislação grega. Mentirosos e perjuros têm relação com o nono mandamento. Em seu  “catálogo de vícios” baseado nos Dez Mandamentos Paulo enumera os limites extremos das transgressões humanas, a fim de deixar explícita neles a necessária ação da lei. Contudo não se processam aqui simplesmente considerações teóricas sobre listagens práticas e aparentemente necessárias. Esses vícios de fato predominavam em Éfeso, da mesma maneira como tam-bém a cidade internacional portuária de Corinto estava repleta deles.
E tudo o mais que se opõe à sã doutrina: Essa expressão inclui todos os demais pecados, independentemente de serem explícitos ou ocultos, de ação rápida ou lenta em sua destruição, grandes ou pequenos no julgamento da sociedade.

V 11  Ao mesmo tempo Paulo comunica o parâmetro de validade geral pelo qual o pecado pode ser reconhecido e aquilatado: como corresponde ao evangelho da glória do Deus bendito. Tudo que vai contra isso, que não está em consonância com isso, é pecado. Como fator psicológico ou sociológico o pecado nem sequer pode ser reconhecido. Unicamente a vontade revelada de Deus, a sã doutrina, é seu parâmetro.

Doutrina (didaskalia, de onde se originou a palavra didática) pode representar a atividade de ensinar, a totalidade da doutrina em sentido objetivo, o conteúdo do ensino e a regra de vida para a fé. Sã (hygiainousa, de onde provém o termo higiene) no linguajar grego significa: sensato, preciso, correto. Assume em Paulo o duplo sentido de moralmente saudável e espiritualmente salutar. A palavra ocorre somente nas past: sãs palavras,, saudável na fé; bem como no AT e restante do NT.

A doutrina é como um modo de vida que traz saúde e mantém saúde. Quem aceita pessoalmente a sã doutrina é curado e protegido da heresia “injuriante” e dos pecados dela resultantes, que destroem o ser humano sorrateira e lentamente, como uma infecção cancerosa. A doutrina pura, à qual uma pessoa se torna obediente de coração, faz brotar uma vida pura. Em confronto com a religiosidade, gentílica Paulo não se cansa de salientar que “religião” e moralidade estão indissoluvelmente interligadas. O mistério da fé só pode ser preservado em uma consciência pura (em sentido figurado também em uma conduta pura), a consciência limpa é conservada e renovada somente por uma fé não-fingida.

Paulo expressou essa certeza também em outras ocasiões, mas nas past ela recebe uma ênfase bem especial: aqui o apóstolo não elabora a doutrina fundamental, ele a pressupõe como dada e conhecida, mas a sintetiza de maneira nova e com uma fórmula marcante, colocando todo o peso em suas repercussões práticas. Desde os primeiros instantes da redenção o caminho leva à persistente configuração da fé na fidelidade cotidiana nas coisas pequenas. Não se deveria considerar isso um “aburguesamento” do evangelho, mas uma decorrência necessária da obediência, que precisa ser evidenciada na trajetória de cada cristão e na história da igreja de Jesus.

Contudo cabe considerar também o seguinte: onde surge e cresce a fé, ali ela provoca resistência, ali os poderes do maligno se movem mais vigorosamente. Os vícios catalogados não estão apenas diante da porta da igreja - eles ocorrem em todos os lugares. Surge a impressão de que as past foram escritas diante do pano de fundo de uma incursão de anomia, decadência e confusão na sociedade e na igreja.

O único antídoto contra essas enfermidades e constrangimentos da estrutura social é a erva medicinal da sã doutrina: o evangelho da glória do Deus bendito, naquele tempo e hoje. Também em 2Co 4.4 Paulo escreve sobre o “evangelho da glória”. O evangelho tem por conteúdo a glória de Deus, como ela brilha e se manifesta em Jesus Cristo. O evangelho não provém de humanos, mas da esfera divina da glória dele, de seu fulgor sobrenatural de luz.
A lei revela a ira de Deus como sua justiça vingativa; o evangelho revela a glória de Deus como sua justiça reconciliadora, visto que ele concede ao pecador participação em Cristo e, conseqüentemente, na própria beatitude de Deus.
O Deus bendito é o Deus que repousa e age na riqueza de sua própria perfeição com alegria sobrenatural.

Enquanto no linguajar do mundo contemporâneo os governantes e ditadores vitoriosos são chamados “bem-aventurados”, Paulo dá a entender que só Deus é quem vence toda a hostilidade e por isso é bendito, sem o qual nenhuma criatura consegue ser verdadeiramente bendita. Aos que se deixam convencer de sua precariedade Jesus promete participação beatificadora no reino de Deus.
Paulo confessa que o evangelho como poder de Deus que liberta da lei, como base originária e alvo da alegria eterna, “foi confiado a mim”. A forma passiva da declaração denota que foi Deus quem lhe confiou o evangelho e o encarregou dele. O tempo verbal (aoristo) aponta para um episódio   único no passado, quando Paulo, chamado por Deus, obedeceu à vocação divina. Desse modo Paulo leva seu raciocínio a uma primeira conclusão, apontando ao mesmo tempo para o bloco seguinte.


1TIMOTEO  1.3 OUTRA DOUTRINA. Sete anos antes de Paulo escrever esta epístola, advertira os presbíteros de Éfeso de que os falsos mestres procurariam distorcer a verdadeira mensagem de Cristo (ver At 20.29). Agora que isso já estava acontecendo, Paulo exorta Timóteo a confrontá-los com coragem. Este jovem pastor não devia transigir com esses falsos ensinos que corrompiam tanto a lei quanto o evangelho. Ele devia travar contra eles o bom combate (v. 18) mediante a proclamação da fé original, conforme o ensino de Cristo e dos apóstolos (2 Tm 1.13,14). A expressão "outra doutrina" vem do grego heteros e significa "estranha", "falsificada", "diferente".

1TIMOTEO  1.5 O FIM DO MANDAMENTO. O alvo supremo de toda a instrução da Palavra de Deus não é o conhecimento bíblico em si mesmo, mas uma transformação moral interior da pessoa, que se expressa no amor, na pureza de coração, numa consciência pura e numa fé sem hipocrisia (ver At 24.16). No tocante a essa verdade, dois fatos importantes devem ser conservados em mente.

(1) O conceito bíblico de ensino e aprendizagem não é primeiramente transmitir conhecimentos ou preparar-se academicamente. É produzir santidade e uma vida piedosa que se conforme com os caminhos de Deus (cf. 2 Tm 1.13).
(2) O mestre na Palavra de Deus deve ser uma pessoa cuja vida seja uma demonstração de perseverança na verdade, na fé e na santidade (3.1-13).

ATOS  20.29 ENTRARÃO... LOBOS CRUÉIS. Movidos pela ambição de edificar seus próprios impérios, ou por amor ao dinheiro, ao poder, ou à popularidade (e.g., 1 Tm 1.6,7; 2 Tm 1.15; 4.3,4; 3Jo 9), impostores na igreja, perverterão o evangelho original segundo o NT:
(1) repudiando ou rejeitando algumas das suas verdades fundamentais;
(2) acrescentando-lhe idéias humanistas, filosofias, sabedoria ou psicologia;
(3) misturando suas doutrinas e práticas com coisas como os ensinos malignos da Nova Era ou do ocultismo e espiritismo;
(4) e tolerando modos de vida imorais, contrários aos retos padrões de Deus (ver 1 Tm 4.1; Ap 2.3). 

Que tais lobos realmente entraram no meio do rebanho e perverteram a doutrina e prática apostólicas em Éfeso, fica evidente em 1 Tm 1.3,4,18,19; 4.1-3; 2 Tm 1.15; 2.17,18; 3.18.
As epístolas pastorais revelam uma rejeição geral dos ensinos bíblicos apostólicos, que naquele tempo começou a ganhar ímpeto em toda a província da Ásia.


FALSOS MESTRES
Mc 13.22: “Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos”;.

DESCRIÇÃO. O crente da atualidade precisa estar informado de que pode haver, nas igrejas, diversos obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei de Deus, nos dias de Jesus (Mt 24.11,24). Jesus adverte, aqui, que nem toda pessoa que professa a Cristo é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser.

(1) Esses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens” (Mt 23.28). Aparecem “vestidos como ovelhas” (Mt 7.15). Podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de Deus e expor altos padrões de retidão. Podem parecer sinceramente empenhados na obra de Deus e no seu reino, demonstrar grande interesse pela salvação dos perdidos e professar amor a todas as pessoas. Parecerão ser grandes ministros de Deus, líderes espirituais de renome, ungidos pelo Espírito Santo. Poderão realizar milagres, ter grande sucesso e multidões de seguidores (ver Mt 7.21-23 notas; 24.11,24; 2Co 11.13-15).

(2) Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt 13.3;1Rs 18.40; Ne 6.12; Jr 14.14; Os 4.15, e aos fariseus do NT. Longe das multidões, na sua vida em particular, os fariseus entregavam-se à “rapina e de iniqüidade” (Mt 23.25), “cheios de ossos de mortos e de toda imundícia” (Mt 23.27), “cheios de hipocrisia e de iniqüidade” (Mt 23.28). Sua vida na intimidade é marcada por cobiça carnal, imoralidade, adultério, ganância e satisfação dos seus desejos egoístas.

(3) De duas maneiras, esses impostores conseguem uma posição de influência na igreja.
(a) Alguns falsos mestres e pregadores iniciam seu ministério com sinceridade, veracidade, pureza e genuína fé em Cristo. Mais tarde, por causa do seu orgulho e desejos imorais, sua dedicação pessoal e amor a Cristo desaparecem lentamente. Em decorrência disso, apartam-se do reino de Deus (1Co 6.9,10; Gl 5.19-21; Ef 5.5,6) e se tornam instrumentos de Satanás, disfarçados em ministros da justiça (ver 2Co 11.15).

(b) Outros falsos mestres e pregadores nunca foram crentes verdadeiros. A serviço de Satanás, eles estão na igreja desde o início de suas atividades (Mt 13.24-28,36-43). Satanás tira partido da sua habilidade e influência e promove o seu sucesso. A estratégia do inimigo é colocá-los em posições de influência para minarem a autêntica obra de Cristo. Se forem descobertos ou desmascarados, Satanás sabe que grandes danos ao evangelho advirão disso e que o nome de Cristo será menosprezado publicamente.

A PROVA.
Quatorze vezes nos Evangelhos, Jesus advertiu os discípulos a se precaverem dos líderes enganadores (Mt 7.15; 16.6,11; 24.4,24; Mc 4.24; 8.15; 12.38-40; 13.5; Lc 12.1; 17.23; 20.46; 21.8). Noutros lugares, o crente é exortado a pôr à prova mestres, pregadores e dirigentes da igreja (1Ts 5.21; 1 Jo 4.1). Seguem-se os passos para testar falsos mestres ou falsos profetas:
(1) Discernir o caráter da pessoa. Ela tem uma vida de oração perseverante e manifesta uma devoção sincera e pura a Deus? Manifesta o fruto do Espírito (Gl 5.22,23), ama os pecadores (Jo 3.16), detesta o mal e ama a justiça (Hb 1.9) e fala contra o pecado (Mt 23; Lc 3.18-20)?
(2) Discernir os motivos da pessoa. O líder cristão verdadeiro procurará fazer quatro coisas:
(a) honrar a Cristo (2Co 8.23; Fp 1.20);
(b) conduzir a igreja à santificação (At 26.18; 1Co 6.18; 2Co 6.16-18);
(c) salvar os perdidos (1Co 9.19-22); e
(d) proclamar e defender o evangelho de Cristo e dos seus apóstolos (ver Fp 1.16; Jd 3).

(3) Observar os frutos da vida e da mensagem da pessoa. Os frutos dos falsos pregadores comumente consistem em seguidores que não obedecem a toda a Palavra de Deus (ver Mt 7.16).

(4) Discernir até que ponto a pessoa se baseia nas Escrituras. Este é um ponto fundamental. Ela crê e ensina que os escritos originais do AT e do NT são plenamente inspirados por Deus, e que devemos observar todos os seus ensinos (ver 2 Joao 9-11. Caso contrário, podemos estar certos de que tal pessoa e sua mensagem não provêm de Deus.

(5) Finalmente, verifique a integridade da pessoa quanto ao dinheiro do Senhor. Ela recusa grandes somas para si mesma, administra todos os assuntos financeiros com integridade e responsabilidade, e procura realizar a obra de Deus conforme os padrões do NT para obreiros cristãos? (1Tm 3.3; 6.9,10).
Apesar de tudo que o crente fiel venha a fazer para avaliar a vida e o trabalho de tais pessoas, não deixará de haver falsos mestres nas igrejas, os quais, com a ajuda de Satanás, ocultam-se até que Deus os desmascare e revele aquilo que realmente são.

DEUTERONOMIO  13.3 NÃO OUVIRÁS AS PALAVRAS DAQUELE PROFETA. É fundamental à comunhão do crente com o Senhor, a sua fidelidade a Deus e à Palavra revelada dEle (8.3). Os versículos 1-5 mostram que a tentação visando a destruir nossa lealdade a Deus, às vezes surge através de pessoas parecendo espirituais. Várias inferências decorrem disso, para nossa vida como crentes.

(1) Deus, às vezes, testa a sinceridade do nosso amor e dedicação a Ele e à sua Palavra (cf. 8.2).

(2) Deus, às vezes, nos prova permitindo que surja entre o seu povo, pessoas afirmando que são profetas de Deus, e que realizam "sinal ou prodígio" (vv. 1,2). Tais pessoas, às vezes, falam com muita "unção", predizem corretamente o futuro, e operam milagres, sinais e prodígios. Ao mesmo tempo, porém, podem pregar um evangelho contrário à revelação bíblica, acrescentar inovações à Palavra de Deus ou subtrair partes dela (cf. 4.2; 12.32). Aceitar esses falsos pregadores, significa abdicar da fidelidade total a Deus e à sua Palavra inspirada (v. 5).

(3) O NT também, por sua vez, adverte que falsos profetas e falsos mestres perverterão grandemente o evangelho de Cristo nos últimos dias desta era. O crente deve ter firme determinação quanto a sua fidelidade à revelação escrita de Deus, como a temos na Bíblia. A autenticidade do ministério de uma pessoa e do seu ensino não deve ser avaliada apenas pela sua pregação talentosa, alocuções proféticas poderosas, realização de milagres ou número de decisões. Esses critérios tornam-se cada vez menos dignos de confiança à medida que se aproximam os tempos do fim. O padrão da verdade sempre deverá ser a infalível Palavra de Deus.

NEEMIAS  6.12 CONHECI QUE... NÃO ERA DEUS QUEM O ENVIARA. Todos que declaram ser mensageiros de Deus devem ser examinados e provados, se de fato são homens de Deus. Há os que se apresentam como crentes, afirmando que estão empreendendo um ministério determinado por Deus quando, na realidade, os tais buscam apenas glória e prosperidade para si mesmos. O povo de Deus precisa de discernimento para julgar o caráter pessoal e a lealdade a Deus e aos seus padrões, de todos que se apresentam como porta-vozes de Deus.

14.14 OS PROFETAS PROFETIZAM FALSAMENTE. O povo de Deus deve saber que certos profetas do seu meio podem profetizar mentiras e afirmar falsamente que receberam visões da parte do Senhor. Por isso, todos os profetas devem ser provados segundo as normas bíblicas(ver 1 Co 14.29).

1REIS  18.40 E ALI OS MATOU. Note os seguintes fatos a respeito da matança dos profetas de Baal:

(1) A sentença de morte contra eles era justa, pois foi executada em obediência à lei de Moisés (Dt 13.6-9; 17.2-5). O NT não contém qualquer mandamento similar. Ele proíbe a ação repressora contra os falsos mestres (Mt 5.44), embora Deus ordene a sua rejeição e, que nos separemos deles (Mt 24.23,24; 2 Co 6.14-18; Gl 1.6-9; 2 Jo.7-11; Jd.3,4.

(2) A ação de Elias contra os falsos profetas de Baal representava a ira de Deus contra os que tentavam destruir a fé do seu povo escolhido, e privá-lo das bênçãos divinas, e também expressava o amor e a lealdade do próprio Elias por seu Senhor.

(3) A destruição dos falsos profetas por Elias manifestava, também, profunda preocupação pelos próprios israelitas, uma vez que estavam sendo destruídos espiritualmente pela falsa religião de Baal. Jesus manifestou idêntica atitude (Mt 23; Lc 19.27), assim como também o apóstolo Paulo (Gl 1.6-9; ver Gl 1.9). 
Note, ainda, que a ira de Deus será derramada sobre todos os rebeldes e impenitentes "no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus" (Rm 2.5; cf. 11.22; Ap 19.11-21; 20.7-10).

MATEUS  7.16 POR SEUS FRUTOS OS CONHECEREIS. Os falsos mestres exteriormente parecem justos, mas interiormente são lobos devoradores (v. 15). Eles devem ser identificados pelos seus frutos . Os frutos dos falsos mestres consistem, principalmente, no caráter dos seus seguidores (1 Jo 4.5,6). O falso mestre produzirá discípulos que manifestarão as seguintes características:
(1) serão cristãos professos, cuja lealdade é dedicada mais a indivíduos do que à Palavra de Deus (v. 21). Honram e servem a criatura mais do que ao seu Criador (cf. Rm 1.25).
(2) Serão seguidores que se ocupam mais com seus próprios desejos do que com a glória e a honra de Deus. Sua doutrina será mais antropocêntrica do que teocêntrica (vv. 21-23; ver 2 Tm 4.3).
(3) Serão discípulos que aceitam doutrinas e tradições dos homens, mesmo que isso contradiga a Palavra de Deus (vv. 24-27; 1 Jo 4.6).
(4) Serão seguidores que buscam mais as experiências religiosas e as manifestações sobrenaturais do que a Palavra de Deus e seus padrões de justiça. A sua experiência religiosa ou manifestações espirituais são a sua autoridade final quanto a autenticidade da verdade (vv. 22,23), e não todo o conselho da Palavra de Deus.
(5) Serão seguidores que não suportarão a sã doutrina, mas procurarão mestres que lhes ofereçam a salvação, em conjunto com o caminho largo da injustiça (vv. 13,14, 23; ver 2 Tm 4.3).


SALVAÇÃO PELA GRAÇA DO EVANGELHO E NÃO PELA LEI
ROMANOS  4.12 A FÉ DE NOSSO PAI ABRAÃO. A fé que Abraão tinha era uma fé genuína, pela qual ele perseverava, cria, confiava, obedecia, fortalecia-se e dava glória a Deus (vv. 16-21). Esse é o tipo de fé que nos torna filhos de Deus.
ROMANOS  4.16 É PELA FÉ. Os crentes são salvos somente pela fé, mediante a graça. Devem ser notadas, no entanto, duas verdades bíblicas a respeito da natureza da fé para salvação.
(1) Embora a pessoa seja salva pela fé somente, a fé que salva não é algo único. Tiago declara que "a fé sem obras é morta" (Tg 2.14-26); Paulo diz que é "a fé que opera por caridade" (Gl 5.6). A fé, para a salvação, é uma fé tão vital que não pode prescindir da expressão do amor, da obediência para com o Salvador e de serviço ao próximo. A fé que consiste na confiança em Deus, para o perdão dos pecados, mas que não inclui, da parte do pecador, um sincero arrependimento do pecado e também um compromisso ativo com Cristo como Senhor, não corresponde à fé para salvação segundo o NT (ver o estudo FÉ E GRAÇA).
(2) É antibíblico enfatizar a "fé" em si mesma, e ignorar o amplo desígnio da salvação e daquilo que ela significa. A salvação pela fé inclui não somente ser salvo da condenação, mas também ser salvo para comunhão com Deus, para santidade e para serviço, i.e., a prática das boas obras (Ef 2.10)
ROMANOS  4.16 PARA QUE SEJA SEGUNDO A GRAÇA. Se a salvação, a justificação e a justiça que Deus outorga viessem pela nossa perfeita obediência à Lei, ninguém seria salvo, porque ninguém jamais a cumpriu de modo perfeito. Mas, posto que a salvação é pela fé, mediante a graça, poderão ser salvos todos aqueles que buscam a Deus. Ele, por sua misericórdia, perdoa os nossos pecados e outorga-nos a sua graça (i.e., seu Espírito e seu poder), para regenerar nossa vida e nos tornar seus filhos (ver o estudo FÉ E GRAÇA)
ROMANOS  4.22 LHE FOI... IMPUTADO COMO JUSTIÇA. Na ilustração que Paulo deu da justiça no capítulo 4, ele não declara em parte alguma que a justiça de Deus ou de Cristo é, na realidade, imputada ou comunicada ao crente. Devemos tomar cuidado para não descrever a justificação como decorrente da guarda da Lei do AT por Cristo, e daí comunicada, por Ele, ao crente. Se a justificação fosse pelos méritos da guarda da Lei, transferidos ao homem, então não se trata do mesmo tipo de fé que Abraão teve (v. 12), e isso, por sua vez, anula a promessa (v. 14) e torna a salvação um resultado do mérito, e não da graça (v. 16). Paulo declara enfaticamente que a justificação e a retidão não decorrem da Lei (v. 13), mas da misericórdia, graça, amor e perdão de Deus (vv. 6-9), e que a fé de Abraão (i.e., sua crença, sua dedicação a Deus, sua forte confiança e inabalável firmeza em Deus e nas suas promessas), lhe é atribuída como justiça, pela misericórdia e graça de Deus (vv. 16-22).
ROMANOS  5.1 SENDO POIS JUSTIFICADOS. A justificação pela fé produz vários resultados no crente: a paz com Deus, a graça, a esperança, a firmeza, as tribulações, o amor de Deus, o Espírito Santo, o livramento da ira, a reconciliação com Deus, a salvação pela vida e presença de Jesus e o regozijo em Deus (vv. 1-11).
ROMANOS  5.10 SALVOS PELA SUA VIDA. A salvação do crente provém do sangue de Cristo e da sua vida ressurreta, pelos quais o crente é perdoado e reconciliado com Deus. Essa é a salvação inicial (3.21-26; 4.5-9). O crente continua salvo através de uma fé viva e da comunhão com o Cristo vivo. Se Deus nos amou a tal ponto de enviar seu Filho para morrer por nós quando ainda éramos inimigos, quanto mais agora, que somos seus filhos. Ele tomará todas as providências para nos salvar da ira vindoura, mediante a fé que agora temos no seu Filho (4.22-5.2; 5.9,10; 1 Co 1.30; Fp 2.12-16; Cl 3.3,4; 1 Ts 1.10; 2 Tm 2.12; Tg 1.12; ver Ap 2.7).
ROMANOS  7.4 MORTOS PARA A LEI. Já não dependemos da Lei e dos sacrifícios do AT para sermos salvos e aceitos diante de Deus (cf. Gl 3.23-25; 4.4,5 ver o estudo A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO). Fomos alienados da antiga aliança da Lei e unidos a Cristo para a salvação. Devemos crer em Jesus (1 Jo 5.13), receber o seu Espírito e a sua graça (ver estudo FÉ E GRAÇA) e, assim, receber o perdão, ser regenerados e capacitados para produzir fruto para Deus (6.22,23; 8.3,4; Mt 5.17 nota; Ef 2.10; Gl 5.22,23; Cl 1.5,6)
ROMANOS  7.7 NÃO CONHECI O PECADO SENÃO PELA LEI. Os versículos 7-25 descrevem a experiência pré-conversão de Paulo, ou de qualquer outra pessoa que procura agradar a Deus, sem depender da sua graça, misericórdia e poder.
(1) Nos versículos 7-12, Paulo descreve o período de inocência do indivíduo até chegar à "idade da responsabilidade". Ele "vive" (v. 9), i.e., sem culpa nem responsabilidade espiritual, até que deliberadamente peca contra a lei de Deus escrita externamente ou no seu coração (cf. 2.14,15; 7.7,9,11).
(2) Nos verículos 13-20, Paulo retrata um estado de escravidão ao pecado, porque a Lei, uma vez conhecida, traz inconscientemente o pecado para a consciência e, assim, o indivíduo passa a ser realmente um transgressor. O pecado se torna seu senhor, embora ele se esforce para resistir-lhe.
(3) Nos versículos 21-25, Paulo revela o desespero total da pessoa, à medida que o conhecimento e o poder do pecado o reduzem à miséria
ROMANOS  7.9-11 EU, NALGUM TEMPO VIVIA... As declarações de Paulo, "eu... vivia" (v. 9) e "o pecado... me matou" (v. 11), apóiam a crença geral que a criança é inocente até deliberadamente pecar contra a lei de Deus no coração (2.14,15; ver a nota anterior). O ensino que diz que as criancinhas entram no mundo afetadas pela culpa do pecado e dignas da condenação eterna não se acha nas Escrituras.
7.12 A LEI É SANTA. Ver Mt 5.17 nota; Gl 3.19 nota.
7.14 A LEI. Lembremo-nos de que Paulo, no capítulo 7, está analisando o estado da pessoa irregenerada e sujeita à lei do AT, mas consciente da sua incapacidade de viver uma vida agradável a Deus (cf. v. 1). Ele descreve uma pessoa lutando sozinha contra o poder do pecado e demostrando que não poderemos alcançar a justificação, a santidade, a bondade e a separação do mal mediante o nosso próprio esforço para resistir ao pecado e guardar a lei de Deus. O conflito do cristão, por outro lado, é bem diferente: é um conflito entre uma pessoa unida a Cristo e ao Espírito  Santo, de um lado, contra o poder do pecado, de outro lado (cf. Gl 5.16-18). No capítulo 8, Paulo descreve o caminho da vitória sobre o pecado, mediante a vida no Espírito.
MATEUS  5.17 NÃO... VIM DESTRUIR A LEI... MAS CUMPRIR. O propósito de Cristo é que as exigências espirituais da lei de Deus se cumpram na vida dos seus seguidores (Rm 3.31; 8.4). O relacionamento entre o crente e a lei de Deus envolve os seguintes aspectos:
 (1) A lei que o crente é obrigado a cumprir consiste nos princípios éticos e morais do AT (7.12; 22.36-40; Rm 3.31; Gl 5.14; bem como nos ensinamentos de Cristo e dos apóstolos (28.20; 1 Co 7.19; Gl 6.2). Essas leis revelam a natureza e a vontade de Deus para todos e continuam hoje em vigor. As leis do AT destinadas diretamente à nação de Israel, tais como as leis sacrificiais, cerimoniais, sociais ou cívicas, já não são obrigatórias (Hb 10.1-4; e.g., Lv 1.2,3; 24.10).
(2) O crente não deve considerar a lei como sistema de mandamentos legais através do qual se pode obter mérito para o perdão e a salvação (Gl 2.16,19). Pelo contrário, a lei deve ser vista como um código moral para aqueles que já estão num relacionamento salvífico com Deus e que, por meio da sua obediência à lei, expressam a vida de Cristo dentro de si mesmos (Rm 6.15-22).
(3) A fé em Cristo é o ponto de partida para o cumprimento da lei. Mediante a fé nEle, Deus torna-se nosso Pai (cf. Jo 1.12). Por isso, a obediência que prestamos como crentes não provém somente do nosso relacionamento com Deus como legislador soberano, mas também do relacionamento de filhos para com o Pai (Gl 4.6).
(4) Mediante a fé em Cristo, o crente, pela graça de Deus (Rm 5.21) e pelo Espírito Santo que nele habita (Gl 3.5,14; Rm 8.13), recebe o impulso interior e o poder para cumprir a lei de Deus (Rm 16.25,26; Hb 10.16). Nós a cumprimos, ao andarmos segundo o Espírito (Rm 8.4-14). O Espírito nos ajuda a mortificar as ações pecaminosas do corpo e a cumprir a vontade de Deus (Rm 8.13; ver Mt 7.21). Por isso, a conformidade externa com a lei de Deus deve ser acompanhada pela transformação interior do nosso coração e espírito (cf. vv. 21-28).
(5) Os crentes, tendo sido libertos do poder do pecado, e sendo agora servos de Deus (Rm 6.18-22), seguem o princípio da fé , pois estão debaixo da lei de Cristo (1 Co 9.21). Ao fazermos assim, cumprimos a lei de Cristo (Gl 6.2) e em nós mesmos somos fiéis à exigência da lei (ver Rm 7.4; 8.4; Gl 3.19; 5.16-25). (6) Jesus ensinava enfaticamente que cumprir a vontade do seu Pai celeste é uma condição permanente para a entrada no reino dos céus (ver 7.21).

A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO
Êx 20.1,2 “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da  casa da servidão.”

Um dos aspectos mais importantes da experiência dos israelitas no monte Sinai foi o de receberem a lei de Deus através do seu líder, Moisés. A Lei Mosaica (hb. torah, que significa “ensino”), admite uma tríplice divisão:
(a) a lei moral, que trata das regras determinadas por Deus para um santo viver (20.1-17);
(b) a lei civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como nação (21.1 — 23.33); e (c) a lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial (24.12 — 31.18). Note os seguintes fatos no tocante à natureza e à função da lei no Antigo Testamento.
(1) A lei foi dada por Deus em virtude do concerto que Ele fez com o seu povo. Ela expunha as condições do concerto a que o povo devia obedecer por lealdade ao Senhor Deus, a quem eles pertenciam. Os israelitas aceitaram formalmente essas obrigações do concerto (24.1-8).
(2) A obediência de Israel à lei devia fundamentar-se na misericórdia redentora de Deus e na sua libertação do povo (19.4).
(3) A lei revelava a vontade de Deus quanto a conduta do seu povo (19.4-6; 20.1-17; 21.1—24.8) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33). A lei não foi dada como um meio de salvação para os perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um relacionamento de salvação com Deus (20.2). Antes, pela lei Deus ensinou ao seu povo como andar em retidão diante dEle como seu Redentor, e igualmente diante do seu próximo. Os israelitas deviam obedecer à lei mediante a graça de Deus a fim de perseverarem na fé e cultuarem também por fé, ao Senhor (Dt 28.1,2; 30.15-20).
(4) Tanto no AT quanto no NT, a total confiança em Deus e na sua Palavra (Gn 15.6), e o amor sincero a Ele (Dt 6.5), formaram o fundamento para a guarda dos seus mandamentos. Israel fracassou exatamente nesse ponto, pois constantemente aquele povo não fazia da fé em Deus, do amor para com Ele de todo o coração e do propósito de andar nos seus caminhos, o motivo de cumprirem a sua lei. Paulo declara que Israel não alcançou a justiça que a lei previa, porque “não foi pela fé” que a buscavam (Rm 9.32).
(5) A lei ressaltava a verdade eterna que a obediência a Deus, partindo de um coração cheio de amor (ver Gn 2.9; Dt 6.5) levaria a uma vida feliz e rica de bênçãos da parte do Senhor (cf. Gn 2.16; Dt 4.1,40; 5.33; 8.1; Sl 119.45; Rm 8.13; 1Jo 1.7).
(6) A lei expressava a natureza e o carácter de Deus, i.e., seu amor, bondade, justiça e repúdio ao mal. Os fiéis israelitas deviam guardar a lei moral de Deus, pois foram criados à sua imagem (Lv 19.2).
(7) A salvação no AT jamais teve por base a perfeição mediante a guarda de todos os mandamentos. Inerente no relacionamento entre Deus e Israel, estava o sistema de sacríficios, mediante os quais, o transgressor da lei obtinha o perdão, quando buscava a misericórdia de Deus, com sinceridade, arrependimento e fé, conforme a provisão divina expiatória mediante o sangue.
(8) A lei e o concerto do AT não eram perfeitos, nem permanentes. A lei funcionava como um tutor temporário para o povo de Deus até que Cristo viesse (Gl 3.22-26). O antigo concerto agora foi substituído pelo novo concerto, no qual Deus revelou plenamente o seu plano de salvação mediante Jesus Cristo (Rm 3.24-26; ver Gl 3.19).
(9) A lei foi dada por Deus e acrescentada à promessa “por causa das transgressões” (Gl 3.19);
i.e., tinha o propósito (a) de prescrever a conduta de Israel; (b) definir o que era pecado; (c) revelar aos israelitas a sua tendência inerente de transgredir a vontade de Deus e de praticar o mal, e (d) despertar neles o sentimento da necessidade da misericórdia, graça e redenção divinas (Rm 3.20; 5.20; 8.2).
ROMANOS  8.1 OS QUE ESTÃO EM CRISTO JESUS. Paulo acaba de demonstrar que a vida sem a graça de Cristo é derrota, miséria e escravidão do pecado. Agora, em Rm 8, Paulo nos diz que a vida espiritual, a liberdade da condenação, a vitória sobre o pecado e a comunhão com Deus nos vêm pela união com Cristo, mediante o Espírito Santo que em nós habita. Ao recebermos o Espírito e sermos por Ele dirigidos, somos libertos do poder do pecado e prosseguimos adiante para a glorificação final em Cristo. Essa é a vida cristã normal, segundo a plena provisão do evangelho.
ROMANOS  8.2 A LEI DO ESPÍRITO. Esta "lei do espírito de vida" é o poder e a vida do Espírito Santo, reguladores e ativadores operando na vida do crente. O Espírito Santo entra no crente e o liberta do poder do pecado (cf. 7.23). A lei do Espírito entra em plena operação, à medida que os crentes se comprometem a obedecer ao Espírito Santo (vv. 4,5,13,14). Descobrem que um novo poder opera dentro deles; poder este que os capacita a vencer o pecado. A "lei do pecado e da morte", neste versículo, é o poder dominante do pecado, que faz da pessoa uma escrava do pecado (7.14), reduzindo-a à miséria (7.24).
ROMANOS  8.4 PARA QUE A JUSTIÇA DA LEI SE CUMPRISSE EM NÓS. O Espírito Santo operando dentro do crente, capacita-o a viver uma vida de retidão que é considerada o cumprimento da lei moral de Deus. Sendo assim, a operação da graça e a guarda da lei moral de Deus não conflitam entre si (cf. 2.13; 3.31; 6.15; 7.12,14). Ambas revelam a presença da justiça e da santidade divinas.
EFESIOS  2.9 NÃO VEM DE OBRAS. Ninguém poderá ser salvo pelas obras e boas ações, ou por tentar guardar os mandamentos de Deus. Seguem-se as razões:
(1) Todos os não-salvos estão espiritualmente mortos (v. 1), sob o domínio de Satanás (v. 2), escravizados pelo pecado (v. 3) e sujeitos à condenação divina (v. 3).
(2) Para sermos salvos precisamos receber a provisão divina da salvação (vv. 4,5), ser perdoados do pecado (Rm 4.7,8), ser espiritualmente vivificados (Cl 1.13), ser feitos novas criaturas (v. 10; 2 Co 5.17) e receber o Espírito Santo (Jo 7.37-39; 20.22). Nenhum esforço da nossa parte poderá realizar essas coisas.
(3) O que opera a salvação é a graça de Deus mediante a fé (vv. 5,8). O dom salvífico de Deus inclui os seguintes passos: (a), a chamada ao arrependimento e à fé (At 2.38). Com essa chamada vem a obra do Espírito Santo na pessoa, dando-lhe poder e capacidade de voltar-se para Deus. (b) Aqueles que respondem com fé e arrependimento e aceitam a Cristo como Senhor e Salvador, recebem graça adicional para sua regeneração, ou novo nascimento, pelo Espírito e ser cheios do Espírito (At 1.8; 2.38; Ef 5.18). (c) Aqueles que se tornam novas criaturas em Cristo, recebem graça contínua para viver a vida cristã, resistir ao pecado e servir a Deus (Rm 8.13,14; 2 Co 9.8). O crente se esforça em viver para Deus, mediante a graça que nele opera (1 Co 15.10). A graça divina opera no crente dedicado, tanto para ele querer, como para cumprir a boa vontade de Deus (Fp 2.12,13). Do começo ao fim, a salvação é pela graça de Deus.

FÉ E GRAÇA
Rm 5.21 “Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.”

A salvação é um dom da graça de Deus, mas somente podemos recebê-la em resposta à fé, do lado humano. Para entender corretamente o processo da salvação, precisamos entender essas duas palavras:  A fé em Jesus Cristo é a única condição prévia que Deus requer do homem para a salvação. A fé não é somente uma confissão a respeito de Cristo, mas também uma ação dinâmica, que brota do coração do crente que quer seguir a Cristo como Senhor e Salvador (cf. Mt 4.19; 16.24; Lc 9.23-25; Jo 10.4, 27; 12.26; Ap 14.4).

(1) O conceito de fé no NT abrange quatro elementos principais: 
(a) Fé significa crer e confiar firmemente no Cristo crucificado e ressurreto como nosso Senhor e Salvador pessoal (ver Rm 1.17). Importa em crer de todo coração (At 8.37; Rm 6.17; Ef 6.6; Hb 10.22), ou seja: entregar a nossa vontade e a totalidade do nosso ser a Jesus Cristo tal como Ele é revelado no NT.

(b) Fé inclui arrependimento, i.e., desviar-se do pecado com verdadeira tristeza (At 17.30; 2Co 7.10) e voltar-se para Deus através de Cristo. Fé salvífica é sempre fé mais arrependimento (At 2.37,38). 

(c) A fé inclui obediência a Jesus Cristo e à sua Palavra, como maneira de viver inspirada por nossa fé, por nossa gratidão a Deus e pela obra regeneradora do Espírito Santo em nós (Jo 3.3-6; 14.15, 21-24; Hb 5.8,9). É a “obediência que provém da fé” (Rm 1.5). Logo, fé e obediência são inseparáveis (cf. Rm 16.26). A fé salvífica sem uma busca dedicada da santificação é ilegítima e impossível.

(d) A fé inclui sincera dedicação pessoal e fidelidade a Jesus Cristo, que se expressam na confiança, amor, gratidão e lealdade para com Ele. A fé, no seu sentido mais elevado, não se diferencia muito do amor. É uma atividade pessoal de sacrifício e de abnegação para com Cristo (cf. Mt 22.37; Jo 21.15-17; At 8.37; Rm 6.17; Gl 2.20; Ef 6.6; 1Pe 1.8).

(2) A fé em Jesus como nosso Senhor e Salvador é tanto um ato de um único momento, como uma atitude contínua para a vida inteira, que precisa crescer e se fortalecer (ver Jo 1.12 nota). Porque temos fé numa Pessoa real e única que morreu por nós (Rm 4.25; 8.32; 1Ts 5.9,10), nossa fé deve crescer (Rm 4.20; 2Ts 1.3; 1Pe 1.3-9). A confiança e a obediência transformam-se em fidelidade e devoção (Rm 14.8; 2Co 5.15); nossa fidelidade e devoção transformam-se numa intensa dedicação pessoal e amorosa ao Senhor Jesus Cristo (Fp 1.21; 3.8-10; ver Jo 15.4 nota; Gl 2.20 nota).

GRAÇA. No AT Deus revelou-se como o Deus da graça e misericórdia, demonstrando amor para com o seu povo, não porque este merecesse, mas por causa da fidelidade de Deus à sua promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó (ver Êx 6.9). Os escritores bíblicos dão prosseguimento ao tema da graça como sendo a presença e o amor de Deus em Cristo Jesus, transmitidos aos crentes pelo Espírito Santo, e que lhes outorga misericórdia, perdão, querer e poder para fazer a vontade de Deus (Jo 3.16; 1Co 15.10; Fp 2.13; 1Tm 1.15,16). Toda atividade da vida cristã, desde o seu início até o fim, depende desta graça divina.

(1) Deus concede uma medida da sua graça como dádiva aos incrédulos (1Co 1.4; 15.10), a fim de poderem crer no Senhor Jesus Cristo (Ef 2.8,9; Tt 2.11; 3.4).

(2) Deus concede graça ao crente para que seja “liberto do pecado” (Rm 6.20, 22), para que nele opere “tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13; cf. Tt 2.11,12; ver Mt 7.21), para orar (Zc 12.10), para crescer em Cristo (2Pe 3.18) e para testemunhar de Cristo (At 4.33; 11.23).

(3) Devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.16). Alguns dos meios pelos quais o crente recebe a graça de Deus são: estudar as Escrituras Sagradas e obedecer aos seus preceitos (Jo 15.1-11; 20.31; 2Tm 3.15), ouvir a proclamação do evangelho (Lc 24.47; At 1.8; Rm 1.16; 1Co 1.17,18), orar (Hb 4.16; Jd v. 20), jejuar (cf. Mt 4.2; 6.16), adorar a Cristo (Cl 3.16); estar continuamente cheio do Espírito Santo (cf. Ef 5.18) e participar da Ceia do Senhor (cf. At 2.42; ver Ef 2.9).

(4) A graça de Deus pode ser resistida (Hb 12.15), recebida em vão (2Co 6.1), apagada (1Ts 5.19), anulada (Gl 2.21) e abandonada pelo crente (Gl 5.4).


ELABORADO PELO EVANGELISTA: NATALINO ALVES DOS ANJOS
PROFESSOR NA E.B.D. e PESQUISADOR.

FONTES DE PESQUISA:
Comentário Bíblico Willian Barclay - Novo Testamento
Comentário Biblico Esperança - Novo Testamento
Comentário Bíblico Aplicação Pessoal
Bíblia de EstudoPentecostal










Nenhum comentário:

Postar um comentário