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segunda-feira, 7 de março de 2016

UM PANORAMA DOS EVANGELHOS



O EVANGELHO DE MATEUS

Esboço

I. A Apresentação do Messias (1.1—4.11)

A. A Linhagem Judaica de Jesus (1.1-17)

B. Seu Nascimento e Fuga Para o Egito (1.18—2.23)

C.  O Predito Precursor do Messias (3.1-12)

D. O Batismo do Messias (3.13-17)

E. A Tentação do Messias (4.1-11)


II. O Ministério de Jesus na Galiléia e Arredores (4.12—18.35)

A. Resumo do Ministério Inicial na Galiléia (4.12-25)

B. Sermão Sobre o Discipulado no Reino de Deus (5.1—7.29)

C. Narrativa I: Sinais Miraculosos do Reino de Deus (8.1 —9.38)

D. Sermão da Proclamação do Reino (10.1-42)

E. Narrativa II: A Presença do Reino de Deus (11.1—12.50)

F. Sermão Sobre os Mistérios do Reino de Deus (13.1-58)

G. Narrativa III: Oposição ao Reino de Deus (14.1—17.27)

H. Sermão Sobre o Crente Como Membro do Reino de Deus (18.1-35)


III.  O Auge do Ministério Messiânico de Jesus na Judéia, Peréia e em Jerusalém  (19.1—26.46)

A. A Viagem de Jesus a Jerusalém (19.1—20.34)

B. A Última Semana de Jesus em Jerusalém (21.1—26.46)

1. Entrada Triunfal de Jesus e Purificação do Templo (21.1-22)

2. Disputas com os Judeus (21.23—22.46)

3. Censura aos Escribas e Fariseus (23.1-39)

4. Sermão do Monte das Oliveiras Sobre o Futuro do Reino de Deus (24.1—25.46)

5. A trama para matar Jesus (26.1-16)

6. A Última Páscoa (26.17-30)

7. Getsêmani (26.31-46)


IV.  A Prisão, Julgamento e Crucificação de Jesus (26.47—27.66)

A. A Prisão (26.47-56)

B. O Julgamento (26.57—27.26)

C. A Crucificação (27.27-56)

D. O Sepultamento (27.57-66)


V. A Ressurreição de Jesus (28.1-20)

A. A Gloriosa Descoberta das Mulheres (28.1-10)

B. Falsas Testemunhas (28.11-15)

C. A Ordem do Senhor Ressurreto aos seus Discípulos (28.16-20)



Autor: Mateus
Tema: Jesus, o Messias e Rei
Data: Cerca de 60 d.C.



Considerações Preliminares
É muito apropriado que dentre os Evangelhos este seja o primeiro, servindo assim de introdução ao NT e a “Cristo, o Filho do Deus vivo” (16.16). Embora o autor não apareça identificado por nome no texto  bíblico, o testemunho unânime de todos os antigos pais da igreja (a partir de cerca de 130 d.C.) é que este Evangelho foi escrito por Mateus, um dos doze discípulos de Jesus. O Evangelho segundo Mateus foi escrito para os crentes judaicos. A origem judaica deste Evangelho se sobressai de muitas maneiras, por exemplo:

(1) ele apóia-se na revelação, promessas e profecias do AT, para comprovar que Jesus era o Messias de há muito esperado;

(2) faz a linhagem de Jesus retroceder até Abraão (1.1-17);

 (3) declara repetidas vezes que Jesus é o “Filho de Davi” (1.1; 9.27; 12.23; 15.22; 20.30,31; 21.9, 15; 22.41-45);

(4) usa preferencialmente a terminologia judaica, como “reino dos céus” (um sinônimo de “reino de Deus”), por causa da reverente relutância dos judeus quanto a pronunciarem literalmente o nome de Deus; e
(5) faz referência a costumes judaicos sem maiores explicações (prática essa diferente nos demais Evangelhos).Este Evangelho, porém, não é exclusivamente judaico. Assim como a mensagem do próprio Jesus, o Evangelho segundo Mateus visava, em última análise, à igreja inteira, revelando fielmente o escopo universal do evangelho (e.g., 2.1-12; 8.11,12; 13.38; 21.43; 28.18-20).

A data e o local onde este Evangelho foi escrito são incertos. Há, no entanto, bons motivos para crer que Mateus escreveu antes de 70 d.C., estando na Palestina ou em Antioquia da Síria. Certos eruditos bíblicos crêem que Mateus foi o primeiro dos quatro Evangelhos a ser escrito; outros atribuem essa primazia ao Evangelho segundo Marcos.

Propósito
Mateus escreveu este Evangelho:
 (1) para prover seus leitores de um relato da vida de Jesus, por uma testemunha ocular,

(2) para assegurar aos seus leitores que Jesus é o Filho de Deus e o Messias, esperado desde o remoto passado, predito pelos profetas do AT, e

(3) para demonstrar que o reino de Deus se manifestou em Jesus de maneira incomparável.

Mateus deixa claro para seus leitores:
 (1) que Israel, na sua maioria, rejeitou a Jesus e ao seu reino e se recusou a crer nEle por ter Ele vindo como um Messias espiritual, e não político, e

(2) que somente no fim da presente era é que Jesus virá em glória, como Rei dos reis para julgar e governar as nações.

Visão Panorâmica
Mateus apresenta Jesus como o cumprimento da esperança profética de Israel. Ele cumpre as profecias do AT, a saber:

1 - O modo como Jesus nasceu (1.22,23),

2 - o lugar do seu nascimento (2.5,6),

3 - o seu regresso do Egito (2.15),

4 - sua residência em Nazaré (2.23);

5 - como aquele, para o qual estava predito um precursor messiânico (3.1-3);

6 - o território principal do seu ministério público (4.14-16),

7 - o seu ministério de cura (8.17),

8 - a sua missão com o servo de Deus (12.17-21),

os seus ensinos por parábolas (13.34,35),

9 - a sua entrada triunfal em Jerusalém (21.4,5),

10 - a sua prisão (26.50, 56).

Os capítulos 5–25 registram cinco principais sermões e cinco principais narrativas de Jesus, em torno dos seus atos poderosos como o Messias. Os cinco principais sermões são:

(1) o Sermão da Montanha (5–7);

(2) instruções para os proclamadores itinerantes do reino de Deus (10);

(3) as parábolas a respeito do reino (13);

(4) o caráter dos verdadeiros discípulos do Senhor (18); e

(5) o sermão do Monte das Oliveiras, a respeito do fim dos tempos (24-25).


As cinco principais narrativas deste Evangelho são:

(1) Jesus efetua obras poderosas em testemunho da realidade do seu reino (8,9);

(2) Jesus demonstra mais profundamente a presença do reino (11,12);

(3) a proclamação do reino provoca oposição diversa (14—17);

(4) a viagem de Jesus a Jerusalém e sua última semana ali (21.1-26.46); e

(5) a prisão, crucificação e ressurreição de Jesus dentre os mortos (26.47-28.20). Os três últimos versículos deste Evangelho registram a Grande Comissão de Jesus a seus discípulos.

Características Especiais
São sete as características principais deste Evangelho são:

(1) É o mais judaico dos quatro Evangelhos.

(2) Contém a exposição mais sistemática dos ensinos de Jesus e do seu ministério de cura e libertação. Isto levou a igreja, no século II, a usá-lo intensamente na instrução dos novos convertidos.

(3) Os cinco sermões principais já mencionados contêm os textos mais extensos dos Evangelhos sobre o ensino de Jesus (a) durante seu ministério na Galiléia, e (b) quanto a escatologia (as últimas coisas a acontecer).

(4) Este Evangelho, de modo específico, identifica eventos da vida de Jesus como sendo cumprimento do AT, com mais freqüência do que qualquer outro livro do NT.

(5) Menciona o reino dos céus (reino de Deus) duas vezes mais do que qualquer outro Evangelho.

(6) Mateus destaca (a) os padrões de retidão do reino de Deus (5–7); (b) o poder divino ora em operação no reino, sobre o pecado, a doença, os demônios e a morte; e (c) o triunfo futuro do reino, na vitória final de Cristo, nos fins dos tempos.

(7) Mateus é o único Evangelho que menciona a igreja como entidade futura pertencente a Jesus (16.18; 18.17).




O EVANGELHO DE MARCOS

Esboço

I. A Preparação para o Ministério de Jesus (1.1-13)

A. O Ministério de João Batista (1.2-8)

B. O Batismo de Jesus (1.9-11)

C. A Tentação de Jesus (1.12,13)



II. O  Ministério Inicial na Galiléia (1.14–3.6)

A. Os Quatro Primeiros Discípulos (1.14-20)

B. Um Sábado em Cafarnaum (1.21-34)

C. A Primeira Viagem de Pregação (1.35-45)

D. Conflito com os Fariseus (2.1—3.6)



III. O Ministério Posterior na Galiléia (3.7—7.23)

A. Retirada à Beira-Mar (3.7-12)

B. A Escolha dos Doze Discípulos (3.13-19)

C. Amigos e Inimigos (3.20-35)

D. Ensinando Através de Parábolas (4.1-34)

E. Ensinando Através de Obras Poderosas (4.35—5.43)

F. Jesus em Nazaré (6.1-6)

G. A Missão dos Doze (6.7-13)

H. Herodes e João Batista (6.14-29)

I. Milagres e Ensinos Junto ao Mar da Galiléia (6.30-56)

J. Conflito com as Tradições (7.1-23)



IV. O Ministério Além da Galiléia (7.24—9.29)

A. Duas Curas de Gentios (7.24-37)

B. Mais Milagres (8.1-26)

C. O Episódio de Cesaréia de Filipo (8.27—9.1)

D.A Cena da Transfiguração (9.2-29)



V. A  Caminho de Jerusalém (9.30—10.52)

A. Caminhando Através da Galiléia (9.30-50)

B. O Ministério na Peréia (10.1-52)



VI.A Semana da Paixão (11.1—15.47)

A.Domingo: Entrada Triunfal em Jerusalém (11.1-11)



B.Segunda-Feira

1. Amaldiçoando a Figueira (11.12-14)

2. Purificando o Templo (11.15-19)



C. Terça-Feira

1. Fé e Medo Quanto aos Discípulos (11.20-33)

2. Parábolas e Controvérsias (12.1-44)

3. O Sermão Profético (13.1-37)

4. Jesus é Ungido em Betânia (14.1-11)



D. Quinta-Feira: A Última Ceia (14.12-25)



E. Sexta-Feira

1. Jesus em Getsêmani (14.26-52)

2. Jesus Perante o Sinédrio (14.53-72)

3. Jesus Perante Pilatos (15.1-20)

4. Jesus Crucificado e Sepultado (15.21-47)



VII. A Ressurreição de Jesus (16.1-20)

A .A Ressurreição Anunciada (16.1-8)

B. Aparições Pós-Ressurreição (16.9-18)

C. A Ascensão e a Missão Apostólica (16.19,20)



Autor: Marcos
Tema: Jesus, o Filho-Servo
Data: 55-65 d.C.



Considerações Preliminares

Dentre os quatro Evangelhos, Marcos é o relato mais conciso do “princípio do Evangelho deJesus Cristo, Filho de Deus” (1.1). Embora o autor não se identifique pelo nome no livro (o mesmo ocorre nos demais Evangelhos), o testemunho primitivo e unânime da igreja é que João Marcos foi quem o escreveu. Ele foi criado em Jerusalém e pertenceu à primeira geração de cristãos (At 12.12). Teve a oportunidade ímpar de colaborar no ministério de três apóstolos: Paulo (At 13.1-13; Cl 4.10; Fm 24), Barnabé (At 15.39) e Pedro (1 Pe 5.13). Segundo Papias (c. de 130 d.C.) e outros pais eclesiásticos do século II, Marcos obteve o conteúdo do seu  Evangelho através da sua associação com Pedro, escreveu-o em Roma e destinou-o aos crentes de Roma. Embora seja incerta a data específica da escrita do Evangelho segundo Marcos, a maioria dos estudiosos o coloca nos fins da década de 50 d.C., ou na década de 60; é possível que seja o primeiro dos quatro  Evangelhos a ser escrito.

Propósito

Na década 60-70 d.C., os crentes de Roma eram tratados cruelmente pelo povo e muitos foram torturados e mortos pelo imperador romano, Nero. Segundo a tradição,
entre os mártires cristãos de Roma, nessa década, estão os apóstolos Pedro e Paulo. Como um dos líderes eclesiásticos em Roma, João Marcos foi inspirado pelo Espírito Santo a escrever este Evangelho, como uma antevisão profética desse período da perseguição, ou como uma resposta pastoral à perseguição. Sua intenção era fortalecer os alicerces da fé dos crentes romanos e, se necessário fosse, inspirá-los a sofrer fielmente em prol do evangelho, oferecendo-lhes como modelo a vida, o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus seu Senhor.


Visão Panorâmica

Numa narrativa de cenas rápidas, Marcos apresenta Jesus como o Filho de Deus e o Messias, o Servo Sofredor. O momento culminante do livro é o episódio de Cesaréia de Filipo, seguido da transfiguração (8.27—9.10), onde tanto a identidade de Jesus, quanto a sua dolorosa missão plenamente reveladas aos seus doze discípulos. A primeira metade de Marcos focaliza em primeiro plano os estupendos milagres de Jesus e a sua autoridade sobre doenças e demônios, como sinais de que o reino de Deus está próximo. Em Cesaréia de Filipo, no entanto, Jesus declara abertamente aos seus discípulos que “importava que o Filho do Homem padecesse
muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos, e príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que, depois de três dias, ressuscitaria” (8.31). Há numerosas referências em todo o livro de Marcos ao sofrimento como o preço do discipulado (e.g., 3.21,22, 30; 8.34-38; 10.30, 33,34, 45; 13.8, 11-13).Apesar disso, a vindicação da parte de Deus vem após o sofrimento, por amor à justiça, conforme demonstrou a ressurreição de Jesus.

Características Especiais

Quatro características distinguem o Evangelho segundo Marcos:

(1) Sendo um Evangelho de ação, ele enfatiza mais aquilo que Jesus fez, do que suas palavras. Daí, Marcos registrar dezoito milagres de Jesus, mas somente quatro das suas parábolas.

(2) Como um Evangelho aos romanos, ele explica os costumes judaicos, omite todas as genealogias judaicas, a narrativa do nascimento de Jesus, traduz as palavras aramaicas e emprega termos latinos.

 (3) Marcos inicia seu Evangelho de modo repentino, e descreve os eventos da vida de Jesus de modo sucinto e rápido, introduzindo os episódios mediante o advérbio grego que corresponde a “imediatamente” (42 vezes no original).

(4) Como um Evangelho vigoroso, Marcos descreve os eventos da vida de Jesus, de modo sucinto e vívido, com a perícia pitoresca de um gênio literário.



O EVANGELHO DE LUCAS

Esboço


I.  Prefácio (1.1-4)


II. A Vinda do Salvador (1.5—2.52)

A. Anúncio do Nascimento de João Batista (1.5-25)

B. Anúncio do Nascimento de Jesus (1.26-56)

C. Nascimento de João Batista (1.57-80)

D. Nascimento de Jesus (2.1-20)

E. O menino Jesus no Templo (2.21-39)

F. Jesus Vai ao Templo aos Doze Anos (2.40-52)


III.  Preparação do Salvador para o Seu Ministério (3.1—4.13)

A. Pregação de João Batista (3.1-20)

B. Batismo de Jesus (3.21-22)

C.Genealogia de Jesus (3.23-38)

D. Tentação de Jesus (4.1-13)


IV. Ministério na Galiléia (4.14–9.50)

A. Início do Ministério de Jesus e Rejeição em Nazaré (4.14-30)

B. Cafarnaum: Jesus Manifesta a Sua Autoridade Divina (4.31-44)

C. A Pesca Maravilhosa (5.1-11)

D. Curando o Leproso (5.12-16)

E. Desafio à Autoridade de Jesus (5.17-26)

F. O Salvador dos Pecadores (5.27-32)

G. Uma Nova Dispensação (5.33—6.49)

H. Demonstração de Poder Divino (7.1—8.56)

I.  Jesus Outorga Poder aos Seus Discípulos (9.1-6)

J. Herodes e João Batista (9.7-9)

L. A Multiplicação dos Pães para Cinco Mil (9.10-17)

M. A Confissão de Pedro e a Resposta de Jesus (9.18-27)

N. A Glória do Salvador Revelada (9.28-50)


V.A Viagem Final de Jesus a Jerusalém (9.51—19.28)

A. A Missão Redentora do Salvador (9.51–10.37)

B. Jesus Ensina Sobre o Serviço e a Oração (10.38—11.13)

C.  Jesus Adverte a Oponentes e Seguidores (11.14—14.35)

D. Parábolas Sobre Perdidos e Achados (15.1-32)

E. Mandamentos de Jesus aos Seus Seguidores (16.1—17.10)

F. Ingratidão de Nove Leprosos Curados (17.11-19)

G. A Volta Repentina de Jesus (17.20—18.14)

H. O Salvador, as Criancinhas e o Jovem Rico (18.15-30)

I. Perto do Fim da Viagem (18.31—19.28)


VI. A semana da Paixão (19.29-23.56)

A. Jesus Entra em Jerusalém (19.29-48)

B. Jesus Ensina Diariamente no Templo (20.1—21.4)

C. Jesus Prediz a Destruição do Templo e a Sua Volta (21.5-38)

D. Preparativos Finais e a Última Ceia (22.1-38)

E.  Jesus em Getsêmani: Sua Oração e Traição (22.39-53)

F. O Julgamento de Jesus pelos Judeus (22.54-71)

G. O Julgamento de Jesus pelos Romanos (23.1-25)

H. A Crucificação (23.26-49)

I. O Sepultamento (23.50-56)


VII. Ressurreição e Ascensão (24.1-53)

A. A Manhã da Ressurreição (24.1-12)

B. As Aparições do Senhor Ressurreto (24.13-43)

C. As Instruções de Despedida (24.44-53)



Autor: Lucas
Tema: Jesus, o Salvador Divino-Humano
Data: Data:     60-63 d.C.



Considerações Preliminares

O Evangelho segundo Lucas é o primeiro dos dois livros endereçados a um certo Teófilo (1.3; At 1.1). Embora o autor não se identifique pelo nome em nenhum dos dois livros, o testemunho unânime do cristianismo primitivo e as evidências internas indicam a autoria de Lucas nos dois casos.Segundo parece, Lucas era um gentio convertido, sendo o único autor humano não-judeu de um livro da Bíblia. O Espírito Santo o moveu a escrever a Teófilo (cujo nome significa “aquele que ama a Deus”) a fim de suprir uma necessidade da igreja gentia, de um relato completo do começo do cristianismo. A obra tem duas partes:

(1) o nascimento, vida e ministério, morte, ressurreição e ascensão de Jesus (Lucas), e

(2) o derramamento do Espírito em Jerusalém e o desenvolvimento subseqüente da igreja primitiva (Atos).

Esses dois livros perfazem mais de uma quarta parte do NT.Pelas epístolas de Paulo sabemos que Lucas era um “médico amado” (Cl 4.14) e um leal cooperador do apóstolo (2 Tm 4.11; Fm 24; cf. os trechos em Atos na primeira pessoa do plural; ver a introdução a Atos). Pelos escritos de Lucas, vemos que ele era um escritor culto e hábil, um historiador atento e teólogo inspirado. Segundo parece, quando Lucas escreveu o seu Evangelho, a igreja gentia não tinha nenhum desses livros completo ou bem conhecido, a respeito de Jesus. Primeiramente Mateus escreveu um Evangelho para os judeus, e Marcos escreveu um Evangelho conciso para a igreja em Roma. O mundo gentio de língua grega dispunha de relatos orais de Jesus, dados por testemunhas oculares, bem como breves tratados escritos, mas nenhum Evangelho completo com os fatos na devida ordem (ver 1.1-4). Daí, Lucas se propôs a investigar tudo cuidadosamente “desde o princípio” (1.3), e, provavelmente, fez pesquisas na Palestina enquanto Paulo esteve na prisão em Cesaréia (At 21.17; 23.23—26.32) e terminou o seu
Evangelho perto do fim daquele período, ou pouco depois de chegar a Roma com Paulo (At 28.16).


Propósito

Lucas escreveu este Evangelho aos gentios para proporcionar-lhes um registro completo e exato de “tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até ao dia que foi recebido em cima” (At 1.1b,2a). Escrevendo sob a inspiração do Espírito Santo, sua intenção foi transmitir a Teófilo e outros convertidos e interessados gentios, com certeza, a plena verdade sobre o que já tinham sido oralmente inteirados (1.3,4). Lucas no seu Evangelho deixa claro que ele escreveu para os gentios. Por exemplo, ele apresenta a genealogia humana de Jesus, recuando-a até Adão (3.23-38) e não até Abraão, conforme fez Mateus (cf. Mt 1.1-17). Em Lucas, Jesus é visto claramente como o Salvador divino-humano, que veio como a provisão divina da salvação para todos os descendentes de Adão.


Visão Panorâmica

O Evangelho segundo Lucas começa com as narrativas mais completas da infância de Jesus (1.5—2.40), bem como apresenta o único vislumbre, nos Evangelhos, da juventude de Jesus (2.41-52). Depois de descrever o ministério de João Batista e apresentar a genealogia de Jesus, Lucas divide o ministério de Jesus em três seções principais:

(1) seu ministério na Galiléia e arredores (4.14—9.50),

(2) seu ministério durante a viagem final a Jerusalém (9.51—19.27); e

(3) sua última semana em Jerusalém (19.28—24.43).Embora os milagres ocupem lugar de destaque no registro de Lucas sobre o ministério de Jesus na Galiléia, o enfoque principal deste Evangelho consiste nos ensinos e parábolas de Jesus durante seu extenso ministério a caminho de Jerusalém (9.51—19.27). Esta é a maior seção de assuntos exclusivos de Lucas, e inclui muitas histórias e parábolas prediletas. O versículo determinante (9.51) e o versículo-chave (19.10) do Evangelho ocorrem no início e perto do fim dessa seção especial.


Características Especiais

São oito as características principais do Evangelho segundo Lucas.

(1) Seu amplo alcance no registro dos eventos na vida de Jesus, desde a anunciação do seu nascimento até a sua ascensão.

(2) A qualidade excepcional do seu estilo literário, empregando um vocabulário rico e escrito com um domínio excelente da língua grega.

(3) O alcance universal do Evangelho — que Jesus veio para salvar a todos: judeus e gentios igualmente.

(4) Ele salienta a solicitude de Jesus para com os necessitados, inclusive mulheres, crianças, os pobres e os socialmente marginalizados.

(5) Sua ênfase na vida de oração de Jesus e nos seus ensinos a respeito da oração.

(6) O notável título de Jesus neste Evangelho, a saber: “Filho do Homem”.

 (7) Seu enfoque sobre a alegria que caracteriza aqueles que aceitam a Jesus e a sua mensagem.

(8) Sua ênfase na importância e proeminência do Espírito Santo na vida de Jesus e do seu povo (e.g., 1.15, 41, 67; 2.25-27; 4.1, 14, 18; 10.21; 12.12; 24.49).



O EVANGELHO DE JOAO

Esboço

O Prólogo do Verbo (1.1-18)


I. Apresentação de Cristo a Israel (1.19-51)

A. Por João Batista (1.19-36)

B. Aos Primeiros Discípulos (1.37-51)


II. Os Sinais e Sermões de Cristo Diante de Israel e a Sua Rejeição (2.1—12.50)

A. A Revelação de Cristo a Israel (2.1— 11.46)

1.Primeiro Sinal: A Água Transformada em Vinho (2.1-11)
                Interlúdio (2.12)

2.Testemunho Inicial aos Judeus em Jerusalém (2.13-25)
                Festa em Jerusalém (Páscoa) (2.23-25)

3. Primeiro Sermão: O Novo Nascimento e a Nova Vida (3.1-21)
                Interlúdio: João Batista e Jesus (3.22—4.3)

4. Segundo Sermão: A Água da Vida (4.4-42)
                Interlúdio na Galiléia (4.43-45)

5.Segundo Sinal: Curando o Filho do Régulo (4.46-54)
                Festa em Jerusalém (5.1)

6.Terceiro Sinal: Curando o Paralítico em Betesda no Sábado (5.2-18)

7. Terceiro Sermão: A Filiação Divina de Cristo (5.19-47)

8. Quarto Sinal: Alimentando os Cinco Mil (6.1-15)

9. Quinto Sinal: Andando sobre o Mar (6.16-21)

10.Quarto Sermão: O Pão da Vida (6.22-59)

11. Seleção dos Discípulos (6.60-71)
                Interlúdio (7.1)

12. Festa em Jerusalém (Tabernáculos) (7.2-36)

13.Quinto Sermão: O Espírito Vivificante (7.37-52)
          A Mulher Encontrada em Adultério (7.53—8.11)

14.Sexto Sermão: A Luz do Mundo (8.12-30)

15.Controvérsia com os Judeus (8.31-59)

16.Sexto Sinal: Curando o Cego de Nascença (9.1-41)

17. Sétimo Sermão: O Bom Pastor (10.1-21)
          Festa em Jerusalém (Festa da Dedicação — 10.22-42)

18. Sétimo Sinal: A Ressurreição de Lázaro (11.1-46)

B.Cristo é Rejeitado por Israel (11.47—12.50)


III. Cristo e o Começo do Povo do Novo Concerto (13.1—20.29)

A. A Última Ceia (13.1—14.31)

1.A Lavagem dos Pés dos Discípulos e a Conversação Subseqüente (13.1-38)

2. Jesus, o Caminho ao Pai (14.1-31)


A. A Última Ceia (13.1—14.31)

B. Sermão sobre a Videira Verdadeira e as Bênçãos da União com Cristo
            (15.1—16.33)

C. Oração por Si Mesmo e pelo Povo do Novo Concerto (17.1-26)


D. O Servo Sofredor (18.1—19.42)

1.A Prisão (18.1-12)

2.O Julgamento pelos Judeus (18.13-27)

3.O Julgamento pelos Romanos (18.28—19.16)

4.A Crucificação (19.17-37)

5.O Sepultamento (19.38-42)


E. O Senhor Ressurreto (20.1-29)



O Propósito do Autor (20.30,31) 

O Epílogo (21.1-25)


 Autor: João
Tema: Jesus, o Filho de Deus
Data: 80-95 d.C.


 Considerações Preliminares

O Evangelho segundo João é ímpar entre os quatro Evangelhos. Relata muitos fatos do ministério de Jesus na Judéia e em Jerusalém que não se acham nos Sinóticos, e revela mais a fundo o mistério da sua pessoa. O autor identifica-se indiretamente como o discípulo “a quem Jesus amava” (13.23; 19.26; 20.2; 21.7, 20). O testemunho dos primórdios do cristianismo, bem como a evidência interna deste Evangelho, evidenciam João, o filho de Zebedeu, como o autor. João foi um dos doze apóstolos originais de Cristo, e também um dos três mais chegados a Ele (Pedro, Tiago e João).Segundo testemunhos muito antigos, os presbíteros da igreja da Ásia Menor pediram ao venerável ancião e apóstolo João, residente em Éfeso, que escrevesse este “Evangelho espiritual” para contestar e refutar uma perigosa heresia concernente à natureza, pessoa e deidade de Jesus, propagada por um certo judeu de nome Cerinto. O Evangelho segundo João continua sendo para a igreja uma grandiosa exposição teológica da “Verdade”, como a temos personalizada em Jesus Cristo.


Propósito

João deixa claro o propósito do seu Evangelho, em 20.31, a saber: “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. Alguns manuscritos gregos deste Evangelho apresentam, nesta passagem, formas verbais distintas para “crer”. Uns contêm o aoristo subjuntivo (“para que comecem a crer”); outros contêm o presente do subjuntivo (“para que continuem crendo”). No primeiro caso, João teria escrito para convencer os incrédulos a crer em Jesus Cristo e serem salvos. No segundo caso, João teria escrito para consolidar os fundamentos da fé de modo que os crentes continuassem firmes, apesar dos falsos ensinos de então, e assim terem plena comunhão com o Pai e o Filho (cf. 17.3). Estes dois propósitos são vistos no Evangelho segundo João. Contudo, o peso do Evangelho no seu todo favorece o segundo caso como sendo o propósito predominante.

Visão Panorâmica

O quarto Evangelho apresenta evidências cuidadosamente selecionadas no sentido de Jesus ser o Messias de Israel e o Filho encarnado (não adotado) de Deus. As evidências comprobatórias incluem:

(1) sete sinais (2.1-11; 4.46-54; 5.2-18; 6.1-15; 6.16-21; 9.1-41; 11.1-46) e sete sermões (3.1-21; 4.4-42; 5.19-47; 6.22-59; 7.37-44; 8.12-30; 10.1-21), pelos quais Jesus revelou claramente sua verdadeira identidade;

(2) sete declarações “Eu sou” (6.35; 8.12; 10.7; 10.11; 11.25; 14.6; 15.1) mediante as quais Jesus revelou figuradamente aquilo que Ele é como redentor da raça humana; e

(3) a ressurreição corpórea de Jesus como o sinal supremo e a prova máxima de que Ele é o “Cristo, o Filho de Deus” (20.31).

João contém duas divisões principais.

(1) Os caps. 1—12 tratam da encarnação e do ministério público de Jesus. Apesar dos sete sinais convincentes de Jesus, dos seus sete grandiosos sermões e das suas sete majestosas declarações “Eu sou”, os judeus o rejeitaram como seu Messias.

(2) Uma vez rejeitado pelo Israel do antigo pacto, Jesus passou (13–21) a considerar seus discípulos como o núcleo do novo concerto (i.e., a igreja que Ele fundou). Estes capítulos incluem a última ceia de Jesus (13), seus últimos sermões (14–16) e sua oração final com seus discípulos (17). O novo concerto se iniciou e se estabeleceu pela sua morte (18,19) e ressurreição (20,21).


Características Especiais

Oito características ou ênfases principais destacam o Evangelho segundo João.

(1) Jesus como “o Filho de Deus”. Do prólogo do Evangelho, com sua sublime declaração: “vimos a sua glória” (1.14), até à sua conclusão na confissão de Tomé: “Senhor meu, e Deus meu!” (20.28), Jesus é Deus, o Filho encarnado.

 (2) A palavra “crer” ocorre 98 vezes, equivalente a receber a Cristo (1.12). Ao mesmo tempo, esse “crer” requer do crente uma total dedicação a Ele, e não apenas uma atitude mental.

(3) “Vida eterna” em João é um conceito-chave, referindo-se não tanto a uma existência sem fim, mas à nova qualidade de vida que provém da nossa união com Cristo, a qual resulta tanto na libertação da escravidão do pecado e dos demônios, como em nosso crescimento contínuo no conhecimento de Deus e na comunhão com Ele.

(4) Encontro de pessoas com Jesus. Temos neste Evangelho 27 desses encontros individuais assinalados.

(5) O ministério do Espírito Santo, pelo qual Ele capacita o crente, comunicando-lhe continuamente a vida e o poder de Jesus após sua morte e ressurreição.

(6) A “verdade”. Jesus é a verdade; o Espírito Santo é o Espírito da verdade, e a Palavra de Deus é a verdade. A verdade liberta (8.32); purifica (15.3). Ela é a antítese da natureza e atividade de Satanás (8.44-47, 51).

(7) A importância do número sete neste Evangelho: sete sinais, sete sermões e sete declarações “Eu sou” dão testemunho de quem Jesus é (cf. a proeminência do número “sete” no livro de Apocalipse, do mesmo autor).

(8) O emprego doutras palavras de destaque como: “luz”, “palavra”, “carne”, “amor”, “testemunho”, “conhecer”, “trevas” e “mundo”.





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