SUBSIDIO ELABORADO PELO EVANGELISTA: NATALINO ALVES DOS ANJOS. PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR. MEMBRO DA ASSEMBLEIA DE DEUS MISSÃO - CAMPO DE GUIRATINGA - MATO GROSSO
Lições Bíblicas CPAD
- Adultos
3º Trimestre de 2015
Título: A Igreja e o seu Testemunho — As ordenanças de
Cristo nas cartas pastorais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 3: Oração e recomendação às mulheres cristãs
Data: 19 de Julho de 2015
TEXTO ÁUREO
“Admoesto-te, pois,
antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de
graças por todos os homens” (1Tm 2.1).
VERDADE PRÁTICA
A oração é o meio
pelo qual falamos com Deus, intercedemos por nossas necessidades e em favor do
próximo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Tg 5.15
A oração da fé salvará o doente e ele será levantado
Terça — Sl 6.9
Deus aceita as nossas orações e súplicas
Quarta — Pv 15.8
Deus se contenta com a oração dos retos
Quinta — Pv 28.9
A oração dos que se desviam da lei do Senhor é abominável
Sexta — At 3.1
A oração de Pedro e João feita no Templo
Sábado — Tg 5.16
Devemos orar uns pelos outros diariamente
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Timóteo 2.1-5,9-11.
1 — Admoesto-te,
pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de
graças por todos os homens,
2 — pelos reis e por todos os que estão em eminência, para
que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade.
3 — Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso
Salvador,
4 — que quer que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade.
5 — Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo, homem,
9 — Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje
honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou
vestidos preciosos,
10 — mas (como convém a mulheres que fazem profissão de
servir a Deus) com boas obras.
11 — A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.
HINOS SUGERIDOS
151, 296, 577 da
Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Apresentar as
recomendações paulinas quanto à oração e o comportamento da mulher cristã.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos
específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por
exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Tratar acerca da responsabilidade do crente de orar em
favor de todos os homens.
II. Conscientizar-se de que Deus deseja que todos se salvem.
III. Refletir a respeito da maneira como as mulheres cristãs
devem se vestir.
IV. Discutir a respeito da conduta das mulheres na igreja.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Você já parou para pensar na recomendação paulina a Timóteo
a fim de que orasse por todos os homens, em especial os que estão na posição de
líder? Pare e pense! Paulo fez esta recomendação quando Nero era o imperador.
Sabemos que Nero foi uma das figuras mais polêmicas da história. Ficou
conhecido por suas atrocidades. Orar por alguém que admiramos não exige esforço
algum, mas a Palavra de Deus nos exorta a orar por todos, sejam eles bons ou
maus. Os crentes eram perseguidos, presos e jogados no Coliseu para serem
devorados pelos leões, mas eram incentivados a orar em favor de seus algozes.
Tem você orado por nossos governantes? Que venhamos aprender com os irmãos da
igreja do primeiro século a interceder em favor de todos os que estão em
eminência, sejam eles justos ou injustos, pois esta é a vontade de Deus para
nós.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos a respeito da ordem na Igreja. Sabemos que Paulo escreveu a Timóteo
para que ele colocasse ordem na igreja efésia. Este era um assunto de extrema
importância, tanto que o apóstolo declara: “Admoesto-te, pois, antes de tudo”.
Paulo orienta o pastor quanto à oração por todos os que têm autoridade, a fim
de que pudessem viver de modo quieto e sossegado.
Como Igreja do Senhor precisamos interceder a fim de que
possamos cumprir nossa missão de levar a salvação aos homens que, a cada dia,
estão mais distantes de Deus. Paulo também ensina a respeito do comportamento
das mulheres na vida da igreja.
PONTO CENTRAL
Como crentes, precisamos orar por todos aqueles que estão em
eminência.
I. ORAÇÃO POR TODOS OS HOMENS
1. “Deprecações”
(2.1). O termo (gr. deesis) significa “suplicar, implorar, rogar por” alguém. É
a intercessão a Deus por todos os homens, de modo ardente e compassivo. Embora
Deus seja soberano e saiba de todas as coisas, Ele deseja ouvir nossas orações.
O Senhor não somente nos ouve, mas também atende nossas súplicas. Não existe
situação, por mais difícil que seja, que não possa ser resolvida mediante a
oração. Paulo nos ensina a orar por todos aqueles que estão na liderança, seja
na igreja, seja fora dela.
2. “Orações”. Alguns exegetas entendem que Paulo usava os
termos como sinônimos. Mas, no original grego, as palavras empregadas são
diferentes. “Orações” (gr. proseuche) refere-se ao termo comum para as orações
em geral, de súplica, de louvor, de intercessão, etc.
3. “Intercessões”. Tem o sentido de “intervenção, mediação,
interferência, intermédio”. Do grego enteuxis, significando “apelar para”, ou
intercessões em geral, que se fazem em favor de alguém. Sempre foi difícil
encontrar intercessores, mas atualmente está ainda mais difícil (Ez 22.30).
4. “Ações de graça”. Vem do termo grego eucharistia. A
expressão é auto explicativa, denotando orações em que a pessoa expressa sua
gratidão a Deus por bênçãos recebidas, ou até por coisas adversas. Por isso,
Paulo diz: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus
para convosco” (1Ts 5.18). Aqui está o porquê não podemos concordar com a ideia
de que os quatro termos aqui usados são apenas sinônimos. Quem presta “ações de
graça” não roga nem suplica.
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
A Palavra de Deus
exorta a orarmos em favor de todos os homens.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Com o começo do
segundo capítulo, o apóstolo chega à questão que o levou a escrever a Timóteo —
a preocupação pela devida ordem na igreja efésia. A prioridade que Paulo deu a
este tema mostra-se na frase de abertura: ‘Admoesto-te, pois, antes de tudo’.
Há certa adequação que deve caracterizar o culto público a Deus. Lógico que não
é formalismo censurável preocupar-se pelos segmentos sequenciais adequados e
próprios a serem observados quando os cristãos se reúnem para cultuar. O
apóstolo exorta o tipo de oração que deve fazer parte de todo culto dessa
categoria: ‘Admoesto-te... que se façam deprecações (súplicas), orações,
intercessões e ações de graças por todos os homens’. Não há dever cristão para
com nossos semelhantes que se compare em importância com o dever de orar por
eles. O crente não pode fazer algo para ajudar as pessoas se, em primeiro
lugar, não orar por elas. Depois de orar, há muitas coisas que pode fazer; mas
até que ore, não há nada a fazer, exceto orar” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª
Edição. Volume 9. RJ: CPAD, 2006. p.461).
II. A SALVAÇÃO DE TODOS
1.“Que todos se
salvem” (v.4). Paulo exorta a Igreja mostrando que Deus deseja que todos os
homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. Esse é o desejo divino: a
salvação da humanidade, pois Ele “amou o mundo de tal maneira, que deu seu
Filho Unigênito” [...] (Jo 3.16). Fora de Cristo, não há salvação (1Tm 2.5,6).
Quem nEle crê é salvo. Quem não crê é condenado (Jo 3.18,19). É missão da
Igreja levar a mensagem de salvação a
todas as criaturas (Mt 28.19,20).
2. Um árduo trabalho missionário. Paulo e seus companheiros
de ministério trabalharam arduamente na obra de evangelização (1Ts 2.9). O
ministério exige sacrifício e trabalho. Muitos, erroneamente, acreditam que o
pastor deve se preocupar somente com as questões administrativas e financeiras
da igreja, mas o ministro de Deus, tem a responsabilidade de exortar, ganhar almas
para Cristo e discipular seus filhos na fé. Paulo não se preocupava só com as
ovelhas do rebanho, mas demonstrava um zelo especial com a evangelização e a
obra missionária.
3. A melhor recompensa. Como já é do conhecimento de todos,
o ministério pastoral exige sacrifício e esforço, mas também é muito
gratificante poder servir ao Senhor e ver o fruto do trabalho: ao observar as
almas se rendendo aos pés de Cristo, sendo batizadas nas águas e no Espírito
Santo. É na verdade, a coroação do trabalho realizado. Os que estão na
liderança sabem que muitas são as lutas e tristezas, no entanto existe um
galardão a espera dos obreiros fiéis (1Pe 5.2-4).
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Deus é misericordioso
e amoroso, por isso, deseja que todos os homens se salvem.
III. A MANEIRA DE SE VESTIR DAS MULHERES
1. As mulheres na
Casa de Deus. Paulo orienta Timóteo quanto à maneira correta de as mulheres se
comportarem na igreja. A mulher cristã precisa ser reconhecida não somente por
sua maneira de vestir, mas por suas atitudes. Não podemos nos esquecer que
nosso corpo é “templo do Espírito Santo” e que devemos glorificar a Deus em
toda a nossa maneira de viver. Queira ou não, o homem e a mulher cristã têm de
ser diferente em todos os aspectos da vida, diante de Deus e dos homens,
inclusive na sua maneira de se vestir e de se portar.
2. Traje honesto, com pudor. É sinônimo de decoroso,
decente, com sobriedade, ou simplicidade. Um vestido transparente não é
honesto, pois embora esteja cobrindo o corpo, atrai a cobiça dos homens,
incentivando o pecado. Infelizmente, muitas mulheres estão errando na hora de
se vestir. A mulher pode e deve se vestir bem, ficar bonita, porém com pudor,
de modo a agradar a Deus.
3. Traje com modéstia. Modéstia significa “simplicidade,
singeleza, despretensão”. Além de se vestir de maneira honesta e com pudor
(recato), a mulher cristã precisa se vestir com modéstia. Infelizmente, em
algumas igrejas as irmãs acabam competindo umas com as outras. Parece haver uma
“disputa” para ver quem usa a roupa ou a bolsa mais cara ou o sapato mais alto.
Muitas se preocupam apenas com o exterior. A elegância e a beleza de uma mulher
devem vir de dentro para fora, pois começa no caráter santo (1Pe 3.3).
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
A mulher crente precisa se vestir com pudor e modéstia.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“A admoestação de
Paulo não impede a mulher de se vestir de maneira elegante, mas tão somente de
se utilizar do vestuário para chamar a atenção! A melhor maneira de uma pessoa,
homem ou mulher, expressar a sua individualidade é através das boas obras que
evidenciam um caráter piedoso. A sociedade da época, como a nossa, parece que
pressionava as mulheres a que se vestissem como se fossem objetos sexuais.
Assim também os seus valores e qualificações foram determinados pela habilidade
de estimularem a sexualidade dos homens. Esse procedimento tem aviltado as
mulheres tanto do passado como de hoje em dia” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do
Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª
Edição. RJ: CPAD, 2012, p.834).
IV. A CONDUTA DAS MULHERES NA IGREJA
1. O silêncio no
culto. “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição” (1Tm 2.11). Paulo
também faz uma recomendação semelhante a esta em 1 Coríntios 14.34,35. Qual
seria o motivo de tal restrição? Segundo o Comentário Bíblico Beacon, “na
igreja coríntia havia muitas mulheres recém convertidas do paganismo, e que a
nova liberdade que desfrutavam em Cristo levava a certas extravagâncias que
eram impróprias”. É importante ressaltar que em outro texto de Coríntios, Paulo
mostra que as mulheres podiam profetizar nas igrejas: “Toda mulher que ora ou
profetiza com a cabeça descoberta [...]” (1Co 11.5).
2. As mulheres no Novo Testamento. Cristo, em seu ministério
terreno, teve a cooperação de diversas mulheres que atuavam ao seu lado. Eram
obreiras de grande valor: “[...] Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete
demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas
outras que o serviam com suas fazendas” (Lc 8.1-3). Paulo muito valorizou o
trabalho das mulheres, na igreja (Rm 16.1-15).
3. A liderança do homem. Paulo aborda a questão da liderança
masculina, citando a ordem da criação. É importante ressaltar que o próprio
Paulo, ao escrever aos gálatas, ensina que perante Cristo, para a salvação,
homens e mulheres são iguais (Gl 3.28).
Por que Paulo se utiliza do exemplo de Adão e Eva? Ele
utiliza tal ilustração para mostrar o que estava acontecendo na igreja de
Éfeso. Assim como Eva foi seduzida e enganada pela serpente, as irmãs daquela
igreja estavam se deixando seduzir pelos ensinos dos falsos mestres.
SÍNTESE DO TÓPICO (IV)
A mulher cristã deve
ter uma conduta exemplar na igreja e fora dela.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Em silêncio, com
toda a submissão (2.11). A expressão grega hesychia é traduzida aqui como
‘quieto’ e como ‘silêncio’ no versículo 12. Significa uma atitude receptiva,
tranquila, que promove o aprendizado. Nada aqui sugere submissão a qualquer
capacidade intelectual ou espiritual” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da
Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição.
RJ: CPAD, 2012, p.834).
CONCLUSÃO
Quanto à oração, os
ensinos paulinos são válidos para todos os crentes, em qualquer época e em
qualquer lugar. Devemos fazer súplicas, intercessões e ações de graças diante
de Deus. No que concerne ao comportamento cristão, Paulo deu um destaque
incisivo quanto à postura das mulheres, especialmente às irmãs de Éfeso, tendo
em vista o contexto liberal e lascivo da sociedade em que a igreja estava
inserida.
PARA REFLETIR
A respeito das Cartas Pastorais:
Qual o significado do termo “deprecações”?
O termo significa suplicar, implorar, rogar por alguém.
Deus deseja que todos se salvem?
Sim. Ele deseja a salvação de todos.
De acordo com a lição, qual a melhor recompensa para um
pastor?
Ver pessoas se rendendo a Cristo e sendo batizadas nas
águas.
Como devem se vestir as servas de Deus?
Devem se vestir com trajes honestos, com pudor e modéstia.
Paulo valorizou o trabalho das mulheres na igreja?
Sim. Ele valorizou o trabalho das mulheres.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Oração e Recomendação às Mulheres Cristãs
“Numa palavra, a
oração é a suprema proteção contra o ceticismo que insinua ser o objeto da fé
mera ilusão ou uma projeção de nossos anseios na tela do infinito”. É possível
verificar elementos que marcaram a vivência e a intimidade da Igreja ao longo
da sua história: o desenvolvimento da prática de oração.
A ocasião da primeira reunião de oração dos discípulos, após
a ascensão de Jesus, denota a motivação clara (e oriunda diretamente de Jesus,
o cabeça da Igreja) da igreja de Jerusalém em viver a disciplina da oração.
Sobre o tema, o pastor Claudionor de Andrade analisou a prática da oração dos
primórdios da Igreja até a modernidade: “a oração jamais se ausentou da Igreja;
sem aquela inexistiria esta. Se Jesus foi um exemplo de oração, por que, diferentemente,
agiriam seus discípulos e apóstolos? Veja, por exemplo, Paulo. Seja nos Atos
dos Apóstolos, seja em suas epístolas, deparamo-nos com o doutor dos gentios
endereçando a Deus as mais ferventes orações. Depois da era apostólica, os pais
da igreja, além de suas lides teológicas, consagravam-se à oração. Ignácio,
Tertuliano, Ambrósio e Agostinho.
O bispo de Hipona escreveu acerca de seu ministério de
oração e intercessão: ‘Eis que dizeis: Venha a nós o vosso reino. E Deus grita:
Já vou! Não tendes medo?’. E os reformadores? Martinho Lutero foi um grande
paradigma na intercessão em favor da Igreja de Cristo naqueles períodos da
Reforma Protestante. Mais tarde chegaram os avivalistas. John Wesley
levantava-se de madrugada para falar com o Pai celeste. E o irmão Finney? Era
um gigante na oração. Com o Movimento Pentecostal a Igreja de Cristo desfez-se
em orações e súplicas por aqueles que, sem ter esperança de ver Deus,
caminhavam para o inferno. Em suas anotações pessoais, Daniel Berg e Gunnar
Vingren descrevem suas ricas experiências oriundas de uma vida de profunda
oração” (As Disciplinas da Vida Cristã. CPAD, p.36).
Ao tomarmos conhecimento de como os antigos da fé
perseveravam em oração e que tal prática é uma herança dos apóstolos, podemos
concluir, citando John Bunyan, que “jamais seremos cristãos verdadeiros, se não
formos pessoas de oração. O hábito da oração deve ser cultivado com
perseverança, não duvidando que a oração seja atendida. O hábito da oração nos
ensina a depender de Deus, deixando que Ele escolha, em sua liberdade soberana,
o tempo, o lugar, o meio e o fim, na certeza de que tudo quanto Ele fizer sempre
será o melhor” (O Pensamento da Reforma. p.54).
SUBSIDIOS
A UNIVERSALIDADE DO
EVANGELHO
1 Timóteo 2:1-7
Antes de começar a estudar esta passagem em detalhe devemos
assinalar algo que se destaca nele de tal forma que ninguém pode deixar de
vê-lo. Há poucas passagens no Novo Testamento que acentuam e sublinham desta
maneira a universalidade do evangelho. Deve-se orar por todos os homens; Deus é
o Salvador que deseja que todos os homens se salvem; Jesus deu sua vida em
resgate por todos. Como escreve Walter Lock: "A vontade de Deus para
salvar é tão ampla como sua vontade para criar."
Esta é uma nota que ressoa no Novo Testamento várias vezes.
Através de Cristo, Deus estava reconciliando ao mundo consigo (2 Coríntios
5:18-19). Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho (João 3:16). Jesus confiava
em que, se ressuscitava da cruz, mais cedo ou mais tarde todos os homens seriam
atraídos por Ele (João 12:38).
E. F. Brown ao escrever sobre esta passagem o chama "a
carta constitucional do trabalho missionário". Diz que é a prova de que
todos os homens são capax dei, capazes de receber a Deus. Poderão estar
perdidos, mas eles são possíveis de encontrar. Poderão ser ignorantes, mas
podem ser iluminados. Poderão ser pecadores, mas podem ser salvos. capax dei, o
precursor do John Knox, escreve em sua tradução da Primeira Confissão a Suíça:
"O fim e a intenção das Escrituras é declarar que Deus é benévolo e
amistoso para com os homens; e que declarou essa bondade em e através de Jesus
Cristo, seu único Filho; essa bondade se recebe por fé." Por esta razão a
oração deve alcançar a todos. Deus quer
a todos os homens, e portanto a igreja de Deus deve querê-los também.
(1) O evangelho inclui os de acima e os de baixo. Tanto o
imperador em seu poderio como o escravo em seu desamparo estão incluídos na
extensão que abrange o evangelho. Tanto o filósofo em sua sabedoria como o
homem singelo em sua ignorância necessitam a graça e a verdade que o evangelho
pode dar. Dentro do evangelho não há distinções de classe. O rei e seu súdito,
o rico e o pobre, o aristocrata e o camponês, o amo e o servo estão incluídos
em seu abraço ilimitado.
(2) O evangelho inclui a bons e maus. Um perigo estranho
chegou à Igreja nos tempos modernos. Pareceria que em muitos casos se tem por
princípio que uma pessoa deve ser respeitável antes de ser admitida na Igreja,
e que esta olhasse com desdém para pecadores que buscam entrar por suas portas.
Em realidade é muito difícil para um pecador entrar na Igreja moderna sem ser
branco de suspeitas, de questionamentos, de críticas, de olhava pouco
amistosas, e sem ser a origem de críticas, condenações e curiosidade murmuradas
e expressas publicamente. Mas o Novo Testamento é claro ao dizer que a Igreja
existe não só para edificar ao bom, mas também para receber e salvar ao
pecador.
Um dos grandes santos dos tempos modernos, e sem dúvida de
todos os tempos, é Toyohiko Kagawa. Kagawa foi aos cortiços da Shinkawa para
buscar homens e mulheres para Cristo. Viveu ali nos bairros imundos e
depravados do mundo. W. J. Smart descreve a situação: "Seus vizinhos eram
prostitutas sem licença, ladrões que alardeavam de seu poder para ser mais
preparados que toda a polícia da cidade, e assassinos que não só estavam
orgulhosos de seu assassinatos, mas também sempre estavam dispostos a aumentar
seu prestígio local cometendo outro. Toda a pessoa doente, menos dotada ou
criminal, vivia em condições de miséria abismal, em ruas plenas de imundície,
onde os ratos se arrastavam fora das bocas-de-lobo para morrer. O ar estava
sempre fétido. Uma jovem idiota que vivia ao lado da Kagawa tinha desenhos vis
pintados em suas costas para atrair a homens luxuriosos a sua pocilga. Por toda parte os corpos humanos
apodreciam com sífilis." Kagawa amava pessoas como esta, e o mesmo
acontece com Jesus Cristo, porque Ele ama de igual maneira a todos os homens
sejam bons ou maus.
(3) O evangelho abrange a cristãos e não-cristãos. Deve-se
orar por todos. Os imperadores, governadores e legisladores pelos quais esta
Carta nos pede que oremos não eram cristãos; em realidade eram hostis para com
a Igreja; e entretanto, deviam ser levados a trono da graça pelas orações da
Igreja. Para o verdadeiro cristão não existem inimigos em todo este mundo.
Ninguém fica fora de seu coração, porque ninguém está fora do amor de Cristo, e
ninguém fora do propósito de Deus, que quer que todos sejam salvos.
A MANEIRA DE ORAR
1 Timóteo 2:1-7 (continuação)
Nesta passagem se agrupam quatro palavras diferentes que
significam oração. É certo que não se as pode distinguir de maneira nítida;
entretanto, quando as examinamos, cada uma delas tem algo que nos dizer a
respeito da maneira de orar.
(1) Em primeiro lugar vem a palavra deesis, que se traduz
súplica. Deesis não é exclusivamente uma palavra religiosa; pode ser utilizada
para referir-se a uma súplica feita tanto a um semelhante como a Deus. Mas a
idéia fundamental de deesis é o sentimento de necessidade. Ninguém suplicará a
não ser que o sentimento da necessidade tenha despertado o desejo de fazer essa
súplica. A oração começa com um sentimento de necessidade. Começa com a
convicção de que não podemos nos entender solos com a vida. Começa com o
sentimento de nossa própria insuficiência, da fraqueza humana. O sentimento de
fraqueza humana é a base de todo a aproximação humana a Deus. A oração começa
com a tira de consciência do desamparo da humanidade.
(2) A segunda palavra é proseuche, que se traduz por oração.
A diferença básica entre deesis e proseuche é que a primeira pode estar
dirigida tanto ao homem como a Deus, enquanto que a segunda nunca se usa para
outra coisa senão para uma aproximação a Deus. Há certas necessidades que só
Deus pode satisfazer, que só podem ser levadas perante Ele. Existe uma força
que só Ele pode outorgar; um perdão que só Ele pode conferir; uma segurança que
só Ele pode conceder. Bem pode ser que nossas fraquezas nos persigam porque
muitas vezes levamos nossas necessidades ao lugar equivocado.
(3) A terceira palavra é enteuxis, que se traduz por
petição. Das três palavras mencionadas, esta é a mais interessante. Tem uma
história muito atrativa. É o substantivo do verbo entugchanein. Originalmente
este verbo significava simplesmente encontrar-se, ou estar de acordo com uma
pessoa; depois adquiriu um significado especial e técnico: significou entrar na
presença de um rei e lhe apresentar uma petição. Enteuxis adquiriu o
significado técnico de uma petição apresentada perante um governador ou um rei.
Isto diz muito a respeito da oração. Assinala-nos que o caminho a Deus está
aberto para nós; que se nos outorgou este dom inapreciável de falar com Deus na
intimidade; que temos o direito de levar nossas petições perante um Rei. O
cristão é o homem que tem o direito de levar suas necessidades perante a
presença real de Deus. É impossível pedir uma graça muito grande do Rei.
(4) A quarta palavra é eucaristia, que se traduz ações de
graças. Seu significado é uma parte integral da oração. Orar não só significa
pedir coisas a Deus; também significa agradecer-lhe por tudo. Para muitos de
nós a oração é um exercício de queixas, quando teria que ser um exercício em
ação de graças. Epicteto, que não era cristão, mas sim um filósofo estóico,
costumava dizer: "O que posso fazer eu, que sou um pobre velho coxo, senão
agradecer a Deus?" Temos o direito de trazer nossas necessidades, nossos
desejos e nossos pedidos perante Deus; mas também temos o dever de trazer
continuamente perante Ele nossas ações de graças.
ORAÇÃO POR AQUELES
QUE ESTÃO EM AUTORIDADE
1 Timóteo 2:1-7 (continuação)
Esta passagem de maneira definida e distintiva ordena a
oração pelos reis e os imperadores e todos aqueles que estão em autoridade.
Este era um princípio básico na oração da comunidade cristã. Os imperadores
podiam ser perseguidores. Aqueles que tinham autoridade podiam estar decididos
a apagar para sempre à Igreja cristã. Mas nunca os cristãos, até nas épocas de
perseguições mais cruentas, cessaram de orar por eles.
É extraordinário rastrear como através de todos os dias da
Igreja primitiva, aqueles dias de perseguição terrível, a Igreja ainda
considerava como um dever absoluto orar pelo imperador e seus reis e
governadores subordinados. Pedro disse: “Temei a Deus, honrai o rei” (1 Pedro
2:17), e devemos lembrar que o imperador nesse momento não era outro que Nero,
um monstro de crueldade.
Tértulo insiste em que os cristãos oravam pedindo para seu
imperador "uma longa vida, um domínio seguro, um lar a salvo, um senado
fiel, um povo justo, e um mundo em paz" (Apologia 30). Escreveu:
"Oramos por nossos governantes, pela paz de todas as coisas e para que se
posponha o fim" (Apologia 39). Escreve: "O cristão não é inimigo de
ninguém, e menos ainda do imperador, porque sabemos que, devido ao fato de que
foi nomeado por Deus, é necessário que o amemos e reverenciemos, lhe rendamos
honras, e lhe desejemos segurança, junto com todo o Império Romano. Portanto
nos sacrificamos pela segurança do imperador" (Ad Scapulam 2). Cipriano,
ao escrever ao Demetriano, fala da Igreja cristã como: "Sacrificando e
apaziguando a Deus noite e dia por sua paz e segurança" (Ad Demetrianum
20).
No ano 311 d.C. o imperador Galerio pediu as orações dos
cristãos, e lhes prometeu misericórdia e indulgência se oravam pelo Estado.
Taciano escreve: "Ordena-nos o imperador que paguemos tributo?
Voluntariamente o oferecemos. Pede-nos a autoridade que lhe prestemos serviço
ou servidão? Admitimos nossa servidão. Mas se um homem deve ser respeitado como corresponde a
um homem, só Deus deve ser reverenciado" (Apologia 4). Teófilo de
Antioquia escreve: "A honra que outorgo ao Imperador é ainda maior, porque
não o adorarei, mas orarei por ele. Não adorarei a ninguém mas sim ao Deus
verdadeiro e real, porque sei que o imperador foi nomeado por Ele... Aqueles
que honram verdadeiramente ao imperador são aqueles que estão bem dispostos
para com ele, que lhe obedecem e que oram por ele" (Apologia 1:11).
Justino Mártir escreve: "Adoramos somente a Deus, mas
em todas as outras coisas servimos prazerosos, reconhecendo os reis e
autoridades dos homens, e orando por que se encontre com uma razão pura com
poder real" (Apologia 1:14,17).
A oração mais grandiosa por um imperador encontra-se na
Primeira Epístola de Clemente de Roma à Igreja de Corinto que foi escrita pelo
ano 90 d.C. quando a selvageria de Domiciano estava ainda fresca na mente dos
homens:
"Tu, Senhor e Mestre, outorgaste a nossas autoridades e
governadores o poder da soberania através de sua força excelente e inefável,
para que nós, conhecendo a glória e a honra que lhes deste, submetamos a eles,
não resistindo sua vontade em nada. Portanto, outorga-lhes, oh Deus, saúde,
paz, concórdia, estabilidade, que possam administrar o governo que lhes deste
sem falhar. Porque Tu, oh Mestre celestial, Rei dos Séculos, outorga aos filhos
dos homens glória, honra, e poder sobre todas as coisas que estão sobre a
Terra. Dirige, Senhor, seu conselho de acordo, administrando o poder que lhes
deste, em paz e mansidão com piedade, obtenham seu favor. Oh Tu, que és capaz
de fazer estas coisas por nós, e coisas que excedem muito mais o bem que estas,
louvamos-te através do Sumo sacerdote e Guardião de nossas almas, Jesus Cristo,
por quem é a ti a glória e a majestade agora como através de todas as gerações,
e para sempre jamais. Amém" (1 Clemente 61).
A Igreja sempre considerou como um dever moral orar por
aqueles que tinham autoridade sobre os reinos da Terra. A Igreja apresentava
até a seus perseguidores perante o trono da graça.
OS DONS DE DEUS
1 Timóteo 2:1-7 (continuação)
A Igreja orava pedindo certas coisas para aqueles que
estavam em autoridade.
(1) Sua oração era “vivamos vida tranqüila e mansa”. Era a
oração por um período de paz, livre e de guerras, de rebeliões, de tudo o que
pudesse perturbar a paz do reino. Esta é a oração de um bom cidadão por seu
país.
(2) Mas a Igreja orava por muito mais que isso. Orava por
que pudesse viver em "piedade e honestidade". Aqui nos vemos
confrontados com duas grandes palavras que são a chave das Epístolas Pastorais.
São palavras que descrevem as qualidades que não só a autoridade, mas também o
cristão devem desejar.
Primeiro, piedade, que é eusebei. Esta é uma das palavras
gregas grandiosas e quase intraduzíveis. Descreve a reverência para com Deus e
rumo ao homem. Descreve aquela atitude mental do que respeita ao homem, honra a
Deus e se respeita a si mesmo. Eusébio a define como "reverência ao único
e só Deus, e o tipo de vida que Ele desejaria que levássemos". Para os
gregos, Sócrates era o grande exemplo de eusebeia, e Xenofonte descreve a
Sócrates nos seguintes termos: "Tão piedoso e devotamente religioso que
não se fez sequer uma injúria sem importância a nenhum ser vivente; tão
controlado, tão moderado, que nunca em nenhum momento escolheu o doce em lugar
do amargo; tão sensível, sábio e prudente que jamais errou em distinguir o
melhor do pior" (Xenofonte, Memorabilia, 4, 8, 11).
Esta palavra eusebeia se aproxima muito da grande palavra
latina pietas. Warde Fowler descreve assim a pietas romana: "A qualidade
conhecida pelos romanos como pietas se levanta, apesar da prova e a dor, por
cima das seduções das paixões e a comodidade egoísta. A pietas de Enéias se
converteu num sentido do dever à vontade dos deuses, como assim também a seu
pai, seu filho e seu povo; e este dever nunca o abandona." Evidentemente esta eusebeia
é algo tremendo. Nunca esquece a reverência que se deve a Deus; nem tampouco os
direitos que se devem aos homens; nem o respeito que devemos a nós mesmos. Vive
sempre consciente do dever humano e divino. Descreve o caráter do homem que
jamais lhe falha a Deus, nem ao homem, nem a si mesmo.
Em segundo lugar, está a honestidade, que é semnotes. Mais
uma vez nos encontramos no reino do intraduzível. O adjetivo correspondente
semnos aplica-se constantemente aos deuses.
R. C. Trench diz que o homem que é semnos "tem sobre si
uma graça e uma dignidade que não são outorgadas pela Terra". Diz que é
alguém que "sem pedir desafia e inspira reverência". Aristóteles foi
o grande mestre ético dos gregos. Tinha a peculiaridade de descrever todas as
virtudes como o meio entre dois extremos. Por um lado encontrava-se o extremo
do excesso, e do outro o extremo do defeito, e entre eles, o meio, a feliz
metade, na qual descansava a virtude. Assim descreve Aristóteles a semnotes.
Diz que é o termo médio entre areskeia, que significa subordinação, e
authadeia, que é arrogância. Podemos dizer que para o homem que é semnos toda a
vida é um longo ato de adoração; vive toda sua vida na presença de Deus;
move-se no mundo, como se estabeleceu, como se este fosse o templo do Deus
vivente. Nunca se esquece da divindade de Deus nem da dignidade do homem. É o
homem que possui uma atitude correta para com Deus e os homens.
Estas são duas grandes qualidades reais, mas que todos devem
cobiçar e pelas quais todos devem orar.
UM DEUS E UM SALVADOR
1 Timóteo 2:1-7 (continuação)
Paulo conclui esta passagem com uma afirmação das maiores
verdades da fé cristã.
(1) Há um só Deus. Não vivemos num mundo como o produzido
pelos gnósticos quando inventavam suas teorias a respeito dos dois deuses, hostis entre si. Não vivemos num
mundo como aquele que produziam os pagãos quando inventavam uma horda de
deuses, muitas vezes em competição e guerra entre si. Os missionários nos
relatam que um dos alívios maiores que o cristianismo brinda aos pagãos é a
convicção de que há um só Deus. Antes disso, vivem num mundo acossado por
centenas de deuses; nunca podem saber quando omitiram as honras que determinado
deus merece, e dessa maneira o ofenderam. Vivem permanentemente aterrorizados
pelos deuses. Quando descobrem que existe um só Deus cujo nome é Pai e cuja
natureza é o amor, eles se sentem libertados e emancipados.
(2) Há um só Mediador. Até os judeus teriam dito que há
muitos mediadores entre Deus e os homens. Um mediador é uma pessoa que age
entre duas partes para reuni-las. Os judeus teriam dito que os anjos são
mediadores. O Testamento de Dan (6:2) diz: "Lembra-te a Deus, e ao anjo
que intercede por ti, porque ele é o mediador entre Deus e o homem." Os
gregos diriam que há toda classe de mediadores. Plutarco disse que era um
insulto para um Deus conceber que de algum modo estava envolto diretamente com
o mundo; estava-o só através dos anjos e os demônios, dos semideuses aqueles
que eram, por assim dizer, seus oficiais de comunicação entre Ele e o mundo.
Nem no pensamento judeu nem no grego o homem tinha acesso direto a Deus. Mas,
através de Jesus Cristo, o cristão tem acesso direto a Deus, sem que nada
intercepte o caminho entre ambos. Além disso, há um só Mediador.
E. F. Brown nos relata que isso é o que se torna tão difícil
de entender aos hindus. Custa-lhes crer que Deus só tenha um método de salvação
para toda a humanidade. Dizem: “Sua religião é boa para vocês e a nossa para
nós." Mas a não ser que houvesse um Deus e um Mediador não poderia existir
a irmandade entre os homens. Se houver muitos deuses e muitos mediadores
significa que todos eles competem pela fidelidade, a obediência e o amor dos
homens. A religião se converte em algo que divide os homens em lugar de
uni-los. Devido ao fato de que existe um
Deus e um Mediador os homens são irmãos uns dos outros.
Assim, pois, Paulo continua chamando Jesus aquele que deu-se
a si mesmo em resgate por todos. Isto significa simplesmente que custou a Deus
a vida e a morte de seu próprio Filho para que os homens voltassem para Ele.
Havia uma vez um homem que perdeu a seu filho na guerra.
Tinha sido um homem que vivera uma vida descuidada e até sem Deus; mas a morte
de seu filho o levou a repensar, e o enfrentou com Deus de uma maneira que
jamais tinha experimentado em toda sua vida. Converteu-se num homem mudado. Um
dia estava de pé diante do monumento aos caídos na guerra de sua cidade,
olhando o nome de seu filho inscrito nele. E disse muito brandamente:
"Creio que tinha que cair para que eu me levantasse." Isso é o que
fez Jesus; custou a vida, a morte, a dor e o sacrifício de Jesus Cristo falar
com os homens do amor de Deus e trazê-los de novo a Ele.
Logo Paulo diz certas coisas a respeito de si mesmo. Reclama
para si quatro funções.
(1) É um pregador da história de Jesus Cristo. Um pregador é
um homem que proclama a verdade. É um homem que afirma algo e diz: "Isto é
verdade." É alguém que brinda uma proclamação que não é própria, mas sim
provém do Rei.
(2) É uma testemunha da história de Jesus. Uma testemunha é
uma pessoa que diz: "Isto é certo, e eu sei." Uma testemunha é um
homem que diz não apenas: "É certo", mas também: "Isto dá
resultado." É um homem que conta, não apenas a história de Cristo, mas
também a história do que Cristo fez por ele.
(3) É um apóstolo. Um apóstolo é alguém cuja tarefa é
encomendar e representar a seu país numa nação estrangeira. Um apóstolo no sentido
cristão é portanto alguém que encomenda a história de Cristo a outros. Deseja
comunicar essa história a outros, de maneira que signifique tanto para outros
como para ele.
(4) É um mestre. O pregador é a pessoa que proclama os
fatos; a testemunha é a que proclama o poder dos fatos; o apóstolo é aquele que
encomenda os fatos; o mestre é aquele que guia aos homens a obter o significado
dos fatos. Não é suficiente saber que Cristo viveu e morreu; devemos pensar o
que significaram essa vida e essa morte. O homem tem tanto cabeça como coração;
tem tanto cérebro como emoções; tem tanto intelecto como sentimentos. Não só
deve sentir a maravilha da história de Cristo; deve pensar um significado para
si mesmo e para o mundo.
AS MULHERES NA IGREJA
1 Timóteo 2:8-15 (continuação)
A segunda parte desta passagem trata a respeito do lugar das
mulheres na Igreja. Esta passagem não se pode ler fora de seu contexto
histórico. Surge inteiramente da situação na qual foi escrito. Está escrito
sobre o pano de fundo de duas circunstâncias que a antecedem.
(1) Está escrito sobre um pano de fundo judeu. Para os olhos
judeus, as mulheres oficialmente tinham uma posição muito baixa. É certo que
nenhuma nação dava à mulher um lugar tão grande como o judeu no lar e nos
assuntos familiares. Mas oficialmente a posição da mulher era muito baixa. Na
lei judia a mulher não era uma pessoa; era uma coisa. Estava inteiramente à
disposição de seu marido ou de seu pai. Era-lhe proibido aprender a Lei;
instruir a uma mulher na Lei era como jogar pérolas aos porcos. As mulheres não
tinham parte no serviço da sinagoga; estavam separadas, não podiam ser vistas,
e não se lhes permitia participar do serviço. O homem ia à sinagoga para
aprender; mas a mulher, no máximo, ia escutar. Na sinagoga a leitura das
Escrituras era realizada por membros da congregação; mas não por mulheres,
porque isso teria sido diminuir "a honra da congregação". À mulher
estava absolutamente proibido ensinar numa escola; não podia nem sequer ensinar
os meninos menores. A mulher estava excetuada das demandas estabelecidas da
Lei. Não lhe era obrigatório assistir às festividades e festivais sagrados.
Eram classificados juntos às mulheres, os escravos e os meninos. Na oração
matinal judaica o homem agradecia a Deus por não tê-lo feito "um gentio,
um escravo ou uma mulher".
Nos Afirmações dos Pais se citam estas palavras do rabino
José Ben Johanan: "Sua casa esteja totalmente aberto, e deixem que os
pobres sejam sua família, e falem pouco com uma mulher." Disse-o
referindo-se à sua própria mulher, e
mais ainda no caso da mulher de um companheiro. Porque os sábios disseram:
"Todo aquele que fala muito com uma mulher se causa mal a si mesmo, e
desiste das tarefas da Lei, e seu fim é que herda o Geena."
Um rabino estrito nunca saudava uma mulher na rua, nem
sequer a sua própria mulher nem a sua filha, nem a sua mãe, nem a sua irmã.
Dizia-se a respeito das mulheres: "Sua tarefa é a de enviar aos meninos à
sinagoga; atender os assuntos domésticos; deixar a seu marido livre para que
estude nas escolas; manter sua casa até que ele volte." Devemos lembrar
que a Igreja surgiu num meio judeu como este.
(2) Está escrito sobre um pano de fundo grego. Estes
antecedentes faziam que as coisas fossem duplamente dificultosas. O lugar das
mulheres dentro da religião grega era baixo. O templo de Afrodite em Corinto
tinha mil sacerdotisas que eram prostitutas sagradas e que todas as noites
ofereciam sua mercadoria nas ruas da cidade. O templo de Diana em Éfeso tinha
cem sacerdotisas chamadas Melissae, que significa as abelhas, e cuja função era
a mesma.
A mulher grega respeitável levava uma vida de fechamento.
Vivia em suas próprias habitações nas que ninguém podia entrar salvo seu
marido. Nem sequer estava presente nas refeições. Nunca aparecia sozinha na
rua; nunca ia a uma assembléia pública, e menos ainda falava ou tomava parte
ativa em tais assembléias. O fato é que se numa cidade grega as mulheres
cristãs tivessem tomado parte ativa, falado e ensinado na tarefa da Igreja
cristã, a Igreja inevitavelmente houvesse ganho a reputação de ser o ponto de
reunião de mulheres perdidas e imorais. O certo é que em nenhuma sociedade
grega se poderiam ter estabelecido outras normas como estas.
O que é pior, na sociedade grega havia mulheres cuja vida
consistia em elaborar adornos e galões para o cabelo. Em Roma, Plínio nos conta
a respeito de uma noiva, Lolia Paulina, cujo vestido de bodas custou o
equivalente a cem mil dólares. Até os gregos e os próprios romanos estavam
surpreendidos pelo amor ao vestido, ao desdobramento e aos adornos que caracterizava a algumas de suas
mulheres. As grandes religiões gregas eram chamadas religiões de Mistérios, e
tinham precisamente as mesmas normas a respeito do vestido. Há uma inscrição
que diz o seguinte: "Uma mulher consagrada não levará ornamentos de ouro,
nem cabelo trancado, nem rouge, nem branqueará o rosto, nem usará vinchas, nem
sapatos, exceto aqueles feitos de feltro ou dos couros dos animais
sacrificados."
A Igreja cristã não estabeleceu estas normas para que fossem
permanentes, mas sim como coisas que eram necessárias na situação na que se
encontrava a Igreja primitiva.
Em todo caso, a situação tem outro aspecto. Bem pode ser que
na velha história seja a mulher a que foi criada em segundo lugar, e foi ela a
que caiu perante a sedução da serpente que era o tentador; mas foi Maria de
Nazaré a que deu a luz e educou o menino Jesus; foi Maria de Magdala a primeira
em ver o Senhor Ressuscitado; foram quatro mulheres as que, de todos os
discípulos, estiveram ao lado da cruz. Priscila com seu marido Áqüila era uma
mestra apreciada na Igreja primitiva, uma mestra que guiou a Apolo no
conhecimento da verdade (Atos 18:26). Evódia e Síntique, apesar de sua
desavença, eram mulheres que trabalhavam no evangelho (Filipenses 4:2-3).
Filipe, o evangelista, tinha quatro filhas que eram profetisas (Atos 21: 9). As
mulheres anciãs podiam ensinar (Tito 2:3). Paulo considerava com alta honra a
Lóide e Eunice (2 Timóteo 1:5), e muitos nomes de mulheres são mencionados com
alta estima em Romanos 16.
Todas as coisas das que se fala neste capítulo são simples
normas transitivas estabelecidas para enfrentar uma situação dada. Se queremos
conhecer a perspectiva real e permanente de Paulo sobre este assunto, temo-la
em Gálatas 3:28: “Não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem
homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. Em Cristo se
apagam as diferenças de lugar, honra, prestígio e função dentro da Igreja.
E entretanto, esta passagem finaliza com uma grande verdade.
As mulheres, diz, se salvarão gerando filhos. Há dois significados possíveis
nisto. Seria levemente possível que esta fosse uma referência ao fato de que
Maria, uma mulher, foi a mãe de Jesus. Pode ser que signifique que as mulheres
serão salvas — como todos o serão — pelo ato supremo de gerar filhos pelo qual
o Filho de Deus nasceu no mundo. Mas é muito mais provável que o significado
desta passagem seja mais simples; e que signifique que as mulheres encontrarão
a vida e a salvação, não indo a reuniões, nem falando perante elas, mas na
maternidade, que é sua coroa. Seja como for, a mulher é rainha dentro de seu
lar.
Não devemos ler esta passagem como uma barreira à tarefa e
serviço da mulher dentro da Igreja; devemos fazê-lo à luz de seu pano de fundo
judeu e da situação numa cidade grega. E devemos buscar o pensamento permanente
de Paulo na passagem que nos diz que se apagaram as diferenças, e que os homens
e as mulheres, os escravos e os homens livres, os judeus e os gentios, todos
são aptos para servir a Cristo.
1TIMOTEO 2.4 QUER QUE TODOS OS HOMENS SE SALVEM. A
Bíblia revela dois aspectos da vontade de Deus para a humanidade no tocante à
salvação:
(1) a sua perfeita vontade, pela qual Ele deseja "que todos os homens se salvem"; e
(2) sua vontade permissiva, pela qual Ele permite e tolera
que muitos o rejeitem e à sua salvação (ver Mt 7.21; Lc 7.30; 13.34; Jo 7.17;
At 7.51.
1TIMOTEO 2.5 UM SÓ MEDIADOR... JESUS CRISTO. É somente
através de Jesus Cristo que podemos aproximar-nos de Deus (Hb 7.25), confiando
na sua morte expiatória para nos remir dos nossos pecados, e orando com fé, pedindo forças e
misericórdia divinas para nos ajudar em todas as nossas necessidades (Hb 4.14-16).
Não devemos permitir que criatura alguma usurpe o lugar de Cristo em nossa
vida, dirigindo-se-lhe orações (ver Hb 8.6; 9.15; 12.24).
ORAÇÃO
1TIMOTEO 2.8 OS HOMENS OREM... LEVANTANDO MÃOS SANTAS.
No culto público das igrejas no NT, parece que era costume todos os adoradores
fazerem suas orações em voz alta (ver At 4.24-31; cf. Ed 3.12,13). Para ser
aceitável, a oração devia ser oferecida por pessoas que viviam uma vida santa e
justa, i.e., com "mãos santas".
MATEUS 6.12 PASSOU A NOITE EM ORAÇÃO.
Constantemente, Jesus procurava estar a sós em oração com o Pai, principalmente
nos momentos de grandes decisões (ver 5.16).
(1) Uma noite inteira em fervente oração dará resultados surpreendentes
(ver Tg 5.16). Depois de passar aquela noite em oração, Jesus escolheu os doze
para serem seus apóstolos (vv. 13-16), curou muitos que estavam enfermos (vv.
17-19) e pregou seu sermão mais conhecido (vv. 20-49). Se Jesus, o perfeito
Filho de Deus, passou uma noite toda em oração ao Pai, para tomar uma importante
decisão, quanto mais nós, com nossas fraquezas e nossos fracassos, precisamos
orar muito e cultivar uma íntima comunhão com nosso Pai celestial.
(2) Observemos que foi oração a Deus ; -i. -e., a oração de
Jesus tinha endereço certo. Muitas orações não são respondidas porque não têm o
destino certo; estão com o endereço errado, ou não têm endereço nenhum.
LUCAS 5.16 ELE RETIRAVA-SE PARA OS DESERTOS E ALI
ORAVA.
(1) Lucas ressalta mais do que os outros Evangelhos a
prática da oração na vida e na obra de Jesus.
a) Quando o Espírito Santo desceu sobre Jesus no Jordão, Ele
estava orando (3.21);
b) em certas ocasiões, afastava-se das multidões para orar
(5.16), e passou a noite em oração antes de escolher os doze apóstolos (6.12).
c) Ficou orando em particular antes de fazer uma pergunta
importante aos seus discípulos (9.18); por ocasião da sua transfiguração, Ele
subiu ao monte a orar (9.28); sua transfiguração ocorreu estando Ele orando
(v.29); e estava ele a orar antes de ensinar aos discípulos a chamada Oração do
Senhor (11.1).
d) No Getsêmani, Ele orava mais intensamente (22.44);
e) na cruz, orou pelos outros (23.34); e suas últimas
palavras antes de morrer foram uma oração (23.46).
f) Está registrado que Ele também orou depois da sua
ressurreição (24.30).
(2) Ao observarmos a vida de Jesus nos outros Evangelhos,
nota-se que Ele orou antes do convite, Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos (Mt 11.25-28); Ele orou junto ao túmulo de Lázaro (Jo
11.41,42) e durante a instituição da Ceia do Senhor (Jo 17), ver Mt 14.2.
MATEUS 14.23 ORAR À PARTE. Enquanto estava neste
mundo, Jesus freqüentemente procurava estar a sós com Deus (cf. Mc 1.35; 6.46;
Lc 5.16; 6.12; 9.18; 22.41,42; Hb 5.7). Passar tempo a sós com Deus é essencial
para o bem-estar espiritual de cada crente. Devemos estar continuamente
conscientes de que a falta de oração individual ao nosso Pai celestial é um
sinal inconfundível de que a vida espiritual dentro de nós está em declínio. Se
assim acontecer, devemos repudiar tudo que ofende ao Senhor e renovar nosso
compromisso de perseverar em buscá-lo e a sua graça salvífica (ver Lc 18.1).
LUCAS 18.1 O DEVER DE ORAR SEMPRE. O empenho
constante de Jesus era levar seus seguidores a reconhecerem a necessidade de
estarem continuamente em oração, para cumprirem a vontade de Deus na suas vidas.
Desta parábola da viúva que perseverava em oração, aprendemos que:
(1) Os crentes devem perseverar em oração em todo tempo, até
a volta de Jesus (vv. 7,8; Rm 12.12; Cl 4.2; Ef 6.18; 1 Ts 5.17).
(2) Nesta vida, temos um adversário (v. 3), que é Satanás (1
Pe 5.8). A oração pode nos proteger do Maligno (Mt 6.13).
(3) Através da oração, os filhos de Deus devem clamar-lhe
contra o pecado e por justiça (v. 7).
(4) A oração perseverante é considerada como fé (v. 8).
(5) Nos últimos dias antes da volta de Cristo haverá um aumento
de oposição diabólica às orações dos fiéis (1 Tm 4.1). Por causa de Satanás e
dos prazeres do mundo, muitos deixarão de ter uma vida de perseverante oração
(8.14; Mt 13.22; Mc 4.19)
LUCAS 18.7 ESCOLHIDOS... CLAMAM... DE DIA E DE NOITE.
Os verdadeiros escolhidos de Deus (i.e., os que perseveram na fé e na
santidade) nunca cessarão de clamar a Deus pela volta de Cristo à terra, a fim
de destruir o poder de Satanás e o presente sistema iníquo deste mundo.
Perseverarão na oração, para Deus depressa fazer justiça (vv. 3,8) e para Cristo
reinar em justiça, sabendo que a sua segunda vinda é a única esperança veraz
para este mundo (cf. Jo 14.2; 1 Ts 5.2,3; 2 Ts 2.8; Ap 19.11-21).
5.16 A ORAÇÃO... POR
UM JUSTO PODE MUITO. A oração do justo realiza muitas coisas. A oração do
justo:
(1) leva-o mais perto de Deus (Hb 7.25);
(2) abre o caminho para uma vida cheia do Espírito (Lc
11.13; At 1.14);
(3) dá-lhe poder para servir (At 1.8; 4.31,33) e para a
devoção cristã (Ef 3.14-21);
(4) edifica-o espiritualmente (Jd 20);
(5) dá-lhe compreensão da provisão de Cristo por nós (Ef
1.18,19);
(6) ajuda-o a vencer Satanás (Dn 10.12,13; Ef 6.12,18);
(7) esclarece a vontade de Deus para ele (Sl 32.6-8; Pv
3.5,6; Mc 1.35-39);
(8) capacita-o a receber dons espirituais (1 Co 14.1);
(9) leva-o à comunhão com Deus (Mt 6.9; Jo 7.37;
14.16,18,21);
(10) outorga-lhe graça, misericórdia e paz (Fp 4.6,7; Hb 4.16);
(11) leva os perdidos de volta a Cristo (5.20; Gl 4.19);
(12) outorga-lhe
sabedoria, revelação e conhecimento de Cristo (Ef 1.17);
(13) proporciona-lhe a cura (5.15);
(14) dá- lhe livramento nas aflições (Sl 34.4-7; Fp 1.19);
(15) glorifica a Deus com louvor e ações de graças (Sl
100.4);
(16) torna real a presença de Cristo (Jo 14.21; Ap 3.20); e
(17) assegura-lhe a salvação final e a intercessão de Cristo
em seu favor (Hb 7.25).
TIAGO 5.18 OROU OUTRA VEZ E O CÉU DEU CHUVA.
Elias era um homem que cria que suas orações a Deus realizariam muita coisa,
inclusive a intervenção divina no curso da natureza. Cria que a oração feita
por um justo pode mudar as coisas e as circunstâncias (5.13-16; Sl 34.6; Is
38.1-5; Mt 17.21; 26.41,53; Mc 11.24; 2 Ts 3.1; ver 1 Rs 17.22; 18.42).
(1) Devemos tomar cuidado para não aceitar nenhum ensino que
estrague nossa fé quanto ao poder da oração, levando Deus a intervir em nossas
vidas. Um desses falsos ensinos é o conceito da "fatalidade"; a noção
pagã afirmando que tudo que fazemos e tudo que nos acontece é fixado
imutavelmente de antemão, muito tempo antes de sua ocorrência. A crença na
fatalidade é contrária às Escrituras e leva a pessoa a crer que tanto o bem
quanto o mal são absolutamente pré-determinados e inalteráveis, e que de nada
adianta a fervorosa oração da fé pelo justo.
(2) As Escrituras ensinam que Deus lida com seus filhos, não
através do determinismo absoluto, mas pela providência divina mediante a qual
Ele comunga com os justos e responde suas orações. Nossas orações e nossa fé em
Deus fazem com que aconteça muitas coisas boas que doutra forma não
aconteceriam (Êx 32.9-14).
SALVAÇÃO.
MATEUS 28.19 IDE... ENSINAI... BATIZANDO. Estas
palavras constituem a Grande Comissão de Cristo a todos os seus seguidores, em
todas as gerações. Declaram o alvo, a responsabilidade e a outorga da tarefa missionária da igreja.
(1) A igreja deve ir a todo o mundo e pregar o evangelho a
todos, de conformidade com a revelação no NT, da parte de Cristo e dos
apóstolos (ver Ef 2.20). Esta tarefa inclui a responsabilidade primordial de
enviar missionários a todas as nações (At 13.1-4).
(2) O evangelho pregado centraliza-se no arrependimento e na
remissão (perdão) dos pecados (Lc 24.47), na promessa do recebimento de o dom
do Espírito Santo (At 2.38), e na exortação de separar-nos desta geração
perversa (At 2.40), ao mesmo tempo em que esperamos a volta de Jesus, do céu
(At 3.19,20; 1 Ts 1.10).
(3) O propósito da Grande Comissão é fazer discípulos que
observarão os mandamentos de Cristo. Este é o único imperativo direto no texto
original deste versículo. A intenção de Cristo não é que o evangelismo e o
testemunho missionário resultem apenas em decisões de conversão. As energias
espirituais não devem ser concentradas meramente em aumentar o número de
membros da igreja, mas, sim, em fazer discípulos que se separam do mundo, que
observam os mandamentos de Cristo e que o seguem de todo o coração, mente e
vontade (cf. Jo 8.31).
(4) Note-se, ainda, que Cristo nos ordena a concentrar
nossos esforços para alcançar os perdidos e não em cristianizar a sociedade ou
assumir o controle do mundo. Aqueles que crêem em Cristo devem abandonar o
presente sistema mundano maligno e separar-se da sua imoralidade (Rm 13.12; 2
Co 6.14; e ao mesmo tempo expor a sua
malignidade (Ef 5.11).
(5) Os que crêem em Cristo e no evangelho devem ser
batizados em água. Este ato representa o compromisso que assumiram, de renúncia
à imoralidade, ao mundo e à sua própria natureza pecaminosa e de se consagrar
sem reservas a Cristo e aos propósitos do seu reino (ver At 22.16 nota sobre o
batismo em água).
(6) Cristo estará com seus seguidores obedientes, através da
presença e do poder do Espírito Santo (cf. v. 20; 1.23; 18.20). Devem ir a
todas as nações e testemunhar somente depois que do alto sejam revestidos de poder
(Lc 24.49; ver At 1.8).
JOÃO 3.16 DEUS AMOU O MUNDO DE TAL MANEIRA.
João 3.16 revela o coração e o propósito de Deus para com a humanidade.
(1) O amor de Deus é suficientemente imenso para abranger
todos os homens, i.e., "o mundo" (cf. 1 Tm 2.4).
(2) Deus
"deu" seu Filho como oferenda na cruz por nossos pecados. A expiação
procede do coração amoroso de Deus. Não foi algo que Ele foi obrigado a fazer
(1 Jo 4.10; Rm 8.32).
(3) Crer (gr. pisteuo) inclui três elementos principais:
(a) plena convicção de que Cristo é o Filho de Deus e o
único Salvador do perdido pecador;
(b) comunhão com Cristo pela nossa auto-submissão, dedicação
e obediência a Ele (cf. 15.1-10; ver 14.21; Jo 15.4);
(c) plena confiança em Cristo de que Ele é capaz e também
quer conduzir o crente à salvação final e à comunhão com Deus no céu.
(4) "Perecer" é a quase sempre esquecida palavra
em 3.16. Ela não se refere à morte física, mas à pavorosa realidade do castigo eterno
no inferno (Mt 10.28).
(5) "Vida eterna" é a dádiva que Deus outorga ao
homem quando este nasce de novo. "Eterna" expressa não somente a
perpetuidade da nova vida, mas também a qualidade desta vida, como a de Deus;
uma vida que liberta o homem do poder do pecado e de Satanás, e que o afasta
daquilo que é puramente terreno para que ele conheça a Deus (cf. 8.34-36; ver
17.3).
JOÃO 15.4 ESTAI EM MIM. Quando uma pessoa crê
em Cristo e recebe o seu perdão, recebe a vida eterna e o poder de estar ou
permanecer nEle. Tendo esse poder, o crente precisa aceitar sua responsabilidade
quanto à salvação e permanecer em Cristo. Assim como a vara só tem vida
enquanto a vida da videira flui na vara, o crente tem a vida de Cristo somente
enquanto esta vida flui nele pela sua permanência em Cristo. A palavra grega
aqui é meno, que significa "continuar", "permanecer",
"ficar", "habitar". As condições mediante as quais permanecemos
em Cristo são:
(1) conservar a Palavra de Deus continuamente em nosso
coração e mente, tendo-a como o guia das nossas ações (v. 7);
(2) cultivar o hábito da comunhão constante e profunda com
Cristo, a fim de obtermos dEle forças e graça (v. 7);
(3) obedecer aos seus mandamentos e permanecer no seu amor
(v. 10) e amar uns aos outros (vv. 12,17);
(4) conservar nossa vida limpa, mediante a Palavra, resistindo
a todo pecado, ao mesmo tempo submetendo-nos à orientação do Espírito Santo (v.
3; 17.17; Rm 8.14; Gl 5.16-18; Ef 5.26; 1 Pe 1.22).
ATOS 4.12 EM NENHUM
OUTRO HÁ SALVAÇÃO. Os discípulos tinham convicção de que a maior
necessidade de cada indivíduo era a salvação do pecado e da ira de Deus, e
pregavam que esta necessidade não poderia ser satisfeita por nenhum outro,
senão Jesus Cristo. Isto revela a natureza exclusiva do evangelho e coloca
sobre a igreja a pesada responsabilidade de pregar o evangelho a todas as
pessoas. Se houvesse outros meios de salvação, a igreja poderia ficar
despreocupada. Mas, segundo o próprio Cristo (Jo 14.6), não há esperança para
ninguém, fora da salvação em Cristo (cf. 10.43; 1 Tm 2.5,6). Este é o
fundamento do imperativo missionário.
ISAIAS 49.5 QUE EU LHE TORNE A TRAZER JACÓ. Esta
profecia descreve dois aspectos importantes da missão de Jesus: (1) trazer
Israel de volta a Deus i.e., os judeus convertidos da igreja do NT e da época
presente, bem como o remanescente de Israel a ser restaurado nos dias finais; e
(2) levar a luz divina e a mensagem da salvação a todas as nações.
ISAIAS 49.6 A MINHA SALVAÇÃO ATÉ À EXTREMIDADE DA
TERRA. A missão do Messias é fazer com que todas as nações ouçam o
evangelho e tenham a oportunidade de crer no Filho-Servo de Deus. Este
versículo é, às vezes, chamado a grande comissão do Antigo Testamento . Essa
comissão não será cumprida até que o evangelho seja devidamente pregado ao
mundo inteiro. Quando isso acontecer, então virá o fim (ver Mt 24.14). A tarefa
dos crentes do NT é pregar fielmente o evangelho e levá-lo a todas as nações
até que volte o Senhor.
AS MULHERES
1TIMOTEO 2.9 AS MULHERES SE ATAVIEM EM TRAJE HONESTO,
COM PUDOR E MODÉSTIA. A vontade de Deus é que as mulheres cristãs cuidem de
se vestir com modéstia e discreção.
(1) A palavra "pudor" (gr. aidos) subentende
vergonha em exibir o corpo. Envolve a recusa de vestir-se de tal maneira que
atraia atenção para o seu corpo e ultrapasse os limites da devida moderação. A
fonte originária da modéstia acha-se no coração da pessoa, no seu âmago.
Noutras palavras, modéstia é a manifestação externa de uma pureza interna.
(2) Vestir-se de modo imodesto para despertar desejos
impuros nos outros é tão errado como o desejo imoral que isso provoca. Nenhuma
atividade ou condição, justifica o uso de roupas imodestas que exponham o corpo
de tal maneira que provoquem desejo imoral ou concupiscência em alguém (cf. Gl
5.13; Ef 4.27; Tt 2.11,12; ver Mt 5.28).
(3) É vergonhosa a situação de qualquer igreja que desconsidere
o padrão bíblico para o modo modesto do vestir-se, e que adota passivamente os
costumes do mundo. Nestes dias de liberação sexual, a igreja deve comportar-se
e vestir-se de modo diferente da sociedade corrupta que repudia e ridiculariza
a vontade do Espírito Santo, i.e., que haja modéstia, pureza e moderação
piedosa (cf. Rm 12.1,2).
2.9 NÃO COM TRANÇAS,
OU COM OURO. Estas palavras devem se referir à prática da época de trançar
os cabelos com fios de ouro, ou com outros artigos de luxo, inclusive como
prática idolátrica.
1TIMOTEO 2.12 NÃO PERMITO...QUE A MULHER ENSINE. O
homem e a mulher são igualmente amados e preciosos à vista de Deus (Gl
3.27,28). Porém, foi ao homem que Deus entregou a responsabilidade de direção
da família e da igreja.
(1) 2.12-15 mostra que não é permitido na igreja a mulher
ensinar de modo normativo, diretivo e terminante, como faz o dirigente da
congregação (cf. 1 Co 14.34). Entretanto, isto não quer dizer que é proibido a
mulher cristã ensinar a homens individualmente (como em At 18.26); profetizar
no culto da igreja, sob o impulso direto do Espírito Santo (1 Co 11.5,6; 12.10
nota 2;14.3; At 21.9); ensinar na igreja a outras mulheres, inclusive as jovens
(Tt 2.3,5; 2 Tm 1.5; 3.14,15); evangelizar em sua casa, instruindo homens e
mulheres nos caminhos do Senhor (At 16.14,40).
(2) O ensino de Paulo quanto à mulher não ensinar como
dirigente da igreja, vem dos princípios estabelecidos pelo Criador para o homem
e a mulher, quando da sua criação original (Gn 2.18; 1 Co 11.8,9; 1 Tm 2.13), e
dos efeitos da entrada do pecado na raça humana (1 Tm 2.14).
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